Blog do Paraíso: maio 2008

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Lula adota nova estratégia


O presidente Lula afirmou que vai esperar passar as eleições para prefeito e para vereador para continuar o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) nas diversas cidades de todo o Brasil. Amigo leitor, o que você consegue ler nas entrelinhas? A questão fica menos difícil para o leitor de boa memória. Qual era antes o discurso do presidente Lula? Ele dizia que, mesmo no período eleitoral deste ano, iria continuar viajando o país para lançar as obras do PAC porque o povo não pode esperar e que o Programa não é eleitoreiro. O leitor que lembrou desse episódio logo notou que a medida recente do presidente é estranha. E por que Lula mudou de idéia? É por que ele é uma metamorfose ambulante? Ou ele caiu na real que o PAC é, sim, eleitoreiro? Não é nada disso. Ele provavelmente foi aconselhado pelos seus assessores a baixar a bola. Provavelmente Lula foi informado de que a oposição iria atacar o governo, quando os ministros, no palanque, fossem discursar elogiando as ações do presidente. Preocupado com 2010, Lula, portanto, resolveu não correr esse risco. É ou não é elementar, meu caro... Leitor?

Os outros


Já disse que quando olho para um índio aculturado sinto um profundo pesar. Acredito que eles têm todo o direito de viver isolado, com sua cultura. As tribos que já foram invadidas pela cultura do “homem branco” (e também negro), já eram. Não têm mais jeito. Mas que se preserve, pelo menos, o direito deles continuar vivendo em reservas florestais. Agora, os grupos indígenas que ainda não foram maculados têm que ser preservados. É o caso dos índios do Acre, fotografados recentemente pela primeira vez. Como se pode observar na foto acima, alguns integrantes do grupo atacaram o avião do responsável pelas fotos, o coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental da Funai, José Carlos dos Reis Meirelles Júnior. Pelo corpo pintado, dá para notar que eram os guerreiros da tribo. A atitude deles é totalmente compreensível. Usaram sua tecnologia mais avançada para afastar a ameaça. Se fôssemos nós, o “mundo civilizado”, faríamos o mesmo. Quer ver? Imagine que extraterrestres, muito mais avançados que nós, resolvessem fazer uma visitinha ao planeta terra. Acredito que muita gente maluca ia perder o juízo, sair correndo pelado, rasgar dinheiro, enfim, iria fazer muitas loucuras. Suponha-se também que os humanos se sentissem ameaçados, afinal, o que é desconhecido geralmente dá medo. Qual seria a providência? Usar toda tecnologia para se proteger. Mas se, infelizmente, não desse certo? Se nosso ataque não causasse nem se quer arranhão aos “invasores”? Provavelmente os extraterrestres ririam da nossa cara. “Coitados. Estão tentando nos atingir com uma arma medieval”, diriam eles. Como se pode perceber, a cultura dos “outros” só é compreendida quando nos colocamos no lugar deles.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Corretivo


“Ô menino burro!!”, dizia meu pai, já sem nenhuma paciência, quando eu estava na primeira série do ensino fundamental. Na época, eu, então com sete anos, não sabia escrever o número cinco (5) de maneira correta (veja na imagem ao lado como eu escrevia o cinco). Achava ele bastante parecido com o dois. A professora, quando percebeu, disse para o meu pai: seu filho tem que aprender como se faz o número cinco. Em casa, ele tentou me ensinar. Ele fazia o número da maneira correta. Apagava com a borracha e, depois, pedia para eu fazer. Só que eu esquecia como era o correto e errava. Meu pai tentou várias vezes. Só que eu não aprendia. Então ele perdeu a paciência. Queria até me bater. Não sei se chegou a me dar um tapa na orelha, como tinha o costume. Acho que ele deu, pois fiquei chorando. Agora me lembro. Depois de muitas tentativas, ele falou que, se eu errasse mais uma vez, me daria um tapa “no pé do ouvido”. Eu me concentrei e... Não teve jeito, levei um tapa. Fiquei chorando e disse que não queria mais que ele me ensinasse. Aprender a fazer o número cinco de maneira correta foi uma coisa bastante complicada. Pensei que nunca iria aprender. Houve outras coisas que eu também tive dificuldades de aprender. Por exemplo, ler. Costumo dizer que aprendi a ler na primeira série, mas na segunda, veja só, esqueci. Esqueci como se lia. É impressionante, você não acha? Mas foi isso que aconteceu. E quem me ajudou a refrescar a memória? Meu pai. Depois de uma reunião de pais e mestre, ele ficou sabendo que eu ia muito mal na escola. Se não me engano, foi a última reunião que ele foi. Ele ficou com vergonha e com muita raiva, quando soube do meu mau rendimento. Decidiu, portanto, nunca mais ir às reuniões de pais e mestre. Além disso, ele me colocou de castigo – ajoelhado no canto da parede – e me ameaçou: “se você não melhorar, o castigo vai ser pior. Você vai ficar ajoelhado em cima de milhos. E se você reprovar, vou te dar uma surra, seu moleque”. As ameaças do meu pai foram como um milagre de Jesus. Mudei da água para o vinho. Fico imaginando se meu pai fosse diferente. Se em vez de me castigar e ameaçar, me dissesse: “filhinho querido! Filhinho do coração!! Se você passar de ano, eu te dou um vídeo game”. Não sei como seria. Só sei que agradeço até hoje pelo corretivo.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

O deboche é o humano


Amigo leitor, por favor, diga-me o que nesta vida não é um deboche? Este blog é um deboche. Feito por um estudante debochado, o que o torna também um deboche. O leitor, que me perdoe, também é um deboche, quando ler textos debochados de um debochador. Mas... O que é um deboche? É uma brincadeira? Ironia? Escárnio? Zombaria? Que nada! O deboche é o humano. Tudo no ser humano é debochado. O amor e o ódio. A dor e o prazer. A vida e a morte. Os pés, as mãos, a barriga, o rosto, o cabelo, o pênis, a vagina. O sexo. Os filhos. A família. As casas. Os carros. A cultura. O dinheiro. Tudo!! Cheguei a essa conclusão numa bela tarde debochada. Ouvindo o barulho de um transporte público, que não passa de um deboche de mau gosto, comecei a refletir sobre o que não é um deboche. E percebi: não há nada que não seja debochado. Veja a língua portuguesa? Há! Há! Há! Que deboche!! É a uma das línguas mais difíceis do mundo. E a língua inglesa? É uma das mais fáceis. Só que eu não sei falar... Viu? Deboche! Quer outro exemplo? Veja o título do post que coloquei abaixo. “A Floresta Amazônica é nossa. Só nossa!”. Como nossa? Nunca fui lá. Não tenho terreno lá. Para falar a verdade não tenho nem aonde cair morto. Como a Floresta Amazônica pode ser minha? Sou, portanto, um gaiato. Laranja. Não passo de um laranja. Da mesma forma quem comprou, através do site da ONG inglesa, um pedaço da Floresta Amazônica. Da mesma forma os soldados que morreram nas guerras mundiais. Da mesma forma os americanos enviados para a guerra no Iraque. Quem foi que disse que eles usufruirão do petróleo pilhado lá? Está vendo, estimado leitor? É ou não é uma situação debochada. Este texto não fica para trás.

Imperialistas de plantão, criem vergonha na cara!!


Não sou a favor de guerras. Sou extremamente contra. Mas a notícia que me motivou escrever o último comentário me deixou puto. Quero esclarecer que não sou nenhum subversivo, apenas realista. A hipótese de terceira guerra mundial que faço é com base no passado. Isso mesmo. É só dar uma olhadinha no passado que você, amigo leitor, me dará razão. As duas grandes guerras mundiais foram por causa do imperialismo. O imperialismo começou quando a primeira nação despótica invadiu a África e a Ásia com o pretexto de civilizá-las. O assassinado do arquiduque austríaco, Francisco Ferdinand, também foi uma desculpa esfarrapada para acertar as contas de quem ficaria com os terrenos das nações invadidas. Já Segunda Guerra Mundial foi, nada mais, nada menos, que a revanche. É lamentável e vergonhoso essa página da história humana. Torço para que ela nunca mais se repita. Imperialistas de plantão, criem vergonha na cara!!

A Floresta Amazônica é nossa. Só nossa!


Esta semana vi uma curiosa notícia. A ONG inglesa Cool Earth está vendendo em seu site pedaços da Floresta Amazônica. O idiota que estiver interessado paga 45 libras (R$150) por 2 mil metros quadrados. Digo idiota porque somente um idiota pode comprar algo que não está à venda e que é vendido por quem não é o dono. Quem comprar o terreno oferecido pela ONG inglesa é capaz, veja só, de comprar um terreno na Lua. Ou, pior ainda, de comprar a ponte do Brooklyn, em Nova Iorque. Reza uma lenda urbana que os novaiorquinos, quando encontram um turista estúpido, vendem a ponte do Brooklyn. Acredito que um dos fundadores da Cool Earth, o sueco Johan Eliasc, é capaz de comprar a ponte do Brooklyn, pois ele disse, de acordo com o portal Imprensa, que comprou sozinho um pedaço da Amazônia do tamanho de Londres. Para completar a dose, ele defende que outras pessoas façam o mesmo. Só de pensar que um gênio desses presta consultoria ao primeiro-ministro da Inglaterra, Gordon Brown, dá até medo. Daqui veremos no noticiário que Johan Eliasc comprou a Lua. Sei de uma coisa, querem ver a terceira guerra mundial? Pois bem. Continuem com essa história de internacionalização da Floresta Amazônica, bando de imperialistas safados!

terça-feira, 27 de maio de 2008

Problemas para o governo Arruda resolver até 2010 – Final


Até 2010, o governo Arruda tem que resolver todos os problemas apresentados pelo jornalista Darse Júnior em seu livro. Se não o fizer, não merece ser reeleito. O vice-governador Paulo Otávio, por sua vez, tem que autorizar Darse a escrever o segundo volume de sua obra para contar o que foi feito. Caso contrário, estará deixando de lado sua hombridade. Mostrará também que permitiu seu assessor a escrever sobre a gestão anterior para prejudicá-la. Pura politicagem. Já o jornalista Darse Júnior, se quiser ser cunhado como tal, não pode medir esforços. Ao receber a autorização do seu chefe para dar prosseguimento ao seu projeto, terá que dar prosseguimento, mostrando seu comprometimento com a sociedade. Essas são as conclusões que cheguei ao terminar de ler o livro de Darse. E tem mais. Conclui também que Joaquim Domingos Roriz não deve nunca mais ser governador do Distrito Federal (DF). Nem ele e nem qualquer um de seus aliados, diga-se de passagem, Maria de Lourdes Abadia. Mas se Roriz se candidatar, tenho quase certeza, que, infelizmente, ele vai ser eleito. Todas as pessoas que receberam lotes, na época que Joaquim era governador, se sentem em dívida com ele. E, para mostrar agradecimento, votarão em Roriz. É lamentável. Mas ainda bem que o leitor do Blog do Paraíso, depois dessa séria de comentários, já está bem informado e saberá muito bem o que fazer com seu voto em 2010. Portanto, missão cumprida!!

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Problemas para o governo Arruda resolver até 2010 – Parte VI

Nos últimos meses de 2003, finalmente consegui meu primeiro estágio. Na época, tinha acabado de cursar o segundo ano do ensino médio e estava ingressando no terceiro e último ano do curso. Fiscal de pesquisa mercadológica era minha função no meu primeiro emprego. Tinha que ficar quatro horas em pé, dentro de uma loja, avaliando o atendimento, a organização do espaço e a limpeza, além de registrar todas as vendas. O expediente começava às 18h e acabava às 22h. Entrei de férias na escola e acabei encontrando meu segundo estágio. O destino é irônico. Há uma época que você procura e não encontra, mas depois que você consegue o primeiro, já era. Chove de oportunidades. Alguns colegas comparam essa situação com um cara solteiro. Ele fica anos sem ninguém, mas, quando consegue uma namorada, aparece um monte de pretendentes. Como o expediente do meu segundo emprego era de 8h às 17h, resolvi ficar nos dois até as aulas recomeçarem. Sei de uma coisa. Era uma canseira enorme. Aos 15 anos e com uma jornada de 12h. Quando as aulas retornaram, tive que escolher entre os dois. Se ficasse no estágio de fiscal, minha jornada seria de apenas 9h e eu estudaria no turno da manhã, cujo ensino era melhor, na escola que eu estudava. Mas se eu ficasse no meu segundo estágio, teria que estudar à noite, horário que o ensino é pior. Por qual optei? Pelo emprego de 4 horas, é claro. Só que um colega do serviço de período integral me fez mudar de idéia. Então, voltei atrás e fui estudar à noite. O argumento que me persuadiu foi econômico. Meu colega disse que eu iria me arrepender, pois eu não encontraria tão fácil e tão cedo um estágio em uma empresa que pagasse tão bem quanto a Companhia Energética de Brasília, a CEB. Além da bolsa de R$ 260 e do vale transporte, eu recebia tíquete de alimentação que somava R$ 260. Para um estudante como eu, era uma fortuna na época. Se não me engano o valor da bolsa era R$ 20 acima do valor do salário mínimo. Apesar das benesses, a área que eu trabalhava era a que tinha mais serviço, de acordo com meus colegas. O meu cargo na Comissão Permanente de Licitação da CEB era de office-boy, ou seja, faz tudo. Tirar xérox, enviar correspondência, carimbar processos, levar processos, fazer cafezinho, servir cafezinho, enfim, pau para toda obra. Durante os 10 meses que fiquei lá, ouvi vários boatos. Diziam que a sede da empresa, lá na 904 sul, seria vendida para pagar uma parte da dívida da CEB, que estava devendo tantos milhões. Eu, lotado na área por onde passava todo o dinheiro, simplesmente não entendia como a Companhia conseguiu se atolar em dívidas. Ouvi o boato de que ela seria até privatizada, pois só dava prejuízo. Mesmo assim, ao observar as licitações bilionárias da CEB, eu continuava sem entender como uma empresa daquela conseguia dar prejuízo. Naquele ano, a coisa apertou tanto que a diretoria da Companhia resolveu fazer contenção de despesas. A gratificação dos meus colegas foi o primeiro alvo. Eles perderam a gratificação recebida pela função. O salário deles, portanto, caiu de R$ 3 mil para R$ 2 mil. Mas a medida não só os atingiu. De uma só vez, a CEB mandou embora 130 estagiários, dentre eles, eu. E só agora, quatro anos depois, lendo o livro do jornalista Darse Júnior é que estou entendendo, mais ou menos, o problema da CEB. No final de 2006, a Companhia calculava uma dívida de R$ 400 milhões. Para saldar uma pequena parte da dívida, a CEB pretendia vender seu almoxarifado por, no mínimo, R$ 46,4 milhões. “O documento que previa a concorrência pública ainda determinava que o comprador dessa propriedade teria a obrigação de alugá-la para o governo por três anos renováveis por mais três, a uma anuidade de R$ 370 mil”, escreve Darse. Vocês entenderam a medida estúpida que a gestão da Companhia queria tomar? Ela queria vender seu patrimônio para depois pagar pelo aluguel dele. Agora eu entendo porque a CEB está atolada em dívidas. Provavelmente, medidas irracionais, como essa, foram tomadas várias vezes. O governador José Roberto Arruda, entre 1975 e 1979, trabalhou como engenheiro, concursado, da CEB. Ele deve ter noção dos problemas que acontecessem lá. Até 2010, os eleitores estarão esperando dele uma solução para a má gestão da Companhia. Eu não sei se a venda do território na 904 sul, no dia 16 de maio deste ano, faz parte de uma nova gestão responsável. Pelo valor de R$ 59,66 milhões, a CEB vendeu o território onde funcionava sua sede e a associação dos trabalhadores da companhia. A venda foi direta porque quem comprou o terreno foi a estatal Eletronorte. Provavelmente, o vice-governador Paulo Otávio autorizará o jornalista Darse a contar, na segunda edição do livro dele, os detalhes dessa medida e tudo que foi realizado durante o governo Arruda. Mas isso é assunto para o próximo post. Não perca o último comentário sobre o livro de Darse Júnior.

sábado, 24 de maio de 2008

Problemas para o governo Arruda resolver até 2010 – Parte V


A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (DF) recebeu, em 2006, R$ 1,78 bilhão. De acordo com o jovem jornalista Darse Júnior, somente 1,5% desse montante foi empregado para investimentos, como a compra de equipamentos. O resto do dinheiro, se é que R$ 1,75 bilhão pode ser chamado de resto, foi empregado na folha de pagamento e na manutenção da máquina administrativa (Secretaria de Saúde). Bom. Então isso quer dizer que estão investindo em capital humano. Os médicos, por exemplo, devem estar satisfeitos, ganhando bons salários. Há! Há! Há! É o mesmo que acreditar em Papai Noel. Darse revela em seu livro que os médicos da rede pública de saúde atendem 1,7 pacientes em quatro horas. Número vergonhoso, se comparado com o que o Ministério da Saúde recomenda: quatro pacientes por hora. “Relato de um médico recém-formado, concursado e lotado no Hospital do Paranoá revela a gravidade da situação. Nos primeiros dias do novo serviço, ele montou um cronograma de atendimento com previsão de 15 novas consultas por dia e quatro retornos de pacientes antigos. A diretoria local, também motivada e nova no cargo, aprovou. Ordens superiores, no entanto, reduziram o número de atendimentos. Ele não podia trabalhar tanto, para não desmascarar o corpo mole dos colegas de outras regionais”, escreve Darse Júnior. Isso era o que acontecia em 2006, e hoje, dois anos depois? Gente, é só observar as filas enormes que ainda persistem. Quer dizer, o problema ainda não foi resolvido... Não perca o penúltimo post da série: CEB – Companhia Esbanjadora de Brasília.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Problemas para o governo Arruda resolver até 2010 – Parte IV


Como se não bastasse o caos dos ônibus velhos e irregulares, Darse revela em seu livro como a corrupção do Banco Regional de Brasília (BRB) contribuiu para piorar a vida do trabalhador que utiliza o transporte público. Segundo Darse, as empresas de ônibus transferem para o Governo do Distrito Federal (GDF) 3,846% do valor das passagens recebidas. Está aí um imposto que eu não sabia. E ele serve para que? Para ser investido na pior coisa que existe no DF: o transporte público. Mas não foi isso que aconteceu em 2006, não se sabe se a história se repetiu em 2007. De acordo com o GDF, a taxa rende aos cofres públicos R$ 1,6 milhões por mês. Mas como naquele ano as vans ainda circulavam, o número era de R$ 2 milhões por mês. Pois é. Para onde foi essa bolada? Foi amarada no rabo do coelho? Quase isso. Conforme o livro de Darse, R$ 16,4 milhões foram depositados no BRB, que não repassou o dinheiro para o GDF, isso até o final do ano de 2006. Apesar de ter lançado o livro no segundo semestre de 2007, o jovem jornalista não informa se o GDF já recebeu a bolada. A propósito, tem alguém aí do Tribunal de Contas? No próximo post, entenda o porquê das enormes filas nos hospitais da rede pública.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Problemas para o governo Arruda resolver até 2010 – Parte III


Só tive conhecimento do livro do jornalista Darse Júnior semana passada, quando ele foi em minha sala de aula dar uma palestra sobre seu trabalho como assessor de imprensa do vice-governador Paulo Otávio. No final do debate, Júnior distribuiu aproximadamente 25 livros para uma turma de 40 alunos. Ele não trouxe para todos porque os demais exemplares foram vendidos. Ao saber do conteúdo do livro, tive que reconhecer que Darse é um grande jornalista, verdadeiramente comprometido com a sociedade. O seguinte trecho da apresentação da obra explica melhor o que quero dizer: “Os documentos oficiais levados á equipe de transição traziam consigo um retrato do Governo do Distrito Federal. Sentia pulsar a necessidade de repassar as informações recebidas aos colegas repórteres. A condição de assessor de imprensa, no entanto, me atava. Estava impedido de tornar público qualquer dado, por mais revelador que fosse. Em meio ao conflito interior, surgiu a idéia de escrever um livro com os informes levados ao governo eleito.” Felizmente a idéia de Darse foi aprovada pelo seu chefe. E agora está sendo comentada no Blog do Paraíso. Não perca o próximo comentário sobre o BRB da corrupção.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Não é mais um chavão: que país é esse?


Minha filha não vê, não ouve e não anda. Tenho que cuidar dela e de mais dois filhos pequenos sozinha, meu marido me deixou. Estou desempregada, gente. Por isso tenho que ficar me humilhando. Uma moedinha qualquer serve, gente. Por favor, me ajude. A voz aguda que pronuncia a sentença acima comove. Uma, duas, três pessoas ajudam. Antes dela desembarcar, pelo menos, mais cinco passageiros contribuem. Todos ali viram o rosto da menina carente, cuja situação a mãe descreve de maneira sensacionalista. Ainda que a foto seja pequena, todos viram. Mas ninguém sabe se ela realmente existe. Se sua história é de verdade. Quem contribuiu, foi na fé. E quem não contribuiu, pelo menos, refletiu. E a seguinte questão deixa de ser mera letra de música: que país é esse? Onde pretendemos chegar com tamanha desigualdade social? A história da mãe anônima e desesperada se repetirá diante de outros passageiros. A voz e a história poderão se outras. Os personagens poderão ser diferentes, mas o problema continuará o mesmo. Pedir esmola, acredito, é a atitude desesperadora. É a última estância. Quando comecei a trabalhar e a andar pelo centro da cidade, tinha o costume de dar esmola para quem me pedia. Então cristão fervoroso, sentia-me que estava fazendo, nada mais, nada menos, que minha obrigação. Porém, parecia que o número de pedintes só aumentava. E, deixando o lado emocional, racionalmente descobri que, se continuasse a dar esmola, logo estaria na mesma situação deles, dos pedintes. O problema tem que ser combatido na raiz. Se a corrupção acabar, o dinheiro poderá chegar aonde tem que chegar e as coisas poderão melhorar.

Problemas para o governo Arruda resolver até 2010 – Parte II


Em 2006, 80% da frota de ônibus não tinham passado por processo licitatório e 65, 68% dos carros estavam com idade superior à autorizada, portanto, caindo aos pedaços. Dois anos depois, o que mudou? O Governo do Distrito Federal (GDF) realizou somente uma licitação e foi porque a empresa de ônibus Viplan não cumpriu a determinação de substituir menos de 10% dos seus ônibus. De acordo com informações fornecidas por Darse, a Viplan deveria trocar 75,12% de sua frota, ou seja, retirar de circulação 480 ônibus velho. Mas o GDF só cobrou menos de 10% e, mesmo assim, não foi atendido. As demais empresas de ônibus continuam circulando sem licitação e com ônibus velho. A empresa Condor, por exemplo, em 2006 possuía 97,62% da frota aindo os pedaços (fora do prazo de validade). A empresa Planeta, em 2006, tinha 54,07% dos ônibus velho. Parece pouco. Mas se consideramos que o número representa 339 ônibus, não é. A situação piora com a empresa Lotaxi, com 96,67% da frota vencida. A empresa Rápido Brasília tinha naquele ano 77,14% dos ônibus vencidos. A Riacho Grande, em 2006, possuía 58,73 de ônibus velho. Já a São José, 59,53% da frota vencida. Também em 2006, a empresa de ônibus Satélite estava com 54,58% da frota vencida. A TCB, pior de todas, tinha no final do mandato do governo Roriz 100% de ônibus velho. A empresa Viva Brasília deveria ter trocado 59,56% da frota. Ufa! Por fim, a empresa Veneza, com 89,74% de ônibus velho. Como se pode observar nas ruas a olho nu, o GDF não trocou nem a metade. (Não perca o próximo comentário: como o livro de Darse Júnior foi parar nas mãos do Paraíso?).

terça-feira, 20 de maio de 2008

Problemas para o governo Arruda resolver até 2010 – Parte I


Em 2008, a Constituição Brasileira de 1988 completa 20 anos. Ela assegura aos cidadãos o direito de ir e vir. No entanto, os moradores do Distrito Federal que usam o transporte público perderam esse direito. Eu, por exemplo, não pude sair de casa hoje por falta de ônibus. Os rodoviários deflagraram greve nesta terça-feira, pela manhã. Eles têm o direito de lutar por melhores condições de trabalho. Só que eu ainda não entendo por quê elas ainda não melhoraram, pois o Governo do Distrito Federal (GDF) já acabou com o transporte pirata e com todas as vans dos Sistema de Transporte Público Alternativo de Condomínios (STPAC). A medida fez aumentar o Índice de Passageiro por Quilômetro (IPK) em 30%. Esperava-se, portanto, que o valor da passagem, a mais cara do Brasil, descesse. Não foi isso que aconteceu. Ela continua R$ 3. Bom. Se o valor da passagem não diminuiu, para onde foi o dinheiro a mais? Para melhorar as condições de trabalho dos rodoviários tenho certeza de que não foi, afinal, eles acabaram de fazer uma greve relâmpago. Pelo jeito, o GDF não está fazendo praticamente nada para solucionar os problemas descritos no livro do jornalista Darse Júnior. Com 182 páginas e oito capítulos, o livro “Reconstrução do Buriti – aliança, vitória, transição e governo” traz números reveladores do caos que o ex-governador Joaquim Domingos Roriz deixou para seu sucessor José Roberto Arruda. O atual governador do DF já foi homem de confiança de Roriz. Durante o governo de Joaquim, Arruda ocupou o Gabinete Civil do Buriti e a Secretaria de Obras. Apesar dos números reveladores, o livro de Darse peca em não mostrar informações sobre a educação. Outra coisa ruim, a propaganda que o jovem jornalista faz de seu patrão, o vice-governador Paulo Otávio. Nada neste mundo é perfeito. A obra de Darse, no entanto, não será esquecida tão cedo. Lançada no final do ano passado, o livro de Júnior é um documento importantíssimo. Ele muni o eleitor com informações que servem de parâmetros de cobrança da atual gestão da máquina pública. Assim como a saúde e a habitação, o transporte público recebe um capítulo. Mas... Quais são as revelações que as 15 páginas do capítulo Transporte no Buraco trazem? Não perca o próximo comentário sobre o livro de Darse Júnior, que deveria se chamar “Problemas para o governo Arruda resolver até 2010”.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Detone o Rato


Fundador da Microsoft, em parceria com Paul Allen, Bill Gates não é bem-vindo no site do Yahoo!, pelo menos na seção “Games”. Quem já jogou “Detone o Rato”, sabe do que estou falando. A foto ao lado foi tirada de lá. Como você, amigo leitor, pode ver, Gates é um dos ratos. A cada paulada que ele leva, o jogador ganha 15 pontos, a maior pontuação. Além de Bill, saem dos buracos um gato, que vale 13 pontos, e um rato, cuja pontuação é a menor, apenas dois pontos. Quer dizer, Bill é mais rato que o próprio rato... Há três meses, a Microsoft propôs US$ 44,6 bilhões para comprar o controle do Yahoo!, que recusou, mesmo depois da proposta ser elevada para US$ 49,6 bilhões. A empresa alegou que o valor da proposta oferecida pela Microsoft era muito baixo. Hoje, os principais jornais noticiam que Bill Gates voltou a conversar com o Yahoo! sobre uma associação entre as duas companhias. Se os criadores do jogo “Detone o Rato” tiver alguma ligação com a diretoria da empresa, não será tão fácil a Microsoft estabelecer um acordo com o Yahoo!

Pã, pã, pã, pãããã, pãããã, pãrampã...


Clichê, lugar-comum, chavão, estereótipo são algumas palavras que eu qualifico o teatro chamado de casamento. Nada contra, o que não me impede de falar mal. E se seu sonho, estimada leitora (o), é casar, pare de ler, a partir daqui, este comentário. Se não me falha a memória, já presenciei cinco casórios católicos e um evangélico. Como minha experiência foi maior na igreja católica, falarei da cerimônia de casamentos realizada por eles. Nesse sábado fui a uma. Fui porque não tinha mais nada para fazer na noite daquele dia e, vá lá, por consideração a um colega, muito baladeiro, na época de solteirisse. Pã, pã, pã, pãããã, pãããã, pãrampã... O toque era mais ou menos assim. Ele está presente em boa parte dos filmes com cenas de casamentos. A única coisa que fugiu do script foi a ausência do véu, permitido para as mulheres virgens, ou que, pelo menos, consigam esconder de todos a perda da “pureza”. No caso da noiva do meu colega, não foi possível esconder o óbvio ululante. Ela quase não estava cabendo no vestido de tão grande que sua barriga estava... Depois do “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” e de algumas leituras da bíblia, chegou a hora que o teatro fica mais evidente. É a parte que o noivo tem que dizer “eu, fulano de tal, prometo amar-te e respeitar-te...” e a noiva, idem. Os atores da peça são tão ruins que nem decorar as falas eles decoram. A promessa é feita diante de uma platéia e de testemunhas escolhidas pelo casal, também chamadas de padrinhos. Tem gente que acha a instituição do matrimônio um máximo. Eu acho que é mais uma expressão da hipocrisia humana. O casal não confia um no outro, precisa de testemunhas. O mais importante não é a ligação entre eles, a confiança ou o respeito. Se fosse, não precisaria o teatro do casamento. Ou será que esses valores só serão realmente válidos depois do casamento? Se você gosta de uma pessoa, é necessário testemunhas? Não existe relacionamento sincero e fiel fora do casamento? As respostas a essas perguntas me leva a seguinte conclusão: relacionar-se é preciso, casar não.

sábado, 17 de maio de 2008

Noite de pregação


Numa noite de lua cheia, acompanhada de cachaça, misturada com mel, dentro do bambu, o profeta aparece. “Quem revelará o mistério, que tem fé”. Tudo começou antes da aula de sexta-feira. Devido o atraso de quase uma hora do professor, pensei que sairia mais cedo da faculdade. Logo, fiz o convite a manoEl: vamos para o show do Zé Ramalho? Manoel disse que precisava esperar o professor chegar para poder conversar com ele. Tirei a conclusão precipitada de que não seria dessa vez que eu ouviria a palavra do profeta. Às 20h, o professor chegou. Falou o que tinha que falar. Depois, fui embora. No caminho, meu celular toca. “Alô!”. “Pô, Zé Roberto! Você não vai para o show do Zé Ramalho?”, questionou Manoel. “Pensei que você não iria”, falei. “Que é isso? Vou dar uma passada lá mais o Rodrigo”. Também conhecido como Rodrigueira, Rodrigo faz parte da minha turma de faculdade. No meio do caminho para o ponto de ônibus, portanto, esperei-os. Minutos depois, embarquei. Fomos achando que o show já tinha começado, afinal, o anúncio dizia que seria a partir das 18h. Iiiii! É mesmo! Temos que levar um quilo de alimento não perecível. Passamos no supermercado. Dois quilos de feijão e um de açúcar são suficientes. Compramos. Partimos. Chegamos. Entramos. Tratava-se do Festival do Nordeste. O show mais esperado ainda não tinha começado. Fizemos o reconhecimento do local. Uma arena para concurso de quadrilha. Uma tenda, que não freqüentei, parecia tocar rock do nordeste. Não sei. Mais para o lado, outra tenda. No interior dela, um sanfoneiro. Longe de lá, dois palcos principais. Nas laterais, camarotes (para vovós e vovôs) e barracas. Muitas barracas. Dentre elas, a que vendia, dentro do bambu, cachaça misturada com mel. Quanto que é? Tem de R$ 3 e de R$ 5. Quero três de R$ 3. Alguns goles, o frio passa, o corpo esquenta e os três ficam mais alegres. Foi o momento que Manoel sugeriu: amanhã você vai escrever no seu blog “cachaça, mel e bambu! Há! Há! Há!”. “Boa idéia, contarei nossa aventura”, prometi. Agora estou cumprindo... Em nossas andanças pelo local, encontramos Diogo Ribas. Sinceramente, pensei que seria um ótimo jornalista, mas, no quinto semestre, ele “pediu pra sair” (você sabe o que eu quero dizer quando uso essa expressão? Não sabe?). Depois de Diogo, encontramos a Jack, acompanhada de uma bela garota loira, o que despertou nosso interesse em “colar” nelas. Como você, amigo leitor, pode ver, a matemática não estava certa. Mas logo ficaria com a chegada a irmã da Jack. Há muito tempo não via Jack. Faz dois anos que ela trancou o curso. Mas promete voltar. Conversamos. Jack teve que se separar da gente para ir buscar a irmã. Antes, ela pegou o número do Diogo e disse que ia ligar para nos reencontrar. Foi o tempo de eu tomar a cachaça do bambu de R$ 3 e comprar outro, de R$ 5! Compramos também três cachorros-quentes. Diogo preferiu somente uma cervejinha. Antes de comer os cachorros-quentes, Manoel e Rodrigueira lutavam para terminar a bebida no bambu que eles compraram. Rodrigueira não gostou. Eu adorei. O gosto adocicado do mel, misturado com a cachaça e o cheiro e sabor do bambu, fez-me sentir bem. Acho que nem fiquei bêbado... “A Jack acabou de ligar, vamos lá nela!”, disse Diogo. Fomos. Chegando lá, a matemática agora estava certa, mas para eles e elas. Preferimos não se juntar ao grupo, com exceção de Diogo. Eu, Rodrigueira e Manoel formos para os palcos principais. Até chegar bem perto deles, arrastei duas “donas” (na gira quer dizer garotas) para dançar, ao som do forró nordestino. Não sou nenhum dançarino, mas, pelo menos, não deixo uma dama ficar parada... A bebida do bambu de R$ 5 (eu coloco o preço na tentativa de ilustrar que ele é bem maior que o outro) acabou. Manoel trouxe mais duas de R$ 3 (eu pedi uma de R$ 5, mas, prudente, Manoel trouxe a menor). Rodrigueira preferiu tomar um copo de leite... A não! Foi um refrigerante. Próximo aos palcos, arrastai mais três “domas”. Só foi rala bucho, nada de mais. Nem telefone peguei. Após o arrasta pé, finalmente o profeta aparece. Em uma entrevista gravada num DVD, já ouvi Zé Ramalho dizer que, quando passa a alça da guitarra pela cabeça, sente como se estivesse colocando uma capa mágica. Foi exatamente isso que imaginei quando ele fez isso, ao entrar no palco. Já na primeira música, exalou da multidão um forte fedor de maconha. Não é minha praia. Nem se quer cigarro fumo. Pelo fedor, parecia ser das boas. Manoel não agüentou. Ele disse que iria sair para respirar um ar puro e, logo depois, voltaria. Preferi acompanhá-lo. Saímos da multidão e não voltamos mais. Mesmo assim, curtimos bastante o show, cuja última música foi “Sinônimo de amor é amar” (lembra? “Quem revelará o mistério, que tenha fé”). Mais ou menos às 2h10, o show do Zé acabou. O festival, não. No entanto, fomos embora, benzidos pelo profeta do “terreiro da usina”.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Herança do passado tão presente


