Blog do Paraíso: agosto 2007

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Jornalismo?



Não existem fatos. Apenas interpretações!


Friedrich Wilhelm Nietzsche

Mundo: desigualdade social. Por quê?


Falta boa vontade, altruísmo e solidariedade.

As coisas não são diferentes porque não há boa vontade. Podem surgir no mundo, em todos os anos, bilhões de pensadores. Todavia, enquanto os detentores do poder não tiverem boa vontade, as coisas não melhorarão.

O egoísmo é uma praga!

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Será revanche?


Parece que a imprensa brasileira está mudando. Desde ontem, os meios de comunicação noticiam a respeito do que será o maior julgamento da história brasileira: o julgamento, que começa nesta quarta-feira, dia 22, dos 40 envolvidos no esquema de compra de parlamentares, também conhecido como “mensalão” – neologismo criado pelos sapientíssimos noticiadores da época –. Quero dizer, a imprensa está mudando porque, com a divulgação deste fato, deixa para trás a idéia de que o jornalismo brasileiro não dá continuidade às notícias.

Fato interessante. Dele se extrai várias questões. Uma delas: será que a imprensa brasileira quer uma revanche contra seu arque inimigo, Luiz Inácio Lula da Silva, que nas eleições presidenciais de 2006 derrotou a mídia paulista e carioca com uma tremenda surra nas urnas?

Alguém pode dizer que estou errado com esta afirmação: “a imprensa brasileira não é contra o presidente Lula”. Mas... Cá entre nós, quem era o candidato da mídia burguesa nas eleições presidenciais de 2006? Para se ter a resposta, basta observar os arquivos da cobertura realizada naquele período. Você lembra? Eu lembro.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Momento de idiotice e/ou imbecilidade.


O meu momento idiota e/ou imbecil – a escolha deixo para o leitor, que não concordou com a tese do intelectual nordestino, exposta no texto abaixo – aconteceu na Rodoviária do Plano Piloto, em Brasília. Na verdade, não tive somente um momento. Até agora, na idade que estou, já me aconteceram vários. Mas limitarei a contar somente o menos vergonhoso.

Bom. Foi na Rodoviária do Plano Piloto, como já disse. A Rodoviária fica entre o shopping Conjunto Nacional e o edifício Boulevard, antigo Conic. A Explanada dos Ministérios fica na frente. E a Torre de TV, atrás. Ou vice versa. Depende do ponto de vista do observador.

Muitos turistas talvez nunca passaram por lá. Imagino, pois a Rodoviária não é e não faz parte dos monumentos de Brasília, porque é um lugar abandonado. Os banheiros possuem um cheiro nauseante. As escadas rolantes nunca rolam. Vivem quebradas. O chão está sempre sujo. Os ônibus que por lá passam são imundos, velhos e barulhentos. Há mendigos rastejando e pedindo esmola por toda parte. Meninos de rua cheiram cola, quando não estão dormindo no chão asqueroso, em plena luz do dia. Recentemente, o cenário da Rodoviária está um pouco diferente. Junta-se toda a desgraça descrita acima com uma reforma interminável. Reforma que não sei se será útil ou bem feita. Tenho essa desconfiança por que a Rodoviária já passou por várias reformas e nunca melhorou. Em um desses reparos, o governo local instalou placares eletrônicos, que servem para indicar a linha do ônibus e os horários. Quero dizer, serviriam, pois estão todos quebrados.

Não, minha gente. A Rodoviária nunca foi um cartão postal de Brasília, apesar de estar entre o Teatro Nacional e o Complexo Cultural da República. Complexo que é a mais recente criação construída do mestre Oscar Niemeyer. Apesar de estar a poucos metros do Palácio do Planalto e do Congresso Nacional, a Rodoviária não é um cartão postal, mas, sim, o ânus de Brasília. E não é exagero não. Mas se você, leitor, acha que estou exagerando. Farei outra analogia, bastante parecida. A Rodoviária é o espelho de tudo que envergonha Brasília e este país. Nela está o reflexo da moral e da ética que existe na Câmara dos Deputados Distritais, do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto.

Não sei por que a Rodoviária é daquele jeito. Talvez porque a maioria das pessoas que circulam por lá são como eu, pobres... Mas dignas! E que vale um voto, no dia das eleições!!

Pois é. Numa dessas minhas passagens pela Rodoviária, me aconteceu o momento idiota e/ou imbecil, que era para ser o assunto principal deste texto. Não se preocupe, leitor, pois ainda há tempo para lhe contar a história onde me senti um perfeito idiota.

Então. Eis: Estava eu lá na Rodoviária, numa renomada pastelaria, fazendo um lanche. Do nada, apareceu-me um engraxate. Aparentemente humilde. Com rapidez, ele se sentou no caixote que todo engraxate carrega nas costa e pegou em meu pé direito e começou a puxar. Insistiu em fazer uma limpeza em um dos meus tênis como amostra grátis.

- É de graça, patrão! – Dizia o engraxate.
- Não, não, não. Não precisa! – Respondi.

Mas ele insistiu tanto que acabei cedendo. Observei o zelo do engraxate ao fazer o serviço gratuito. Fiquei com pena. Comecei a divagar o quanto este mundo era injusto. Fiquei como no mundo da lua. O rapaz terminou. Ofereci o outro pé para ele fazer a limpeza no tênis. Só que, dessa vez, o engraxate fazia o serviço com baixa qualidade. Achei muito estranho. Pensei. “E se ele me der um golpe, afinal, não perguntei o preço? Não. Que é isso! Não é possível que esse cara tão humilde vai me passar a perna. Será que ele vai cobrar mais que cinco reais pelo serviço?”. Após o termino do trabalho, o engraxate se transfigurou. Não era mais humilde. Mudou até a voz. Retirou um cartaz do bolso e me mostrou o preço. Para a minha sorte e por eu estar usando um tênis, o valor era o mais baixo da tabela. Se eu não me engano, R$ 10, OO. Isso mesmo, dez reais.

- Você me passou para trás! – Eu falei, sentindo-me o cara mais idiota, imbecil, estúpido e burro da face da terra.
- É esse o preço. Você vai ter que pagar – cobrou-me o engraxate.
- Não! Tudo bem. Eu vou pagar, mas só a metade – Foi aí que minha cabeça começou a funcionar um pouquinho.
- Por quê? – Perguntou-me o engraxate.
- Porque você falou que o primeiro tênis era de graça.

Dei cinco reais para o pilantra. Fui embora. E cheguei a um moral da história. A Rodoviária é o pior lugar de Brasília. Tente evitá-la. Se não for possível, assim como não é para mim, que dependo do transporte público – a segunda pior coisa da capital –, passe por lá. Mas somente passe. Não fique de bobeira. Não compre nenhum objeto que pareça ser roubado e é vendido muito abaixo do preço.

Bom. Pelo menos, meu momento idiota e/ou imbecil – que, repito, não foi o único da minha vida – ensinou-me uma lição.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Quem nunca se achou um idiota que atire a primeira pedra ou, melhor ainda, que invente uma mentira!


Sinceramente, de vez em quanto e ultimamente, sinto-me muito idiota. Pior seria senti-se imbecil. Mas... Qual é a diferença entre idiota e imbecil? A questão me faz lembrar de um intelectual do nordeste, que foi meu professor de “Teorias Clássicas da Comunicação”. Admiro-o muito e tenho orgulho de ter sido aluno dele.

Como a maioria dos professores, ele também dava uma fugidinha do conteúdo e contava histórias da vida dele, piadas e algumas teorias que inventava. Numa das teses exposta na sala de aula, o intelectual nordestino explicou a diferença entre os idiotas e os imbecis.

Segundo meu ex-professor, o mundo é povoado por idiotas e imbecis. Porém, os imbecis são a maioria. Os idiotas, minoria. Mas, necessariamente, todo imbecil é um pouquinho idiota e todo idiota é um pouquinho imbecil. Porque, segundo o pensador nordestinho, o imbecil só copia. Copia, copia e copia. Mas chega uma hora que ele acaba criando. Todavia, criar é o que os idiotas fazem. Por isso os imbecis são um pouco idiotas. Agora, os idiotas são um pouco imbecis porque, em um certo memento, depois de criar, criar e criar, acaba copiando. Outra coisa, os idiotas vivem em conflito com os imbecis, segundo meu ex-professor.

Não sei por que ele expôs essa tese. Só concordei com ele porque ele dizia que todos nós somos idiotas e imbecis. Alguns mais imbecis e outros mais idiotas. O meu ex-professor foi tão bom na explicação da tese que até colocou-a em prática. Mostrou-me o quanto era idiota. Na última avaliação do curso, ele aplicou uma prova com dez questões. A maioria da turma estava morrendo de medo de se dar mal. Afinal, muita gente não prestava atenção na aula ou não gostava da disciplina e do professor.

Quem entregava a avaliação sabia do resultado na hora, pois as questões eram “de marcar”. Conforme os alunos iam entregando a surpresa foi aparecendo. E qual foi a surpresa? Todos, até quem faltou o semestre inteiro, tiraram SS. Ou seja, ficaram com notas entre dez e nove. Meu ex-professor não entendeu como isso foi possível. Simples. Ele tinha mais de uma turma, não fez provas diferentes, não as aplicou no mesmo horário. O teste tinha dez questões objetivas, onde somente uma era verdadeira. E, para completar a dose, ele dava o resultado na hora. Portanto, o que aconteceu? Será que eu preciso dizer?

Pois é. Na aula seguinte, vi a cara de idiota do intelectual nordestino. Ele se sentia um idiota. Fiquei até com pena. Tentei consola-lo com uma das teorias dele que eram contadas em sala. É claro que não foi a tese acima.

Apesar desse momento idiota e imbecil do meu ex-professor, não perdi minha admiração por ele. Ainda o considero um grande intelectual. Afinal, quem nunca se achou um idiota que atire a primeira pedra ou, melhor ainda, que invente uma mentira.

