Blog do Paraíso: junho 2009

terça-feira, 30 de junho de 2009

Carta aberta à sociedade brasileira


O Comitê de Estudantes e Jornalistas vai usar todas as forças possíveis para reverter a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de acabar com a exigência do diploma para o exercício da profissão de jornalista. Esta importante decisão foi tomada em 30 de junho de 2009, na primeira reunião do Comitê, após o histórico protesto realizado em 22 de junho na Praça dos Três Poderes.




O Comitê de Estudantes e Jornalistas deliberaram outras medidas. São elas:




1 - Apoiar a Proposta de Emenda Constitucional do senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) que altera a Constituição para regulamentar a profissão de jornalista. O Comitê entende que a proposta do senador atende uma necessidade do povo, do qual emana todo o poder do estado democrático, conforme estabelece a Constituição de 1988.



2 – Apoiar as demais propostas que venham a ser apresentadas com o objetivo de reverter a decisão tendenciosa encabeçada pelo presidente do STF, o ministro Gilmar Mendes.



3 – Seguir as orientações da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e dos sindicatos. O Comitê surge, portanto, para reforçar a atuação das entidades que desde o início do processo estão lutando para defender a profissão.



4 – Receber novas adesões de Estudantes e Jornalistas interessados em combater o golpe aplicado na categoria em 17 de junho, dia em que oito ministros se levantaram contra 80 mil profissionais diplomados e 180 milhões de brasileiros merecedores de informação de qualidade.



5 – Receber o apoio de entidades e parlamentares compromissados com a formação do jornalista. Inclusive, o Comitê já conta com o apoio do deputado federal Geraldo Magela (PT-DF) que, gentilmente, cedeu seu escritório político para a realização da primeira reunião do Comitê.







Brasília, 30 de junho de 2009




Comitê de Estudantes e Jornalistas

segunda-feira, 29 de junho de 2009

A imprensa fiscaliza o poder! Ou: a imprensa fiscaliza o poder?


A imprensa fiscaliza o poder!

Que frase linda e romântica (vocês também não acham?). Quem nunca ouviu uma frase parecida com essa? Acredito que são poucos os que nunca ouviram uma afirmação semelhante.

A frase ganha mais sentido ainda com as notícias negativas envolvendo o Senado Federal, que vieram à tona, coincidentemente, após o senador José Sarney (PMDB-AP) assumir a presidência do Congresso Nacional.

O trabalho de fiscalização da imprensa está sendo tão eficiente, mais tão eficiente, que até os atos secretos foram descobertos. Êpa! Espera um momentinho aí. Como os jornalistas descobriram os atos secretos se eles não foram publicados? O leitor, que não cursou Comunicação Social, com habilitação em jornalismo, deve estar se questionado: como os jornalistas descobriram os atos que eram secretos? Será que o jornalista aprende a usar, na faculdade, técnicas mágicas? Será que eles recebem, junto com o diploma, uma bola de cristal?

Não, amigo leitor. Eu cursei jornalismo e sei mais ou menos como a coisa funciona. Aprendi nas aulas de técnicas de entrevista e reportagem que o jornalista coleta informação perguntando. Os jornalistas que estão denunciando os atos, antes secretos, do Senado apenas perguntaram para quem sabia.

E quem sabia dessas informações? Certamente uma pessoa envolvida até o talo, conhecedora dos “esquemas”. E por que essa pessoa resolveu contar tudo? Boa pergunta. Será que é para ajudar a imprensa a fiscalizar o poder? Não. Aliás, acho que não, porque esse mesmo dedo duro teria dito sobre a existência dos atos secretos já no primeiro momento.

A imprensa fiscaliza o poder?

sábado, 27 de junho de 2009

Decisão do STF sobre jornalistas pode ser revista, diz OAB

O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, disse nesta sexta-feira (26 de junho) que é possível o Supremo Tribunal Federal (STF) rever a decisão sobre a dispensa de diploma de curso superior para a prática jornalística. Segundo ele, isso poderia ser feito de duas maneiras: por embargo de declaração ou por meio de uma ação embasada em novos fundamentos.

"O STF não considerou que há, na imprensa, espaço para os articulistas e que a liberdade de expressão não estava tolhida da legislação brasileira, até porque 42% dos profissionais que produzem conteúdo não são jornalistas", disse.

Britto argumenta que a "confusão" do STF sobre o que o seja a profissão de jornalista possibilita a utilização de um instrumento jurídico chamado embargo de declaração.

"No caso, o embargo de declaração estaria relacionado aos pontos omissos, porque não foi observado que os colaboradores já têm espaço previsto para a manifestação de pensamento. Ao analisar esse ponto omisso, o resultado do julgamento poderia ter sido outro", disse o presidente da OAB.

Segundo Britto, há ainda a possibilidade de uma outra ação impetrada apresentar novos fundamentos que convençam os ministros a mudar de opinião. "A liberdade de expressão não é comprometida pelo diploma", disse. "E não há exclusividade para os jornalistas no que se refere a manifestação do pensamento."

Fonte: Agência Brasil e Portal Terra

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Michal Jackson antes de ser, existiu


Engana-se quem pensa que Michal Jackson morreu. Quem é eterno não morre e Michal está eternizado em seus sucessos conhecidos mundialmente. Michal Jackson nasceu negro, mas ficou com a pele branca, conforme muitos afirmam, devido a uma doença rara. Muitos ainda têm dúvidas sobre o número de cirurgias plásticas que o cantor fez. Na verdade, as transformações de Jackson me leva a crer que ele levou mesmo a sério a teoria do filosofo existencialista Jean-Paul Sartre. A existência precede a essência é a especulação atribuída ao filosofo - me corrijam se eu estiver errado, faz muito tempo que eu estudei as teorias de Jean -. Se entendi bem, Sartre quer dizer que, antes mesmo de você ser, você primeiro precisa existir. Michal Jackson passou a existir em 1958, mas só começou a ser o que ele é e o que ele foi no decorrer de sua carreira.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

O casamento dantesco de Gilmau


Quem não foi, perdeu o casamento dantesco de Gilmau que aconteceu na noite de ontem (24) na Praça dos Três Poderes, durante a manifestação do Movimento Gilmar Dantas: “Saia às Ruas” e Não Volte ao Supremo Tribunal Federal (STF). Foi muito bom. Muito divertido. É uma pena você não ter ido. Não é mesmo, amigo leitor que compareceu?

Mas não fique triste. Eu sou bonzinho e estou disposto a te contar o que aconteceu. Após os manifestantes acenderem milhares de velas em toda Praça dos Três Poderes, houve apresentação de capoeira, gritos de palavras de ordem, leitura do manifesto do Movimento e de poesia, além de discursos de representantes de seguimentos apoiadores, dentre eles, o nosso, de estudantes e jornalistas insatisfeitos. Nunca esqueceremos da decisão do STF de acabar com a exigência do diploma para se exercer a profissão de jornalista.

Quero fazer um pequeno parêntese antes de continuar a história do histórico casamento dantesco. O presidente do STF, o ministro Gilmar Mendes, conforme o grito de ordem do Movimento, tem que “sair fora” do tribunal. “Sair fora” mesmo. Ele não deve apenas “sair”. Ele tem que “sair fora”. O momento de desmoralização do judiciário brasileiro é tão grave que é preciso usar uma redundância, “sair fora” – afinal, quem sai só sai para fora –, para exigir a extirpação de Mendes. O “sai fora”, na verdade, é uma hipérbole para reforçar o pedido.

Gilmar Mendes representa tudo aquilo que queremos deixar no obscuro passado ditatorial deste país. Nossa democracia é muito recente, tem mais ou menos 23 anos. Acabar com a exigência do diploma para ser jornalista é o mesmo que atender as grandes empresas de comunicação que, sequer, compareceram ao protesto. Ressalto que essas mesmas empresas de comunicação festejaram e apoiaram o golpe militar de 1964. Eu até republiquei aqui, neste Blog, algumas manchetes daquela época.

Os argumentos para derrubar a exigência do diploma são falaciosos. Nunca a regulamentação da profissão de jornalismo coibiu a liberdade de expressão. Sempre houve espaço para especialistas fazerem comentários em rádios, TVs, jornais, revistas e, mais recentemente, a internet, que é mais abrangente ainda. A internet permite a colaboração de qualquer um na construção da notícia que, necessariamente, precisa de um profissional formado em jornalismo.

Outro argumento falacioso é o de que, se em outros países nunca foi exigido o diploma para exercer a profissão de jornalista, no Brasil não deveria ser diferente. Só que a realidade brasileira não é a mesma de outros países. Há 40 anos – isso mesmo, 40 anos – é exigido, no Brasil, o diploma para se fazer notícia. Logo, acabar com essa exigência de uma hora para outra é, senão um absurdo, no mínimo, questionável. Por que, em plena democracia, acabar com a regra que regulamenta a profissão?

Não duvido nada que daqui algum tempo as próprias grandes empresas de comunicação estarão oferecendo o seu próprio cursinho de jornalismo – umas já fazem isso –, com duração máxima de um ano e seis meses, o suficiente para fabricar um seguidor de ordens dos patrões, um jornalista pelego, dominado e manipulado.

Não é legítima a decisão debochada do STF. E nós, estudantes e jornalistas, sociedade e Estado, temos que reverter essa situação. A sociedade tem que exigir de nossos representantes do Congresso Nacional uma atitude, uma ação, afinal, foi para isso que eles foram eleitos. No caso, não seria interromper o poder soberano do poder judiciário e, sim, ouvir as vozes das ruas ecoadas pelo Movimento Gilmar Dantas: “Saia às Ruas” e não Volte ao STF. Se eles, nossos representantes do Congresso, fizerem isso, estarão respeitando a democracia. Estarão honrando a Constituição que garante todo o poder nas mãos do povo.

E a voz do povo ecoou nas ruas – aqui fecho o meu parêntese –. A voz do povo protestou com ironia ao celebrar o casamento dantesco do noivo Gilmau com a noiva Dantas. Mas não podia faltar à cerimônia os parceiros de Gilmau: os Arrozeiros da Reserva Indígena Raposa Serra do Sol (deram o arroz para tacar nos noivos), a Multinacional (não perdeu a “opportunity”), o Mau Político (fez até campanha antecipada dizendo seu número 171) e os Latifundiários (que protestaram contra os defensores da reforma agrária). Além dos convidados, a cerimônia reuniu uma quantidade de protestantes que não caberia apenas em uma Kombi; seriam necessárias umas 5, ou mais.

Após a cerimônia, festa! Muita festa, com direito à música, rojão e foguete. Teve até uma apresentação, história, do grupo de quadrilha Flor do Mamulengo que veio de Samambaia dançar, se não me engano, pela primeira vez em frente ao que deveria ser a Suprema Corte do Brasil.

Veja só, Gilmar Mendes, a que ponto você levou o judiciário brasileiro.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Fora Gilmar Mendes!!


Fora Gilmar Mendes, Gilmar Mendes fora
Comparar cozinheiro com jornalista
Fez você entrar na lista
Daqueles que têm que ir embora

Fora Gilmar Mendes, tem que ser agora
Cansamos do prende e solta
Suas atitudes só causam revolta

Fora Gilmar Mendes, Gilmar Mendes fora
Joaquim Barbosa deveria está no seu lugar
A justiça brasileira só ia ganhar

Fora Gilmar Mendes, Gilmar Mendes vá embora
Cadê a sua instrução?
A exigência do diploma não fere a Constituição
Estamos cansado de sua equivocada interpretação
Não perca mais tempo
Vá logo embora
Já passou da hora


com a colaboração de Lara Venancio, estudante de jornalismo

Uma cantada de mestre!


Sabe de uma coisa, amigo leitor – e leitora? Às vezes, acho muito difícil ser homem. Hoje mesmo penei para dar uma cantada criativa, mas tive sucesso, afinal, por ter sido original, pareceu normal, natural e é isso que muitas mulheres querem, ou melhor, acham que querem, pois elas nunca sabem o que querem.

Chega de psicologia freudiana. Se eu continuar com essa análise, não vou conseguir contar a história.

Foi num ônibus que tudo aconteceu – sim, podem me chingar. Eu admito que uso o pior transporte público do Brasil –. Como eu ia escrevendo, foi num ônibus que tudo aconteceu. Estava eu lá, em pé, olhando para os lados para ver se ainda teria mais espaço para comportar mais gente, quando ela embarcou. Foi aí que eu notei que ela ficaria do meu lado, pois o espaço restante era aquele.

Há muito tempo eu a via no ônibus, mas nunca tão perto de mim. No início da viagem, nem imaginei que eu teria coragem de lhe dar uma cantada, afinal, não tenho o costume de disparar, como uma metralhadora, cantadas. Eu até devia. Sou solteiro mesmo...

E como foi que resolvi paquerá-la? Primeiro comecei a observá-la, discretamente. Pele morena, quase igual chocolate. Maquiagem no rosto meio redondo. Cabelo preto, liso, sem escovinha, longo e solto. Seios fartos dentro de uma blusa branca com decote discreto e encoberta por um terninho bonitinho, azul bebê, algumas rendinhas. Ela usava calça jeans desbotada. Era magra, magrinha.

Mas, o mais importante de toda essa observação, foi quando eu olhei dentro de seus olhos e notei que ela estava olhando para mim. Fiz então o calculo: nunca tive a oportunidade de estar tão perto desta garota como agora mais uma olhada para mim é igual a não devo perder essa oportunidade. Mas como? Eu não posso simplesmente chegar e dizer “e aí, gostosa! Vamos?”. Ou, “já é ou já era?”. Essas afirmações até funcionam em alguns casos como, por exemplo, num puteiro...

Está vendo, amiga leitora, como é difícil ser homem? Se você estivesse em meu lugar, o que diria para puxar uma conversa?

Eu comecei a pensar na melhor maneira de bater um papo com ela, enquanto isso, meu coração disparou, minha mão suou, comecei a apertar a barra de ferro do ônibus, olhei para as outras pessoas para ver se elas notaram alguma alteração em mim. Estava todo mundo na sua. Pensei em correr. Ir para o fundo do ônibus e me esconder. “Vai perder essa oportunidade”, a voz da consciência gritou. “Você sabia que pode até deixá-la magoada se mudar de lugar?”, continuou a voz. “Quem te garante que ela não está esperando você tomar uma atitude de homem? E a olhada? Foi à toa?”.

Os argumentos da minha consciência foram maiores. Comecei a bolar uma cantada criativa, certeira. Pensei em perguntá-la quantas horas eram. Mas ela não tinha nenhum relógio no pulso. Depois, pensei em perguntá-la se ela tinha algum parente indígena, afinal, ela parecia uma indiazinha. Mas aí fiquei com medo de parecer muito artificial.

Como, amiga leitora? Como, amigo leitor pegador eu deveria puxar conversa?

Olhei pela janela. “O caminho já está acabando. Tenho que pensar rápido. A janela! Por que eu não pensei nisso antes?”, me questionei.

“O vento está bagunçando o seu cabelo. Acho melhor você fechar essa janela”. Nossa! Que frase. Soou como natural e foi o bastante para eu ir conversando com ela até o final da viagem. Foi uma conversa muito legal, me apresentei, ela se apresentou, peguei seu número...

Mas e aí, Paraíso? Vai dar em alguma coisa? – deve estar se questionando o leitor curioso. Não sei. Só outras viagens poderão dizer.

FENAJ orienta novos movimentos na luta em defesa do jornalismo de qualidade


Na segunda-feira (22/6), o presidente da FENAJ, Sérgio Murillo de Andrade, encaminhou, em nome da Executiva da Federação, documento aos dirigentes dos 31 sindicatos de jornalistas, diretoria da entidade e Comissão Nacional de Ética com orientações sobre procedimentos após a decisão do Supremo Tribunal Federal de extinguir a exigência do diploma para o exercício da profissão. O documento registra que a regulamentação profissional não foi totalmente derrubada, que o ensino de Jornalismo não foi extinto e que cabe ao Estado definir regras de concursos públicos para assessorias de imprensa.

No documento, Murillo informa que haverá reunião da FENAJ com seus sindicatos filiados no dia 17 de julho, em São Paulo, para avaliar a situação atual e definir ações conjuntas. Veja a íntegra do documento a seguir.

Carta Aberta aos Presidentes e dirigentes dos Sindicatos de Jornalistas
Aos Diretores da FENAJ e Membros da Comissão Nacional de Ética

Companheiros(as):

É natural a tristeza e o abatimento. Eu mesmo vi isso no espelho e nos rostos de vários de vocês naquela noite e no dia seguinte. Afinal, fomos violentados no que nos é mais caro: a dignidade. Fomos ultrajados e humilhados, em escala nacional. Apesar de toda indignação e sentimento de impotência, mais do que nunca é preciso seguir em frente. Temos a obrigação de não desistir, pela memória de gerações de jornalistas que nos antecederam e dedicaram vidas inteiras à construção de uma profissão e, principalmente, pelos milhares de estudantes de jornalismo em todo Brasil que estão, neste momento, com razão, muito mais assustados, perplexos e inseguros sobre seu futuro profissional.

Conscientes destes compromissos, a Executiva da FENAJ tomou várias ações e presta os seguintes esclarecimentos e orientações:

1. A Direção da FENAJ e os presidentes dos 31 Sindicatos filiados reúnem-se, em São Paulo, dia 17 de julho, para avaliar a situação e combinar ações conjuntas. A reunião antecede o Seminário dos Jornalistas sobre a Conferência Nacional de Comunicação, dias 18 e 19, também em São Paulo.

2. Embora seja necessária a publicação do acórdão, a Executiva da Federação já tomou as providências necessárias para apresentar embargos, se houver omissões e, principalmente, excessos.

3. O Supremo Tribunal Federal (STF) tornou sem efeito legal somente o inciso V do artigo 4º do Decreto-Lei 972/69, que exigia a apresentação de diploma. Todos os demais artigos da regulamentação, apesar das declarações públicas do ministro presidente do STF, continuam em vigor.

4. Até novas orientações da FENAJ, os Sindicatos filiados devem manter rigorosamente os mesmos procedimentos na emissão de cédulas de identidade e sindicalização.

5. A FENAJ já solicitou audiência com o Ministro do Trabalho e Emprego para discutir as novas regras para registro profissional. Sugerimos que os Sindicatos procurem imediatamente as SRTs solicitando a suspensão imediata da emissão de novos registros, que não sejam de diplomados, até a edição de uma portaria normatizando o processo.

6. O ensino de jornalismo não foi extinto, embora tenha recebido um duro golpe. A decisão do STF aponta para a barbárie no mercado, e só a atuação firme dos Sindicatos e o ensino com formação qualificada poderão reverter esse quadro. A FENAJ continuará acompanhando o trabalho da Comissão de Especialistas que, neste momento dedica-se à elaboração de novas diretrizes curriculares.

7. Pisos salariais, a jornada de cinco horas, acordos e convenções coletivas não foram, embora as empresas sonhem com isso, objeto de discussão nesse julgamento. FENAJ e Sindicatos devem continuar denunciando e resistindo a todas as iniciativas de precarização e arrocho salarial da categoria.

8. Também não se alteram as regras de concursos públicos para assessoria de imprensa. O Estado tem a competência para definir as qualificações necessárias para as carreiras públicas. Se quiser, inclusive, além da graduação, pode exigir especializações, mestrados e doutorados.

9. A FENAJ está recebendo diversas manifestações de solidariedades de parlamentares de vários partidos políticos. Vamos propor a criação de uma Frente Parlamentar suprapartidária de defesa do Jornalismo e dos jornalistas e encontrar, no Congresso Nacional, o espaço adequado e usurpado pelo STF, a solução institucional para garantir direitos da nossa categoria.

10. Devemos todos, profissionais e estudantes, seguir protestando de todas as formas e em todos os momentos. É fundamental buscar o apoio de movimentos sociais, entidades como a ABI e OAB, políticos e, até mesmo, setores do judiciário inconformados com essa violência contra os jornalistas e a democracia.

11. Devemos também manter o alerta para a ameaça que o presidente do STF tem insistido em fazer contra regulamentações profissionais de outras categorias e, por tabela, contra a própria educação superior do país.

12. Por último, é muito importante denunciar o descaso e a irresponsabilidade do ministro presidente do STF, mas não podemos jamais esquecer que os principais responsáveis por essa agressão são os poderosos donos da mídia da Folha de S. Paulo, da Globo, do Estadão, da Veja, do Liberal, do Diário do Nordeste, da RBS...

É claro que a intenção do baronato da mídia e de seus aliados no STF é nos tornar menores. Mas vamos, juntos, provar que sairemos maiores dessa crise. Se alguns resistem com a proteção natural do couro de crocodilo, vamos mostrar que nossa couraça é de aço, forjada na luta.

Fomos provocados e desafiados. Não temos, agora, o direito à dúvida e à hesitação. Somente os que têm a ousadia de lutar, conquistam o supremo direito de vencer. Como na letra da canção, lembro que "se muito vale o já feito, mais vale o que será."

Queridos e queridas companheiros e companheiras,

Mais uma vez, vamos à luta!

Sérgio Murillo de Andrade
Presidente, com muito orgulho, da FENAJ

Fonte: Fenaj

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Protesto de estudantes e jornalistas: fora Gilmar Mendes!


Eu fui à manifestação de protesto contra a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de acabar com a lei que exigia o diploma para ser jornalista. Eu tive que fazer isso para mostrar minha insatisfação com o poder judiciário brasileiro.

Quero aproveitar esta ocasião para dar parabéns aos estudantes e jornalistas que compareceram ao protesto. Vocês estão de parabéns. Está certo que o protesto deveria ter sido feito antes. Mas não podíamos deixar o STF tomar a decisão e não fazer nada.

Depois que houve o julgamento que derrubou a exigência do diploma, passei a acordar todos os dias com essa história na cabeça. Toda manhã eu lembro do resultado do julgamento; do deboche do presidente do STF, o ministro Gilmar Mendes; e fico revoltado. Indignado! Esta manhã, em que fui às ruas, não foi diferente.

Avalio, portanto, que o protesto foi positivo. Mostramos que não somos cordeirinhos passivos. Mostramos que não ficamos satisfeito com o julgamento. Exigimos respeito. Pedimos a saída do ministro Gilmar Mendes. Enfim, protestamos!

Apesar dessa avaliação positiva, o protesto ficou aquém do esperado. Antes de chegar lá, pensei que a Praça dos Três Poderes estaria lotada, afinal, há centenas de estudantes de jornalismo, os mais prejudicados com essa história. Mas não foi isso o que aconteceu.

Quando eu cheguei à Praça dos Três Poderes pude entender porque a categoria sofreu a derrota no STF. De longe dava para ver um pequeno bolinho de gente vestido de preto. Eles estavam lá, naquela imensidão da Praça dos Três Poderes, abandonados. Às 10 horas, horário marcado para o protesto, não me lembro de ter visto ninguém do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJP-DF). Ninguém! Quando deveria ter, pelo menos, um trio elétrico do sindicato aguardando os manifestantes, não havia, repito, ninguém!!

Graças aos poucos, e aguerridos, estudantes de jornalismo, o protesto teve nariz de palhaço, apitos, faixas, um megafone e um negócio que parecia ser um tambor – fazia um barulhão! O protesto foi um sucesso, em minha opinião, graças aos estudantes de jornalismos.

Nós agitamos a Praça dos Três Poderes. Fizemos uma caminhada em volta do prédio do STF. Isso foi possível porque não havia nenhuma grade em volta e a polícia ainda não tinha chegado. Por que? Eles não estavam nos esperando lá. Eles acharam que não ia ninguém protestar.

A ausência do SJP-DF no início do protesto e a pouca quantidade de estudantes e jornalistas revelam uma coisa muito séria: a categoria é muito fraca.

E digo mais, sem querer ser pessimista. Com a decisão do STF, a categoria vai ficar mais fraca ainda. Acho até que a decisão do tribunal ameaça, inclusive, a existência dos Sindicatos.

É por isso que nós não vamos desistir. A manifestação de hoje foi uma de muitas outras que virão. A próxima já está até marcada para esta quarta-feira (24), às 18 horas, na Praça dos Três Poderes. Vamos nos juntar ao Movimento Gilmar Dantas: “Saia às Ruas” e Não Volte ao SFT. Afinal, além de exigir uma lei que cobre jornalistas por formação, queremos que Gilmar Mendes saia do tribunal.

Até lá.

sábado, 20 de junho de 2009

Eu não aceito a decisão do STF!! E vocês, JORNALISTAS?



Eu ainda não engoli a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de acabar com a obrigatoriedade do diploma para ser jornalista – e não vou engolir!

A decisão do STF é um atentado ao estado de direito, à democracia. É uma afronta a tudo que é ensinado pelas faculdades. É o mesmo que dizer “o ensino de jornalismo não vale nada”!

Gente, são 40 anos de conquistas jogados fora!!

Quero saber o que a Federação Nacional e os Sindicatos dos Jornalistas vão fazer para reverter essa decisão. Estou disposto a ir às ruas protestar. Estou disposto a pedir a saída do presidente do STF, o ministro Gilmar Mendes. Ele não pode ficar no cargo que está. Onde já se viu fazer brincadeira com uma coisa tão séria? Comparar um jornalista com um cozinheiro é pior que uma brincadeira de mau gosto. É uma palhaçada!!

Eu não aceito a decisão de acabar com a obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão de jornalista!

Mas sozinho não conseguirei nada!

É preciso a Fenaj, os sindicatos, os profissionais e, principalmente, os estudantes se mobilizarem para evitar esse desastre.

Eu quero saber onde estão os estudantes que invadiram a reitoria da Universidade de Brasília? Cadê os estudantes que invadiram a reitoria da Universidade de São Paulo?

Vocês vão aceitar a decisão debochada de Gilmar Mendes?

E vocês, JORNALISTAS?

O que vão fazer? Ficar de braço cruzado?

E o presidente Lula? Vai permitir a vitória das grandes empresas de comunicação, as mesmas que apoiaram a ditadura militar?

Nota do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do DF:
Protesto de estudantes e jornalistas

SEGUNDA-FEIRA, dia 22/06 às 10 horas da manhã na PRAÇA DOS TRÊS PODERES.

Diretorios academicos de varias faculdades de Jornalismo estão convocando estudantes e jornalistas para uma manifestação de protesto na Capital contra a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que extinguiu a obrigatoriedade do diploma universitário para exercício da profissão.

Sera segunda-feira (22/6), as 10h, na Praça dos Três Poderes.

Os organizadores sugerem vestir preto, trazer nariz de palhaco, cartazes e o que puder, em especial a prórpria presença.

Capítulo XII

Beber é como pisar em ovos. É preciso ter muito cuidado. Cuidado para não sair da linha e não se embriagar. Para passar do limite, basta começar. Jacinto, Marciano e Tião começaram com apenas uma caixinha. O suficiente para instigá-los a beber mais. Tião e Marciano fizeram novamente mais uma vaquinha e compraram juntos, dessa vez, um engradado de cerveja. Mas o álcool não foi suficiente para deixá-los animados. Tião levou o seu aparelho de som para a casa de Marciano. Era um aparelho de última geração e bastante potente. A música tocada por ele era ouvida pela rua inteira e muitas outras ao redor dela.

Na verdade, o eletrodoméstico não pertencia a Tião. Um drogado, sem dinheiro, havia empenhado o aparelho em troca de drogas fornecidas por Tião, que aguardava o fim do prazo combinado para tomar posse. Faltavam poucos dias. E Tião já estava se acostumando com a ideia de ficar com o aparelho de som.

Bebendo e ouvindo música no último volume, os jovens passaram toda aquela tarde na esquina. Apenas os quatro estavam na esquina, no entanto, parecia que era a rua toda que participava da festa. Isso porque, ao longo da avenida, outros jovens se juntavam em outras esquinas para bater papo e, porque não, ouvir a música tocada pelo aparelho empenhado de Tião. O gênero musical era apenas um: rap nacional e internacional.

Quem passasse na rua naquele momento e respirasse fundo, poderia dar uma tragada na fumaça de maconha que pairava pelo ar. Ela emanava do espesso cigarro “bolado” por Tião e de outros cigarros fumados pelos demais jovens, avenida abaixo. O “bagulho” de Tião rodava entre ele, Jacinto e Hamixiaire. Marciano não fumava.

- Dá uma bola aí, Marciano – insistia Tião.

Marciano já havia experimentado uma vez. Ele até gostou, mas sabia que não era um bom caminho a ser seguido. E, a cerveja, era suficiente para deixá-lo com a cabeça feita. Ele, inclusive, já estava “doidão”. Seus olhos perderam a expressão. Eles estavam meio fechados, meio abertos. Se riscassem uma linha no chão e pedissem para ele andar sobre ela, Marciano não conseguiria.

- Ô, Marciano! Dá uma bola aí, moço – também insistiu Jacinto.
- É, Marciano! Dá uma bola aí – ajuntou Hamixiaire.

Para Hamixiaire, a cerveja era coisa do diabo. No entanto, ele não tinha esse pensamento a respeito de outras drogas, como alguns solventes, que ele gostava muito de cheirar.

- Deixa de ser careta, Marciano – insistiu mais uma vez Tião.

Marciano não queira. Seu maior medo era se tornar um viciado, como seus colegas.
- Estou de boa – recusou mais uma vez.

Assim como Marciano, havia naquela rua outras pessoas que não usavam drogas. Pessoas trabalhadoras, como o pai de Gabriela, o seu João que, no final daquela tarde, voltava da parada de ônibus, onde tinha descido do veículo público que lhe trazia do trabalho.

- Opa! – disse João, acenando com a mão direita, ao passar pelos jovens.
- Fala seu João – respondeu Tião.

“Cambada de vagabundos”, pensava João. “Nem para a polícia vim aqui e levar todo mundo para a cadeia”, desejava. Quando via Hamixiaire, João se lembrava do que quase tinha acontecido com sua pequena filha e, por isso, fechava logo a cara, com a intenção de refrescar a memória de Hamixiarie para o que lhe havia prometido, caso resolvesse assediar novamente sua filha.

A noite foi chegando e a festinha dos jovens parecia estar ainda no começo. Principalmente depois que, perfumadas e trajando saias curtas e blusas bem decotadas, Bruna e Camila chegaram.

- E aí, piriguestes – Tião cumprimentou.

Assim como Hamixiaire e Jacinto, Tião já estava sob o efeito da maconha e do álcool. As jovens logo perceberam. Mas elas não se importaram, pois também queriam se drogar. Elas também sabiam que Tião era “patrão” e, com ele, poderia conseguir o que queria. Bruna e Camila, portanto, se serviram da cerveja comprada pelos jovens.

- Tá pegando qual dessas duas aí? – perguntou Marciano para Tião.
- Direto eu pego as duas, mas, se você quiser, pode alugar elas aí.
- Posso mesmo?
- Oxê, se elas quiser pode até pegar.

Marciano não perdeu tempo. E começou a puxar conversa com Bruna. Segurando uma garrafa, Marciano ofereceu:

- Quer um pouco mais de cerveja, gatinha?

Bruna, que segurava um copo de cerveja cheio, pensou: “que saco! Só me faltava essa. Por que esse pé de cana não escolheu a Camila para dar em cima?”.

- Obrigado. O meu copo já está cheio. Olha.
- Nossa, como sua voz é linda.
- Ah, que é isso? Minha voz é normal... ô, Camila, e aquele negócio que agente tinha que fazer hoje à noite – Bruna mudou de assunto e se afastou de Marciano.
- Que negócio? – Perguntou Camila.
Bruna falou ao ouvido de Camila que não era nada, apenas tinha dito aquilo para se afastar de Marciano.
- Aquele bicho feio tá me cantando.
- Há, há, há – sorriu Camila.
- Vou dar em cima do Tião para ver se ele sai do meu pé – disse Bruna.
- Boa idéia – comentou Camila – Eu vou dar em cima do Jacinto para ele não tentar me alugar também.

Bruna abraçou Tião e Camila, Jacinto. Marciano logo percebeu que aquelas duas não eram para ele. “Eu também não queria essas putinhas”, pensou. “Olha só quem elas querem. Os mais vagabundos. É por isso que eu digo. Mulher é igual galinha. Deixa o milho de lado para comer merda. E tem mais. Essas donas estão só sugando minha cerveja”.

- Vocês não vão dar uma intera? – questionou Marciano.
- Oxê, Marciano! Tá doido é. Ainda tem muita cerveja aí – Tião advertiu –. E, se faltar, eu compro mais.

Pouco tempo depois, Marciano percebeu que subia a rua Pedro e o “cabrito” que tinha brigado com ele na madrugada passada.

- Foi esse bicho aí, Tião, que folgou comigo.

Tião esperou Pedro e o desconhecido se aproximar para tirar satisfação.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Até quando a supressão de informação na edição prejudica a notícia?


Não quero ser chato. Quero apenas defender o bom jornalismo. Em 17 de junho, a Frente Parlamentar em Defesa da Cultura no Congresso Nacional realizou uma audiência pública com o ministro da Cultura, Juca Ferreira. Na ocasião, foram discutidas mudanças na Lei Rouanet e a aprovação de projetos que podem beneficiar a cultura. Além disso, o deputado federal Geraldo Magela (PT-DF) assumiu a presidência da Frente. Dois dias depois, o Correio Braziliense fez uma matéria sobre o evento. No entanto, nem sequer uma linha se referiu à substituição do presidente da Frente. Por que? O que o repórter, melhor, o editor tem contra o deputado Magela? Será que ele tem medo do deputado Magela vencer as eleições para o Governo do Distrito Federal? (Mas como? Ele ainda nem é o candidato do PT. Não é mesmo, amigo leitor?) Ou será que a informação de que a Frente Parlamentar de Defesa da Cultura tem um novo presidente não é relevante para a sociedade? Desconheço a razão pela não inclusão dessa informação. Veja abaixo a íntegra da matéria publicada na edição de hoje do jornal:


Na marca do pênalti

O ministro da Cultura, Juca Ferreira, mostra os resultados da consulta pública à Câmara e avisa que vai mandar o projeto da nova Lei Rouanet antes do recesso do Congresso

Lúcio Flávio

Recentemente, o ministro da Cultura, Juca Ferreira, passou um vexame durante audiência pública no Ceará. Com importante projeto social de orquestra sinfônica para jovens na região, um maestro lamentou o fato de perder o apoio financeiro só porque incluiu, no repertório, músicas de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. “Quase chorando, ele me disse que a orquestra e os jovens não poderiam ser punidos por conta de limitações e barreiras na lei de incentivo cultural”, recordou o ministro, durante encontro na última quarta-feira, na TV Câmara. Acompanhado pela Frente Parlamentar da Cultura, encabeçada pelo deputado José Aparecido de Oliveira (PV–MG), ele apresentou os resultados da consulta pública sobre a nova Lei Rouanet. “Isso é um escândalo. Como é que uma lei pode discriminar uma orquestra por tocar Luiz Gonzaga? Não consigo entender. Não é possível que a gente trabalhe com a cultura nesse grau de preconceito”, lamentou.

O exemplo mostra a necessidade de uma reforma urgente na principal ferramenta de incentivo cultural do país, a Lei Rouanet, em vigor desde 1991. Na reforma, aumenta a importância do Fundo Nacional de Cultura e surge o projeto do Vale Cultura. Esses itens foram submetidos à consulta pública realizada em todo o país entre 23 de março e 6 de maio. O dispositivo mobilizou vários setores da sociedade e segmentos artísticos, que participaram dando sugestões. Mais de 2 mil pessoas contribuíram com informações e propostas. “Estamos tratando com o maior respeito as sugestões que foram feitas. No entanto, o apoio é praticamente unânime”, festejou o ministro Juca Ferreira, que dentro de 30 dias pretende submeter ao Congresso a nova Lei Rouanet. “Queremos entregar essa reforma antes do recesso do meio do ano. Vamos fazer um ato simbólico importante para apresentação do projeto”, enfatizou.

Na ocasião, os integrantes da Frente Parlamentar da Cultura pretendem sensibilizar os parlamentares para que a cultura seja priorizada nas discussões da casa. Atualmente, tramitam no Congresso quatro projetos importantes: a PEC 150/2003, a PEC 236/2008, a PEC 416/2005 e o Plano Nacional de Cultura. “Estamos vivendo um momento no qual o que nós plantamos estamos colhendo. E essa colheita será dentro do Congresso. Minha expectativa é a melhor possível”, destacou. “A cultura vive momento especial no Brasil, em que artistas, gestores, poder público se encontram e discutem o real significado do que é a cultura para o país. Colocando a cultura no mesmo patamar da saúde e traçando um plano inclusive inspirado no SUS, tentando criar aí um Sistema Nacional de Cultura compartilhado com os estados e os municípios”, elogiou o cantor e compositor Chico César, atual secretário de Cultura de João Pessoa. O carnavalesco Joãosinho Trinta também estava presente.

“No mundo inteiro, mecenato é quando o empresário bota a mão no bolso e faz alguma contribuição para uma ação cultural importante. No Brasil, é feito com dinheiro público”, observou o ministro. “O dinheiro público é entregue sem critério. Sãos os departamentos de marketing que definem como empregar esse dinheiro. Às vezes, empregam bem, na maioria das vezes, não. Dezoito anos depois de sua criação, a lei não conseguiu corrigir o retrato cultural da exclusão”, completa.


Um dos carros-chefes da nova Lei Rouanet é o Vale Cultura, dispositivo que, se aprovado, beneficiará, segundo estimativas do MinC, 12 milhões de trabalhadores, jogando no mercado cultural R$ 7 bilhões. Qualquer pessoa poderá ter acesso ao vale no valor de R$ 50, descontado no imposto de renda da empresa. “É um projeto conceitual. Pela primeira vez, o Estado criará mecanismo de incentivo ao consumo cultural, estimulando o consumo da arte. Teremos mais público nos espetáculos, mais gente comprando livro”, sonha.

Em trânsito

PEC 150
Criada em 2003 pelo deputado Paulo Rocha (PT–PA), a proposta de emenda à constituição destina 2% do orçamento federal, 1,5% do orçamento estadual e 1% do orçamento dos municípios para a cultura.

PEC 236
De autoria do deputado José Fernando (PV–MG), a proposta pretende acrescentar a cultura como direito social no capítulo II, artigo 6º da Constituição Federal. No momento, está sendo examinada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.

PEC 416
Proposta pelo deputado Paulo Pimenta (PT–RS), institui o Sistema Nacional de Cultura, alterando o artigo constitucional que trata do patrimônio cultural brasileiro.

Plano Nacional de Cultura
Elaborado por meio de ampla consulta à sociedade brasileira, a Lei 6.835 definirá as diretrizes para as políticas públicas de cultura nos próximos 10 anos. Aguarda votação na Comissão de Educação e Cultura.

Oito contra oitenta mil. Oito contra 180 milhões

Perplexos e indignados os jornalistas brasileiros enfrentam neste momento uma das piores situações da história da profissão no Brasil. Contrariando todas as expectativas da categoria e a opinião de grande parte da sociedade, o Supremo Tribunal Federal (STF), por maioria, acatou, nesta quarta-feira (17/6), o voto do ministro Gilmar Mendes considerando inconstitucional o inciso V do art. 4º do Decreto-Lei 972 de 1969 que fixava a exigência do diploma de curso superior para o exercício da profissão de jornalista. Outros sete ministros acompanharam o voto do relator. Perde a categoria dos jornalistas e perdem também os 180 milhões de brasileiros, que não podem prescindir da informação de qualidade para o exercício de sua cidadania.

A decisão é um retrocesso institucional e acentua um vergonhoso atrelamento das recentes posições do STF aos interesses da elite brasileira e, neste caso em especial, ao baronato que controla os meios de comunicação do país. A sanha desregulamentadora que tem pontuado as manifestações dos ministros da mais alta corte do país consolida o cenário dos sonhos das empresas de mídia e ameaça as bases da própria democracia brasileira. Ao contrário do que querem fazer crer, a desregulamentação total das atividades de imprensa no Brasil não atende aos princípios da liberdade de expressão e de imprensa consignados na Constituição brasileira nem aos interesses da sociedade. A desregulamentação da profissão de jornalista é, na verdade, uma ameaça a esses princípios e, inequivocamente, uma ameaça a outras profissões regulamentadas que poderão passar pelo mesmo ataque, agora perpetrado contra os jornalistas.

O voto do STF humilha a memória de gerações de jornalistas profissionais e, irresponsavelmente, revoga uma conquista social de mais de 40 anos. Em sua lamentável manifestação, Gilmar Mendes defende transferir exclusivamente aos patrões a condição de definir critérios de acesso à profissão. Desrespeitosamente, joga por terra a tradição ocidental que consolidou a formação de profissionais que prestam relevantes serviços sociais por meio de um curso superior.

O presidente-relator e os demais magistrados, de modo geral, demonstraram não ter conhecimento suficiente para tomar decisão de tamanha repercussão social. Sem saber o que é o jornalismo, mais uma vez – como fizeram no julgamento da Lei de Imprensa – confundiram liberdade de expressão e de imprensa e direito de opinião com o exercício de uma atividade profissional especializada, que exige sólidos conhecimentos teóricos e técnicos, além de formação humana e ética.

A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), como entidade de representação máxima dos jornalistas brasileiros, esclarece que a decisão do STF eliminou a exigência do diploma para o acesso à profissão, mas que permanecem inalterados os demais dispositivos da regulamentação da profissão. Dessa forma, o registro profissional continua sendo condição de acesso à profissão e o Ministério do Trabalho e Emprego deve seguir registrando os jornalistas, diplomados ou não.

Igualmente, a FENAJ esclarece que a profissão de jornalista está consolidada não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. No caso brasileiro, a categoria mantém suas conquistas históricas, como os pisos salariais, a jornada diferenciada de cinco horas e a criação dos cursos superiores de jornalismo. Em que pese o duro golpe na educação superior, os cursos de jornalismo vão seguir capacitando os futuros profissionais e, certamente, continuarão a ser a porta de entrada na profissão para a grande maioria dos jovens brasileiros que sonham em se tornar jornalistas.

A FENAJ assume o compromisso público de seguir lutando em defesa da regulamentação da profissão e da qualificação do jornalismo. Assegura a todos os jornalistas em atuação no Brasil que tomará todas as medidas possíveis para rechaçar os ataques e iniciativas de desqualificar a profissão, impor a precarização das relações de trabalho e ampliar o arrocho salarial existente.

Neste momento crítico, a FENAJ conclama toda a categoria a mobilizar-se em torno dos Sindicatos. Somente a nossa organização coletiva, dentro das entidades sindicais, pode fazer frente a ofensiva do patronato e seus aliados contra o jornalismo e os jornalistas. Também conclama os demais segmentos profissionais e toda a sociedade, em especial os estudantes de jornalismo, que intensifiquem o apoio e a participação na luta pela valorização da profissão de jornalista.

Somos 80 mil jornalistas brasileiros. Milhares de profissionais que, somente através da formação, da regulamentação, da valorização do seu trabalho, conseguirão garantir dignidade para sua profissão e qualidade, interesse público, responsabilidade e ética para o jornalismo.

Para o bem do jornalismo e da democracia, vamos reagir a mais este golpe!

Brasília, 18 de junho de 2009.

Diretoria da Federação Nacional dos Jornalistas - FENAJ

Da importância dos mestres

Larissa Leite

Desde manhã, meu dia estava pelo avesso, como se o resultado já estivesse no ar: 8 a 1 pelo fim do diploma de jornalismo. Mais tarde, veio a lembrança dos meus mestres, alguns cultivados em segredo, mas nunca à distância. Com apenas um ano e meio de jornalismo (quer dizer, começamos a contar desde o fim da graduação ou desde o início da prática?), se eu dissesse que venho esbarrando com pessoas carentes de mestres ao longo da carreira, ninguém me levaria a sério. Nem eu. Então, como estou mais pra lá do que pra cá, prefiro começar um depoimento em favor da importância de minha passagem pela faculdade. Alguns dos mestres estavam lá, e foram eles essenciais no forjar da minha formação.

Já se eu dissesse que aqueles carentes encontrados pelo caminho foram justamente os que não passaram pela faculdade de jornalismo, estaria mentindo. Obviamente, quatro anos não serão os únicos determinantes do caráter de ninguém. Mas, por outro lado, ninguém pode dizer que uma faculdade não despertará indivíduos para valores essenciais à profissão e, obviamente, à vida. Tampouco, pode-se dizer que quatro anos dedicados ao estudo específico de pilares e técnicas que envolvem uma profissão não fazem diferença. Pois foi dito, votado e aceito pelo Supremo Tribunal Federal no dia 17 de junho de 2009.

Assim, os atores que apoiaram a decisão do Supremo lançaram o argumento da desvinculação de duas questões do curso de jornalismo: ética e técnica. Como exposto, a ética não é determinada pela faculdade, mas o encontro com mestres pode ser um farol que orienta o profissional por anos a fio (especialmente em relação a premissas caras à profissão, como a verdade e a originalidade) . Um dos argumentos utilizados em defesa da extinção do diploma foi a multidisciplinarida da profissão. Certamente, toda formação extra dentro do jornalismo é bem-vinda. Porém, ela serve para um melhor diálogo com especialistas da área de formação, e não com a sociedade. Foi na faculdade de jornalismo que apreendi a importância de comunicar com clareza a pessoas diversas, atingidas por um mesmo veículo de comunicação.

Também foi o estudo do jornalismo que me colocou em cheque com pessoas que disseram, de forma alentadora, que a matéria-prima do jornalismo é a realidade – feita não apenas dos furos, mas, essencialmente, do cotidiano entrelaçamento de histórias individuais. Assim, uma das vantagens de ser jornalista primeiramente especializado em jornalismo é estar imbuído dessa visão de mundo, na qual a banalidade, não mais enxergada por algumas áreas da ciência, está pronta a ser ressignificada em fato singular e revelador (seja dito que os artistas também costumam padecer dessa postura).

Equivocada também foi a defesa de que, para isso, não é necessária técnica. Quem nunca ouviu falar, que jogue no Google o básico: pirâmide invertida. Achar que uma pessoa que escreve pode consequentemente escrever uma matéria é o mesmo que achar que uma modelo que decora textos pode consequentemente ser atriz. Quisera eu sentar-me ao piano e tocar uma peça de Bach, com minha grande vontade e mínima técnica diante das teclas do instrumento.

Lembro-me do meu trabalho de conclusão de curso. Em vez de fazer uma grande reportagem, o que teria sido mais divertido, desenvolvi uma monografia com o invocado título Discurso Jornalístico e Transformação Social – o jornalista como educador da sociedade. Folheando o trabalho, percebi a enorme distância entre o que foi escrito e a decisão do STF. Na monografia, estão compilados diversos estudos que defendem uma inevitável comunicação entre as esferas da forma e do conteúdo. Estudiosos do discurso defendem, com uma visão diferenciada da forma, que a linguagem não apenas reflete a realidade, como é capaz de produzi-la. O discurso seria, portanto, não apenas uma prática de representação do mundo, mas de sua significação. Diante da importância da linguagem, a ferramenta de trabalho do jornalista, é inquietante pensar como alguém pode desandar a escrever uma matéria sem o conhecimento das regras básicas vigentes na profissão.

Uma coisa é manter nas redações profissionais que lá estão há anos, mesmo sem diploma. Outra é dar brecha à confusão em torno da profissionalizaçã o do jornalista em jovens e na sociedade em geral, já confusa com a “glamourização” que invade a carreira, entre outras. Eu, que também sou atriz, já fui indagada se não gostaria de exercer jornalismo na televisão. Respondi que tinha dúvidas, pois minha experiência se concentrava no impresso, que fazia com muito gosto. De volta, fui questionada: mas você não é artista?

Por fim, em um momento em que o Ministério da Educação acaba de fazer uma consulta pública para rever as diretrizes curriculares do curso de jornalismo; e que as cadeiras de Educação das universidades discursam sobre “Educação para a Mídia”, tamanha a relevância da informação na atualidade, não faz sentido desmotivar a educação de um dos principais atores da mídia.

Larissa Leite, 26 anos, jornalista.

Fim do diploma de jornalista: retrocesso profissional e político

Luiz Gonzaga Motta

O Supremo Tribunal Federal decidiu nesta quarta-feira, 17 de junho, pela não obrigatoriedade do diploma universitário para o exercício da profissão de jornalista. Assim, qualquer pessoa, independente de sua formação, poderá exercer o Jornalismo, mesmo que tenha apenas curso primário. Pior ainda, as empresas jornalísticas poderão contratar e colocar nos cargos de repórter ou editor os seus afilhados pessoais, compadres e apadrinhados políticos, independente do preparo da pessoa para a responsabilidade destas funções.
A quem interessa o fim da exigência do diploma de jornalista? Os méritos do diploma para a profissão do Jornalismo e para a sociedade são tantos, e tão óbvios, que é difícil imaginar razões coerentes para acabar com ele.

O argumento contra a reserva de mercado não cabe. A legislação em vigor não é exclusiva. Quem não é formado em Jornalismo, como médicos, engenheiros, advogados e outros profissionais, pode escrever regularmente artigos sem nenhuma restrição. Pode manter colunas, apresentar um programa de TV, debater neste programa, criar blogs etc. A legislação não é restritiva. É só conferir a diversidade de conteúdos que existe hoje na mídia brasileira. Todas as outras profissões liberais exigem formação específica. Por que o Jornalismo seria exceção?

A liberdade de expressão também não é argumento contra o diploma. Basta abrir qualquer jornal ou revista, ligar a TV em um canal qualquer ou acessar os portais da internet para ler ou assistir a livre expressão de ambientalistas, ruralistas, religiosos, agnósticos, militantes radicais ou conservadores. Tem de tudo. Por conta da legislação atual, ninguém deixa de se expressar livremente. O mercado de idéias nunca foi tão livre, fértil e plural neste país. A exigência do diploma nada tem a ver com restrição à liberdade de expressão, portanto.

Se as escolas proliferaram e algumas delas têm qualidade suspeita para formar bons jornalistas, colocando no mercado profissionais desqualificados, o remédio não é acabar com o diploma. É preciso monitorar os cursos, aprimorá-los, avaliá-los periodicamente e fechá-los em caso de reincidência. Mas, a exigência do diploma nada tem a ver com a má qualidade de muitos jornalistas. Cursos de Direito foram recentemente mal avaliados, mas ninguém sugeriu acabar com exigência do diploma de advogado por causa disso. A má qualidade não decorre da exigência do diploma. Não vale enfiar a cabeça no buraco, como um avestruz.

Aparentemente, só empresas provincianas, familiares ou pouco profissionais têm interesse no fim do diploma. Isso daria a elas liberdade para empregar parentes, afilhados e compadres, sem formação. Talvez o fim do diploma possa ser também útil a algumas empresas de fachada moderna, mas interessadas no enfraquecimento da profissão para reduzir salários e manipular as relações empregatícias. Argumento mesquinho e arcaico. Como se fosse justificável hospitais e clínicas contratarem práticos da saúde no lugar dos médicos e dentistas formados para pagar a eles salários menores. Ou, se pudéssemos voltar ao tempo dos rábulas, para substituir os advogados formados.

A profissão de jornalista foi abastecida nos últimos 40 anos pelos cursos universitários, uma conquista da categoria e da sociedade. Nas últimas décadas, o Jornalismo brasileiro ganhou qualidade com a existência das escolas e a exigência do diploma. A maioria dos grandes nomes do Jornalismo brasileiro, hoje, é formada em faculdade. Não é preciso enumerá-los.

O Jornalismo passa hoje por uma mudança radical. O jornalista é cada vez menos um técnico e cada vez mais um analista político e social. Com desenvolvimento da tecnologia multimídia e o avanço da democracia no país, o Jornalismo tornou-se o espaço público por excelência. O espaço de mediação democrática dos conflitos. As fontes tornaram-se atores políticos e sociais ativos. Profissionais capazes de interpretar os conflitos e lidar com a multiplicidade de fontes são formados pelas universidades, não pelas relações clientelistas.

Luiz Gonzaga Motta é jornalista, professor da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília, responsável pela Secretaria de Comunicação da instituição e editor da revista de divulgação científica Darcy.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Comunicólogo ou jornalista? Comunicólogo!!


O jornalismo no Brasil é ruim. Está certo que sou um recém formado, não tenho muita experiência, no entanto, faço essa afirmação como consumidor de informação. E, portanto, tenho o direito de dizer que o jornalismo no Brasil é ruim, isso com profissionais diplomados. Imaginemos a partir de agora, com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que acabou com a exigência do diploma para se exercer a profissão.


A partir de agora, quem tem o ensino fundamental incompleto, mas “nasceu com o dom de escrever bem”, poderá ser jornalista. A partir de agora, o ator bonitinho, e miolo mole, poderá ser jornalista. A partir de agora, jornalista será isso. E eu, formado em Comunicação Social, com habilitação em jornalismo, não sou isso. Pronto! Resolvi minha dúvida. Não sou jornalista. Sou um comunicólogo. Tenho formação. Logo, não me sinto ameaçado pela decisão do STF. No entanto, reprovo a deliberação do colegiado.

Sarney, Sarney,


Sarney, Sarney,
Abre o olho senão você perde o trono de rei
Sarney, Sarney,
Veja o passado
Renan saiu com o filme queimado
Está certo que ele não foi cassado
Mas, pela opinião pública, foi condenado
E, de seu trono, afastado

Sarney, Sarney,
Você não é rei
Mas eu tinha que rimar
Para, neste poema, te avisar
Veja o passado
Renan saiu com o filme queimado

Sarney, Sarney,
As notícias de corrupção já estão no quarto mês
Sarney, Sarney,
Renan também achava que nada de mal fez
Uma pulada de cerca não foi o bastante
Mas ele não contava com os crimes restantes
Que apareceram em vários instantes

Sarney, Sarney,
Veja o passado
Renan saiu com o filme queimado

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Crise? Que crise?

Gente, não quero aqui desejar ou agourar a saída de José Sarney (PMDB-AP) da presidência do Congresso Nacional – também não quero defender sua permanência! –. Mas a sucessão de denúncias contra ele está muito parecida com a de Renan Calheiros (PMDB-AL), lembra? Não? O Blog do Paraíso deu ampla cobertura às denúncias que começaram com a “pulada de cerca” de Renan. O peemedebista alagoano, no início, parecia que não ia mesmo “arredar o pé” da cadeira, mas só foi questão de tempo para o rol de denúncias engrossar e ele desdizer o que disse.

Agora, veja o caso de Sarney. Desde que sentou na cadeira de presidente do Senado, várias notícias de irregularidades sobre a instituição, e algumas dele, não pararam de sair do noticiário. O pior disso tudo foi o discurso que ele fez (veja o vídeo acima). Digo pior porque a defesa não foi convincente. Acho que foi até negativa, principalmente, quando ele disse que a crise não era dele e, sim, do Senado. Como assim? Então quer dizer que neto e sobrinhas em gabinetes de senadores amigos, nomeados em atos secretos ou não, não fazem parte das denuncias que maculam a instituição? E a parente do marido da governadora do Maranhão, que é filha de Sarney? Matéria publicada no jornal O Estado de São Paulo disse que ela vive, desde o início do ano, em Barcelona e estava lotada na liderança do PTB desde 2007. Bom. Se isso não faz parte das denúncias contra o Senado, realmente a crise não é de Sarney. É minha. É sua, amigo leitor.

terça-feira, 16 de junho de 2009

João Roberto também merece um filme


O filme sobre o assassinato do brasileiro Jean Charles de Menezes vai estrear neste mês nos cinemas brasileiros – veja o trailer no vídeo acima. Eu acho – lá vem bomba; olha que eu nem vi o filme – que a produção é um pouco oportunista e sensacionalista. É! Porque o assassinato de Jean é um caso isolado. Quantos brasileiros são confundidos como homem bomba em Londres? Gostaria de saber ainda por que ninguém nunca fez um filme relatando as vítimas inocentes de homicídios no Brasil? Há tanta pessoa morrendo pela polícia aqui, nas favelas do Rio, na periferia de São Paulo... Seria ótimo se fosse feito um filme sobre o menino João Roberto assassinado cruelmente pela polícia incompetente do Rio de Janeiro.

domingo, 14 de junho de 2009

Capítulo XI

A testa de Marciano já tinha algumas gotas de suor quando Jacinto chegou com a caixa de cerveja de latinha. Sem esperar Jacinto descer da bicicleta, Marciano agarrou a caixa, que estava numa sacola, tirou uma lata e devolveu para Jacinto. Em seguida, abriu a latinha e deu um gole prolongado para matar a sede. Na verdade, ele bebeu metade da cerveja.
Jacinto e Tião retiraram da caixa, cada um, uma lata e também começaram a beber, mas não com a mesma sede de Marciano.
- Marciano, coloca as outras cervejas lá na sua geladeira senão vai esquentar – sugeriu Jacinto.
- Me da aí.
Marciano pegou a sacola e entrou em casa.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

O direito autoral, na internet, é uma piada


Com a afirmação do título deste texto, não quero dizer que o Ctrl+C e o Ctrl+V está liberado. Pelo contrário, se você quer reproduzir um contudo, cite a fonte. A minha afirmação, no entanto, é voltada para, por exemplo, o cantor que não quer suas músicas baixadas pela internet de graça. É para a produtora que odeia quando seu filme está disponível para download, antes mesmo de o vídeo sair do cartaz ou ser lançado no cinema. Acho que esse pessoal deveria se preocupar em como ganhar dinheiro com a prática chamada de violação de direitos autorias ou pirataria. “O entretenimento esta deixando de ser um produto pago para se transformar em serviço gratuito - cujo propósito é apenas estimulara venda e o uso de outros produtos e serviços”, escreveu Bruno Garattoni na edição deste mês da revista Super Interessante. “Pode parecer um final triste. Mas, para uma coisa que já tinha perdido o valor comercial, é uma grande volta por cima”, concluiu a matéria “A Pirataria Venceu”.

Vou me empenhar mais para contar histórias que aconteceram comigo


Os textos do Blog do Paraíso mais comentados são justamente aqueles de histórias do meu cotidiano. Avalio que eu, portanto, deveria escrever apenas sobre histórias que aconteceram comigo. O problema é que minha vida não é tão interessante assim. Há dias inteiros que fico sentado na frente de um computador lendo, escrevendo, lendo, escrevendo e lendo, lendo, lendo... Consequentemente, solto algumas pérolas, como o texto abaixo sobre o Blog (polêmico) da Petrobras. Mas uma coisa é certa. Vou me empenhar mais para contar o que acontece comigo. Certo, amigo leitor? Bom, já que estou falando de cotidiano, veja abaixo este vídeo:

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Blog da Petrobras acaba com o furo jornalístico


Amigos leitores, não posso deixar de comentar o Blog da Petrobras Fatos e Dados. Criado neste mês de junho para apresentar “fatos e dados recentes da Petrobras e o posicionamento da empresa sobre as questões relativas à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)”, o Blog, já nos primeiros dias, está causando polemica porque, antes mesmo de serem publicadas as matérias, o Fatos e Dados divulga as perguntas enviadas pelos repórteres para a assessoria de imprensa da empresa com as respostas. Recentemente, a Associação Nacional de Jornais (ANJ) divulgou, e com razão, uma nota de repúdio ao Blog da Petrobras.

Classifico a atitude do Fatos e Dados como insana. Onde já se viu divulgar perguntas e respostas de apuração antes mesmo das matérias serem escritas? E se a pauta cair?

Antes de prosseguir, esclareço que não sou contra a Petrobras usar a internet para divulgar informações da empresa. Pelo contrário, sou totalmente favorável, pois sei a importância da informação oficial (pública) para a democracia e para o cidadão. Inclusive, acho que as perguntas e as repostas deveriam ser divulgadas junto com a matéria escrita pelo jornalista.

No entanto, acho ridículo o Fatos e Dados divulgar as perguntas e as respostas antes mesmo da matéria ser publicada. Com essa atitude louca, o Blog da Petrobras acabou com o furo jornalístico. Falo isso como leitor e, não, como repórter que, por ventura, acessaria a página para copiar pautas de colegas.

Escritor lança livro que começou a escrever há 50 anos


A pedido de uma colega de serviço, fui ontem a um lançamento de um livro. Foi num barzinho, próximo a um centro cultural de Brasília. Sempre achei esse bar muito fresco. Muito pequeno. Não cabe quase ninguém. Quando eu cheguei lá, todas as cadeira já estavam ocupadas. O bar – muitos chamam de café – é tão pequeno, mais tão pequeno, que eu tive a sensação de estar olhando para cara de todo mundo e todo mundo olhando para mim. Foi bem fácil perceber que minha colega não estava lá. Ela ia me apresentar o escritor. A ausência dela, no entanto, não impediu que eu trocasse uma palavrinha com o intelectual.

Mas o incentivo para conversar com o escritor não veio de mim mesmo. Veio de um colega que estava comigo. Antes de ir conversar com o autor do livro, primeiro eu dei uma olhada na obra. Li o título: “Um agrônomo cearense”. Depois o nome do escritor: “Lojos Ferenz Kokay”. Dei uma olhada na contra capa. Em seguida, uma lida em alguns versos. Enfim, fiz aquela checagem costumeira para ter uma impressão da obra. O resultado disso é que fiquei curioso para ouvir Lojos. Imaginei que ele tinha uma boa história para me contar. Pedi até emprestado a agenda de meu colega para fazer algumas anotações.

Antes de conversar com o escritor, cumprimentei sua filha, a deputada distrital Erika Kokay, do PT. Meu colega, que a conhecia, me apresentou a ela, dizendo que eu tinha um blog e que queria fazer uma matéria com o pai dela. Solícita, a deputada me levou até a mesa onde Lojos autografava sua obra.

Sentei ao lado dele e esperei ele autografar umas duas obras, isso porque a enorme fila que havia se formando já estava no fim. Assim que ele terminou, me apresentei e comecei a perguntar, antes que aparecesse outro fã com um livro de baixo do braço pedindo autografo.

Depois de algumas perguntas, e antes de ser interrompido pelos fãs, a informação mais importante que descobri do autor foi que ele demorou 50 anos para concluir a obra. Para saber mais, fui falar com sua filha. Ela disse que o livro, dividido em duas partes, tratava da vida pessoal e profissional do pai. A parte pessoal, continha poesias, muitas em homenagem a mãe da deputada. Já a segunda parte era voltada para a organização agrícola. (Gente, olha só o tamanho deste texto! Estou escrevendo muito. Acho que já está na hora de acabar, não é?).

Você quer saber mais sobre a obra, estimado leitor? Vou te dar o mesmo conselho que Lojos me deu. Leia o livro.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Capitulo X

O sol começava a se aproximar do centro do céu, que estava sem nuvens. O calor já era sentido pelos jovens Marciano, Tião, Hamixiaire e Jacinto.
- Vamos perguntar para o Pedro onde é que a gente pode encontrar o cabrito que estava com ele – sugeriu Jacinto.
- Não precisa. Ele está morando na casa do Pedro – informou Tião.
- Oxê! Eu nunca vi ele aqui na rua – disse Marciano.
Pedro morava na parte de baixo daquela tão badalada rua. Apesar de fazer parte da mesma avenida, a parte da rua que ele morava parecia um bairro... melhor, uma nação totalmente diferente da que se encontrava na parte de cima. Devido às diferenças culturais, os moradores da rua de baixo não se davam bem com quem vivia na parte de cima. No entanto, eles viviam um momento de paz. Fazia muito tempo que uma guerra não acontecia entre eles.
- Vamos tomar uma cervejinha? – perguntou Marciano, querendo mudar o assunto.
- Compra lá – disse Jacinto.
- Vamos fazer uma vaquinha - Marciano propôs.
- Eu não tenho dinheiro - Jacinto quiz desconversar.
- Como sempre. O Hamixiaire não bebe... e você Tião?
- Eu estou montado; fiz vários jogos na noite de ontem; pega aí.
Tião entregou uma nota de dez reais para Marciano. Faltavam ainda quatro reais. Ele inteirou e entregou para Jacinto ir comprar uma caixinha de cerveja.
- Vai lá, já que você nunca contribui com nada.
Jacinto não achou ruim. Sabia que era um “serrote”. Além disso, ele estava com sua bicicleta. Podia ir e voltar bem rápido. Bem rápido mesmo, pois também estava morrendo de sede.
- Mas e aí? Depois que a gente tomar essa cerveja vamos lá na casa do Pedro ver de qual é – disse Tião.
No fundo, no fundo, Marciano não queria nenhuma confusão, pois ele sabia muito bem que uma nova guerra poderia acontecer, caso a intriga fosse levada adiante contra um amigo de um morador da parte de baixo da rua.

domingo, 7 de junho de 2009

Chega de voto de cabresto. Chega de voto obrigatório.


A reforma política, de vez em quando, entra na pauta de discussão do Congresso. Mas parece que não há boa vontade na questão e o que dá a entender é que, muitos de nossos representantes, querem mesmo é deixar do jeito que está.

Não sou nenhum especialista no assunto. Limito-me a dizer a impressão que fica. Quero dizer, falo aqui como qualquer cidadão. Por essa razão, não me aprofundarei na questão. Só acho que está faltando entrar na discussão da reforma política uma proposta, tão importante quanto o financiamento público de campanha e o voto distrital – quanto a essas duas proposições, ainda não tenho uma posição –. Se estou bem informado, até agora não há nada a respeito do voto facultativo.

O voto facultativo tem que entrar na discussão da reforma política. O voto, no Brasil, não deve continuar obrigatório. Se vivemos realmente em uma democracia, onde todos têm direito ao livre pensamento, não devemos, portanto, ser obrigados a votar. Às urnas só devem ir quem tiver interresse e vontade, isso vai incentivar o surgimento de políticos mais descentes. A extinção do voto obrigatório vai acabar com o voto de cabresto, porque aquela pessoa despolitizada, que vende o voto, não será mais obrigada a sair de casa. É por essa razão que defendo o voto facultativo. É por essa razão que o voto facultativo tem que entrar na discussão da reforma política. É por essa razão que a reforma política é necessária e importante para o país. Mas tudo isso deve ser feito com boa vontade e honestidade. As regras do jogo não podem ser alteradas apenas para favorecer quem já está no poder. As regras do jogo têm que ser mudadas em prol da democracia, em prol do cidadão.

Capítulo IX

Jacinto, Hamixiaire e Tião ficaram admirados com a história que Marciano acabara de contar. Eles ficaram tão perplexos que pediram para Marciano repetir como tinha escapado da morte.

- Quando eu me abaixei para pegar uma pedra, o bicho que estava com o Pedro, sem eu ver, pegou outra pedra bem maior que a minha.

Pedro era o nome do rapaz que Marciano encontrou na madrugada, quando ele voltava da Panela de Barro. Naquela ocasião, Pedro estava acompanhado de um sujeito que Marciano não conhecida. O sujeito se desentendeu com Marciano. Os dois começaram a brigar. E, agora, Marciano conta mais detalhes da briga.

- Parece que foi Deus que me ajudou, pois, quando o bicho levantou a pedra para tacar em minha cabeça, eu vi a sombra dele... eu levantei de um vez com outra pedra. As duas pedras bateram uma na outra. A pedra que estava na mão do cara quebrou e um pedaço dela caiu no meu ombro... até agora ainda está doendo... depois disso aí, o Pedro entrou no meio e não deixou a briga continuar.

- Por que ele não fez isso antes? – brabo, questionou Tião. Se for o cara que estou pensando, eu sei quem é. Ele é bem folgado. Teve um dia que eu quase fiz ele passar mal.

- Calma, Tião!

- Que calma que nada, Marciano – interferiu Jacinto. Nós temos é que correr atrás.

- Pode crê – Marciano concordou.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

A minha posição


A minha intenção neste blog é fazer um trabalho mais honesto possível. Não quero enganar você, amigo leitor, dizendo que sou imparcial. Primeiro porque eu não tenho receio de dizer que sou parcial. Segundo porque a imparcialidade é uma grande mentira. Nunca existiu. É humanamente impossível de ser alcançada. Se algum jornalista, ou veículo de comunicação, afirmar que é imparcial, não acredite. É a mesma coisa que dizer que existe um carro com velocidade da luz. É a mesma coisa que afirmar que papai Noel existe.

Além de tudo isso, tenho uma tese. Todos os veículos de informação – jornal e revista, blog e site, TV e rádio, enfim, todos, sem exceção, deferiam informar a sua posição política.

E, por defender esta tese, quero que todos saibam que eu apoio a candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, para a presidência da República. Defendo, portanto, que o projeto que resgatou a autoestima e a cidadania dos brasileiros tenha continuidade. Por extensão, sou a favor da candidatura do deputado federal Geraldo Magela (PT-DF) para o Governo do Distrito Federal.

Sou ou não sou honesto? Agora você pode ler o conteúdo deste blog sabendo de que lado estou. Se algum dia eu mudar de lado, pode deixar que eu aviso e ainda digo porque.

Pior que vira-lata!


Existem muitas maneiras, formas, jeitos de humilhar uma pessoa. Você pode fazer isso xingando, batendo ou escurraçando. Gritando, cuspindo ou vaiando. Jogando tomate, ovo podre ou urina (pode ser a sua). Vou parar por aqui na descrição das maneiras, formas ou jeitos existentes para ultrajar um ser humano porque senão vou descer muito o nível. Aliás, já desci a um nível muito baixo quando resolvi escrever este artigo, isso porque quero comentar o atendimento das empresas de telefone celular no Brasil. Você conhece, prezado leitor, jeito mais perverso – chega a ser semelhante à tortura – de humilhar gente feito pelo atendimento das empresas de telefone celular? Para essas empresas, não existem leis. Elas continuam vendendo celular bloqueado. O serviço de callcenter está pior que antes da lei que obriga o atendimento com gente já na primeira opção. Para você conseguir falar com um atendente, ainda que seja para tirar apenas uma dúvida, é preciso fazer inúmeras ligações, uma atrás da outra. O pior é ficar meia hora ouvindo uma música estúpida e a ligação, em seguida, cair. O nome para isso é mulecagem. O que pensa essas empresas? Será que para elas quem está do outro lado da linha é um cachorro vila-lata e não um ser humano, um eleitor (2010 vem aí), um cidadão que paga por pesados impostos? E por que isso tudo? Cadê a Anatel, Agência Nacional de Telecomunicações? Francamente... Ufa! Desculpa, leitor, mas eu precisava faze este desabafo.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Capítulo VIII

Jacinto saiu de sua casa empurrando sua bicicleta. Logo em seguida, montou nela. Era uma bicicleta pequena, do tamanho daquelas usadas em corridas e manobras radicais. Pedalando lentamente por alguns metros, Jacinto chegou perto de Marciano e Hamixiaire que conversavam na esquina.
- Eu só fui embora quando a festa acabou – dizia Marciano. Mas antes, eu fui até o lugar que eu escondi o vinho.
- Pra descer tomando? – perguntou Hamixiaire.
- É.
Jacinto começou a prestar atenção na história que Marciano contava. Da mesma forma fez Tião que chegou em seguida.