Blog do Paraíso: setembro 2007

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Você quer continuar amando o Brasil? Então não assista.


Pirateado antes de estrear nas salas dos cinemas, o filme “Tropa de Elite” mostra o quanto nosso país está atrasado. Ainda bem que ele não foi indicado para o Oscar. Para falar a verdade, acho que está muito longe da república das bananas vencer esse prêmio (se é que é possível).

Bom. Mas o que eu quero comentar mesmo é o filme “Tropa de Elite”. Ele fala sobre o Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar, o Bope. Como já disse acima, o filme ainda não chegou em todas as salas de cinema do Brasil, mas eu já assisti. Não, amigo leitor. Eu não comprei nenhum DVD pirata. Peguei emprestado... Deixa pra lá. Quem sabe em outra oportunidade a gente discute sobre a pirataria.

Vamos lá de novo. O filme assume que a periferia do Rio está imersa numa guerra e que não tem mais jeito. Quero dizer, que o jeito é meter bala nos vagabundos, em quem tiver no meio, inocente ou não, e pronto! E quem são as “pessoas” mais qualificadas para isso, segundo o filme? O Bope, é claro.

Sinceramente, se você está com vergonha do país por causa das recentes sacanagens do Congresso Nacional e quer continuar sentindo orgulho de ser brasileiro, NÃO ASSISTA AO FILME.

Nada contra. Pelo contrário, acho que produções reveladoras da verdade vergonhosa deste país devem ser incentivadas. Entretanto, apesar de ser bom, acho que o “Topa de Elide” não ganharia o Oscar, pois não é uma superprodução cheia de efeitos especiais, mas, sim, um registro de uma realidade que empresários, políticos e endinheirados fingem não ver ou, até mesmo, escondem e financiam.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Sobre a escolha da última charge


Gente, a charge abaixo parece não ter nada a ver com o texto “Para quem não gosta de política”. Isso porque a gravura se refere à burocracia e o artigo fala de política.

Entretanto, eu acho que existe uma ligação entre a imagem e o texto sim, pois a charge diz muito da administração pública do Brasil. E se remetermos ao significado da palavra política, veremos que a burocracia é um problema de uma má política (administração pública).

Agora, se vocês discordam, acho que podemos concordar pelo menos em uma coisa: a charge é muito engraçada.Há, há, há! Faço até questão de repeti-la.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Para quem não gosta de política


Era uma vez quatro amigos. Ocricocrides, Foca Bilota, Pinto Brochado e Zarifebarbar Daer.

Certo dia, para viverem com mais qualidade de vida e economizarem nos gastos, resolveram morar juntos. Mudaram da cidade-favela da Ceilândia para Brasília. Alugaram na W3 Sul uma quitinete por R$ 500. Zarifebarbar Daer, matemático de primeira, somou todas as despesas (aluguel, alimentação, saúde, lazer e etc). Daer concluiu que cada um tinha que contribuir, por mês, com R$ 750. O que representava 40% do salário de cada um. Entretanto, Ocricocrides perguntou para Zarifebarbar Daer: se nenhum de nós tem tempo, pois trabalhamos como condenados, quem vai cuidar dos afazeres domésticos, como o pagamento das contas? Isso mesmo, quem? Também indagou Foca Bilota. Pinto Brochado sugeriu contratar uma pessoa para isso. Mas Zarifebarbar Daer avisou que seria mais 10% da cada um para pagar o empregado. Mesmo assim, por falta de opção, todos concordaram. Contrataram Cejchua Choi Caruncho.

Cinco meses depois... Tudo estava nos conformes até que Cejchua Choi Caruncho cansou de ser honesto. Sem Ocricocrides, Foca Bilota, Pinto Brochado e Zarifebarbar Daer perceberem, Caruncho desvia R$ 30 do que seria usado para o lazer e gasta com uma prostituta. Para sorte de Caruncho, os patrões não perceberam ou não se importaram.

Três meses depois... Em vez de R$ 30, Cejchua Choi Caruncho já estava gastando com as prostitutas 90% da verba destinada para o lazer. Passou a desviar dinheiro também da saúde e da alimentação. Só que dessa vez estava sustentando o vício do álcool e algunas despesas pessoais, como a pensão de uma filha. Os patrões continuaram indiferentes. Mesmo sentindo falta do lazer, mesmo consumindo alimentos de baixa qualidade ou estragados, mesmo sentido falta de remédios e do plano de saúde que, agora, mal cobria uma consulta médica.

Amigo leitor, aonde eu quero chegar com isso?

Não se interessar ou não gostar de política é o mesmo que os amigos fazem: não se importar com o que Cejchua Choi Caruncho faz com o dinheiro deles.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Qual é o debate hoje em torno da prorrogação da CPMF?





No meu entender, o que se discute hoje na imprensa é se o governo vai conseguir ou não prorrogar a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Discutem-se as dificuldades para aprová-la. Para eternizar o que seria provisório, os meios de comunicação noticiam as benesses que o governo dá aos parlamentares. E o que dá não é dele. Pertence, sim, ao povo. Trata-se de cargo público na máquina estatal ou em estatais quase falidas (pela má gestão corrupta) ou ainda em empresas governamentais de capital misto que, felizmente, estão prosperas no mercado. Está em pauta também toda politicagem que nossos representantes (deles mesmo) estão fazendo para obterem a cadeira do Senado em troca da prorrogação do imposto provisório (até que o mundo se acabe).

E por que, caro amigo, a discussão é tão banal – e chata a ponto de não nos dar vontade de acompanhar o noticiário –?

É banal porque a imprensa é uma marionete dos políticos. Não consegue se livrar do domínio da fonte oficial, pois, se fizer, pode levar um furo do concorrente.

Pois eu digo que o debate deveria ser outro. A imprensa tem que criticar e questionar a CPMF. Questionar se a prorrogação dela vai ser boa ou não para o país. Tentar mostrar ou discutir com os brasileiros as conseqüências da prorrogação. Os meios de comunicação têm que investigar para onde vai e como está sendo gastado o dinheiro arrecadado. Indagar onde deveria ser empregado.

Você sabia, leitor, que no ano passado o Governo Federal arrecadou com a CPMF R$ 32 bilhões? E para onde foram? Só o Sistema Único de Saúde recebeu 40,22%. O Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza ficou com 21,05%. A mesma porcentagem foi destinada para tapar o rombo da Presidência (aquela que ajuda os velhinhos pobres do país). E o resto da verba ficou com o Tesouro Nacional.

E aí, o que você acha? Dinheiro jogado fora? Bom. Do ano 2000 até agora, o país reduziu pela metade o número de miseráveis. Ou seja, alcançou antes do previsto (2015) uma das oito metas do milênio estabelecidas pela Organização das Nações Unidas.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Enquanto isso, no país da sacanagem... A “treeleição” do molusco



Circula em algumas colunas de jornais e revistas a informação de que o Partido dos Trabalhadores, o PT, está querendo um terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O PT e o presidente negam e juram de pés juntos que não haverá uma “treeleição” do petista.

Entretanto, a oposição (que hoje em dia não é tão oposicionista) acha que a campanha do terceiro mandato de Lula já começou. Porém, não é explicita. De acordo com a oposição, por enquanto, as propagandas vieram em duas mensagens subliminares.

Uma foi veiculada na nova campanha institucional do Banco do Brasil que prega “Três atitudes diárias em prol da sustentabilidade do planeta”. Francamente, o planeta precisa de mais de três atitudes diárias para durar um pouquinho a mais do previsto pelos cientistas apocalípticos. Outra coisa, por que “três atitudes” e não “quatro”? Os políticos de partidos da oposição acreditam que o Banco do Brasil escolheu o número três justamente para acostumar o eleitor com o algarismo.

Bom. A outra mensagem subliminar surgiu no encerramento do III Congresso Nacional do PT deste ano. Os petistas aproveitaram o número da terceira edição e inseriram na famosa estrela do partido.

As duas mensagens subliminares parecem mais viagens causadas por efeito de drogas na oposição. Mas se você, leitor, acha que eles têm razão, pode confirmar a suspeita se uma mini-constituinte for convocada sob o pretexto de discutir uma ampla reforma política. Pois só assim será possível o presidente Lula se candidatar novamente, já que a legislação atual não permite.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Seja bem-vindo ao céu (ou país da sacanagem)


Se você tem o ensino médio, ou até mesmo uma graduação, mas mora numa periferia do Brasil, coitado! A lei pesa em suas costas como um paquiderme, além de trabalhar (se tiver emprego) quatro meses, por ano, para pagar imposto ao governo. Portanto, ande na linha.

Se você se ver obrigado pelo desemprego a roubar para não morrer de fone, nem pense em furtar, por exemplo, uma manteiga! Pois, antes mesmo de pensar em fazer isso, uma algema grudará em seu pulso, (por trás das câmeras) será insultado, levará chutes e porradas. Depois, preso e condenado a até quatro anos de reclusão.

Mas se você tiver o ensino fundamental incompleto, aliás, se você souber escrever e ler somente o seu nome, porém, possuir um cargo público no Brasil, como o de deputado, senador, governador ou presidente, seja bem-vindo ao céu!! Aqui você pode “pular cerca”, furtar, roubar, fornicar, pagar propina, extorquir, enriquecer da noite para o dia, receber dinheiro sem trabalhar, enfim, você pode cometer os piores crimes que contribuem para o atraso de uma nação sem ser condenado.

Tudo isso porque é você quem faz as leis e quem é também encarregado de fazer com que elas sejam cumpridas.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Insisto na pergunta: é medo, respeito ou pagação de pau?


" O Renan pode falar como o Danton quando caminhava para o cadafalso: atrás de mim virás tu, Robespierre"

Definitivamente o Conselho de Ética das duas casas do Congresso Nacional tem que mudar de nome. Acho que ele deve se chamar Conselho de Estética, pois apenas maquia a imagem do Senado Federal e da Câmara dos Deputados. Dá a entender que lá existe alguma ordem moral. Quando, na realidade, há somente políticos com o rabo preso. Se eles fossem independentes, teriam cassado o mandato do senador Renan Calheiros (PMDB – AL).
Mas, por ventura, se existir algum político de boa conduta naquele antro, peço humildes desculpas e ajuda para responder tão inquietadora questão: não cassaram o mandato de Renan por medo, respeito ou pagação de pau?

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Enquanto isso, no país da sacanagem... Senado Federal macula 180 anos de história


Está provado. No Congresso Nacional não há representantes do povo. O que existe lá é um bando de senhores que trabalham para se beneficiarem. Demagogos e retóricos. Não estão nem aí para a opinião pública.

E hoje é o dia que o Senado Federal deixa claro que é igual ou pior à Câmara dos Deputados. Mesmo depois de ser acusado por crimes comprometedores (listados no artigo abaixo), o presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros (PMDB – AL), foi absolvido do pedido de cassação de mandato por quebra de decoro parlamentar com 40 votos a favor e 35 contra. Houve seis abstenções.

Conforme o tempo passa, acredito mais ainda que vivo no país da sacanagem. Onde a lei é aplicada somente em favelados, moradores das periferias, enfim, em pobres.

Alguém aí tem um nariz de palhaço para me emprestar?

Renan Calherios: com o perdão do trocadilho, é cassar para moralizar e o senado a câmara não se igualar


Uso de laranjas para comprar veículos de comunicação de Alagoas; pagar propinas; fazer sociedade com lobistas em negociatas; favorecer uma cervejaria em troca de benefícios pessoais e – a mais quentinha, que saiu do forno esta semana – montar esquema para desviar dinheiro do Ministério da Saúde são acusações contra o presidente do Congresso Nacional, o senador Renan Calheiros (PMDB – AL). As acusações por enquanto não deram em nada. Mas não foram todas que passaram despercebidas. Felizmente, o alagoano Renan Calheiros será julgado hoje no plenário do Senado Federal por ter despesas pessoais pagas por um lobista, o que é quebra de decoro parlamentar.

As denúncias contra o senador vieram a conta-gotas. O primeiro pingo revelou a “pulada de cerca” do peemedebista, cujas conseqüências (ou despesas) foram bancadas por um lobista. Desde esse momento, Renan dizia que “não arredava o pé” da presidência do senado. A cada semana, a situação se complicava, pois mais gotas corruptas pingavam. O senador foi questionado, portanto, se renunciaria o mandato. O que não aconteceu, surpreendentemente, depois do relatório do Conselho de Ética que recomenda a cassação do alagoano ser aprovado pelo senado numa votação histórica, pois foi aberta. Renan não renunciou a presidência do Congresso Nacional nem o mandato mesmo depois do relatório do conselho ser aprovado, em tempo recorde, pela Comissão de Constituição e Justiça. Detalhe: toda novela aconteceu com sucessivas manobras proteladoras do senador. O processo se arrastou por três meses.

No meu entender, se o mandato de Renan Calheiros não for cassado, o Senado Federal ficará famigerado e se igualará à Câmara dos Deputados, que no ano passado recusou 12 pedidos de cassação de mandatos de mensaleiros (recebedores de mesadas para votar com o governo). Os pedidos foram recomendados pelo Conselho de Ética que concluiu que os mensaleiros quebraram o decoro parlamentar. A Câmara dos Deputados é um caso perdido, não se importa com a opinião pública e não se envergonha mais com os escândalos. Não é possível que o Senado Federal siga o mesmo caminho. Pois recusar um pedido do Conselho de Ética é ir contra a ética, pois, se não fosse, o conselho deveria ter outro nome.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Cotidiano (só que piorado pelo transporte público) – II: cordeiros humilhados!


Os moradores da periferia do Distrito Federal estão... ...numa situação complicada – para não usar aquele palavrão que começa com a letra F, termina com DOS e, entre F e DOS, tem UDI.

Entra governo e sai governo, o transporte público continua... – acho que a palavra que deixei de escrever acima também deveria ser usada aqui, mas sem S.

Parece que o atual governo do DF está tentando mudar a situação do transporte público da capital. Parece!... O jeito é esperar para ver. Mas, enquanto não muda, os usuários, pobres na maioria, continuarão sofrendo.

Hoje mesmo, às 7h, peguei um ônibus da empresa Planeta. Barulhento, lotado, desconfortável, velho, sujo, enfim, um tipo comum que circula pelas vias da capital.

Depois de enfrentarmos um engarrafamento, o ônibus quebrou. Os passageiros, como cordeirinhos, saíram (para rimar) devagarzinho. Calados, amofinados, porém, revoltados.

Não demorou muito para um ônibus que tinha o mesmo destino passar por lá. Passar e não parar. Afinal, era de outra empresa. Empresa concorrente. Era o ônibus da Viplan. Toma! Coisa boooa. Quem mandou vocês pegarem esse ônibus e não o nosso. Deve ter pensado o motorista da empresa concorrente, ao passar pelos passageiros que não tinham nada a ver.

Para não chegarem atrasados ao emprego, muitas pessoas foram obrigadas a pagarem a passagem novamente para um ônibus, de outra empresa, que parou, mas não permitiu a entrada dos passageiros, martirizados, pela porta de trás. É um absurdo, pensei.

