terça-feira, 30 de setembro de 2008
A crise é deles e não nossa
Trunfo para o Lula
E agora, oposição?
A economia mundial enfrenta tribulação.
E por que o governo Lula ainda é aprovado pelo povão?
Para muitos, acordo ortográfico não muda nada
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
O 11 de setembro do outro lado do hemisfério
Em 11 de setembro de 2001, eu tinha 14 anos e era um viciado em desenho animado. E foi na expectativa de assistir ao “meu desenho” que liguei a TV na manhã daquela terça-feira, literalmente, cinza. A programação foi interrompida para um boletim de última hora. Inicialmente, o repórter dizia que se tratava de um acidente, aonde um avião colidiu com uma das torres gêmeas do World Trade Center. Mas, minutos depois, outro avião bateu na segunda torre. A transmissão era ao vivo, mesmo assim, a impressão que tive era de que estava vendo uma reprise, pois o repórter continuava afirmando que um avião se chocou com uma das torres gêmeas. Mas a confusão foi desfeita minutos depois, quando o repórter já tinha a informação de que se tratava de um atentado terrorista.
A impressão de reprise não foi só minha. A jornalista Angélica Tavares, que na época trabalhava como produtora da TV Nacional Brasil (NBR), conta que, na redação, os colegas observavam o segundo avião batendo achando que era uma repetição da cena. “Ninguém imaginava que um avião iria bater num mesmo lugar, logo em seguida”, explica. Segundo Angélica, a correria na redação começou depois que todos ficaram sabendo que se tratava de um atentado terrorista contra as duas torres gêmeas do World Trade Center e a sede do exército americano, o Pentágono. “Passamos o dia inteiro atrás de informações e repercutindo o caso”, relata.
Outra Angélica também participou da repercussão do atentado. Quando o primeiro avião bateu, a jornalista Angélica Coronel arrumava sua casa. Quem lhe avisou sobre o ataque terrorista foi seu namorado. “Ele me telefonou e disse que estavam destruindo os Estados Unidos”. Coronel ligou a TV, imediatamente, e passou a acompanhar o caso. À tarde, ela foi para a redação da TVE do Rio Grande do Sul. Chegando lá, Angélica foi informada que faria uma matéria sobre o assunto. Devido ao perfil da TVE, Coronel teve que fazer uma matéria mais analítica, portanto, entrevistou uma renomada socióloga, a Céli Pinto. Uma das questões foi sobre a probabilidade de uma terceira guerra mundial. De acordo com Angélica, a socióloga afastou essa possibilidade.
A matéria de Coronel também contou com uma personagem que estava em Nova Yorke. “Uma amiga minha, a jornalista Daniele Siqueira, fazia curso de inglês no World Trade Center”, conta. “Felizmente, a aula dela foi no dia anterior”. Segundo Angélica, Daniele deu uma entrevista por telefone contando o clima de terror que a cidade estava passando. Ainda assim, Coronel sentia satisfação em ver a maior superpotência do mundo sofrer um ataque. “Eu fiz a matéria, mas, por dentro, eu pensava ‘que coisa boa’”. Observando minha expressão seguida de um “por que?”, Angélica se vê obrigada a se explicar. “A minha satisfação era por causa do ataque contra o império e, não, pelas vítimas inocentes”, responde. “Eu não quero que você escreva na matéria que eu sou uma irresponsável e inconseqüente”, alerta. “Quantos inocentes os Estados Unidos mataram com a bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki? Forma mais de 300 mil mortos. E no World Trade Center, 3 mil”, acrescenta.
Eu disse para Angélica Coronel não se preocupar, pois, como ela mesma pode observar, eu contextualizei a afirmação dela. E tem mais. Diante das atrocidades cometidas pelos Estados Unidos, quantos, além de Angélica, não sentiram satisfação em ver a superpotência fragilizada? Bom. Deixemos o moralismo de lado.
A repercussão do atentado assustou o comerciante Francisco Gonçalves Nascimento. Popularmente conhecido por “seu Chico”, Nascimento ficou sabendo do ataque terrorista quando estava trabalhando em seu boteco, que tinha uma televisão ligada. Ele ficou assustado porque, depois da batida do primeiro avião, a TV informou outros casos em lugares diferentes: a aeronave que caiu no Pentágono e o as outras que foram interceptadas, a caminho da Casa Branca. “Agora pronto”, ele pensou. “É o fim do mundo, meu Deus”.
Mas não foi somente “seu Chico” que pensou estar diante do fim do mundo. O desempregado Gilmar Araújo, então estudante do Ensino Médio, também. Gilmar passou a ter essa impressão quando estava na escola, pois era o assunto do momento. “Vários professores foram lá na minha sala conversar sobre o atentado”, diz. Araújo teve conhecimento do ataque terrorista da mesma forma que eu. Ele estava assistindo ao desenho animado, quando a programação foi interrompida para anunciar o boletim histórico. Também assim como Gilmar, eu só fui perceber a dimensão do ocorrido na escola.
Minha primeira aula daquela terça-feira foi de história. Mas antes de ir à escola, eu acompanhei o episódio até o momento em que as duas torres desmoronaram. Não porque estava interessado no assunto, mas, sim, por acreditar que, logo, logo, “o meu desenho” retornaria. Não foi o que aconteceu. Fiquei indignado. Naquela hora, o mais importante para mim era um desenho animado, apesar de ter sido um espetáculo ver aqueles enormes prédios despencando com tanta facilidade.
Fui para a escola e lá, felizmente, minha ignorância foi sanada. Segurando o livro aberto, meu professor disse que o 11 de setembro seria lembrado como um dia histórico para a humanidade e os livros escolares, portanto, deveriam ser atualizados. “Também não é para tanto, não é professor?”, alguns alunos duvidaram. “Claro que é”, ele respondeu. “Para vocês terem idéia do que significam, para os americanos, a destruição das torres gêmeas e o atentado ao Pentágono, é só imaginar um ataque aqui, no Brasil”, argumentou. “Seria como se houvesse a destruição de Brasília”, finalizou. “Só do Congresso Nacional?”, perguntamos. “Não! Eu falo de Brasília inteira”.
Em maio de 2001, o complexo World Trade Center foi arrendado por US$ 3,2 bilhões pelo empresário Larry Silverstein e a Westfield America Inc. O preço da construção de Brasília não pode ser avaliado devido às várias moedas que o país já teve desde 1960 e aos incontáveis empréstimos. Mas, se formos considerar o valor apresentado, em abril de 1966, pelo ex-embaixador dos Estados Unidos no Brasil Lincoln Gordon, Brasília ficou barata, comparando com o World Trade Center. De acordo com Gordon, a capital brasileira custou US$ 1,6 bilhões.
Depois daquela aula de história histórica, passei a prestar mais atenção ao noticiário. Como pode um acontecimento tão distante afetar nossa vida, aqui, do outro lado do hemisfério? “É porque a gente fica chocada com a quantidade de seres humanos mortos”, responde a questão “seu Chico”. “Muitos inocentes estavam trabalhando naqueles prédios”, acrescenta.
Sete anos depois do triste episódio, Osama Bin Laden, o responsável pelo atentado terrorista às torres gêmeas do World Trade Center, ainda não foi preso. Gilmar Araújo avalia que o ataque terrorista foi brilhante porque conseguiu atingir seu objetivo, furou a defesa da maior superpotência do mundo e ainda seu mentor não foi capturado.
Se por um lado o atentado de 11 de setembro mexeu com a vida de muitas pessoas no mundo inteiro, por outro lado, ele não representou nada para alguns. Sete anos depois e o desempregado Alberto Lima de Abreu não sabe o que aconteceu em 11 de setembro. “Seu Alberto, você lembra do ataque terrorista às torres gêmeas do World Trade Center?”, pergunto. “Cuma é?”. “É, seu Alberto, o atentado que aconteceu em 11 de setembro de 2001?”, insisto. “Eu nem sei que dia é hoje”, ele responde. Também pudera. Alberto Lima de Abreu não pôde acompanhar e entender o 11 de setembro porque, diferente de mim, nunca freqüentou à escola. Ele não sabe ler e nem escrever.
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
O factóide começa a cair por terra
O que é um factóde?
De acordo com a Wikipédia, “é um fato divulgado com sensacionalismo pela imprensa, este pode ser verdadeiro ou não. Trata-se também de propaganda política mal intencionada. Têm-se notícia do uso do termo já na década de 50. O propósito de um factóide é gerar deliberadamente um impacto diante da opinião pública de forma à manipulá-la de acordo com as aspirações de poderosos grupos que se utilizam de sua influência na mídia. Estes, em alguns casos estão, ou aspiram ao poder”.
Lição de vida do anônimo do dia-a-dia
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
Viadutos, senhor governador, não melhoram o trânsito
A gestão do ex-governador do Distrito Federal (DF) Joaquim Domingos Roriz foi a recordista na categoria construção de viadutos – 34 no total. Roriz pensava que as obras melhorariam o trânsito na Capital do País e, de quebra, ele receberia mais votos, pois era uma festa na inauguração de cada viaduto. É fácil receber votos quando se realiza uma obra concreta. O povão vê. É por isso que o ex-governador inaugurou tantos viadutos, obras inacabadas e até postos de saúde já inaugurados. Disso tudo, Roriz só conseguiu mesmo os votos, inclusive, se ele se candidatar nas próximas eleições para governador do DF, pode até vencer – faço o sinal da cruz, bato na boca e três vezes na mesa. Mas os viadutos só renderam mesmo votos, melhorar o trânsito que é bom, nada! E o que eu falo é visivelmente percebido nos horários de pico. A construção dos viadutos só serviu mesmo, além de render votos, para aumentar o número de veículos em circulação na Capital. Hoje há mais de 1 milhão de veículos. Ou seja, para cada 2,6 habitantes existe um veículo. Em São Paulo, onde o caos no trânsito é considerado caso perdido, o número é menor: para cada 2,3 habitantes há um carro. Gente, felizmente, Roriz é coisa do passado. As únicas coisas que devemos lembrar são os acertos – quase nenhum – e erros – incalculáveis – para fazermos um DF melhor. Mas parece que o atual governador só está aproveitado os erros de Roriz. Para tentar sanar o problema no trânsito de Brasília (leia-se DF), José Roberto Arruda inaugurou, recentemente, um viaduto na Estrada Parque de Taguatinga (EPTG). Pergunte para quem circula por lá se a obra resolveu alguma coisa? Inclusive estou fazendo este comentário a pedido de um leitor do Blog do Paraíso. De acordo com esse leitor, a situação não mudou nada. O pior é que o Governo (GDF) pretende construir mais viadutos e alargar mais vias. Solução erronia. Pistas largas e desobstruídas são sinônimas de mais carro. É como na economia. Se você aumenta a demanda, com certeza a oferta terá que subir. A solução é fazer com que as pessoas deixem em casa o Carro, o que não quer dizer que elas deverão andar a pé para ir ao serviço. Pelo contrário, elas terão que usar o transporte público. Mas quem, em sã consciência, trocará o conforto do automóvel pelo martírio dos ônibus – com o perdão da palavra – fudidos.