Blog do Paraíso: março 2010

quarta-feira, 31 de março de 2010

Para a imprensa, lançamento de PAC 2 é palanque de Dilma, mas inauguração de trecho inacabado de complexo viário, não

O jornalista Paulo Henrique Amorim foi o responsável por popularizar a sigla PiG, de Partido de Imprensa Golpista. “Em nenhuma democracia séria do mundo jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político — o PiG, Partido da Imprensa Golpista”, é assim que o Paulo Henrique define o termo.

Ao observar o noticiário de terça-feira e desta quarta-feira, é possível perceber que realmente o PiG existe.

Não faltaram notícias negativas contra o lançamento da segunda edição do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC 2. De acordo com as notícias, o lançamento do PAC 2 não passava de um palanque eleitoral da candidata do PT a presidente, Dilma Rousseff. As criticas vieram porque, antes mesmo de concluir o PAC 1, o governo estava lançando o PAC 2, com obras a serem executadas nos próximos quatro anos. Até aqui tudo bem, não há nada de anormal na cobertura.

O estranho, e que dá característica de partido à imprensa, é a cobertura da inauguração do trecho sul do Rodoanel da cidade de São Paulo. O governador do estado, José Serra (PSDB), candidato a presidente do Brasil que lidera as pesquisas de intenção de voto, não recebeu sequer uma crítica por inaugurar uma obra inacabada.

O Rodoanel é um complexo viário que deverá ter, no total, 161 quilômetros, divididos em quatros trechos: leste e oeste, sul e norte. Nos últimos oito anos, apenas o trecho oeste existia. Nesta terça-feira, o governador José Serra inaugurou o trecho sul, às pressas! O trecho de 61 quilômetros ainda não está pronto. Será concluído somente na quinta-feira, isso com os operários trabalhando noite e dia. Mesmo assim foi inaugurado. Foi inaugurado antes da hora porque o governador José Serra sairá do cargo nesta quarta-feira para obedecer a legislação e ser candidato à presidência da República. A inauguração antecipada da obra foi, portanto, nada mais, nada menos, que um palanque político. Serra, contudo, não recebeu nenhuma crítica da imprensa. Nenhuma matéria negativa.

“O Partido da Imprensa Golpista, também conhecido como PIG ou PiG, é um termo usado para se referir a jornalistas tidos como adeptos da direita política, que se utilizariam da grande mídia como meio de propagar suas ideias e tentar desestabilizar governos de orientação política diversa”, define a enciclopédia livre Wikipédia.

Não fazer críticas ao palanque político de José Serra é ser “adeptos da direita política”. Criticar o palanque político da candidata do PT é “tentar desestabilizar governos de orientação política diversa”.

terça-feira, 30 de março de 2010

Linknet foi maior beneficiária de repasse de recursos no governo Roriz, aponta Ministério Público

Lísia Gusmão
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A empresa de informática Linknet é apontada pelo Ministério Público como a maior beneficiária do repasse de recursos públicos feito pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) no governo de Joaquim Roriz (de 1998 a 2006). A Polícia Federal investiga a empresa na Operação Caixa de Pandora, deflagrada em novembro de 2009, por alimentar o suposto esquema de propina a integrantes do governo do Distrito Federal e deputados distritais.

Em nove processos que tramitam na Vara de Fazenda Pública de Brasília, a Linknet divide o banco dos réus com Durval Barbosa, ex-presidente da Codeplan e autor das denúncias que abateram o governo de José Roberto Arruda (sem partido) no fim do ano passado. Em apenas uma ação, o Ministério Público tenta recuperar para os cofres públicos R$ 36,197 milhões supostamente desviados em contrato de 2005 entre a Linknet e a Codeplan, para aluguel de equipamentos.

No esquema desarticulado na Operação Caixa de Pandora, a Procuradoria Geral da República calcula em R$ 100 milhões o volume de recursos “desviados e apropriados pelo esquema criminoso, só do setor de prestação de serviços de informática” entre 2007 e 2009.

“A via é de mão dupla, segundo os indícios. De um lado, havia a apropriação de recursos públicos desviados, por integrantes do esquema criminoso. De outro lado, o esquema favorecia as empresas que se dispunham ou consentiam em pagar a propina, garantindo-lhe contratos com o governo”, sustenta a Procuradoria da República, em petição encaminhada ao Superior Tribunal de Justiça.

As investigações dos contratos da Codeplan começaram em 2002 e revelam um engenhoso esquema de direcionamento das contratações de empresas do qual a Linknet foi beneficiada com milionários contratos de prestação de serviços.

Até junho de 2005, a dispensa de licitações era feita pela Codeplan por meio de um “contrato de gestão” firmado com o Instituto Candango de Solidariedade (ICS), que servia de intermediário, como revelou a Agência Brasil em reportagem publicada em 17 de março de 2010. Apenas em 2004, a Codeplan repassou R$ 247,5 milhões ao ICS para pagamento de serviços e bens que deveriam ter sido licitados.

“Assim, nos anos de 2002 a 2004, órgãos do Distrito Federal demandaram à Codeplan a prestação de variados serviços de informática. Como não prestava nenhum tipo de serviço, acionava o Instituto Candango de Solidariedade, com que mantinha um contrato dito ‘de gestão’ para que ele intermediasse a contratação direta de empresas privadas, frustrando o procedimento de licitação. Aponta a Linknet como a maior beneficiária do repasse de recursos públicos”, sustenta o Ministério Público do DF, na denúncia acolhida pela Justiça em 26 de fevereiro deste ano.

No entanto, a partir de junho de 2005, impedida por decisão judicial de ter contratos com o ICS, a Codeplan passou a fazer as contratações diretamente com as empresas prestadoras de serviços, porém a um custo bem mais elevado. São esses contratos emergenciais questionados em ações de improbidade administrativa ou civil pública na Vara da Fazenda de Brasília. “Aquilo que era dissimulado junto ao ICS, passou a ser feito às claras”, diz a denúncia.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Roriz lidera nas pesquisas, mas denúncias de corrupção podem derrubar sua candidatura

A mais recente pesquisa do Instituto Soma Opinião e Mercado, divulgada no final de semana, aponta o que outras pesquisas já mostraram: o ex-governador Joaquim Domingos Roriz (PSC) é o candidato favorito na eleição de outubro para o Governo do Distrito Federal. De acordo com o Instituto, na pesquisa estimulada, Roriz venceria com 44% dos votos. Mas adiantará alguma coisa estar na frente e no auge da campanha ter a candidatura minada por denúncias de corrupção?

Antes mesmo de ser preso e cassado, o ex-governador José Roberto Arruda (ex-DEM) havia dito que a revelação do grande esquema de corrupção não passava de uma armação de Roriz. Esta opinião não mudou e continua forte entre os arrudistas. Um deles, inclusive, revelou a este Blog que a candidatura de Roriz desabará de um dia para o outro.

O arrudista pode até ter razão. De acordo com investigações da Polícia Federal e do Ministério Público, há indícios de que o grande esquema de arrecadação de propina e compra de apoio político de deputados distritais tenha começado no governo de Joaquim Roriz.

domingo, 28 de março de 2010

"Mas o que houve para que Serra subisse?"

CLÓVIS ROSSI (texto publicado na Folha de S. Paulo)

Mistério

SÃO PAULO - Durante a campanha eleitoral de 1989, Leonel Brizola almoçou nesta Folha e, a horas tantas, comentou que uma eventual vitória de Fernando Collor de Mello seria "anti-histórica". Concordei com ele, em silêncio.

Como todo mundo sabe, Collor ganhou. Decidi, também em silêncio, que não entendia absolutamente nada de como o eleitor brasileiro forma sua intenção de voto e que era mais prudente, daí em diante, dar palpites apenas quando o Datafolha iluminasse o caminho.

Não é que, agora, nem o Datafolha ilumina algo? O resultado da pesquisa mais recente, ontem publicada, é um denso mistério, ao menos para mim. Não consigo encontrar uma explicação forte para o fato de José Serra ter subido quatro pontos em um mês. Atenção, hidrófobos do tucanato, não estou lamentando a subida, apenas tentando entendê-la.

Que Dilma Rousseff parasse nos 28% ou 27% é compreensível. Deve ter havido uma pausa (ou interrupção definitiva, sabe-se lá) no empurrão que o prestígio do presidente Lula dá à sua candidata.

Mas o que houve para que Serra subisse? Não vi nada no noticiário...

sábado, 27 de março de 2010

A chapa de Agnelo

Por Luiz Carlos Azedo, com Norma Moura (texto publicado no Blog do Azedo)

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) e os deputados federais Tadeu Filipelli (PMDB-DF) e Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) se reuniram ontem e decidiram exigir do PT que abra mão das duas vagas de candidato ao Senado e da de vice de Agnelo Queiroz, candidato petista ao Governo do Distrito Federal. Não aceitam que o deputado federal Geraldo Magela (PT-DF) ocupe uma das vagas ao Senado. Se isso ocorrer, PDT, PMDB e PSB ameaçam lançar outro candidato a governador, no caso, o senador Cristovam Buarque. O ex-governador do DF, porém, defende o nome de Agnelo e foge da disputa pelo GDF como o diabo foge da cruz, apesar de pressionado por seu próprio partido.

A chapa parece óbvia: Agnelo, governador; Filipelli, vice; Cristovam e Rodrigo para o Senado. Viabilizaria uma ampla coalizão pró-Dilma Rousseff em Brasília, incorporando outras legendas governistas, mas ainda não está fechada porque o presidente do PT-DF, Roberto Policarpo, preocupado com as sequelas das prévias realizadas pela legenda, admitiu bancar Magela numa das vagas ao Senado, segundo revelou o parlamentar petista. A disputa com Agnelo teria revelado uma grande distância entre a cúpula da legenda e boa parte da militância petista. A presença de Magela na chapa majoritária seria a garantia de unidade do partido e poder de mobilização da sigla para a disputa.

O problema é que essa solução esbarra na resistência dos aliados, principalmente na do deputado Rodrigo Rollemberg, que pretende concorrer ao Senado e ameaça se lançar candidato a governador numa composição com outras legendas excluídas da aliança. A situação de Cristovam é tranquila: apesar de pressionado pelo presidente do PDT local, Ezequiel Nascimento, que gostaria de vê-lo candidato ao governo do GDF para desbancar o PT, o senador por Brasília prefere concorrer à reeleição.

Comentário deste Blog: antes de tomar a decisão sobre a composição da chapa majoritária, o PT-DF precisa colocar na balança os 43% de votos obtidos pelo deputado Magela na eleição prévia e o apoio do PDT e PSB. Há quem diga que os votos do deputado federal petista pesam mais que o apoio dos aliados históricos.

sexta-feira, 26 de março de 2010

A internet e a campanha eleitoral deste ano

Já virou lugar comum a afirmação de que a internet terá um papel importante na próxima eleição. Não é à toa que esta afirmação está tão divulgada. Praticamente, todos dos deputados federais e senadores possuem twitter e sites.

A candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, contratou a Blue State Digital, empresa de Bem Self, um dos estrategistas da campanha do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. A Blue State Digital atuará como consultora da estratégia on line da candidata a presidente Dilma Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil.

O mais importante, contudo, não é somente marcar presença nas redes sociais, blogs e sites. É preciso ter uma estratégia, como fez Barack Obama.

Nesta sexta-feira (26), o jornalista Sam Graham-Felsen, diretor de estratégias e comunicação de blogs da campanha de Barack Obama, deu uma palestra sobre o assunto no Instituto de Educação Superior de Brasília.

Sam explicou os três “M” da campanha de Barack Obama: mensagem (message), dinheiro (money) e mobilização (mobilization).

De acordo com o jornalista, a mensagem usada na campanha de Barack Obama tinha duas características: originalidade e estava voltada individualmente para cada eleitor (um exemplo são os vídeos, sem a presença de Obama, com depoimentos de pessoas anônimas).

O dinheiro? Bom. Com a estratégia usada na internet, a campanha de Obama arrecadou a bagatela de 500 milhões de dólares. Eles fizeram isso, segundo Sam, sem dizer metas, apenas informando a quantidade de pessoas que estavam contribuindo.

Por fim, a mobilização foi outro benefício da campanha pela internet. Os estrategistas usaram as redes sociais para atrair pessoas que já tinham admiração por Barack Obama. Eles pediam a estas pessoas para visitar outras e trazê-las para a campanha.

O resultado foi a eleição de Obama. Será que esta estratégia daria certo no Brasil? Talvez não a mesmíssima estratégia, afinal, este país possui suas próprias características. Nesta eleição, contudo, será possível avaliar o rumo que a campanha pela internet pode tomar.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Eleição indireta para sucessor de Arruda será no dia 17 de abril

Mandato escolhido por eleição indireta para substituir o cassado José Roberto Arruda será de pouco mais de oito meses

Carol Pires - Agência Estado

A eleição indireta do novo governador do Distrito Federal, em substituição ao cassado José Roberto Arruda, está marcada para o dia 17 de abril, às 10h, conforme ato da Câmara Legislativa. A partir desta quinta-feira, 25, estão abertas as inscrições para os aspirantes a candidatos, que deverão ser cidadãos brasileiros, filiados a partido político, com domicílio eleitoral no Distrito Federal, em pleno exercício dos direitos políticos, e que tenham, no mínimo, 30 anos. O prazo para inscrição vai até o dia 7 de abril.

O mandato do governador escolhido por eleição indireta será de pouco mais de oito meses - termina em 31 de dezembro. Ele substituirá o ex-governador Arruda, cujo mandato foi cassado semana passada pelo Tribunal Regional Federal. Arruda está preso desde 11 de fevereiro por acusação de tentativa de obstrução da Justiça. O deputado distrital Wilson Lima (PR) vem ocupando interinamente o governo do Distrito Federal desde 23 de fevereiro.

De acordo com a decisão da Mesa Diretora, o diário da Câmara deverá publicar no dia 8 de abril os nomes dos candidatos com a documentação que comprove a elegibilidade deles. O ato da Câmara determina que as inscrições serão analisadas pela Mesa Diretora até o dia 13 de abril. Os titulares das chapas rejeitadas terão até o dia 15 para recorrer.

"A inscrição será feita por partido político, isoladamente ou em conjunto com outro partido político, após a escolha dos candidatos pelo diretório regional respectivo ou pela instância partidária que o substituir", detalha o texto.

A decisão da Mesa da Câmara de baixar um ato definindo a data e critérios da eleição foi tomada a partir de uma recomendação da Procuradoria Jurídica da Casa. A ideia inicial do presidente da Câmara, Cabo Patrício (PT), era a de definir as regras por meio de um projeto de lei. Na tarde desta quinta, as regras da eleição indireta serão debatidas na Câmara, em audiência pública. Para evitar questionamentos jurídicos, a Câmara votará na próxima segunda-feira um projeto de lei com regras para eleição indireta.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Neste vídeo, algumas informações sobre o Mensalão do Roriz


E Fernando Henrique Cardoso ainda negocia um palanque que reúna o ex-senador Joaquim Roriz (PSC) e o governador de São Paulo, José Serra (PSDB)...

Dá só uma olhada nos comentários deixados até agora no You Tube:

jaquemelodf – ótimo vídeo... divulgação já

aguiardf1 – roriz filho da puta...

marcky00 – Os brasilienses e os pioneiros de Brasília não suportam mais esse tipo de governo "populista" que acabou com o Distrito Federal. Arruda perto do "URUBU" Roriz é só uma mosquinha... FORA RORIZ SEU GRILEIRO LADRÃO! DESAPAREÇA de vez de Brasília!

callac – Se ele for pra cadeia agora não preciso de mais nenhuma boa notícia esse ano. Já terei motivo pra sorrir o ano todo!!!

Intervenção federal pode atrapalhar reeleição de mensaleiros

A intervenção federal no Governo do Distrito Federal evitará que deputados distritais e políticos usem, mais ainda, dinheiro público ilícito na campanha eleitoral de outubro.

Com a intervenção federal, contratos de obras poderão ser suspensos. Muita gente vai ficar desempregada. Por outro lado, eventuais propinas também serão suspensas.

A intervenção federal pedida pela Procuradoria Geral da República vale também para a Câmara Distrital. Se aceita pelo Supremo Tribunal Federal, pode tirar o mandato dos deputados distritais antes de seu termino, o que evitaria o uso de assessores e da verba de gabinete na campanha.

O dinheiro de propina e da Câmara, portanto, não alimentará a campanha eleitoral de 26 deputados distritais, suplentes e titulares, citados na investigação do mensalão do DEM. Com menos dinheiro, ficará mais difícil eles se reelegerem.

A intervenção federal seria um remédio amargo, porém, necessário para a limpeza da política local.

terça-feira, 23 de março de 2010

'Não é impossível imaginar que a Dilma ganhe no 1º turno', diz diretor do Vox Populi

Matéria publicada no estadoa.com.br

Diretores dos quatro principais institutos de pesquisa do País veem cenário favorável à Dilma

Jair Stangler, do estadão.com.br

SÃO PAULO - O crescimento nas pesquisas eleitorais da pré-candidata do PT à Presidência, ministra Dilma Rousseff, ante a estagnação de seu provável adversário, o governador de São Paulo José Serra (PSDB) tem impressionado os diretores dos quatro principais institutos de pesquisa do País. Márcia Cavallari, do Ibope, João Francisco Meira, do Vox Populi, Mauro Paulino, do Datafolha e Ricardo Guedes, do Sensus, estiveram reunidos em São Paulo na tarde desta segunda-feira, 22, para debater o cenário eleitoral, em evento da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisas. O professor Marcus Figueiredo, do Iuperj também esteve no debate, mediado mediado pela jornalista Cristiana Lôbo.

Meira deu o palpite mais ousado da tarde: "não é impossível imaginar que a Dilma ganhe a eleição já no primeiro turno", afirmou. Segundo ele, quando há candidatos carismáticos, a disputa se concentra mais entre as personalidades desses candidatos. Mas, para ele, nem Dilma nem Serra são carismáticos. ‘Carisma não é o nome dessa eleição’, afirmou.

Ele listou alguns fatores que, na sua avaliação, devem decidir a disputa eleitoral. O primeiro seria a economia: se estiver ruim, a tendência é de mudança - mas a economia é o principal trunfo do governo Lula. Em segundo, o aspecto ideológico - nesse caso, diz ele, 56% das pessoas se definem como sendo de esquerda e 30% como eleitores do PT.

Além disso, ele lembra o tempo de TV como decisivo - e a construção das alianças deve garantir um tempo maior à candidata governista. Por último ele cita algum acidente, debate ou fato inesperado que possa alterar a opinião dos eleitores.

Sua avaliação é parecida com a de Ricardo Guedes, do Sensus. Segundo ele, "Dilma tem produto para mostrar, a economia. O Serra não tem. Hoje a tendência é muito mais pró-Dilma".

E ainda tem gente que acha que Roriz não é candidato...

Matéria publicada no portal iG

Joaquim Roriz anuncia acordo com FHC para apoiar Serra em Brasília

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso recebeu hoje em sua casa em Higienópolis, São Paulo, o ex-governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PSC). Depois do encontro Roriz anunciou ao iG que pretende concorrer ao governo do DF e que FHC lhe prometeu o apoio do PSDB.

“FHC se propôs a ser o intermediário entre o candidato do PSDB a presidente, que estão dizendo que é o Serra, e eu”, disse o ex-governador.

Roriz foi antecessor do governador cassado José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM), que está preso sob acusação de ter montado uma rede de corrupção no Distrito Federal. Arruda teria passado a operar um esquema com empresas de informática iniciado na gestão de Joaquim Roriz.

Em 2007, senador eleito pelo PMDB, Roriz foi obrigado a renunciar para não perder o mandato. Na ocasião, ele foi acusado de quebra de decoro após a divulgação de gravações telefônicas, feitas pela Polícia Civil do DF já sob o comando de Arruda, que o mostravam negociando a partilha de R$ 2,2 milhões.

Apesar de tudo, o ex-governador é considerado um forte candidato. E ele disse a FHC que está disposto a trabalhar para a campanha do tucano José Serra em Brasília.

Confira a entrevista:

iG: O que vocês conversaram?

