Blog do Paraíso: outubro 2008

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Análise da cobertura da violência contra a mulher realizada pelos jornais Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e O Globo

*A pesquisa abaixo foi feita entre 1º de setembro e 15 de dezembro de 2006, pelos então alunos do 4º semestre de jornalismo Fernando Bruzzi, José Roberto Paraíso e Nathália Priscilla.

Introdução


A preocupação com a violência contra a mulher cresceu entre o ano de 2004 e 2006, segundo pesquisa realizada em maio pelo Ibope – Instituto Patrícia Galvão 2006. Em todo país, 33% das pessoas ouvidas apontam a violência contra as mulheres, dentro e fora de casa, como o problema mais preocupante na atualidade. E 51% dos entrevistados declaram conhecer ao menos uma mulher que é agredida pelo companheiro.

Dentro desse contexto, decidimos avaliar como é feita a cobertura da violência contra a mulher pelos jornais. Do dia primeiro de setembro a 15 de dezembro de 2006, olhamos as edições nacionais da Folha de S. Paulo e do O Globo, mais o jornal local Correio Braziliense. Fizemos uma análise de todos os textos referentes à violência contra a mulher.

Aos textos encontrados, questionamos se a cobertura era própria, qual era a editoria e o gênero e se havia chamada na capa. Mas a questão principal foi acerca do jornalismo público, pois por meio dela podemos dizer se a cobertura da pauta social escolhida é bem feita ou não. Tentamos encontrar nos textos as seguintes características do jornalismo público: pauta fria, texto analítico, busca de soluções, prestação de serviço e citação de fontes não-oficiais. Além disso, recolhemos o título das matérias, a data, o nome, profissão e origem das fontes citadas e o nome dos repórteres.

Após a análise dos textos, fizemos duas entrevistas. Uma com a Organização não-governamental (Ong) Agende (Ações em gênero cidadania e desenvolvimento) e outra com o jornalista Vivaldo de Sousa. Escolhemos o profissional da sucursal de Brasília da Folha de S. Paulo porque foi o jornal com a pior cobertura.

Este trabalho é uma síntese de nossa pesquisa. Traz consigo também nossa conclusão concernente à cobertura da violência contra a mulher realizada pelos jornais pesquisados.

Desenvolvimento

A pior cobertura foi realizada pela edição nacional do jornal Folha de S. Paulo, segundo nossa pesquisa. Perguntamos para o jornalista da sucursal da Folha em Brasília, Vivaldo de Sousa, se o jornal onde ele trabalha faz jornalismo público, pelo menos no caderno de Cidades, já que, com exceção de um artigo na parte de opinião, todas as matérias foram encontradas lá. “Acho que faz. Pelo que se pode verificar em alguns assuntos relevantes publicados pela Folha, como o atraso nos aeroportos”, disse Vivaldo. Mas, das cinco propriedades do jornalismo público, foram encontrado na cobertura apenas três. Nenhum dos textos buscava solução ou prestava serviço. Houve citação de fontes não-oficiais em 20 matérias. Encontramos nove textos analíticos e seis com pauta fria.

Questionado porque a maioria das matérias foi feita com pautas quentes o jornalista respondeu que “O período (da pesquisa) analisado é curto. Todos os jornais ficam atentos ao que está acontecendo em um determinado momento. O caso do ônibus do Rio, por exemplo, no momento que acontece um caso como esse, o Jornal vai dar destaque a esse assunto durante alguns dias, por isso acaba tomando lugar de outras matérias que sairiam. Violência contra a mulher não é um tema do cotidiano do jornal”, disse. Perguntamos também para Vivaldo porque nenhuma das matérias sobre violência contra a mulher, analisadas no período, não buscava solução ou prestava serviço. “Normalmente, busca de solução nós só vamos encontrar em matéria de cunho investigativo. Jornalismo investigativo, quer dizer, aquele que o repórter corre atrás, e não matéria de terceiros. O Jornalismo Público está muito ligado ao jornalismo investigativo. Por exemplo, o caso do Ônibus não é avaliado como violência contar a mulher e, sim, como violência em geral. Porque quando o caso começou, pela manhã, ninguém sabia que era um caso de briga entre marido e mulher”, disse o jornalista.

Justamente, pela a imprensa tratar a cobertura da violência contra a mulher como qualquer outra pauta, a avaliação dos meios de comunicação feita pela Ong Agende é de razoável a bom. A organização também concorda com nossa pesquisa, que constatou a falta de busca de solução nas matérias. “Na busca de soluções a imprensa deixa a desejar. A abordagem da cobertura da violência contra a mulher é feita com um olhar frio pela imprensa, que trata do fato como qualquer outro. Esse olhar precisa mudar”, disse a jornalista da Ong Cléa Paixão.

Além de verificar as propriedades do jornalismo público, constatamos que quase todos os textos foram feitos por cobertura própria, 25 ao todo. A maioria eram notas. “Infelizmente os jornais não tem continuidade. Se pararmos para analisar, o caderno de cidades da Folha é pequeno, são apenas quatro folhas, que ainda são preenchidas por obituários e etc. Como temos pouco espaço, acabamos dando prioridade para os furos e para outras pautas quentes. Muitas matérias são jogadas no lixo porque o espaço é curto, isso não acontece só na editoria de cidades”, Vivaldo justifica.

Apesar de não encontrarmos nenhum editorial, achamos um artigo. Houve duas entrevistas e sete chamadas de capa.

Analisamos também neste período a edição nacional do jornal O Globo e encontramos 12 textos, menos da metade do encontrado na Folha. Entretanto, dois textos buscaram solução e um prestou serviço. Ou seja, por outro lado O Globo aparenta ter mais qualidade. Houve citação de fontes não-oficiais em oito matérias. Sete pautas frias e oito textos analíticos.

A cobertura do terceiro jornal que analisamos, o Correio Braziliense, foi a melhor porque teve 12 textos que buscavam soluções e dez que prestavam serviços. Essas não são as principais características do jornalismo público, entretanto, são as propriedades essenciais. Assim como as outras, elas afetam diretamente a vida do leitor, mas de maneira mais direta e clara. O Correio Braziliense ficou também com o maior número de textos analíticos, 12 ao todo. Com dez textos, perdeu para a Folha nas citações de fontes não-oficiais, mas empatou com O Globo em número de pautas frias, ambos ficaram com nove. Mas, é importante destacar, o jornal carioca teve menos textos.

Conclusão

Apesar do número alto de textos encontrados sobre a violência contra a mulher - 32 textos, o Correio Braziliense teve a melhor cobertura porque se demonstrou preocupado com as propriedades do jornalismo público. Das cinco características, em relação aos outros dois jornais analisados, em três teve o maior número de textos. Já a Folha de S. Paulo, onde encontramos o segundo maior número de textos - 31, deixou a desejar. Pois, como já demonstramos, não teve um se quer texto que prestasse serviço ou buscasse soluções. E, pela a entrevista com Vivaldo de Sousa, a expectativa não é de mudança na cobertura. Por fim, o jornal O Globo, de acordo com nossa análise, fez uma cobertura medíocre, com 12 textos.

sábado, 25 de outubro de 2008

As mães do Distrito Federal


"O que é? O que é? Clara e salgada, cabe em um olho e pesa uma tonelada..." Racionais Mc's


Os olhos marejam e a voz trava. Quando a fala sai, ao mesmo tempo, uma lágrima escorre dos olhos da dona de casa Eliene Nosa da Silveira, 38 anos, ao explicar como é o Dia das Mães sem o filho mais velho, Rafael Nosa da Silveira. “É horrível. Parece que falta um pedaço da gente”. Há um ano, Rafael foi assassinado com um tiro na cabeça, próximo à casa dos pais, em Santa Maria. O crime ocorreu no dia do aniversário de 15 anos do jovem. Segundo a mãe, Rafael ouvia música no discman, que ela lhe deu de presente, quando um rapaz de 16 anos, morador da quadra vizinha, passou de bicicleta e disparou três tiros. Eliene conta que, antes de chegar em estado de coma ao hospital do Gama, o filho conseguiu dizer o nome e o endereço do algoz, que estará livre depois de passar três anos num centro de recuperação para menores de idade.

Dona Eliene é um tipo de mãe. A mãe que teve o filho levado pela violência urbana. Outro tipo comum é o da mãe classe média e batalhadora que cria os filhos sem o pai. É o caso da professora de inglês Cristina Vilar, 50 anos. Ela se casou com 24 anos e teve duas filhas, a biomédica Cristiane Vilar, hoje com 25 anos, e a estudante de Publicidade e Propaganda, Andréia Vilar, 21 anos. “Foi muito difícil criá-las sozinha e com a situação financeira apertada”, revela Cristina, moradora do Plano Piloto. Entretanto, diz que o amor de mãe nesse caso é diferente. “Quando a mãe é separada, a afinidade é maior. O amor não fica dividido entre o pai e a mãe”, explica.

