Blog do Paraíso: “Vai incomodar os homens máquinas e seus atentos maquinistas”

domingo, 13 de dezembro de 2009

“Vai incomodar os homens máquinas e seus atentos maquinistas”


Desde sexta-feira (11), a peça Balada de um Palhaço, obra escrita pelo dramaturgo Plínio Marcos, é apresentada, de graça, no teatro Dulcina de Moraes. Neste domingo mesmo, 13 de dezembro, às 20h, tem apresentação. Quem quiser pode ir lá e conferir se a minha opinião, a seguir, está mesmo de acordo a obra.


A peça é bem crítica. Ela “incomoda os homens máquinas e seus atentos maquinistas”, assim como o palhaço, conforme diz o personagem Manelão ao seu subordinado Bobo Plin (veja, ao lado, foto de Wagmar Alves).

A obra, embora tenha sido escrita em 1986, está bastante atual. Assisti à peça na sexta-feira (11), depois de ter participado da “Picareta Candanga”, um carnaval “fora Arruda” de época. Para minha surpresa, o ganancioso Manelão, atento aos acontecimentos, comeu um panetone, durante a apresentação. Foi uma forma bem sutil de criticar o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (ex-DEM).

O simples ato de comer um panetone possui um grande significado no contexto de Balada de um Palhaço, ainda mais por ser uma obra de Plínio Marcos. O dramaturgo viveu numa das mais tristes épocas deste país, a ditadura militar. Ele foi perseguido e preso em várias ocasiões por causa das peças teatrais que escrevia.

Plínio revolucionou o teatro brasileiro ao inserir no palco histórias de gente à margem da sociedade. E a linguagem dos personagens de suas obras também é um divisor de águas, pois, até então, as falas usadas eram sempre bem formais.

Num domingo de uma semana marcada por protestos contra os corruptos, Balada de um Palhaço é um bom programa, principalmente, para quem foi às ruas “incomodar os homens máquinas e seus atentos maquinistas”. Fica aí a sugestão.

Nenhum comentário: