Blog do Paraíso: março 2009

sábado, 28 de março de 2009

Antes de ser escolhida sede da Copa de 2014, Brasília já dá mau exemplo


Faltando um pouco menos de cinco anos para a Copa do Mundo de 2014, Brasília já dá mau exemplo. Nessa semana que passou, a rádio CBN divulgou, de maneira ampla, suspeitas de irregularidades no jogo de reinauguração do estádio de futebol Bezerrão, no Gama. O curioso é que nenhum outro veículo noticioso da cidade foi pautado, se estou bem informado.

As reportagens denunciam uma série de suspeitas de irregularidades, mas a principal é a de que o Governo do Distrito Federal (GDF) teria feito contrato, sem licitação – novidade! –, com empresa de fachada no valor de 9 milhões de reais. A denúncia fez com que os deputados distritais da oposição entrassem com um pedido de instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o caso. Devido à burocracia, eles deverão esperar um prazo de 30 dias para criar a CPI. Tomara que haja investigação de verdade...

O Bezerrão foi reformado, em 2008, com o objetivo de ser usado na Copa de 2014 como estádio de treino das seleções, caso Brasília seja escolhida como uma das sedes do evento. Com mais propaganda do que fato – como todas as ações do GDF –, foi realizado um amistoso entre Brasil e Portugal para reinaugurar o estádio.

Num simples amistoso o Governo do Distrito Federal teria – verbo no futuro do pretérito, pois, até agora, são somente suspeitas – a audácia de cometer várias irregularidades, o que dizer se a capital do país se tornar uma das sedes da Copa? Particularmente, tenho receio de que o evento mundial sirva para os corruptos deitar e rolar no dinheiro público.

Por morar aqui, eu gostaria muito que o Distrito Federal recebesse os jogos da Copa, mas fiquei desanimado depois de ter ouvido a notícia da CBN. Por isso, o Ministério Público e o Tribunal de Contas têm que ficar atento para evitar que alguns roedores de dinheiro público não estraguem a festa, tanto em âmbito local, quanto nacional.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Carta aberta aos jornalistas do Brasil

Texto escrito pelo jornalista Leandro Fortes em 19 de março de 2009



No dia 11 de março de 2009, fui convidado pelo jornalista Paulo José Cunha, da TV Câmara, para participar do programa intitulado "Comitê de Imprensa", um espaço reconhecidamente plural de discussão da imprensa dentro do Congresso Nacional. A meu lado estava, também convidado, o jornalista Jailton de Carvalho, da sucursal de Brasília de O Globo. O tema do programa, naquele dia, era a reportagem da revista Veja, do fim de semana anterior, com as supostas e "aterradoras" revelações contidas no notebook apreendido pela Polícia Federal na casa do delegado Protógenes Queiroz, referentes à Operação Satiagraha. Eu, assim como Jailton, já havia participado outras vezes do "Comitê de Imprensa", sempre a convite, para tratar de assuntos os mais diversos relativos ao comportamento e à rotina da imprensa em Brasília. Vale dizer que Jailton e eu somos repórteres veteranos na cobertura de assuntos de Polícia Federal, em todo o país. Razão pela qual, inclusive, o jornalista Paulo José Cunha nos convidou a participar do programa.

Nesta carta, contudo, falo somente por mim.

Durante a gravação, aliás, em ambiente muito bem humorado e de absoluta liberdade de expressão, como cabe a um encontro entre velhos amigos jornalista, discutimos abertamente questões relativas à Operação Satiagraha, à CPI das Escutas Telefônicas Ilegais, às ações contra Protógenes Queiroz e, é claro, ao grampo telefônico - de áudio nunca revelado - envolvendo o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres, do DEM de Goiás. Em particular, discordei da tese de contaminação da Satiagraha por conta da participação de agentes da Abin e citei o fato de estar sendo processado por Gilmar Mendes por ter denunciado, nas páginas da revista CartaCapital, os muitos negócios nebulosos que envolvem o Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), de propriedade do ministro, farto de contratos sem licitação firmados com órgãos públicos e construído com recursos do Banco do Brasil sobre um terreno comprado ao governo do Distrito Federal, à época do governador Joaquim Roriz, com 80% de desconto.

Terminada a gravação, o programa foi colocado no ar, dentro de uma grade de programação pré-agendada, ao mesmo tempo em que foi disponibilizado na internet, na página eletrônica da TV Câmara. Lá, qualquer cidadão pode acessar e ver os debates, como cabe a um serviço público e democrático ligado ao Parlamento brasileiro. O debate daquele dia, realmente, rendeu audiência, tanto que acabou sendo reproduzido em muitos sites da blogosfera.

Qual foi minha surpresa ao ser informado por alguns colegas, na quarta-feira passada, dia 18 de março, exatamente quando completei 43 anos (23 dos quais dedicados ao jornalismo), que o link para o programa havia sido retirado da internet, sem que me fosse dada nenhuma explicação. Aliás, nem a mim, nem aos contribuintes e cidadãos brasileiros. Apurar o evento, contudo, não foi muito difícil: irritado com o teor do programa, o ministro Gilmar Mendes telefonou ao presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, do PMDB de São Paulo, e pediu a retirada do conteúdo da página da internet e a suspensão da veiculação na grade da TV Câmara. O pedido de Mendes foi prontamente atendido.

Sem levar em conta o ridículo da situação (o programa já havia sido veiculado seis vezes pela TV Câmara, além de visto e baixado por milhares de internautas) , esse episódio revela um estado de coisas que transcende, a meu ver, a discussão pura e simples dos limites de atuação do ministro Gilmar Mendes. Diante desta submissão inexplicável do presidente da Câmara dos Deputados e, por extensão, do Poder Legislativo, às vontades do presidente do STF, cabe a todos nós, jornalistas, refletir sobre os nossos próprios limites. Na semana passada, diante de um questionamento feito por um jornalista do Acre sobre a posição contrária do ministro em relação ao MST, Mendes voltou-se furioso para o repórter e disparou: "Tome cuidado ao fazer esse tipo de pergunta". Como assim? Que perguntas podem ser feitas ao ministro Gilmar Mendes? Até onde, nós, jornalistas, vamos deixar essa situação chegar sem nos pronunciarmos, em termos coletivos, sobre esse crescente cerco às liberdades individuais e de imprensa patrocinados pelo chefe do Poder Judiciário? Onde estão a Fenaj, e ABI e os sindicatos?

Apelo, portanto, que as entidades de classe dos jornalistas, em todo o país, tomem uma posição clara sobre essa situação e, como primeiro movimento, cobrem da Câmara dos Deputados e da TV Câmara uma satisfação sobre esse inusitado ato de censura que fere os direitos de expressão de jornalistas e, tão grave quanto, de acesso a informação pública, por parte dos cidadãos. As eventuais disputas editoriais, acirradas aqui e ali, entre os veículos de comunicação brasileiros não pode servir de obstáculo para a exposição pública de nossa indignação conjunta contra essa atitude execrável levada a cabo dentro do Congresso Nacional, com a aquiescência do presidente da Câmara dos Deputados e da diretoria da TV Câmara que, acredito, seja formada por jornalistas.

Sem mais, faço valer aqui minha posição de total defesa do direito de informar e ser informado sem a ingerência de forças do obscurantismo político brasileiro, apoiadas por quem deveria, por dever de ofício, nos defender.

sábado, 21 de março de 2009

As vicissitudes da vida são imprevisíveis, inclusive, na política


Dando prosseguimento às atualizações semanais, quero lhe contar, amigo leitor, uma conversa que tive ontem, quando visitei ex-colegas de trabalho.

Na ocasião, eu estava passando pela Explanada dos Ministérios justamente na hora do meu almoço. Fui ao Ministério das Comunicações. Lá, me disseram que o restaurante só abre às 13h, como ainda era 12h, lembrei dos meus colegas que trabalham no ministério ao lado.

Como sempre, liguei para um deles e perguntei como estava o local. Ele me disse que estava acontecendo uma confraternização e ainda me fez o convite para ir até lá. “Eu já estou no prédio. Pode me aguardar aí, pois estou precisando almoçar”, respondi.

Era o aniversário de uma pessoa que eu não conhecia, mas não teve problemas porque ela foi muito simpática. Desejei-lhe feliz aniversário e fui à mesa. Aliás, a ordem não foi bem essa. Fui à mesa e desejei-lhe, depois, feliz aniversário. Não importa. Neste caso, a ordem dos fatores não altera minha... digamos... história.

Na mesa tinha muitos sanduíches. Muitos recheados com geleia de uva, presunto e queijo. Havia uma caixinha de suco. A cor era amarela, mas o sabor não consegui identificar. Eu também não olhei na embalagem o sabor que ele deveria ser... Também tinha na mesa um daqueles bolos de padaria. Era de trigo e chocolate, uma delícia!

Enquanto me fartava, conversei com os colegas sobre diversos assuntos, inclusive, política. Acho que eles não concordaram com minha opinião – é muito difícil eles concordarem com o que digo. Eu também não concordei com muita coisa que eles falaram, mas, sinceramente, dou razão a eles sobre algumas coisas.

Depois que eu afirmei para uma colega que minha única certeza sobre as eleições de 2010 era a de que a ministra do Lula, Dilma Rousseff, era a candidata do PT para as eleições presidenciais, ela disse que eu não poderia afirmar isso porque, em política, “dorme branco, acorda preto, vai almoçar verde e janta vermelho”. Quer dizer, tudo pode mudar de uma hora para outra.

Sabe de uma coisa, estimado leitor, ela tem razão. Realmente as vicissitudes da vida são imprevisíveis, inclusive, na política. Eu não descarto, portanto, a possibilidade de acontecer algum imprevisto e melar a candidatura da mãe do PAC. Mesmo assim, até agora, que ela é a candidata isso ninguém pode negar.

A morosidade dos processos de crimes eleitorais

Apesar da vergonhosa situação do Senado ter pautado a política nacional na semana que passou, desejo aqui falar sobre outro assunto – e que também não deixa de ser vergonhoso para o país, diga-se de passagem.

Estou falando da morosidade que os tribunais eleitorais tratam os processos de crimes eleitorais. Isso prejudica a democracia. Veja o caso do governador cassado Cássio Cunha Lima (PSDB-PB). Somente agora, dois anos depois de assumir o cargo, ele sai do governo. Quer dizer, o político que legitimamente foi escolhido por meio do voto perdeu dois anos. Isso é um absurdo.

Felizmente esse problema já começou a ser discutido na Câmara. Assista abaixo o pronunciamento do deputado federal Geraldo Magela (PT-DF) sobre o assunto:

sábado, 14 de março de 2009

De estudante para jornalista (“foca”)

Olá, estimados leitores! Como vocês podem observar abaixo, estou de volta. Ainda não posso atualizar este blog todos os dias, mas, pelo menos, uma vez no sábado ou no domingo. Outra coisa. O Blog do Paraíso está de cara nova. Mudei a aparência do Blog porque eu também mudei. De estudante para jornalista. Está certo que eu não tenho experiência. Sou ainda um “foca” – odeio esse nome. Mas farei o possível para ser um bom profissional.

Até mais!

Campanha para 2010 começa com muitas incertezas


A campanha para as eleições de 2010 já começou, ainda que informalmente. Tanto em âmbito nacional, quanto local, as articulações para formar as alianças tiveram início. Quem está com o governo, mas insatisfeito, começa a procurar seu lado. No entanto, é muito arriscado afirmar alguma certeza – com exceção da candidata do presidente Lula, é claro.

Veja o caso do Distrito Federal (DF), por exemplo. Eu não me arrisco em dizer quem vai ser o candidato do PT. Parece que existe no Partido uma indecisão entre o deputado federal Geraldo Magela e o ex-senador Agnelo Queiroz. Também não me arrisco em dizer se o ex-governador Joaquim Roriz (PMDB) vai ser candidato. Uns dizem que sim. Se isso acontecer, tenho medo de ele fazer o que fez depois que foi eleito senador. Renunciou e deixou o cargo para Gim Argello (PTB). Está certo que a manobra foi executada para ele não ser cassado, mas, antes disso, eu já tinha ouvido que o plano era esse mesmo. Logo, isso pode repetir da seguinte maneira: Roriz se candidata e, depois de eleito, deixa o governo para sua filha, a deputada distrital Jaqueline Roriz (PSDB), que seria vice na chapa do pai.

Outra possibilidade é de o PT formar uma chapa com o PMDB. Assim, Jaqueline seria vice não do pai, mas do candidato petista – para isso ela teria que sair do PSDB, é claro. Mas até agora não dá para saber se isso vai acontecer.

No âmbito nacional, conforme escrito acima, a única certeza é a de que o presidente Lula já escolheu seu sucessor, quero dizer, sucessora. Ministra do Lula, mãe do PAC e Dilma Rousseff são sinônimos da candidata à presidência da república que Lula, finalmente, conseguiu emplacar no PT. As tendências do Partido já começaram a manifestar apoio à ministra do Lula – chamo ministra do Lula porque, se ela quiser vencer, tem que ligar seu nome ao do presidente recordista em aprovação popular.

Apesar da certeza em torno do nome de Dilma, há coisas que não podem ser previstas. Por exemplo, o vice da mãe do PAC vai ser realmente do PMDB ou os peemedebistas ficarão com a oposição? Além de Dilma, o governo vai ter outro candidato? E a oposição? Seu candidato será o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), ou o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB)? Com isso, estimado leitor, quero dizer que há muitas incertezas. O jeito mesmo e acompanhar o noticiário e esperar para ver.

Você conhece a ministra do Lula?



Veja o vídeo da resposta história que a ministra do Lula, Dilma Rousseff, deu ao senador Agripino Maia (DEM-RN), ano passado, depois que ele, tentando ser esperto, questionou se a ministra também iria mentir na comissão, assim como fez durante a ditadura. Dilma aparece no vídeo antes da turbinada que ela deu na aparência, mesmo assim, vale a pena assistir novamente.

Propaganda política sem políticos


Não posso deixar de comentar aqui a propaganda política de 10 minutos que foi ao ar na quinta-feira, 12 de março. Se estou certo, foi a primeira propaganda política sem políticos. Talvez isso tenha acontecido pelo fato de o PMDB ter muitos políticos e o tempo não ser suficiente para, pelo menos, a metade aparecer. Desconheço a razão do vídeo não ter mostrado sequer o presidente do partido. No entanto, reconheço que o vídeo ficou muito legal. Somente artistas apareceram para falar sobre o PMDB. Eram personagens que representaram o povo brasileiro. Baiana, gaúcho, nordestino, capoeirista. Acho, portanto, que é uma lição a ser seguida.