Já a mãe Bárbara França Souza, 19 anos, não tem certeza de que conseguirá cuidar, sozinha, da filha, Luisa França de Sousa, de 1 ano e 10 meses. Bárbara é o tipo de mãe adolescente, que largou os estudos por causa do filho. Quando engravidou, tinha 17 anos e cursava o segundo ano do ensino médio. Na época, o pai da criança era mais velho que Bárbara, tinha 19 anos, mas terminou o namoro no terceiro mês de gravidez. A adolescente conta que no começo pensava que a juventude dela tinha acabado. “Agora eu acho que não. Há coisas mais importantes do que ir para a festa, encher a cara de bebidas e acordar no outro dia com ressaca”, explica. “Tudo que eu faço agora é pensando na minha filha. Se eu pego num dinheiro e vou ao shopping, só penso em comprar algo para ela”. Segundo a jovem, o pai da criança ajuda um pouco, mas não paga pensão. Bárbara mora em Santa Maria, não concluiu o ensino médio e é auxiliar de serviços gerais.

Se tiver sorte, ela não será como outro tipo de mãe. A guerreira mãe pobre, como a catadora de latinhas, Ana Maria, 32 anos, também conhecida como Duda. Ana fica de segunda a sexta-feira em casa cuidando dos cinco filhos, com idades de 10, 7, 6, 3 e 1 ano e 9 meses. Para conseguir o dinheiro do aluguel, na tarde de sexta-feira, Duda, o marido João Pedro e os três filhos mais novos pegam um ônibus de Brasilinha de Goiás para o Plano Piloto e só voltam para casa na tarde de domingo. Eles se juntam com outras famílias e se hospedam de baixo de umas árvores que ficam atrás da rodoviária do Plano Piloto. Grávida de nove meses, Duda conta que é difícil ser mãe. “Se eu nascesse de novo, não teria nenhum filho. Não estou arrependida. Eu amo meus filhos, mas se eu tivesse outra oportunidade, não seria assim”, diz.

Mas nem toda mãe pobre está disposta a cuidar dos filhos, mesmo com dificuldades. Por isso existe o tipo de mãe barriga de aluguel, que quando não encontra ninguém para cuidar dos filhos, abandona-os ou simplesmente os joga em latas de lixo, terrenos baldios, fossas ou rios. É o caso da prostituta Drica, que anuncia no jornal ter 20 anos, quando na verdade tem 28 anos. Ela não se desfez dos filhos, pois, para sorte deles, a mãe dela resolveu cuidar. Drica não ajuda financeiramente os três filhos que deixou no Piauí. “Por que tem quem cuida”, justifica. A prostituta, que diz fazer programas por gosto e não por necessidade, não visita os filhos, mas diz que os ama.

Em contraste com a mãe barriga de aluguel, há a grande mãe. Ela gosta tanto dos filhos que acaba adotando os dos outros. O exemplo é encontrado em Samambaia, no lar da dona de casa Maria Aparecida Lima de Araújo. No casamento de 28 anos, teve seis filhos, porém adotou mais uma. Juliana de Jesus, 6 anos, foi adotada pela família com 6 meses de vida. Maria diz que o amor que sente pelos filhos biológicos é o mesmo que sente pela filha adotiva.

Um outro tipo de mãe que se pode encontrar no Distrito Federal é a mãe religiosa. A dona de casa Ana Coelho da Costa Santos, de 36 anos, por exemplo. Ela é católica há mais de 10 anos. Para Ana Coelho, o maior presente que pode receber dos filhos é vê-los participando ativamente na igreja que freqüenta em Santa Maria. Coelho tem quatro filhos e diz que não seria capaz de abrir mão de nenhum. “Os filhos são muito importante, fico indignada com as mães que dão os filhos”, conta. Mesmo com toda dificuldade econômica, ela afirma que toda mãe não deve desistir dos filhos. “Dá trabalho? Dá, mas se Deus te deu, Ele vai te ajudar”, explica.

Talvez, leitor, não haja, no meio dessas mães, nenhuma do tipo da sua, entretanto, as histórias podem ser um pouco parecidas. Existe também a possibilidade de não ter nenhuma semelhança, afinal, mãe só tem uma.

* Texto escrito no mês das mães, em 2007

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

A polícia, a imprensa e o sequestrador mataram Eloá


Acho que agora já posso comentar o trágico sequestro de Eloá sem cometer nenhuma precipitação. Nem preciso dizer onde, quando e como ele ocorreu, pois todos já estão cansados de saber, afinal, a imprensa nos últimos dias só fala nisso – pois a informação aumenta as vendas e a audiência. Somente agora estou me arriscando a fazer um comentário a respeito do sequestro porque acredito já ter informações suficientes. Informações que me levam a três conclusões: a polícia agiu muito mal; a imprensa atrapalhou as negociações; e as duas juntas, mais o sequestrador, mataram Eloá. Quantos inocentes ainda morrerão por causa do despreparo da polícia, eu me pergunto. A morte da adolescente Eloá não foi a primeira causada pela ação desastrosa da polícia. Vale lembrar da morte do menino João Roberto, baleado quando estava no carro da mãe, confundido com o veículo de criminosos. Somam-se as esses casos outros tantos espalhados pelo Brasil. Se eu fosse citá-los, o leitor passaria o dia inteiro neste blog, coisa difícil de acontecer porque ele tem mais o que fazer e eu também. Bom. O que a polícia não deveria ter feito no sequestro de Eloá? Deixar Nayara entrar de novo no apartamento. Permitir que o sequestro durasse tanto tempo. E, por fim, invadir o apartamento de maneira tão desastrosa. E o que a polícia deveria ter feito? Antes de invadir, a polícia deveria prever os móveis atrás da porta e a localização exata do sequestrador e das reféns, o que seria possível com a ajuda de alta tecnologia, se eles tivessem, é claro. O barulho da explosão deveria ser provocado em vários locais para desorientar o criminoso. Em seguida, os policiais deveriam invadir o prédio, simultaneamente, por meio de entradas diferentes. Eu escrevi simultaneamente e não lerdamente, como eles fizeram, colocando a escada no lado de fora do prédio, bem depois da explosão, para entrar pela janela com bastante dificuldade. Agora, quanto a imprensa, que atrapalhou as negociações, o que ela não deveria ter feito? Criar um espetáculo em volta do caso. Dar voz ao criminoso fazendo entrevista com ele. Contar toda a estratégia da polícia antes da execução. E o que a imprensa deveria ter feito? Somente uma coisa: uma cobertura responsável. Durante o sequestro, a imprensa foi irresponsável e inconsequente. Talvez as negociações teriam um fim diferente, se não fosse a cobertura sensacionalista da mídia. Pode-se dizer, portanto, que quem matou Eloá não foi somente o sequestrador, mas, sim, a polícia e a imprensa. Além dessas conclusões, a tragédia traz à tona uma questão: qual é o critério usado pela polícia para escolher o veículo de comunicação que deve divulgar, com exclusividade, o material das investigações? Material público, diga-se de passagem. E se é público, não deveria ser exclusivo. Isso tem nome. Chama-se promiscuidade.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Conheça Zé das Placas, filho adotivo de Arruda


Aposentado, mas com muita disposição em fiscalizar a cidade onde mora. É comum encontrá-lo vestido com duas camisas. A que fica em cima da camisa de baixo é sempre a mesma: verde e com as beiras das mangas brancas. Em várias partes, ela possui a sigla do Governo do Distrito Federal (GDF). Atrás. Nas mangas. Na frente. Ele também usa sempre um chapéu de vaqueiro. Com essas características, a personagem já é bem famosa em Santa Maria, periferia do DF. Querem até que ela se candidate a deputado distrital... Todos sabem que a figura é amiga do governador José Roberto Arruda e, portanto, é – ela pensa – uma autoridade. A amizade começou antes mesmo de Arruda ser candidato a governador. Seu início foi depois que José Roberto ficou sabendo da existência de placas, espalhadas pela periferia, com os dizeres “Vote Arruda para Governador” e “Arruda e bom governo”. Nos comícios, o então candidato passou a agradecer a figura anônima, que nem mesmo Arruda sabia o nome. Surgiu daí a necessidade de uma alcunha. E por que não Zé das Placas? “Eu quero agradecer o... É... Como é mesmo o nome do cara que faz as placas?” Alguém assopra “Zé Lopes”. Arruda entende só “Zé”. “É isso mesmo. Eu quero agradecer pelas placas o seu Zé... Zé... Zé das Placas”. Dois anos depois, Zé das Placas não foi esquecido. Aliás, Arruda não se esqueceu dele – qual é o político que se esquece de um importante cabo eleitoral? Placas, diga-se de passagem, foi contratado sem concurso público para trabalhar na Administração Regional de Santa Maria. “Muitos falam que eu sou o administrador”. Mas, na verdade, Zé é um fiscal dos problemas da cidade. Se ele vê, por exemplo, um buraco no asfalto, notifica a administração. Questionado sobre quando o “metrô de Santa Maria” ficará pronto, Zé das Placas responde: “quando a galinha criar dentes”. Mas por que, Zé? “Pelo andar da carruagem, Arruda não vai cumprir o que prometeu nem em cem anos de governo”. A resposta, como você pode perceber, leitor amigo, dá a entender que o bom senso tomou conta de Placas. No entanto, não é bem isso que se nota na resposta de Zé, quando questionado se Arruda será reeleito. “Se Deus descer do céu e se candidatar, eu não voto nele. Eu voto em Arruda. Aquele homem é bom de mais. Ele está fazendo muita coisa boa e ainda vai fazer mais”. Quer dizer, para Zé das Placas, Arruda está acima de Deus. Também pudera. O governador adotou a família dele. Deu emprego para Placas e para o Plaquetas Júnior – filho do Zé.

O lucro é de poucos. O prejuízo é de todos


Se eu entendi bem, estatizar bancos é a solução para a crise do sistema financeiro mundial. Quer dizer, na hora de lucrar, a máxima do liberalismo é a não interferência do Estado, mas, na hora do prejuízo, o Estado tem que interferir. O lucro é de alguns. O prejuízo é de todos. Vivendo e aprendendo.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

É melhor prevenir do que remediar


A economia do Brasil só não está sendo abalada pela crise mundial, de maneira drástica, por causa da dura política econômica aplicada pelo presidente do Banco Central (BC), Henrique Meireles. Pelo fato de ser dura, antes da crise, essa mesma política econômica, que hoje nos salva, recebeu críticas contundentes dos senhores sabe-tudo-da-economia. Vale lembrar. Ainda bem que o presidente do BC foi pulso firma e não ouviu os comentários de uma certa senhora que acredita ser dona da verdade e da razão. Graças a Meireles e ao passado traumático inflacionário do Brasil, o sistema econômico brasileiro não foi tão liberal. Sempre foi rígido para conceder crédito, inclusive o imobiliário. Minha gente, se Henrique está no posto que está, não é por acaso. Ele sabe o que faz. E as ações feitas, até agora, para enfrentar a crise do sistema econômico financeiro mundial são preventivas e evidenciam a serenidade tão pregada pelo presidente do Banco Central. Como já dizia o velho ditado popular, é melhor prevenir do que remediar.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

O auge da crise do sistema econômico financeiro



A crise do sistema econômico financeiro deste ano é a maior desde 1929. A afirmação não é minha, mas de algumas pessoas que se dizem estar por dentro do assunto. Para falar a verdade, não sei se a crise de 1929 foi tão ruim quanto esta, afinal, nasci em 1987. Acho que eu deveria ter lido mais sobre o crash dos anos trinta. Bom. É melhor eu comentar somente a crise deste ano. Os Bancos Centrais do mundo inteiro anunciaram, nesta quarta-feira, o corte de juros, na tentativa de conter a desaceleração da economia, causada pela crise de confiança dos investidores. A afirmação de que a crise maior é de confiança também não é minha. Assim como muitos, na conjuntura atual, sou mero expectador. E o que posso dizer é: se a crise é de confiança, o sensacionalismo da imprensa só está alimentando-a mais ainda.

sábado, 4 de outubro de 2008

As eleições de 2008


As eleições para vereador e prefeito dos municípios brasileiros serão amanhã. Você quer uma dica? Não vote em quem pretende se candidatar a governador do estado ou a outro cargo, nas eleições de 2010 – afinal, o compromisso dele não é com a cidade, mas com sua carreira política. Não vote no candidato que cometeu crimes eleitorais durante a campanha – por exemplo, aquele que tentou comprar seu voto ou que emporcalhou a cidade com anúncios. Não vote em candidato que prometeu obras faraônicas e demagógicas. Por fim, o mais importante: vote!
Nas últimas eleições o Brasil deu o exemplo ao mundo, com um sistema eficiente de apuração dos votos que dá o resultado no mesmo dia da eleição, senão no dia posterior. No entanto, não sei se por inveja ou por mero humor, aquele desenho que o jornalista William Bonner se inspira quando edita matérias para o Jornal Nacional pretende questionar a legitimidade da urna eletrônica brasileira. Fiquei sabendo que, na véspera das eleições americanas para presidente, irá ao ar um episódio em que o Home Simpson sairá de casa para votar em Barack Obama, mas seu voto será transferido para Jhon Mccain, isso porque Home usará a urna eletrônica. Acho que o autor do desenho preferido de Bonner poderia fazer esse mesmo episódio usando o sistema americano de apuração de votos: a contagem manual das cédulas de papel, pois, para se trapacear na eleição, não é necessário usar a urna eletrônica. Basta ter um sistema corrupto, afinal, quem é que vai garantir aos americanos que os votos serão contados de maneira honesta?

É PROIBIDO CONSTRUIR NA ORLA DO LAGO PARANOÁ!


A história do cassino na península dos ministros, no Lago Sul, Distrito Federal, deu o que falar. O monte de jornalistas fez matarias sobre o crime, mas todos esqueceram de falar de outro crime tão grave quanto aquele e que está presente em quase toda região do Lago Paranoá: as construções irregulares na orla. A Resolução 302 de 2002 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) estabelece parâmetros para as áreas de Preservação Ambiental (APPs). De acordo com a Resolução, em reservatórios como o Lago Paranoá, a distância de 30m, a partir do espelho d’água, é uma APP. Porém, os nossos representantes da Câmara Legislativa complicaram tudo. Criaram, depois da publicação da Resolução do Conama, duas leis contraditórias. O decreto distrital 24 mil 499 de 2004, por exemplo. A pesar de classificar como APP a faixa de 30m, permite a construção de muro de arrimo, cais, píer de atracação, quebra-mar, rampas, marinas, flutuadores, aterros e dragagens dentro das APPs. Já a lei distrital 3 mil 539 de 2005 determina que, nos lotes do Setor de Clubes Norte e Sul, não serão exigidos afastamentos mínimos obrigatórios, mas estabelece que as APPs do Paranoá, existentes nos lotes de que trata a lei, aplica-se a legislação do Conama. Dessa confusão, uma coisa é certa. É PROIBIDO CONSTRUIR NA ORLA DO LAGO PARANOÁ!

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

O Dia do idoso é hoje e, não, dia 27 de setembro


Hoje é o Dia Nacional do Idoso. Antes, a data era celebrada aqui no Brasil em 27 de setembro e, no mundo, em 1º de outubro. Mas, em 28 de dezembro de 2006, o presidente Lula sancionou a lei 11 mil e 433 e alterou o Dia Nacional do Idoso para a data de publicação do Estatuto do Idoso, 1º de outubro. O problema é que muita gente não sabe disso. Jornais, órgãos do governo e até as entidades dos idosos comemoraram, neste ano, o Dia do Idoso em 27 de setembro. Veja o que diz esta nota publicada no Correio Braziliense: “O Dia do Idoso é comemorado no próximo sábado, dia 27 de setembro, mas a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda (Sedest) decidiu antecipar a celebração. Nesta terça-feira (23/09), 1.750 idosos participam de uma grande festa, programada para começar às 10h na Ala Sul do Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Entre as atrações preparadas para quem está na melhor idade, estão um show da banda cover de Roberto Carlos, uma apresentação com humorista e a entrega de 400 carteiras do idoso. A carteira dá direito a passagens interestaduais gratuitas.” A culpa dessa confusão é do Governo Federal que não está cumprindo a lei que mudou o dia do idoso, pois, segundo a lei, cabem aos “órgãos públicos responsáveis pela coordenação e implementação da Política Nacional do Idoso” a promoção, “realização e divulgação de eventos que valorizem a pessoa do idoso na sociedade”. Se os órgãos estivessem fazendo isso, com certeza estaria popularizado entre jornais e entidades dos idosos que em 1º de outubro é celebrado o Dia Nacional do Idoso. E tem mais. Quem aqui sabe quantos anos o Estatuto do Idoso tem? Pois é. Hoje o estatuto faz cinco anos. São nesse pequenos detalhes que se percebe o quanto cuidamos dos nossos idosos. Também. O que se podia esperar no país aonde o aposentado foi chamado de vagabundo pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso?