Blog do Paraíso: O Memorial JK

domingo, 7 de novembro de 2010

O Memorial JK

O Memorial possui alguns objetos que foram encontrados com o ex-presidente no dia do “acidente”. Nada, contudo, deixa claras as circunstâncias (acima, foto do carro de Juscelino no dia da tragédia)

Moro no Distrito Federal (DF) desde que nasci – há 23 anos. Já fui a todas as cidades do DF, mas não a todos os lugares. Recentemente, minha consciência pesou quando me dei conta de que um desses lugares que eu não conhecia era o Memorial JK.

Inaugurando em 12 de setembro de 1981, o Memorial JK é um museu que possui fotos, objetos e restos mortais do ex-presidente do Brasil Juscelino Kubitschek de Oliveira.

O museu, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, fica localizado no Eixo Monumental, próximo à Câmara Legislativa e ao Tribunal Regional Eleitoral do DF (TRE-DF).

Fiquei com peso na consciência porque Juscelino Kubitschek foi um grande brasileiro e merece a consideração de todos. Foi durante o mandato dele que Brasília foi construída. “Cinquenta anos em cinco”, era o lema do governo de JK que realizou outras grandes obras, como a construção da rodovia Belém-Brasília. As obras foram importantes para o país porque levaram o desenvolvimento para a Região Centro-Oeste e integrou as grandes cidades com o interior brasileiro.

Semana passada, decidi tirar o peso da consciência e fiz uma visita ao Memorial.

No corredor de entrada, há várias fotos de JK e sua família. Objetos pessoais do ex-presidente, como o anel de formatura no curso de medicina, são expostos nos mesmo corredor, em vitrines.

Depois do corredor, há uma sala, com mais objetos e fotos espalhadas pelos cantos. Quem deseja fazer um lanchinho, pode sentar numa das diversas cadeiras de um café que a sala possui.

Da sala, o visitante tem acesso à saída do Memorial, à garagem onde se encontra restaurado um Galaxie 500, o último carro do ex-presidente, e às bibliotecas - uma com livros e objetos de JK. Também fica na sala o acesso à escada que leva para o mausoléu de Juscelino.

O visitante tem uma boa aula de história, lendo as legendas das fotos e dos objetos. Um fato, porém, ainda não é totalmente explicado. Como aconteceu o “acidente” em que JK perdeu a vida? Se não estou enganado, o único local no Memorial onde é possível saber mais sobre a morte de Juscelino é no corredor de entrada.

Numa das vitrines que ficam no corredor, há alguns objetos que foram encontrados com o ex-presidente no dia do “acidente”, como seu relógio e sua carteira de identidade. Há ainda uma pequena foto do carro onde estava Juscelino. Nada, contudo, deixa claras as circunstâncias do “acidente”.

O “acidente” aconteceu em 22 de agosto de 1976, no quilômetro 328 da Rodovia Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro. JK morreu durante a ditadura militar, 12 anos após ele ter seus direitos políticos cassados e ser proibido de viver no Brasil.

A morte de Juscelino aconteceu no mesmo período em que foi realizada a famigerada Operação Condor, uma aliança entre as ditaduras do Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Paraguai e Uruguai, com o objetivo de perseguir, capturar, torturar e desaparecer com os opositores dos regimes ditatoriais, apoiados pelos Estados Unidos.

Naquela época, Juscelino, o então segundo presidente civil que conseguiu cumprir o mandato até o final, representava uma ameaça à ditadura militar.

A explicação plausível para a morte de Juscelino Kubitschek poderá se encontrada se o arquivo da ditadura militar brasileira for aberto. Tarefa que não foi realizada nos oito anos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas ainda há tempo e sua sucessora, a presidenta Dilma Vana Rousseff, poderia se encarregar de cumpri-la.

A verdadeira história sobre um dos mais sombrios períodos vividos pelos brasileiros precisa vir à tona para não se repetir nunca mais.

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