Blog do Paraíso: agosto 2009

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Lula faz história ao anunciar novas regras do pré-sal


Mais uma vez, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva contribuiu para a sua biografia no livro das pessoas que colaboraram, de forma crucial, para o desenvolvimento deste país. Digo mais uma vez porque o presidente Lula já entrou para a história há muito tempo.

A primeira vez foi muito antes de se tornar presidente, quando militou no movimento sindical e ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores.

A segunda vez foi em 2002, quando foi eleito presidente. Lula, para quem não percebeu, é o primeiro operário a assumir a chefia de estado e de governo de um país.

A terceira vez que entrou para a história foi quando tirou milhares de brasileiros da pobreza.

A quarta vez, depois de alcançar o índice de mais de 80% de aprovação popular, mesmo depois dos impiedosos ataques da imprensa tupiniquim. Acabou? Ainda não.

Lula entrou, recentemente, para a história ao desenvolver uma política econômica que não permitiu o Brasil falir no auge da crise do sistema econômico mundial. Graças a essa mesma política o presidente fez o país ser um dos primeiros a se recuperar da crise.

Foram, portanto, cinco vezes que o presidente Lula entrou para a história, certo? Errado. Nesta segunda-feira, 31 de agosto de 2009, Lula entra, pela sexta vez, para história, ao anunciar as novas regras para a exploração do petróleo encontrado abaixo da camada de pré-sal, há mais de 5 ou 7 km de profundidade do mar.

Por que Lula entra para a história? O que há de mais nas novas regras? Eu respondo, amigo leitor. De acordo com as novas regras anunciadas hoje, boa parte do lucro da exploração do pré-sal vai ser investida em educação, cultura, tecnologia, meio ambiente e combate à pobreza, além disso, o Estado brasileiro vai tomar conta do empreendimento. Isso é uma revolução e uma boa notícia. Mostra que governo aprendeu a lição da crise do sistema econômico mundial: é preciso a maior presença do estado para frear o olho grande dos capitalistas selvagens.

Agora. Imagine se estivéssemos sob a liderança do governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC). Quero dizer, imagine se o presidente da república fosse um tucano ou um demo. Com o perdão da palavra, nós, brasileiros pobres, estaríamos “fudidos” – mais ainda. Se estivéssemos sob a liderança do PSDB e do DEM, as novas regras de exploração do pré-sal, anunciadas hoje, sequer existiriam. Pelo contrário, haveria uma privatização de toda a exploração, afinal, essa é a lógica do governo demotucano. Lembra da Vale do Rio Doce? O que aconteceu com ela? Pois bem. Foi vendida por FHC por um preço que correspondeu ao lucro do ano seguinte da empresa privatizada. Ou seja, a Vale foi vendida a preço de banana. E esse dinheiro? Para onde foi? Confesso. Não faço a mínima ideia.

Ainda bem que não somos governados por eles. E, em 2010, precisamos evitar que o PSDB e o DEM voltem para o poder Executivo, se quisermos realmente que o lucro da exploração do pré-sal vá mesmo para a educação, cultura, tecnologia, meio ambiente e combate à pobreza.

domingo, 30 de agosto de 2009

GDF arranca placas com informações sobre as obras do PAC no DF

O Distrito Federal (DF) se tornou, nos últimos anos, um verdadeiro canteiro de obras, o que quer dizer que o governo do DF está trabalhando muito. Certo? Nem tanto. Nem tanto. No meio das obras realizadas no DF, há muito dinheiro do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, porém, nem todo mundo sabe disso. Também pudera. De acordo com fontes, o GDF está arrancando todas as placas do governo federal. Isso mesmo. Para passar a impressão de que as realizações na capital do país são exclusivas GDF, as placas com informações de onde vem os recursos não ficam sequer o tempo em que a obra está sendo construída. Segundo fontes, elas são arrancadas depois de alguns dias. Avalio que o GDF está em desespero para fazer uma coisa dessas, afinal, ainda com as placas, há muita gente que não consegue fazer a distinção do que é feito pelo governo local e o federal. Será que é o medo de perder as eleições de 2010?

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Arruda não vai cumprir acordo com Paulo Otá(rio)vio


Finalmente um jornal de Brasília teve coragem de tocar no assunto sobre o acordo estabelecido entre o governador José Roberto Arruda (DEM-DF) e o vice-governador Paulo Otá(rio)vio (DEM-DF). Para quem não se lembra, Arruda, segundo o acordo, não se candidataria à reeleição em 2010 porque seria a vez de Paulo Otá(rio)vio, já que ele abriu mão em 2006.

O jornal, que me recuso a citar o nome, publicou uma matéria no domingo informando um acordo sobre o acordo. Quero dizer, constrangido em cobrar o que lhe é direito, Paulo Otá(rio)vio, "para bem do partido", já estuda a possibilidade de não lançar seu nome em 2010 para repetir a chapa de 2006, quando foi vice de Arruda. Para isso, conforme o jornal, o próprio Otá(rio)vio vai anunciar o rompimento do acordo que lhe beneficiaria – que coisa, não?

Durante todo o texto, o assunto é tratado com um cuidado impressionante. A repórter escreve como se estivesse pisando em ovos. Bom. Pelo menos a notícia foi dada. E, como para bom entendedor meia palavra basta, ficou claro que Arruda não vai cumprir o acordo acertado com o seu vice, o que era de se esperar. Afinal, como diz o povão, onde já se viu macaco recusar banana?

domingo, 23 de agosto de 2009

Capítulo XV

Antônio Augusto nasceu em 1960 no interior, onde conheceu Maria de Lourdes Abadia, cinco anos mais velha que ele. Antônio e Maria se casaram e tiveram duas filhas. Pouco tempo depois, eles se mudaram para a tão badalada rua.

Antônio abandonou sua terra natal, mas não o costume. Andava sempre com um chapéu de cowboy na cabeça. Usava bigode. Fumava cigarro de palha de milho. Era magro. Branco. Médio.

Maria também era branca, porém, seu cabelo era encaracolado. Era bonita. Não era magra. Também não era gorda. “Minha mulher tem carne”, dizia sempre Augusto.

As filhas deles se chamavam Carolina e Karina. Carolina, a mais nova, se parecia muito com o pai, no entanto, não desgrudava da mãe. Apesar de ter puxado a mãe na aparência, Karina não era extrovertida. Ficava sempre na dela, quase não saia de casa.

Enfim, eles eram uma família feliz, mas o mundo dá muitas voltas e o tempo se fez muito cruel com Antônio. Abandonado pelas filhas e pela mulher, Augusto dormia em um sofá todo rasgado. Fazia duas semanas que ele estava com a mesma roupa. Uma garrafa de cachaça de alambique, quase vazia, estava bem próxima dele, em cima do único móvel que tinha no cubículo onde ele agora dormia. Depois de um, dos inúmeros desentendimentos com Maria, Antônio construiu um pequeno cubículo dentro de sua própria casa. O espaço contrastava com os demais cômodos da residência. Enquanto no cubículo as paredes, sequer, tinham reboco e o chão era grosso, sem piso, os quartos da casa tinham piso de cerâmica, eram pintados e forrados.

- Tá, tá, tá, tá!

Antônio acordou assustado e ouviu novamente “tá, tá, tá, ta”. Aquela hora da manhã, pensou, já com tiroteio. “Quem será que morreu dessa vez?”, Antônio se questionou, porém, não teve vontade nem ânimo de se levantar. Talvez pela fraqueza. Havia semanas que ele não ingeria alimento. Apenas bebia cachaça. Já não encontrava nenhum motivo para viver. Perdeu o emprego, o carro, a mulher, as filhas e até a moral.

Na verdade, ele não gostava quando pensava no que perdeu. Toda vez que isso acontecia, subitamente, sentia vontade de dar uma talagada numa dose de alambique. E foi o que fez. Levantou-se, agarrou a garrafa que estava na mesa e, sem se preocupar com copo, bebeu no gargalo mesmo. O litro quase ficou sem nada. Sobrou ainda uma dose. Antônio saboreou aquela bebida como se fosse a última. Deitou-se novamente e adormeceu.

Como se estivesse indo dessa para melhor, Antônio viu uma luz, enquanto dormia. A claridade lhe trouxe a lembrança dos momentos em que foi feliz, logo após ter mudado para aquela tão badalada rua.

Antônio era respeitado e querido por todos. Andava sempre bem vestido. Tinha muitos amigos. Na época, era o morador com a melhor situação econômica. Antônio trabalhava num emprego bom. Ganhava bem. Andava num opala preto. Todo final de semana tinha sua cervejinha garantida. Cachaça? Nem pensar. Antônio só bebia cerveja gelada. Muitas vezes, ele não esperava a garrafa, ou latinha, secar. Pedia logo outra. “Outra? Mas ainda tem cerveja aí?”, perguntava, às vezes, quem acompanhava Antônio que logo respondia “tem, mas já está quente. Não bebo cerveja quente”.

Muitas vezes, Antônio chegava em casa e, por causa do efeito do álcool, se deitava, sem tomar um banho e sem dar a devida atenção a sua mulher. Maria, começou a desconfiar de seu marido. Quis, portanto, saber se ele tinha outra. Certa vez, quando Antônio estava de saída, Maria perguntou:

- Aonde você vai?
- Vou alí no bar do Zé, tomar uma cervejinha. Volto já.
- Sabe de uma coisa... Também estou com vontade de tomar uma cervejinha. Vou também.
- Que isso mulher? Tá doida?
- Ué? Não posso tomar uma cervejinha com você? Por quê?
- Ai, ai, ai, mulher... Não fica muito bem para você.
- Eu não tô nem aí.
- A é? Você quer beber? Então vá sozinha porque comigo você não vai.

Para não discutir mais, Antônio saiu de pressa. Bateu a porta e foi. Carolina, que ouviu o barulho da porta, correu em direção da mãe.

- Cadê o papai, mamãe?
- Não sei, menina!
- Aonde a senhora vai, mamãe? Deixa eu ir com a senhora?

Maria não respondeu, contudo, Carolina, que naquela época tinha 10 anos, segurou na barra da camisa da mãe e foi junto com ela.

Quando chegou lá, Maria viu Antônio bebendo e pagando cerveja para seus amigos. Eram dois. Maria teve receio. Sentou, com a filha, numa mesa bem afastada de seu marido. O garçom veio atendê-la.

- Traz uma cerveja para mim. O que você quer, Carolina?
- Um refrigerante e um salgadinho.

Maria, naquele momento, inaugurava o seu alcoolismo. Passou a acompanhar mais vezes o marido. O efeito do álcool fez desaparecer toda a vergonha que Abadia sentia. Passou a sentar mais perto do marido e, quando menos se esperava, os dois já bebiam juntos.

- Vai para casa – ordenou certa vez Antônio.
- Vamos nós dois.
- Pode ir. Daqui a pouco eu vou. Deixa eu só pagar essa conta.
- É mamãe, vamos embora – disse Carolina que nunca saia de perto da mãe.

Maria obedeceu. Foi para a sua casa. Lá, esperou pelo marido durante horas. O suficiente para sua cabeça se encher de cenas de adultério. Imaginava Antônio com outra. Mas que outra? Maria Abadia não sabia, mas tinha a certeza de que alguma coisa estava errada. Afinal, por que ele não veio com Maria? Por que está demorando tanto? “Ele tem outra. Só pode”, pensava. E, por volta de meia noite, caindo de bêbado, Antônio chegou em casa. Às vezes, tomava banho. Não foi o caso. Deitou-se. Viu a mulher dormindo e não quis acordá-la. Se fizesse isso, seria apenas para desejar uma boa noite, pois ele estava tão bêbado que não conseguia, ao menos, levantar o cobertor para se embrulhar. Antônio, portanto, dormiu.

“Cachorro”, Maria pensou. “Eu estava certa. Ele tem outra. Gastou toda a energia que tinha com ela. Nem quis me acordar. Eu sou uma idiota mesmo. Não era para eu sair de lá quando ele mandou. Deixa. Ele me paga”.

No final de semana seguinte, Antônio e Maria foram convidados para uma festinha na casa de um vizinho. Os dois foram, acompanhados pelas filhas. Lá, a festa começou a ficar animada quando todos já estavam bêbados. Para dar o troco em Antônio Augusto, Maria Abadia, embriagada, deu em cima do amigo do marido, sem disfarçar. Ao perceber, Augusto quis ir embora. Chamou a mulher e as filhas; se despediu dos amigos; e foi.

Já em casa, Antônio não comentou nada. Ficou lá uns cinco minutos e foi para o bar. “Cachorro. Já vai me trair de novo”, Abadia imaginou.

- Aonde você vai, cachorro? – Maria gritou.

Antônio Augusto, porém, não escutou. Já estava na rua. Maria foi atrás. Carolina também, sempre segurando na camisa da mãe, que não se importava.

No bar, Maria Abadia fingiu que não conhecia Augusto. Começou a beber e ficou mais bêbada ainda.

- Mãe, vamos embora – Carolina pediu a Maria.
- É já, menina.

Animada, Maria teve vontade de dançar. Não chamou nenhum par. Apenas se levantou da mesa e começou a dançar. Antônio ficou com vergonha. Pagou a conta e foi para outro bar. Maria foi atrás, achando que pegaria seu marido no flagra.

Antônio não tinha terminado de encher o copo e a sua mulher chegou. Ele, portanto, perdeu a paciência.