Depois de alguns minutos, finalmente o bendito ônibus da Planeta apareceu. Todos os bancos estavam ocupados. Só tinha espaço no corredor. Logo, deduzi que todo mundo não caberia. Fiquei paciente e disposto a esperar outro ônibus. Os passageiros transfiguraram de cordeirinhos a bois e, como uma manada, correram em direção à porta de trás. Entupiram-na. Antes de as pessoas entrarem, quero dizer, pararem de entrar, o motorista começou a andar com o ônibus para mostrar que não cabia mais ninguém. Eu percebi que a porta da frente estava aberta. Tive então a idéia de entrar por lá, pois a parte da frente do veículo quase não tinha passageiros.

Entrei e me questionei: será que terei que atravessar a roleta e pagar novamente a passagem para poder descer? Não é possível. O motorista e o cobrador me viram entrar pela porta da frente. Devem ter bom senso. Bom. Se eles me cobrarem, eu pago numa boa, pensei e não me dei conta o quanto estava sendo cordeirinho.

Antes de a minha parada chegar, do outro lado da roleta, uma das passageiras que estava no ônibus que quebrou dirigiu a palavra ao motorista para tirar satisfação. “Motorista, sabia que você quase me separou da minha filha de nove anos? Olha, você tem que tomar mais cuidado. Se eu tivesse ficado lá e se ela tivesse se perdido de mim, a coisa ia complicar para você”.

“Se você tivesse perdido sua filha, o problema seria seu e não meu”, respondeu o motorista. Seguiu-se então uma discussão. O motorista, indiferente. A mulher, já aos prantos. Que sssssssssssssssssttreeeeeeeeeeeeeesssssssssssssssssssss!!!! Pensei. Só espero que ele esteja pronto para outro, pois eu não vou pagar a passagem novamente. Decidi, pois já estava revoltado com a situação. Não é possível tanta humilhação.

“Vocês aí, que estão na frente, têm carteirinha de passe livre?”, perguntou o cobrador. “Quem não tiver, passe a roleta, por favor”. Os outros passageiros que entraram comigo passaram e pagaram novamente, como bons cordeirinhos humilhados, domados, “encabrestado” e adestrados. Eu fiquei imóvel. Quero vê se ele vai me fazer pagar de novo. Nós vamos parar no ponto final, mas eu não vou pagar. Onde estão os meus direitos? Questionei-me outra vez.

Quando estava chegando perto da minha parada, eu disse ao cobrador: “eu já paguei a minha passagem no outro ônibus”. “Mas você entrou pela frente. Vai ter que passar pela roleta, não pode descer pela porta da frente. Por que você não entrou pela porta de trás?”, perguntou. Eu respondi. “Não consegui. Você não viu a mulher dizendo? Lá tava uma bagunça. Eu não consegui e não vou pagar de novo porque não tem lógica eu pagar duas vezes para a mesma empresa”. O cobrador ficou irritado. Argumentou. Eu não falei mais nada. Estava decidido. Eu não ia pagar e não paguei. Engoli sapos, mas não paguei!!

(Sabe, caro leitor. Às vezes me pergunto: será que o motorista e o cobrador recebem dinheiro a mais para serem do jeito que eles são, verdadeiros cães de guarda?)

Este é o tipo de humilhação que quem usa o transporte público do DF tem que enfrentar quase diariamente. E por que não nos revoltamos? Por que será que agimos como cordeirinhos? Confesso que já tive várias vezes vontade de tacar fogo em um desses ônibus que circula por aí! Se eu fizesse isso, a imprensa noticiaria o meu barbarismo sem mostrar o outro lado da questão. Pode uma coisa dessa?

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Tese polêmica!


Já faz um tempão que eu não escrevo algo polêmico ou “solto uma pérola”, como dizem certas pessoas que não se enxergam. Hoje estou disposto a escrever sobre uma das minhas teorias mais controversa. Portanto, preciso tomar alguns cuidados, antes de começar ou “solta-la” (como dizem, é claro, os que não se enxergam).

Se você é meu amigo e fez ou faz dois, não um, mas dois, somente dois, e não três cursos superiores – é isso aí, cursos superiores e não técnicos ou de outra natureza –, ao mesmo tempo (está entendendo? É ao mesmo tempo e não depois que terminar), não leia este texto. Pare por aqui! Se a pergunta ficou difícil compreender por causa das intervenções e das informações intercaladas no meio do período, faço questão de repetir para que meu amigo não diga depois que eu não avisei. Repetindo: se você é meu amigo e fez ou faz dois cursos superiores ao mesmo, não leia este texto. Pare por aqui!

O aviso está dado. Depois não diga que eu não avisei. O quê? Você ainda não foi embora? Beleza. Pode ler, mas não me crucifique quando terminar a leitura. Por favor, não deixe de ser meu amigo por causa do meu pensamento.

Sem mais demora, eis a minha tese: quem fez ou faz dois cursos superiores ao mesmo tempo é idiota! Ou, na melhor das hipóteses, está sendo idiota, na pior, imbecil. Não quero dizer com isso que quem faz ou fez dois cursos é burro ou vai se dar mal na vida. Pelo contrário. Geralmente, quem tem condições financeiras de suportar dois cursos nas costas já não está, economicamente, ruim na vida. Outra coisa, se eles conseguem chegar ao final com boas notas nos dois cursos, provam, automaticamente, que são inteligentes. Então, você, estimando leitor, deve estar se perguntando, por que eles estão sendo idiotas, na melhor das hipóteses, e imbecis, na pior? Simples. Eles não estão pensando no lado da questão que eu apresento agora.

Primeiro: será que quem estuda os dois cursos superiores, ao mesmo tempo, aprende cem por cento? Como isso é possível sem se estressar? Veja só. Pesquisas revelam que os alunos de curso superiores não lêem livros, mas somente os textos passados em salas de aula. O que isso quer dizer? Se em um só curso o aluno mal lê a biografia básica recomendada pelo professor, o que dizer de dois cursos ao mesmo tempo?

Segundo: terminando as faculdades, o “superaluno” exercerá as profissões ao mesmo tempo? Acho difícil. Os profissionais com cursos superiores que o digam! E se não exercerem os dois? Vai acabar esquecendo o que aprendeu em um dos dois cursos, pois o nosso cérebro possui um sistema que descarta o que não é usado. Portanto, se no meio da carreira o “ex-superaluno” resolver mudar de profissão, não será uma boa idéia, pois o curso superior qualifica a pessoa para exercer determinada profissão que, quanto mais praticada, mais o profissional fica bom.

Terceiro: talvez o pior de todos, pois quando o sujeito faz ou fez dois cursos superiores, ao mesmo tempo (!), em instituições de ensino públicas, ele demonstra não estar preocupado com a vergonhosa desigualdade social do nosso país. Onde apenas 10% dos jovens, entre 18 e 24 anos, cursam o ensino superior. Ocupar duas vagas (ao mesmo tempo!) em uma universidade pública é não se preocupar com a realidade.

Quarto – que pode ser bem pior que o terceiro argumento –: cursar um curso superior em uma instituição de ensino pública e, ao mesmo tempo (!), cursar outro curso superior em uma faculdade particular é o cumulo do egoísmo (ou na melhor das hipóteses, da idiotice, na pior, da imbecilidade) porque tudo que eu listei nos três argumentos acima pode acontecer, além de tomar a vaga de quem não pode pagar uma faculdade.

Gente, é isso que penso. Se você cursa ou cursou dois cursos superiores ao mesmo tempo (!) e leu este texto até aqui, não fique com raiva de mim. Faça melhor. Escreva um comentário contestando minha tese. Com isso estará tirando, se assim for (e se as pessoas que não se enxergam, estiverem corretas), uma mente das trevas.