Alguém aqui já tomou caldo de cana, feito na hora, nesses quiosques por aí? Você já reparou como fica a cana, depois de extraído o caldo? Só o bagaço. Pode-se dizer que o mesmo processo aconteceu na América Latina, o continente mais desigual do mundo. Os países ricos vieram aqui. Sugaram, sugaram e sugaram de novo todas as riquezas do continente. Como se não bastasse, continuam sugando por meio dos subsídios agrícolas, capital especulativo, empresas transnacionais, entre outras. Para citar o exemplo local, 75% da riqueza do Brasil estão concentrados nas mãos de 10% dos brasileiros. Os 90% ficam com 25% restantes, segundo recente pesquisa do Ipea. E olhe que não existem ricos aqui. De acordo com os padrões internacionais, somente 0,05 da população brasileira pode ser considera rica. Então, onde está a riqueza? Precisa responder? Deixa para lá. Pobreza, desigualdade e inclusão estão sendo discutidas na 5ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da América Latina, Caribe e União Européia, realizada este ano em Lima, capital do Peru. O presidente Lula está lá. Não sei não. Duvido muito que desse mato saia coelho.

O Correio Braziliense tem 200 anos e eu, 500.


Recentemente, para ser mais preciso, dia 13, o Correio Braziliense comemorou 200 anos, se eu entendi bem. Em 1808, Hipólito José da Costa fundou o Correio Braziliense, em Londres. Feito lá e enviado para cá, o jornal circulava clandestinamente na então colônia portuguesa, isso até 1822, ano a independência do Brasil. Foram, portanto, 14 anos. Em 1960, ano da inauguração da Capital da República, o jornalista Assis Chateaubriand relançou o Correio Braziliense, logo, o jornal de Chatô completa 48 anos, em 2008. Se somarmos 14 mais 48, teremos 62 anos de circulação do Correio. Mas parece que o periódico não conhece essa matemática. Ignorância? Que nada! É uma bela jogada de marketing. Se fosse do meu interesse, eu poderia dizer que tenho 500 anos, seguindo a lógica deles, afinal o Brasil foi descoberto em 1500 e o primeiro José Roberto brasileiro já existia naquela época.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

É hora de acelerar o crescimento


Recordista de liberações ambientais, em 2008, para a execução de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Rio de Janeiro, Carlos Minc foi confirmado para substituir a ex-seringueira Marina Silva no Ministério de Meio Ambiente. Está certo que o cara tem um currículo que legitima sua escolha, mas ele e todos viram que Marina “pediu pra sair”. Logo, ele corre o risco de sofrer a mesma pressão. O presidente Lula afirmou ontem que não existe política de ministro e, sim, de governo. E, conseqüentemente, nada mudará com a saída de Marina, de acordo com o presidente. Ele está certíssimo. Nada que foi planejado para facilitar o andamento do PAC, o que desagradou a ex-seringueira, será mudado. A entrada de Carlo Minc no governo simboliza uma nova era. A era da evolução, do progresso. Se os países desenvolvidos já destruíram suas florestas, chegou a vez dos países em desenvolvimento, entre eles, o Brasil, é claro. Preparem-se para ver Minc quebrando mais um recorde: o de liberação ambientas, em todo o país, para a realização de obras de aceleração do desmata... Quero dizer... Crescimento.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Casal adotará garota órfã


“Casal adotará garota órfã” é o assunto do e-mail que recebi com esta imagem ao lado. Antes de ver a imagem, pensei que era mais um daqueles e-mails idiotas. Observei, logo em seguida, o nome de quem me enviou. E vi que a mensagem era do Fábio Grando, um colega de turma que também tem um blog, aliás, dois (veja em “Blogs de Chegados”). Ainda não perguntei para ele se a montagem é de autoria dele. Mas eu achei tão engraçada e tão crítica que resolvi dedicar este comentário para ela. A garota no colo de Ana Carolina Jatobá ficou conhecida nacionalmente por ter matado os pais para herdar a fortuna deles. Sim, amigo leitor. É ela mesma. Susan Von Richthofen. Realmente os pais que ela merece são Alexandre Nardoni e Ana Carolina, ambos presos, provisoriamente, por ter matado a pequena Isabella, de apenas cinco anos. Se você não gostou da brincadeira, pelo menos eu gostei. Há! Há! Há! (Obs: de vez em quando é bom fugir de assuntos chatos, tratados neste blog, como o da corrupção na política)

terça-feira, 13 de maio de 2008

Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, “pede pra sair”


O 13 de maio de 2008 vai ser marcado por três fatos interessantes: 120 anos da abolição da escravidão no Brasil; 200 anos que a imprensa chegou no país tupiniquim; e a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, “pede pra sair” do governo, depois de ficar cinco anos e cinco meses no cargo. Ex-seringueira, Marina é conhecida pela trajetória de lutas e conquistas. Mas, dessa vez, ela teve que “pedir pra sair”. Quem aqui assistiu ao filme Tropa de Elite? Se você assistiu, entendeu desde o início o porquê de eu ter escrito entre aspas “pede pra sair”. Se você não assistiu, eis a cena: O personagem principal, Capitão Nascimento, esbofeteia o aspirante 02, enquanto ordenava “pede pra sair”. Foi praticamente isso que aconteceu com a Ministra. Ela “pediu pra sair”. E as bofetadas? Primeiro, foi constatado que, entre novembro e dezembro de 2007, o desmatamento ambiental superou a devastação registrada, nesse mesmo período, em 2004. Mais de 1.900 quilômetros quadrados de florestas foram destruídos. Depois de culpar a pecuária pelo desmatamento, a Ministra Marina Silva recebeu diversas críticas. Para completar a dose, o conflito pela remarcação da reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, se agravou. Um dos principais envolvidos: produtores de arroz. Logo, foi muita pressão. A Ministra não agüentou. E “pediu para sair”.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

O mundo é dos espertos


O presidente Lula é uma cara esperto. Escrevi isso neste blog em 30 de abril. Mas não é só ele que é esperto. Há muitos espertos neste mundo. Um deles é o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda. Como Lula, ele já está antecipando as eleições de 2010. Quem viu a grande festa de aniversário dos 48 anos de Brasília, em 21 de abril? Foram 13 horas de comemoração, além das dezenas de inaugurações realizadas durante todo o mês de abril, cujas publicidades divulgadas nos jornais impressos (pelegos) da Capital não me deixam mentir. Arruda promete mais para a próxima festa. E muito mais para o aniversário de 50 anos da Capital da República, em 2010, ano eleitoral. Está certo que ninguém tem culpa do cinqüentenário de Brasília ter caído justamente num ano eleitoral. Por isso, além de esperto, Arruda é também muito sortudo. Se não fosse esperto, não aproveitaria a ocasião para lançar sua candidatura à reeleição. A prova do seu oportunismo está no centro do Plano Piloto. Arruda instalou dois relógios de contagem regressiva para os 50 anos de Brasília. É por isso que eu não canso de dizer. O mundo é dos espertos.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Impunidade


A maioria dos ditos populares é sábia, o que não quer dizer que eu concorde com todos. Por exemplo, não concordo quando dizem que “a voz do povo é a voz de Deus”. A afirmação chega a ser uma heresia, pois é a mesma coisa de chamar Deus de ignorante. Mas eu não quero discorrer aqui sobre os ditos que eu não gosto, muito menos dos que eu gosto. Quero na realidade usar um para comentar dois fatos recentes. Os assassinatos de Isabella Nardoni e da missionária Dorothy Stang. Casos totalmente diferente, diga-se de passagem, mas que podem ser ilustrados como uma fatia de bolo, um grão de areia ou, melhor ainda, uma gota no oceano. Não tem aquela história de que não é preciso comer um bolo inteiro para saber se ele é bom ou ruim, basta somente uma fatia? Então. O assassinato de Isabela Nardoni é isso. Um em milhares que acontecem mundo afora. Quantas garotinhas são mortas brutalmente? Milhares. E quantos defensores do meio ambiente são assassinados a mando de coronéis? Idem. Estou falando de dois crimes que ilustram um grão de areia do deserto do Saara. Para ilustrar com números, dos 800 assassinatos cometidos no campo no estado do Pará, em 35 anos, nenhum delinqüente foi preso. Parece que estamos numa terra sem lei. Olha só que contradição. No primeiro julgamento, há três anos, o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, foi condenado a 30 anos de prisão por ter mandado matar a missionária Dorothy Stang. E ontem, num novo julgamento, ele foi solto. Como uma coisa dessa pode ser possível, questionou o irmão da religiosa norte-americana, David Stang. Ora, camarada. Vai me dizer que você não sabia que estava no país da sacanagem? Aqui. Criminoso que tem dinheiro não fica atrás das grades. Veja o caso de Alexandre Nardoni e Ana Jatobá. Tiveram ontem a prisão preventiva decretada, mas seus advogados já estão atrás de um habeas corpus. Pergunta para o seu João da padaria se ele sabe o que é isso. Num crime tão evidente como o que aconteceu com Isabella os advogados caras-de-pau não esperavam que o Ministério Público (MP) pedisse a prisão preventiva do casal. Amigo leitor, esses dois casos, como já disse no início, são fatias de um bolo. Gota de um oceano. Grão do Saara. Dúvida? O assassino da jornalista Sandra Gomide está preso? Não. O promotor do MP de São Paulo (Thales Ferri Schoedl), que é acusado de matar um jovem e balear outro, está preso? Não. Os assassinos do índio Galdino estão presos? Não. Os assassinos da garotinha Ana Lídia estão presos? Não. Os assassinos de... E por aí vai.


"Mãe do PAC" dá Show em CPI do Senado


O presidente Lula disse que a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, foi ontem na CPI de Infra-estrutura do Senado “motivo de orgulho”. Provavelmente o presidente, antes de dar essa declaração, leu todos os principais jornais que noticiaram a performance da “mãe do PAC”. É consenso que a ministra da Casa Civil arrasou. Principalmente quando respondeu a provocação do senador José Agripino (DEM-RN). Ele disse que ela mentiu muito na ditadura. Dilma respondeu que mentiu, sim, e tem orgulho disso, pois não entregou seus companheiros. O que piorou a situação foi que a ministra lembrou ao senador que eles estavam em lados opostos. Agripino fazia parte do PDS, originário da Arena, partido que apoiou da ditadura.

Emenda da Saúde é corrigida com três votos a menos




O Projeto de Lei do Senado (PLS) que regulamenta a Emenda Constitucional 29, também conhecida por Emenda da Saúde, foi corrigido. A votação aconteceu na terça. O PLS recebeu 55 votos. Lembro que o texto com o erro, supostamente sem querer, teve 58 votos. Quer dizer, três excelências deixaram de votar. Por quê? Mudaram de idéia? Falta agora a Câmara. Lembro que Lula determinou à base governista que derrubasse o PLS. Caso isso não aconteça, ele disse que vai vetá-lo. É... Alegria de pobre dura pouco.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Tecktonik. Será que pega?


Bota a mão no joelhinho? Põe a mão na cintura? Dá uma quebradinha? Que nada! Movimentar os braços loucamente para cima, para baixo e para os lados, além de passá-los em volta da cabeça, é moda em Paris. A dança é bem esquisita. As pernas do dançarino também se movimentam, só que de maneira mais moderada. Se você, amigo leitor, quiser conferir, digite na barra de pesquisa do You Tube a palavra Tecktonik. Sinceramente, pensei que danças estranhas só existiam aqui no Brasil. Será que a moda vai pegar no país tupiniquim? Bom. Se vocês não sabem, os brasileiros são copiadores. Principalmente quando a moda é de Paris. Portanto, não duvido nada que daqui a alguns dias veremos os jovens daqui dançando como os de lá. Mas para falar a verdade, eu prefiro ver a mulherada quebrando a bundinha.

terça-feira, 6 de maio de 2008

O seu dinheiro financia o Sistema S. Sabia?