- O que você quer atrás de mim? Vai pra casa?
- Eu não. Não está vendo que também quero beber; me deixa em paz.
- Mamãe, vamos embora – pedia novamente Carolina.
- Vai você. Não quero ir agora. Vai você. Anda.
- Vai levar a sua filha.
- Eu não. Ela que vá sozinha.

Enfim, ninguém foi. Ficaram os três lá. Maria, para provocar o marido, encontrou um par para dançar. Com receio, o homem, que era conhecido de Antônio, pediu permissão.

- Não tenho ciúmes. Pode dançar com ela.

Os dois começaram a dançar. Antônio Augusto pagou a conta e foi para casa. Ele levou junto a filha. Quando percebeu que o marido já não estava mais lá, Maria, antes mesmo de a música acabar, encerrou a dança. E foi atrás do marido. Pensou que ele tinha voltado para o bar que eles foram primeiro. Mas ele não estava lá. “Será que ele sumiu com a outra? Não pode ser. Ele saiu com a Carolina” Maria, portanto, foi para sua casa.

- Cadê o seu pai?
- Já tá dormindo.

Já era tarde e, no outro dia, Antônio Augusto tinha que trabalhar. Maria Abadia foi para a cama; se deitou. Queria carinho, mas Antônio dormia como uma pedra. Ela fez um cafuné na cabeça dele e nenhuma resposta. Deu um beijo na boca dele. Antônio se virou. Maria Abadia ficou indignada; se sentiu rejeitada. Passou aquela noite com lágrimas nos olhos e amargurada. Tinha que fazer algo. Decidiu não correr mais atrás de Antônio de bar em bar. Simplesmente não iria aceitar que ele dormisse ao lado dela, bêbado e sujo.

No final de semana seguinte, depois de tomar todas, Antônio Augusto chegou na sua casa tarde da noite. Dessa vez, queria o aconchego da mulher. Foi para o quarto, mas, para sua decepção, a porta estava trancada.

- Maria, abre a porta.

Maria ouviu, no entanto, fingiu estar dormindo. Antônio Augusto bateu na porta, de vagar, para não acordar as meninas.

- Abre a porta, Maria.

Foi em vão. Maria não abriu a parta e nem respondeu. Antônio bateu mais forte. Suas filhas acordaram.

- Maria! Abre a porta, Maria!!

Maria Abadia percebeu que as crianças já estariam acordadas com o barulho. Decidiu pedir para Antônio parar de fazer barulho e ir se deitar no sofá.

Quando ia bater mais uma vez, finalmente, Antônio viu a porta se abrindo.

- Por que você trancou essa porta? Até parece que você não sabia que eu ia chegar agora.
- O que você quer aqui? Por que não ficou na putaria com as suas negas?
- Ficou louca, mulher?
- Não fiquei coisa nenhuma. Só não vou aceitar mais você chegar de madrugada, bêbado e sujo, dormir comigo.

Maria bateu a porta na cara de Antônio e gritou de dentro do quarto.

- Vai dormir no sofá para ficar esperto.
- O que foi, papai? – perguntou Carolina, que tinha acordado por causa do barulho.
- Não é nada não, minha filha. Vai dormir.

Carolina achou entranho quando viu seu pai se deitando no sofá em vez de ir para o quarto da mãe, como fazia sempre.

- Por que você vai dormir aí, papai?
- O que eu mandei você fazer agorinha?
- Tá bom. Eu já estou indo dormir.
- Boa noite.

“Por que minha mulher está fazendo isso comigo?”, se questionava Antônio Augusto. “Sempre a tratei bem. Sempre fui fiel. O que fiz de errado?”. Antônio não conseguiu se lembrar o que havia feito de errado. “Eu sou um chifrudo”, concluiu Antônio Augusto. “Só pode ser isso. Enquanto estou no trabalho, ela deve ter encontrado outro, por isso está fazendo esse jogo de cena. É o que eu mereço por ser tão fiel”.

A partir daquele dia, as discussões entre os dois se intensificaram. Ambos desconfiavam um do outro. Antônio Augusto passou a assumir diante de todos que era um chifrudo. “Eu sou um corno”, proclamava no bar. “Todo o castigo para corno é pouco”.

Antônio Augusto bebia agora de segunda a segunda. Quando não chegava no serviço de ressaca, estava bêbado. Isso foi motivo para ser demitido, por justa causa. No início, não se importou tanto. Tinha umas economias. O suficiente para pagar as despesas do vício e um pedreiro para construir um cubículo na sua própria casa. Antônio já não queria mais a companhia de sua mulher. Já não ligava mais para suas filhas, pois elas sempre ficavam no lado da mãe.

O tempo passou e o dinheiro de Antônio ficou escasso. Para sair do aperto, vendeu o carro. Trocou a cerveja gelada pela cachaça que é muito mais barata. Entrou em depressão. Sentia-se só. Sentia a ausência das filhas, da mulher e dos amigos. Já não tinha mais motivos para viver. Até a luz que apareceu em seu sonho, que lhe fez ter as lembranças, estava acabando. Enfraquecendo. Abandonando-lhe. Até tudo se apagar e ficar escuro.

sábado, 22 de agosto de 2009

Livre e atrás da grade


Vivo numa democracia e tenho liberdade
Tenho livre arbítrio e liberdade
Atrás da grade
Livre e atrás da grade
Da janela
Da porta
Do portão
Da cidade
Tenho liberdade
Atrás da grade

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O PT está em crise?


Aos prantos, uma aguerrida militante petista protestava contra a atual situação do Partido dos Trabalhadores (PT). Ela dizia que não estava aguentando mais; que o partido era uma vergonha; que os projetos pessoais estavam acima de tudo; e que, se isso continuasse assim, iria se desfiliar do PT. A revolta foi causada um dia depois de o Conselho de Ética do Senado arquivar, com o apoio da base governista (inclusive do PT), as representações contra o senador José Sarney (PMDB-AP). Provavelmente, a petista leu essa notícia casada com a informação de que a senadora Marina Silva (PT-AC), depois de 30 anos de militância, deixou o Partido dos Trabalhadores.

A revolta da militante petista é mais uma vitória da direita. Parabéns para o PSDB e para do DEM que conseguiram, mais uma vez, pautar a sociedade por meio de seu principal porta-voz: a grande mídia – jornais, revistas, rádios e TVs.

Sem nenhum discurso ou projeto político de alternativa para o desenvolvimento do Brasil, a direita, com vista a sucessão presidencial, manipulou a imprensa para imbuir a ideia de que o Partido dos Trabalhadores está em crise e não representa mais a ética. Estratégia antiga. Já usada no ano pré-eleitoral de 2005, no caso mensalão.

Antes que alguém me diga que estou delirando; que estou desinformando e que não acompanhei as denúncias de corrupção, quero esclarecer uma coisa. Esquerda que é esquerda não deve ser pautada pela imprensa tradicional. Quem tem afinidade com as ideias marxista, não pode, jamais, engolir o que é divulgado pelos arcaicos meios de comunicação sem um espírito crítico e questionador. É preciso sempre lembrar que o golpe de 1964 foi apoiado e aplaudido pela imprensa brasileira. O golpe de 1964 só aconteceu porque a elite temia que o Brasil se tornasse um país comunista. O golpe de 1964, portanto, não deve ser esquecido porque é uma importante lição.

Não é estranho uma imprensa com o currículo anti-socialista criar um discurso para derrubar ou, pelo menos, enfraquecer o Partido que tem sua origem nos movimentos sindicais e sociais.

Infelizmente, nossa esquerda ainda é pautada pelos tradicionais meios de comunicação. Não quero aqui dizer que ela não deve mais ler, ouvir ou assistir às notícias da grande imprensa. Pelo contrário. A esquerda tem que acompanhar, sim, o que é divulgado pelos jornais, revistas, rádios e TVs, porém, acima de tudo, ela precisa se informar nos meios de comunicação alternativos, como blogs e sites independentes.

Se a militante petista citada no começo deste texto tivesse feito isso com um olhar crítico e questionador, provavelmente, ela teria entendido que, se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tivesse “salvo” o senador José Sarney da cassação, o PMDB poderia dar o troco na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instalada no Senado para investigar a Petrobras. Não seria nada bom para a candidatura da ministra Dilma Rousseff, sucessora do presidente Lula, a divulgação das irregularidades da Petrobras. Não estou defendendo a acobertação dos prováveis crimes da Petrobras. Avalio que ela deve ser investigada e ter transparência, porém, sou contra o uso da CPI para minar a candidatura da Dilma.

A Petrobras existe desde 1953 e por que, só agora, no governo do presidente Lula, ela deve ser investigada? Por que ela não foi investigada na era do governo de Fernando Henrique Cardoso?

O discurso da imprensa tradicional, portanto, tem por objetivo trazer o PSDB e o DEM de volta ao poder por meio de factóides e, não, de propostas de governo; é disso que temos que ter vergonha. O militante não deve ter vergonha do PT porque foi esse partido que elegeu presidente o primeiro proletário da história da humanidade. Foi o governo de um petista que tirou milhões de brasileiros da pobreza. É do PT o presidente que devolveu o respeito ao Brasil diante dos demais países do exterior.

O Partido dos Trabalhadores, portanto, não está em crise. Quem está em crise são os políticos que se acovardaram e pediram para sair do PT em 2005 e, agora, em 2009.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Brutalidade de baixo do nariz do poder


Brutalidade é a melhor palavra para definir o protesto dos motoristas e cobradores da empresa de ônibus Viação Planeta, realizado em Santa Maria-DF, na manhã de segunda-feira, 17 de agosto. Além de fazer obstrução da circulação dos veículos, os rodoviários apedrejaram quatros ônibus da Cooperativa de Transporte do Distrito Federal (Cootarde) simplesmente porque a empresa Planeta perdeu para a Cootarde o monopólio sobre (apenas) uma linha de ônibus.

Preste bem atenção, amigo leitor. Eu vou até repetir. Rodoviários apedrejaram ônibus da Cootarde porque sua empresa, a Planeta, perdeu para a Cooperativa o monopólio de uma; apenas uma; não mais que uma linha de ônibus.

Quer dizer, para eles, somente a empresa que os empregam devem prestar o serviço. Para eles, se houver concorrência, o seu empreguinho está ameaçado. E os passageiros? Os passageiros que se danem; que continuem pagando um valor alto por um serviço de má qualidade.

Quanto egoísmo e quanta ignorância.

Todo mundo sabe que, para existir um mercado perfeito, é preciso ter concorrência. O monopólio só é bom para o dono da empresa. O usuário do transporte público, sem opção, é obrigado a pagar a passagem e usar o ônibus, velho e caindo os pedaços, que o dono da empresa impor.

Mais revoltante é saber que a brutalidade aconteceu em Santa Maria, uma das cidades do Distrito Federal, que fica menos de 40 quilômetros da Capital da República. Apesar de ser periférica e pobre, Santa Maria, pode-se dizer, está de baixo do nariz do poder.

Se uma brutalidade como essa acontece de baixo do nariz do poder, imagine como deve ser nos rincões deste país continental? Em vez de pedra, tudo, imagino, de ser resolvido à bala e à peixeira. Ai daquela empresa que deseja entrar num mercado lucrativo como o de transporte público.

Também pudera. A empresa Planeta já está acostumada. Ela e muitas outras só precisaram participar de uma licitação. Nunca mais o Governo do Distrito Federal (GDF) se atreveu a fazer uma nova concorrência, ainda que o prazo de validade da licitação já esteja, há anos, vencido.

A situação é favorecida pela peleguisse da imprensa local. Se os jornais e TV fizessem o seu papel, eu estaria publicando agora mais um capítulo da história que estou fazendo e postando neste blog.

Veja o caso da TV Globo. O DF TV, como é chamado o noticiário local, fez uma cobertura muito ruim, e superficial, do que chamo de brutalidade. Até o nome da empresa eles não conseguiram divulgar de maneira correta. Para eles, o protesto foi feito pela Viação Planalto. Sem contar que muitas questões abordadas por mim, aqui neste artigo, sequer foram tocadas. Eles não mostraram que a passagem é cara, o transporte ruim e que a empresa Planeta circula sem licitação.

Já o DF Record, cuja emissora é duramente criticada pelo noticiário nacional da Globo por ser financiada pelo dinheiro arrecadado pela Igreja Universal do Reino de Deus, fez uma cobertura muito melhor. Aliás, o DF Record tem mais audiência que o DF TV porque sempre fez, e faz, reportagens mais apuradas, inteligentes e menos pelegas. O dinheiro dos crentes, portanto, está sendo bem usado no Distrito Federal.

Ainda não acabou. A Cootarde, que assumiu a linha que era da empresa Planeta, não veio porque o GDF é bonzinho e quer fazer um mercado perfeito no transporte público, beneficiando, portanto, os passageiros. Fontes me revelaram que a Cooperativa tem ligação com a família do vice-governador Paulo Otávio (DEM). Logo, é compreensível a Cootarde assumir uma das linhas mais lucrativas sem mais, nem menos.

sábado, 15 de agosto de 2009

Análise sobre a possibilidade de Marina ser candidata a presidente


A notícia (balão de ensáio) de que a senadora Marina Silva (PT-AC) vai deixar o Partido dos Trabalhadores para ser candidata a presidente do Brasil pelo Partido Verde (PV) chamou muita atenção na semana que passou e há quem diga que ela abalou a candidatura da ministra Dilma Rousseff.

Já disse neste blog que apoio a candidatura da ministra do Lula. Só que nada me impede de mudar de posição, afinal, não é uma má ideia Marina Silva ser presidente do Brasil. Já imaginou? Seria um governo do presidente Lula aperfeiçoado. Certamente, Marina não deixaria os projetos sociais de lado... Ops! Acabei de lembrar de uma possibilidade macabra.

Na mesma semana em que veio à tona a notícia da candidatura de Marina, foi publicado outro balão de ensáio sobre uma provável aliança entre PSDB e PV; isso mesmo. Para derrotar a “mãe do PAC”, o candidato do PSDB teria Marina como vice. Avalio que, se Marina fizer isso, ela estará jogando, na lama, toda sua história de luta pelo desenvolvimento sustentável e pelo fim das injustiças sociais. Marina seria, nas mãos dos tucanos, uma marionete.

Então, Marina deveria mesmo ser candidata à presidência da República pelo PV? Esta pergunta só ela pode responder, com muita maturidade, pé no chão e bom senso, afinal, ela pode ter o mesmo destino da ex-senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) e do senador Cristovam (“educação”) Buarque (PDT-DF), dois candidatos que entraram na disputa apenas por entrar. Eles são de partidos pequenos, sem dinheiro para uma grande campanha e, pior, sem tempo na TV.

Sinceramente, assim como Heloísa Helena, Marina Silva fará muita falta no Senado Federal, se for derrotada na disputa pela presidência da República.

Sarney faz profecia errônea em coluna de jornal


O senador José Sarney (PMDB-AP) escreveu, em 7 de agosto, numa coluna de jornal qualquer, que o direito de resposta e a proteção à imagem “vão desaparecer, porque qualquer site destruirá qualquer um com sua capacidade de reprodução em milhões”. Para Sarney, “o conflito político passou da guerra de classes para a guerra da mídia. Nesta guerra, o mais ativo e o mais importante meio é a Internet”.

Enfim, no artigo o senador dá entender que a Internet não dá direito de resposta e a proteção da imagem.

Discordo. Discordo tanto que, por já ter escrito vários textos neste blog sobre o senador, mandei, no mesmo dia que foi publicado o artigo aqui referido, um e-mail para o presidente do Congresso Nacional perguntando se ele “gostaria de dar uma resposta ao texto que publiquei no meu blog (http://blogdoparaiso.blogspot.com/)?”

Uma semana depois, o senador sequer respondeu o meu e-mail. Talvez este blog não seja tão importante a ponto de ele querer se defender aqui. Imaginei isso antes de lhe escrever. Mesmo assim, mandei a mensagem porque queria, pelo menos, mostrar para ele que estava errado.

Veja este blog, por exemplo. Aqui, praticamente todos os textos são opinativo. Não entrevisto o outro lado, porém, qualquer um pode contestar, questionar, criticar ou elogiar as informações escrita por mim. Basta fazer um comentário.

É importante que isso seja dito.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A batalha entre Record e Globo

A batalha entre a Rede Record e a TV Globo não é de agora. Houve outros momentos em que as duas emissoras se digladiaram e, ao que tudo indica, haverá novos confrontos. Esta semana, mais precisamente na terça-feira (11), o Jornal Nacional deu um cruzado de direita bem no olho da Rede Record com a notícia a respeito da ação criminal contra o fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, o bispo Edir Macedo. Veja abaixo a reportagem de duração de mais 10 minutos.

Ficou claro que “dinheiro de besta é matula de malandro”; que Edir Macedo usa as ofertas dos fiéis para construir seu império de comunicação, porém, na quarta-feira (12), foi a vez da Rede Record se recompor e, por meio do Jornal da Record, dar um gancho bem no queixo da TV Globo. Tudo foi muito simples. O Jornal fez uma matéria sobre o que qualquer brasileiro bem informado sabe - manipulação de informações para tentar derrubar o presidente Lula; o apoio a ditadura militar e a negociação corrupta para a criação da Globo; entre outras. Confira na reportagem abaixo:

Quem ganhou? Eu não sei. Só sei quem é que está perdendo. Se por um lado o dinheiro dos fiéis financia a Record, por outro, o dinheiro público, dos contribuintes, enriqueceu, e enriquece, a família Marinho. No final das contas, ambas TVs têm um lado desonesto e sem compromisso com a informação de qualidade. Quem perde, portanto, é o povo brasileiro.

Bônus:

Para quem se esqueceu ou, por ser muito jovem, deixou de assistir à histórica resposta do finado Brizola.

sábado, 8 de agosto de 2009

O problema de Heloísa Helena


Eu até gosto da Heloísa Helena, presidente nacional do Psol, porém, acho que ela nunca vai ser presidente do Brasil, se continuar discursando com palavras rápidas e complicadas.

Considero o vocabulário usado pela presidente nacional do Psol um problema gravíssimo. Há muito tempo eu sentia algo errado nos discursos de Heloísa, mas só no dia 20 de julho, quando o programa do Psol foi ao ar em rede nacional, notei que a ex-senadora usa muitas palavras difíceis.

O vídeo, exibido naquele dia (assista acima), começa com o sol nascendo e uma música de fundo até simpática. Em seguida, Heloísa inicia as falas. Ela começa bem. Cumprimenta os telespectadores, se apresenta e pede licença. O problema vem quando ela se empolga e usa expressões e palavras complicadas.

Olha só a tese de pós-doutorado que ela fala no seu discurso (destaco em negrito as expressões e palavras complicadas): “De um lado, a mesma farsa vulgar intelectualmente, criminosa socialmente, dessa política econômica que insere o Brasil na globalização, não de forma soberana, como devia, mas de forma subserviente aos parasitas sem pátria do capital financeiro e aos interesses comerciais das grandes nações”.

Falar uma coisa dessa, em rede nacional, é até um desrespeito aos brasileiros, se considerarmos que a maior parte da população é composta por analfabetos, semi-analfabetos e analfabetos funcionais.

Ainda na mesma fala, veja o que diz Helena: “Do outro lado da mesma moeda sórdida, da roubalheira política, o odor, cada vez mais fétido das pocilgas da corrupção, dos esgotos da impunidade, das excelências delinquentes que chafurdam na política para enriquecer seus bandos, famílias, quadrilhas, corriolas”.

Francamente, gostaria de saber para quem Heloísa Helena pensa que está falando. Será que ela pensa que, neste país, há apenas intelectuais?

Antes de encerrar, faço uma sugestão. Os dois trechos do discurso de Heloísa Helena, citados aqui por mim, poderiam muito bem ter sido dito da seguinte maneira:

“De um lado, a política econômica que coloca o Brasil no cenário mundial é enganadora, pois é feita de forma errada. O país, com isso, é explorado pelas grandes empresas das nações ricas. Do outro lado, a roubalheira política que só serve para beneficiar os interesses pessoais de alguns políticos irresponsáveis”.

Simples, né? Aposto que muito mais gente teria entendido a mensagem da ex-senadora.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O Senado de hoje não serve para nada. Se fosse fechado, não faria falta.


O Senado Federal, quando discute propostas importantes para o país, tem serventia, mas, quando discute somente crimes – pior, sem puni-los –, não serve para nada; tem que ser fechado.

Quantas propostas importantes para o país foram discutidas e aprovadas neste ano? Se não me engano, apenas uma; a Medida Provisória que cria o programa Minha Casa, Minha Vida. Não me lembro mais de nenhuma outra.

Há mais de seis meses, os senadores discutem irregularidades. Logo, o Senado perdeu a importância para o país nesse período. E essa não é a primeira vez. Lembra do ex-presidente do Congresso Nacional, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL)? Então. Pode-se dizer que, 2007, o ano que ele presidiu a Casa, foi perdido. Os senadores só discutiram crimes, escabrosos ou fúteis, como “a pulada de cerca” de Calheiros.

Agora, qual é o projeto que eles estão discutindo e que amanhã, quinta-feira (6), vai ser manchete dos jornais? Não há nenhum projeto, mas denúncias de corrupção contra a instituição e, principalmente, contra o senador José Sarney (PMDB-AP).

O Senado Federal tem a importante missão de representar, de maneira equânime, os estados brasileiros nas discussões de projetos. Logo, é uma importante instituição, mas, repito, atualmente não está servindo para nada. Se fosse fechado, não faria falta.

E tem mais. Se, realmente, os senadores prezassem a instituição, a novela de Sarney não teria sequer começado, pois ele não teria sido eleito, muito menos Renan. Se, realmente, os senadores prezassem a instituição, as notícias negativas contra o Senado, hoje, seriam positivas.

Quero dizer, o problema não é a instituição. O problema são os senadores. Tomara que consigamos corrigir esse defeito em 2010, nas urnas, já que eles não têm competência, e moral, para isso.

domingo, 2 de agosto de 2009

Estudantes e jornalistas do Brasil inteiro, uni-vos!!


Estudantes e Jornalistas, não vamos esquecer tão cedo a nefasta tarde de 17 de junho de 2009, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) ultrajou e golpeou nossa profissão!!

Além das ferramentas do Comitê de Estudantes e Jornalistas (blog, comunidade e Twitter), há no Orkut a comunidade Abaixo Jornalista sem Diploma, com mais de 5 mil pessoas, e o perfil União dos Jornalistas Diplomados, que oferece um link para um abaixo assinado contra a decisão do STF.

Participe das comunidades!! Precisamos manter contato, nos mobilizar e defender nossa profissão.

Perdemos uma luta, mas não perdemos a batalha!!

A discussão agora está no Congresso Nacional. Sem contar os projetos de lei, já foram apresentadas duas Propostas de Emendas à Constituição (PECs) que vão retomar a exigência do diploma de jornalismo para o exercício da profissão.

O Comitê de Estudantes e Jornalistas vai acompanhar de perto o debate no Congresso Nacional.

Estudantes e jornalistas do Brasil inteiro, uni-vos!!

Capítulo XIV

Indignado, Bruno, pensava, não podia deixar barato o tapa que Tião lhe deu na face. Para ele, não havia no mundo ofensa tão grande quanto uma agressão como essa. Para Bruno, nenhum homem veio ao mundo para apanhar na cara, ainda mais de outro homem. Jesus, segundo os relatos bíblicos, ensinou que, quando alguém lhe der um tapa na face, ofereça a outra. “Só que eu não sou Jesus”, refletia. Bruno nunca entendeu e nunca aceitou o ensinamento de Cristo. Tinha, portanto, que fazer justiça com as próprias mãos. Tinha que ensinar Tião a “respeitar a cara de homem”.

Depois sofrer a agressão, Bruno e Pedro foram para outra cidade. Eles tinham sido convidados para um “frevo” de um chegado. Lá, se divertiram até de madruga. Só que, no final da festa, Pedro percebeu algo de errado em seu primo.

- Ué, bicho? O que você tem?
- Tô pensando aqui. Aquele tapa não vai ficar de graça.
- Moço, deixa isso quieto! Aquele bicho lá não é flor que se cheira. Ele é malandro. É o maior bandido daquela quebrada.
- Eu também sou malandro. E vou ensinar para ele respeitar a cara de homem.
- O que aconteceu? – perguntou Alan, o chegado de Bruno e Pedro, dono do “frevo” e que se aproximou dos dois jovens durante a conversa.
- Não é nada – disse Pedro, para evitar mais confusão, pois sabia que Alan poderia tomar as dores de Bruno.

Mais conhecido por “Tim Maia”, Alan comandava o tráfico de drogas naquela região. Usava sempre boné aba reta. Pesava um pouco mais de 120 quilos. Era negro e tinha uma voz grave.

- Foi um comédia de lá da quebrada que entrou numas comigo – contou Bruno, ansioso por receber o apoio de Tim Maia.
- O cara é mó folgado – Bruno prosseguiu –. Eu tava de boa e ele meteu a mão na minha cara só porque tive um desacerto com um chegado dele.
- Oxe, mano. Se você quiser, vamo lá agora ver de qual é. Tô com uma pistola aí. A gente pega o carro e vai lá descarregar ela todinha naqueles comédias.
- Demorou!
- Calma! O cara lá anda armado também. Ele é malandrão lá na quebrada.
- Tá com medo Pedro? – Tim Maia perguntou.

Pedro não respondeu. Ficou calado e imaginando a confusão que Tim Maia e Bruno poderiam fazer na rua onde morava. Apenas ele, que vivia há anos naquela rua, sabia que o pessoal da parte de cima não gostava do pessoal da parte de baixo. E se Bruno, que estava na casa de Pedro, mexesse com Tião, isso poderia reacender a guerra entre os dois lados.

- Iiii. Demorou de mais pra responder. Deve tá com medo.
- Tá me estranhando é? Faz tempo que eu queria baixar a crista do Tião. Vamos lá.
- Calma aí, me ajudem a arrumar metade dessa bagunça aqui. Vamos deixar para ir tipo umas 10h. Acho que os caras não vão estar na rua uma hora dessa – Tim Maia olhou para o relógio –, 5h da madruga.

Tim Maia estava enganado. Hamixiaire, Jacinto, Marciano e Tião, acompanhados por Bruna e Camila, ainda estavam na rua naquela hora. O volume da música continuava alto, perturbando a paz dos vizinhos. Havia ainda umas 15 garrafas de cerveja do segundo engradado que os jovens compraram. Aliás, que Tião comprou com o dinheiro lucrado com a venda de maconha e cocaína.

Todos já estavam "doidões", inclusive, as duas jovens. Bruna ficou com Tião e Camila estava com Jacinto. Enquanto Marciano morria de inveja, as duas rebolavam e dançavam em volta de Tião e Jacinto. Hamixiaire não ligava muito. Queria só passar o tempo.

- Tá vendo aí? – Marciano perguntou para Hamixiaire.
- O que?
- Essas duas putinhas aí. Só ficam com quem não presta. Maria oitão. Só gosta de malandro. Duvido se eu fosse malandro, se elas não estariam pagando pau para mim.
- Ah, Marciano! Você não pega ninguém porque você é feio e muito chato e, não, porque não é malandro.
- Se liga, bicho! E você? Seu Zé Pedófilo.
- Ai, ai,ai. Lá vem você de novo com essa história. Esquece isso, cara.

Sempre que podia, Marciano pegava no pé de Hamixiare, comentando a fama que ele tinha na quadra de pedófilo. Os dois passavam horas discutindo. Marciano acusando e Hamixiaire negando.

- Bom dia!
- Bom dia, seu João – Marciano respondeu. Hamixiaire ficou calado. Jacinto e Tião estavam ocupados.
- Tá vendo aí? – disse Marciano a Hamixiaire, apontando para o pai de Gabriela que subia para o ponto de ônibus –. O João podia te moer no cacete, seu safado.
- É só ele vim. Eu não tenho medo dele não, Marciano.
- Não tem o que, rapaz? Eu lembro muito bem naquele dia que você correu de medo dele. Se não fosse o Tião, era perigoso você nem estar mais aqui.

Enquanto Marciano e Hamixiaire discutiam, Tião e Jacinto se distraíam com Bruna e Camila. Por volta de umas 10h, um caro veio se aproximando deles. Os jovens só notaram a presença do veículo quando ele parou. Era um opala, com vidro fumê. Mas era possível ver o motorista, pois a janela estava aberta. Só que a atenção dos jovens não ficou voltada para o homem gordo que conduzia o caro. A atenção dos jovens foi toda para a pistola automática que ficou do lado de fora naquele momento.

Tim Maia apertou o gatilho...

sábado, 1 de agosto de 2009

Capítulo 4, Versículo 3




Capítulo 4, Versículo 3 é o nome de um dos maiores sucessos do grupo de rap Racionais’ Mcs. O capítulo 4, versículo 3 do livro bíblico Neemias contem o seguinte trecho: “E estava com ele Tobias, o amonita, e disse: Ainda que edifiquem, contudo, vindo uma raposa, derrubará facilmente o seu muro de pedra.”

Veja abaixo o que diz uma parte da letra da música Capítulo 4, Versículo 3:

“Vim pra sabotar seu raciocínio
Vim pra abalar o seu sistema nervoso e sangüíneo
Pra mim ainda é pouco
Brown cachorro louco
Número 1 dia
terrorista da periferia
Uni-duni-tê
o que eu tenho pra você
Um rap venenoso ou uma rajada de pt
E a profecia se fez como previsto
1 9 9 7 depois de Cristo
A fúria negra ressuscita outra vez
Racionais capítulo 4 - versículo 3

A canção acaba com os seguintes versos:

“Mas não, permaneço vivo
prossigo a mística
Vinte e sete anos contrariando a estatística
Seu comercial de TV não me engana
Eu não preciso de status nem fama
Seu carro e sua grana já não me seduz
E nem a sua puta de olhos azuis
Eu sou apenas um rapaz latino-americano
Apoiado por mais de 50 mil manos
Efeito colateral que o seu sistema fez
Racionais capítulo 4 versículo 3”

Se não estou enganado, os reppers do grupo Racionais’ Mcs não disseram de qual livro eles se referem quando cantam a música Capítulo 4, Versículo 3. Quero dizer, a minha comparação pode não fazer nenhum sentido com a ideia dos cantores. Mas não podemos, no entanto, ignorar a influência da bíblia no grupo Racionais’Mcs. A letra da música Vida Loka, parte 2, por exemplo, fala de “Dimas, o bandido”, “o primeiro vida loka da história”. De acordo com o texto bíblico, Dimas foi um dos criminosos crucificados com Jesus.

Veja o trecho da música Vida Loka, parte 2:

“Enquanto Zé Povinho,
Apedrejava a Cruz,
Um canalha fardado,
Cuspiu em Jesus,
Hó...
Aos 45 do segundo arrependido,
Salvo e perdoado,
É DIMAS o bandido,
É loko o bagulho,
Arrepia na hora,
Ó
DIMAS primeiro VIDA LOKA da historia,”


Fiz uma pesquisa em todos os capítulos 4, versículos 3 da bíblia protestante, pois acredito que o rapper Mano Brown seja crente, afinal, ele pede oração, na música Vida Loka, parte 1, para um pastor e, não, a um padre.

Conforme a pesquisa que fiz, os livros que possuem os trechos mais coerentes são Neemias, Mateus, Lucas e Marcos. Os demais, que possuíam capítulo 4, não tinham coerência (veja lista abaixo).

Agora, veja abaixo o que dizem os capítulos 4, versículos 3 de Mateus, Lucas e Marcos:

Mateus
“E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães”.

Lucas
“E disse-lhe o diabo: Se tu és o Filho de Deus, dize a esta pedra que se transforme em pão”.

Marcos
“Ouvi: Eis que saiu o semeador a semear”.

A letra da música dos Racionais’ Mcs também se refere às tentações do demônio.

"Irmão, o demônio fode tudo ao seu redor
Pelo rádio, jornal, revista e outdoor
Te oferece dinheiro, conversa com calma
Contamina seu caráter, rouba sua alma
Depois te joga na merda sozinho
Transforma um preto tipo A num neguinho”

Com essa análise, provo a profundidade de significados que há nas letras das músicas do grupo Racionais’ Mcs. Significados que passam despercebidos pelas pessoas que têm preconceito com a cultura da periferia.

A seguir, o nome do livro bíblico e o trecho do capítulo 4, versículo 3 (não coloquei na mesma ordem que eles aparecem na bíblia).

Gênesis
"E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao SENHOR".

Êxodo
"E ele disse: Lança-a na terra. Ele a lançou na terra, e tornou-se em cobra; e Moisés fugia dela".

Levítico
"Se o sacerdote ungido pecar para escândalo do povo, oferecerá ao SENHOR, pelo seu pecado, que cometeu, um novilho sem defeito, por expiação do pecado".

Números
"Da idade de trinta anos para cima até aos cinqüenta anos, será todo aquele que entrar neste serviço, para fazer o trabalho na tenda da congregação".

Deuteronômio
"Os vossos olhos têm visto o que o SENHOR fez por causa de Baal-Peor; pois a todo o homem que seguiu a Baal-Peor o SENHOR teu Deus consumiu do meio de ti".

