PSol sob risco de implosão
Escolha de candidato divide a sigla em duas, e já há quem fale na criação de outro partido
Josie Jeronimo
Especial para o Correio
(Texto publicado no jornal Correio Braziliense)
A definição do nome do candidato do partido na corrida presidencial provocou uma cisão no PSol, e parte da legenda se prepara para convocar um congresso extraordinário a fim de eleger novos líderes, o que pode até mesmo motivar a criação de outra sigla. A ala do PSol que é simpática à senadora Marina Silva — pré-candidata do PV na disputa pelo Palácio do Planalto — acusa um setor do partido de tentar servir de “força auxiliar” à petista Dilma Rousseff, concorrente de Marina, ao escolher o ex-deputado Plínio de Arruda Sampaio para representar os socialistas na corrida presidencial.
Segundo aliados da ex-senadora, o Diretório Nacional do partido fez uma manobra para tirar delegados favoráveis a Martiniano Cavalcante e Plínio foi escolhido por 89 votos. O grupo da ex-senadora Heloisa Helena garante ter 91. Agora, a corrente que defendia o nome de Martiniano deixou claro que não se esforçará para pedir votos a Plínio Sampaio. Além de negar apoio ao ex-deputado, a ala de Heloisa Helena e da deputada Luciana Genro saiu da conferência que indicou Sampaio exigindo a realização de congresso extraordinário para eleger nova direção do PSol.
Com o imbróglio, líderes do partido afirmam que de um eventual congresso extraordinário pode nascer até mesmo outra legenda. A tendência seria a manutenção de Heloisa Helena e de seus aliados à frente do PSol e a saída dos insatisfeitos.
A briga dividiu até mesmo o portal do partido na internet. Desde o fim de março, a executiva nacional do PSol tem dois endereços virtuais. Um é alimentado pelos aliados de Plínio Sampaio e o outro é comandado por Heloisa Helena, detentora do domínio oficial da sigla.
Candidatura vencida na conferência, Martiniano Cavalcante afirma que não vai fazer “campanha contra”, mas diz que a missão de reunir a militância agora é de Plínio. “Isso é um problema dele. Quem fez intervenção nos diretórios, quem ganhou no tapetão é quem tem que resolver. Não vou fazer campanha contra o Plínio, mas não podemos ser uma força auxiliar da Dilma.”
Já o pré-candidato formal do PSol tenta mostrar tranquilidade e aposta que o tempo aplacará a ira de Heloisa Helena e de Martiniano. “Toda disputa tem alfinetada. O Martiniano ainda está bravo, mas não vai fazer nenhum questionamento judicial. Vou procurar a Heloisa Helena. Deixa ela ficar brava uns dias.”
Panos quentes
Escalado para tentar reunir o partido, o deputado Chico Alencar (RJ) aposta no bom senso dos colegas para superar o momento delicado. De acordo com ele, a polêmica dos delegados impugnados envolve apenas 13 dos 166 representantes do partido. O deputado explicou que a impugnação aconteceu porque pessoas não filiadas tentavam votar na conferência. “Vamos superar esse momento”, disse.
Comentário deste Blog: o PSol pode ser considerado uma dissidência do PT. A notícia, publicada acima, comprova que ainda corre no sangue de suas lideranças o petismo, do PT. A diferença é que o PSol quer ser diferente. É aí que mora o perigo, pois ser diferente, às vezes, não quer dizer que é melhor. Ao não aceitar as divergências internas, o partido que não tem sequer cinco anos completo de fundação, pode se tornar dissidência da dissidência. E o destino será apenas um: o fim.
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