No próximo texto, vou contar o meu momento idiota e imbecil.

Até lá!

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Paráfrase


Ame Deus sobre todas as coisas, mas não se esqueça do altruísmo

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

A tragédia de Rali (última parte)


Dia bonito! O céu bem azul. O sol brilhante. Nunca me senti tão bem. Literalmente, acordei com o pé-direito. Esse dia tem tudo para ser único, pensei. Após tomar o café, somente o café puro, como de costume sem pão, bolo ou frutas, sai para a rua com aquela certeza de que tudo iria dar certo. Afinal, nunca vi um dia tão bonito, no meu aniversário, quanto esse. Eu, Rali, completo hoje 15 anos de vida.

Antes de ir à casa do meu amigo João combinar uma “fita”, marcada para hoje, decidi sentar na calçada de minha casa para tomar um pouco de sol. Natasha, minha vizinha e amada, linda como sempre, passou pela rua, com destino a padaria. Desejei-lhe um bom dia. Ela me respondeu com um sorriso amarelo. Desde que eu a namorava, ela nunca tinha sorrido daquele jeito. E toda vez que passava por mim, sempre me dava uma abraço e um selinho na boca. Não entendi por que, naquele dia tão bonito, ela nem se quer passou perto de mim. O sorriso me revelou uma Natasha que eu não conhecia. Talvez aquele dia não estivesse para ela como estava para mim: especial. Entendo, portanto, a atitude de minha amada, pois há dias que não me sinto bem. Tudo parece dá errado. Imagino-me, às vezes, vivendo no inferno, quando, na realidade, o mundo está do mesmo jeito. Maravilhoso, belo e especial. Ou seja, tudo depende do estado de espírito da pessoa.

Aquele gesto de Natasha, que denunciou o esquecimento dela do meu aniversário, felizmente, não estragou meu dia. Não entendi. Continuei me sentindo tão bem quanto antes. E depois de alguns minutos sob o sol, dirigi-me à casa do João.

- João! João!

Gritei pelo portão. São raros os barracos da invasão da Vila Estrutural que têm campainha. A cabeça de João apareceu na porta. Ele deu uma olhada e disse:

- Ah! É você, Rali? Pode entrar, o portão está aberto.

- Feliz aniversário amigão!

João me deu um forte abraço.

- Pô, bicho, pensei que você não ia lembrar do meu aniversário, assim como a Natasha.

- Que isso Rali? Como você me compara com aquela p...

João se lembrou que eu não gostava que falasse mal de Natasha, mesmo quando os fatos erram verdadeiros. Ele, portanto, mudou de assunto.

- Bom... Vamos ao que interessa. Ó! Vai ser mais do mesmo. “Vamo” chegar lá apontando as “máquinas” (revolveres). Você recolhe o dinheiro do caixa enquanto eu te dou cobertura. Como hoje é o seu dia, você vai ficar com mais da metade do dinheiro, falou?

- Pode crê, “mulequim”!

Sempre antes de “meter uma fita”, João observava o local previamente para saber o horário de pouco movimento e se a polícia fazia, com freqüência, ronda no comércio que nós íamos roubar. João também tomava o cuidado de contar novamente o que nós já havíamos planejado.

O assalto ocorreu como imaginávamos. Não era possível que num dia bonito como aquele as coisas dessem errado. Mas... Algo me perturbou. Acho que até estragou meu dia. Enquanto retirava o dinheiro do caixa, percebi que o dono da loja me observava. Fitei-o, senti um ódio no olhar dele. Fiquei com aquela imagem em minha cabeça até escurecer. Sentado no sofá, tentei decifrar o que aquele olhar cheio de ódio queria me dizer. De repente, no portão de minha casa, o grito de João tira minha concentração. Tínhamos o costume de ficarmos na frente de meu barraco conversando até tarde da noite. Geralmente, contávamos histórias de “fitas”, “tretas” e “frevos” passados. Porém, dessa vez, resolvi revelar ao meu amigo o que me angustiava.

- Ah! O que é isso, Rali? Isso é besteira!

Para João, podia até ser. Mas para mim, não. Senti um pressentimento muito ruim misturado com um medo mórbido.

- João, “di rocha” (realmente), estou com medo.

- Medo de quê?

- Não sei, cara.

Assustado, eu olhava desconfiado para todo mundo que passava naquele instante na rua. Vi na esquina uma luz de uma moto que se aproximou rapidamente. O motoqueiro usava uma jaqueta preta. O capacete, da mesma cor, escondia a identidade do condutor da moto, que parou na nossa frente. Puxou uma pistola da cintura. Não disse uma se quer palavra. Disparou três tiros em mim. Um na minha barriga, outro no pescoço e o terceiro, fatal, na minha cabeça. João tentou correr, mas não conseguiu escapar para contar a história. História que é contada agora, diretamente do Além, para você, estimado leitor. O que aconteceu depois (a minha agonia) você encontrará na primeira parte deste texto.