Josué
"E mandai-lhes, dizendo: Tirai daqui, do meio do Jordão, do lugar onde estavam firmes os pés dos sacerdotes, doze pedras; e levai-as convosco à outra margem e depositai-as no alojamento em que haveis de passar esta noite".

Juizes
"Então os filhos de Israel clamaram ao SENHOR, porquanto ele tinha novecentos carros de ferro, e por vinte anos oprimia violentamente os filhos de Israel".

Rute
"Então disse ao remidor: Aquela parte da terra que foi de Elimeleque, nosso irmão, Noemi, que tornou da terra dos moabitas, está vendendo"

1 Samuel
"E voltando o povo ao arraial, disseram os anciãos de Israel: Por que nos feriu o SENHOR hoje diante dos filisteus? Tragamos de Siló a arca da aliança do SENHOR, e venha no meio de nós, para que nos livre da mão de nossos inimigos".

2 Samuel
"E tinham fugido os beerotitas para Gitaim, e ali têm peregrinado até ao dia de hoje".

1 Reis
"Eliorefe e Aías, filhos de Sisa, secretários; Jeosafá, filho de Ailude, cronista;"

2 Reis
"Então disse ele: Vai, pede emprestadas, de todos os teus vizinhos, vasilhas vazias, não poucas".

1 Crônicas
"E estes foram os filhos do pai de Etã: Jizreel, Isma e Idbas; e era o nome de sua irmã Hazelelponi".

2 Crônicas
"E por baixo dele havia figuras de bois, que cingiam o mar ao redor, dez em cada côvado, contornando-o; e tinha duas fileiras de bois, fundidos juntamente com o mar".


"Eis que ensinaste a muitos, e tens fortalecido as mãos fracas".

Isaías
"E será que aquele que for deixado em Sião, e ficar em Jerusalém, será chamado santo; todo aquele que estiver inscrito entre os viventes em Jerusalém;"

Jeremias
"Porque assim diz o SENHOR aos homens de Judá e a Jerusalém: Preparai para vós o campo de lavoura, e não semeeis entre espinhos".

Lamentações de Jeremias
"Até os chacais abaixam o peito, dão de mamar aos seus filhos; mas a filha do meu povo tornou-se cruel como os avestruzes no deserto".

Ezequiel
"E tu toma uma sertã de ferro, e põe-na por muro de ferro entre ti e a cidade; e dirige para ela o teu rosto, e assim será cercada, e a cercarás; isto servirá de sinal à casa de Israel".

Oséias
"Por isso a terra se lamentará, e qualquer que morar nela desfalecerá, com os animais do campo e com as aves do céu; e até os peixes do mar serão tirados".

Amós
"E saireis pelas brechas, uma após outra, e sereis lançados para Harmom, disse o SENHOR".

Daniel
"Quão grandes são os seus sinais, e quão poderosas as suas maravilhas! O seu reino é um reino sempiterno, e o seu domínio de geração em geração".

Jonas
"Peço-te, pois, ó SENHOR, tira-me a vida, porque melhor me é morrer do que viver".

Zacarias
"E, por cima dele, duas oliveiras, uma à direita do vaso de azeite, e outra à sua esquerda".

Malaquias
"E pisareis os ímpios, porque se farão cinza debaixo das plantas de vossos pés, naquele dia que estou preparando, diz o SENHOR dos Exércitos".

Miquéias
"E julgará entre muitos povos, e castigará nações poderosas e longínquas, e converterão as suas espadas em pás, e as suas lanças em foices; uma nação não levantará a espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra".

Esdras
"Porém Zorobabel, e Jesuá, e os outros chefes dos pais de Israel lhes disseram: Não convém que nós e vós edifiquemos casa a nosso Deus; mas nós sozinhos a edificaremos ao SENHOR Deus de Israel, como nos ordenou o rei Ciro, rei da Pérsia".

Salmos
"Sabei, pois, que o SENHOR separou para si aquele que é piedoso; o SENHOR ouvirá quando eu clamar a ele".

Eclesiastes
"E melhor que uns e outros é aquele que ainda não é; que não viu as más obras que se fazem debaixo do sol".

Provérbios
"Porque eu era filho tenro na companhia de meu pai, e único diante de minha mãe".

Salomão
"Os teus lábios são como um fio de escarlate, e o teu falar é agradável; a tua fronte é qual um pedaço de romã entre os teus cabelos".

Efésios
"Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz".

Neemias
"E estava com ele Tobias, o amonita, e disse: Ainda que edifiquem, contudo, vindo uma raposa, derrubará facilmente o seu muro de pedra".

Ester
"E em todas as províncias aonde a palavra do rei e a sua lei chegava, havia entre os judeus grande luto, com jejum, e choro, e lamentação; e muitos estavam deitados em saco e em cinza".

João
"Deixou a Judéia, e foi outra vez para a Galiléia".

Mateus
"E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães".

Lucas
"E disse-lhe o diabo: Se tu és o Filho de Deus, dize a esta pedra que se transforme em pão".

Marcos
"Ouvi: Eis que saiu o semeador a semear".

Atos
"E lançaram mão deles, e os encerraram na prisão até ao dia seguinte, pois já era tarde".

Romanos
"Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça".

1 Coríntios
"Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós, ou por algum juízo humano; nem eu tampouco a mim mesmo me julgo".

2 Coríntios
"Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus".

Gálatas
"Assim também nós, quando éramos meninos, estávamos reduzidos à servidão debaixo dos primeiros rudimentos do mundo".

Efésios
"Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz".

Felipenses
"E peço-te também a ti, meu verdadeiro companheiro, que ajudes essas mulheres que trabalharam comigo no evangelho, e com Clemente, e com os outros cooperadores, cujos nomes estão no livro da vida".

1 Tessalonicenses
"Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação; que vos abstenhais da prostituição;"

1 Timóteo
"Proibindo o casamento, e ordenando a abstinência dos alimentos que Deus criou para os fiéis, e para os que conhecem a verdade, a fim de usarem deles com ações de graças;"

2 Timóteo
"Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências;"

Tiago
"Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites".

1 João
"E todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já está no mundo".

1 Pedro
"Porque é bastante que no tempo passado da vida fizéssemos a vontade dos gentios, andando em dissoluções, concupiscências, borrachices, glutonarias, bebedices e abomináveis idolatrias;"

Colossenses
"Orando também juntamente por nós, para que Deus nos abra a porta da palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo, pelo qual estou também preso;"

Hebreus
"Porque nós, os que temos crido, entramos no repouso, tal como disse: Assim jurei na minha ira Que não entrarão no meu repouso; embora as suas obras estivessem acabadas desde a fundação do mundo".

Apocalipse
"E o que estava assentado era, na aparência, semelhante à pedra jaspe e sardônica; e o arco celeste estava ao redor do trono, e parecia semelhante à esmeralda".