Finalmente alguém resolveu fazer alguma coisa para botar o Sistema S para fazer o que sempre deveria ter feito: investir na formação da população economicamente ativa. O Sistema S é composto por 11 entidades. São elas (caro leitor, se não estiver com paciência, pule a lista abaixo) :

INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SESI - Serviço Social da Indústria
SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio
SESC - Serviço Social do Comércio
DPC - Diretoria de Portos e Costas do Ministério da Marinha
SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
Fundo Aeroviário - Fundo Vinculado ao Ministério da Aeronáutica
SENAR - Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
SEST - Serviço Social de Transporte
SENAT - Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte
SESCOOP - Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo

Os recursos do Sistema S vêm do encargo de 2,5% sobre a folha salarial das empresas, que é repassado aos consumidores. Logo, o dinheiro vem do nosso bolso. Infelizmente, muita gente não sabe, portanto, não cobra dessas entidades mais serviço. Atualmente, o Sistema S arrecada, por ano, R$ 8 bilhões, mas somente 40% financia a formação profissional e 60% é reservado a serviços sociais. O Ministério da Educação quer reverter os números. Ou seja, 60% iriam para atividades educativas e 40%, para sociais. Sinceramente, acho a reforma paliativa. E tema mais. Não vejo a necessidade da existência dessas entidades que são mais políticas que sociais. Quem deveria fazer o papel do Sistema S é o ineficiente Estado Brasileiro.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Lula não garantiu que o governo terá candidato único em 2010


Como futuro comunicador, sinto-me na obrigação de fazer um esclarecimento ao meu leitor que é também leitor dos Diários Associados (isso vale também para quem acompanha os demais veículos que reproduziram a matéria dos Associados). O presidente Lula não garantiu que o governo terá um único candidato nas eleições presidenciais de 2010. Só consegui descobrir isso ontem, quando tive tempo de ler toda a entrevista que o presidente Lula deu no dia 27 de abril para os Diários Associados (Correio Braziliense, Estado de Minas e Diário de Pernambuco). Abaixo da manchete "Exclusivo: Lula exorciza as tentações", há a afirmação "Mesmo que a base se divida, Lula garante que o governo terá um único candidato em 2010". Logo em seguida vem entre aspas a fala do presidente: "Trabalho para isso". Se o leitor atento verificar o contexto da citação na página 3, perceberá a distorção. O contexto se encontra abaixo da pergunta "A ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, tem a liderança política e a capacidade necessária para enfrentar os desafios colocados ao país?". De cara já dá para perceber que a pergunta não tem nada a ver com o sentido que os Diários deu a fala do presidente. Mas... Leiamos o contexto do que disse Lula: "Outro dia não sei quem foi que achou absurdo eu dizer que queria fazer meu sucessor. Houve alguém que ficou estarrecido. Ele deveria ficar estarrecido se eu não quisesse fazer. Penso em fazer o sucessor à Presidência da República. Trabalho para isso. Agora, eu tenho uma base muito heterogênea. Com que o presidente precisa contar neste momento? Com a hipótese de que a gente consiga uma chapa única da base aliada". Prezado leitor, como você pode observar, em nenhum momento o presidente Lula "garante que o governo terá um único candidato em 2010". Na verdade, ele trabalha com a hipótese de chapa única. E o "Trabalho para isso", como você pode ter lido acima, se refere ao sucesso que Lula pretende fazer. Portanto, a afirmação correta que deveria vim abaixo da manchete é "Apesar da base dividia, Lula trabalha com a hipótese de chapa única nas eleições de 2010". Existe grande diferença entre "garantir" e trabalhar com a "hipótese". É por isso que eu concordo com o que o presidente disse na última pergunta da entrevista: "Eu aprendi a não ficar com raiva da imprensa porque acredito na capacidade de discernimento do leitor, do ouvinte e do telespectador". "Eu acho fantástico o cara que faz manchete no jornal. Gostaria de um cara desses para fazer manchete quando eu fosse candidato, porque às vezes a manchete não tem nada a ver com a matéria. Acho fantástica a criatividade", conclui.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Saúde pública é vítima de palhaçada. Só que está difícil dar risadas


A Emenda Constitucional (EC) 29 foi criada em 2000. Ela é conhecida por Emenda da Saúde porque tem por principal objetivo fixar os valores mínimos que Distrito Federal, municípios, estados e União devem investir, por ano, na área de saúde. É consenso entre as entidades da área que a EC 29 poderá resolver boa pare dos problemas da saúde pública. Só que, recentemente, a Emenda foi vítima de uma palhaçada. Nada engraçada. Vou lhes contar desde o começo o que aconteceu. Para que ela possa valer, é preciso o Congresso Nacional aprovar uma lei. Após oito anos da criação da Emenda da Saúde, finalmente, o Senado Federal votou um projeto de lei para regulamentá-la. A votação aconteceu em 9 de abril, após a sessão solene em homenagem ao Dia Mundial da Saúde, celebrado todos os dias 7 daquele mês. Para quem não sabe, a semana legislativa começa na terça e acaba na quinta. O dia 7 caiu na segunda, mas a sessão solene foi na quarta, dia de casa cheia, talvez seja essa a explicação para os senadores terem celebrado o Dia Mundial da Saúde fora do dia. Durante o evento, quase não acreditei. O presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho, e os líderes dos principais partidos (DEM, PSDB, PMDB e PT) manifestaram publicamente apoio à aprovação da lei que regulamenta a Emenda da Saúde. Fique bastante confuso. Oposição e situação votando um projeto junto. O curioso é que o DEM e o PSDB são partidos liberais. Até onde sei, o liberalismo prega a redução dos gastos da máquina pública. A EC 29, em quatro anos, deveria aumentar os gastos em R$ 23 bilhões. O jornal Folha de S. Paulo, inclusive, publicou em 11 de abril um editorial protestando a regulamentação da Emenda 29 pelo Senado. A primeira medida que o presidente Lula tomou, após chegar de viagem, foi determinar ao Ministro das Relações Institucionais, José Múcio, que derrubasse, na Câmara dos Deputados, o projeto de lei aprovado pelo Senado. E mais. Lula avisou que ia vetar a regulamentação da EC 29, caso ela não fosse derrubada pela base governista da Câmara. Atitude estranha, para quem queria aumentar o orçamento da saúde com a prorrogação da CPMF. Onde está a palhaçada nessa história toda? Graças a um técnico do Ministério da Saúde, um blog da Folha Online revelou que Lula não precisava arrancar os cabelos para derrubar o projeto de lei votado pelo Senado. Em vez de aumentar os gastos, o texto aprovado reduz em R$ 5 bilhões o orçamento da área da Saúde. Não se sabe se foi um erro ou um ardil. O relator do projeto, o senador Augusto Botelho, diz que foi um erro, mas eu prefiro acreditar que foi proposital. Onde já se viu oposição e situação votarem juntos de maneira tão consensual para o “bem da nação”, como muitos oradores proferiram na tribuna? Pior ainda. Desde quando o DEM se preocupa em aumentar gastos da saúde pública? Nem o Planalto, nem o jornal de maior circulação do Brasil sabiam do ardil dos senadores. Quase o projeto de lei passa. Quase. Final da história: depois do teatro das excelências na sessão solene do Dia Mundial da Saúde, a regulamentação da Emenda Constitucional 29 será votada novamente pelo Senado. Na primeira vez, o projeto de lei recebeu 58 votos. Vamos ver agora quantos votos o texto corrigido receberá. O presidente do Senado disse que a nova votação para aprovar a regulamentação da Emenda da Saúde vai ser semana que vem. Só acredito vendo. Francamente. Que palhaçada, hein! Só que está difícil dar risadas.