Joaquim Roriz: Primeiro, que eu disse a ele duas questões. Eu comuniquei que vou sair candidato do Distritio Federal pelo meu partido e agradeci a ele que sempre foi muito correto comigo em suas decisões quando presidente da República.

iG: Vocês falaram sobre apoio ao PSDB no DF?

Joaquim Roriz: Sim, eu disse mais: que ainda não me convenci de que será José Serra o candidato deles. Mas ele me garantiu que vai ser. Mesmo assim eu deixei claro que a minha vocação é apoiar o candidato do PSDB na eleição para a Presidência.

iG: E ele?

Joaquim Roriz: Ele ficou satisfeito, disse que faz questão de sempre estar comigo e se propôs a ser o intermediário entre o candidato do PSDB e o Roriz. Eu não falei no Serra, eu falei que apoiarei qualquer candidato do PSDB.

iG: O Serra vai ter o seu palanque, então?

Joaquim Roriz: Claro, faço questão de dar meu palanque a ele.

iG: E sobre o Arruda, vocês falaram?

Joaquim Roriz: Não, ninguém falou nada sobre essa história do Arruda

Os 43% credenciam Magela a uma vaga na chapa para o Senado

Nota publicada nesta terça-feira, na coluna Painel da Folha de S. Paulo

Atravessado. Os 43% obtidos por Geraldo Magela nas prévias contra Agnelo credenciam o deputado a reivindicar uma vaga na chapa para o Senado. Resta saber se ainda haverá clima depois da nota divulgada ontem, na qual Magela sugere que "o uso do poder econômico" contribuiu para a vitória de seu adversário.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Magela e o PT-DF, o pior diretório regional do PT

Geraldo Magela é o único deputado federal pelo PT-DF. Em 2002, por pouco não virou governador do Distrito Federal. Pela lógica, deveria ser o candidato do partido a governador. Mas não é. O ex-presidente do PT-DF Chico Vigilante importou do PCdoB o ex-ministro do Esporte Agnelo Queiroz, que venceu o deputado Magela na eleição prévia. Vitória que foi possível graças às manobras e ao poder econômico do diretório regional do PT-DF, do gabinete de quatro deputados distritais e de sindicatos filiados a Central Única dos Trabalhadores do DF. Sem falar do apoio do governo federal.

Mesmo com toda essa estrutura, Agnelo, com dificuldades, obteve 56,21% dos votos. Magela obteve 43,79% dos votos. O PT-DF deveria respeitar a quantidades de votos obtidas pelo deputado federal, o que seria feito por meio do apoio a candidatura de Magela ao Sanado.

Mas não. Parece que a briga com Magela é pessoal. Chico Vigilante, o grande coronel do PT-DF, não quer que Magela seja candidato a senador. Se dependesse dele, Magela ficaria sem nenhum mandato. Talvez, seria até expulso do partido.

Ao negar apoio à candidatura de senador ao seu único deputado federal, o PT-DF desrespeita Magela. É por essas e por outras razões que o diretório regional do PT-DF, politicamente, é o pior de todos os diretórios regionais do PT. Desconfio até que ele não será capaz de eleger o governador do DF neste momento tão oportuno.

Agnelo Queiroz vence prévia petista no DF

Matéria publicada nesta segunda-feira, na Folha de S. Paulo:

Com o apoio do Palácio do Planalto, o ex-ministro Agnelo Queiroz tornou-se ontem o nome do PT para disputar o governo do Distrito Federal. Ele venceu as prévias contra o deputado federal Geraldo Magela, com 56,5% dos votos.

Antes mesmo da divulgação do resultado oficial da votação, feita pela primeira vez em urnas eletrônicas, os dois candidatos subiram num palanque improvisado e anunciaram a união do PT em torno de Agnelo e "contra a corrupção".

No DF, onde o DEM é acusado comandar um esquema de desvio de dinheiro público e distribuição de propina, o PT viu a chance de resgatar o discurso de "limpeza ética".

"Vamos vencer a direita e retomar a autoestima da capital do país em nome da ética e da transparência", disse Agnelo, que teve 4.656 votos e também responde na Justiça pela acusação de organizar um mensalão na esfera federal.

"Começa a disputa contra a corrupção", reforçou Magela, que recebeu 3.627 votos.
Superada a disputa interna, Agnelo anunciou que o PT dará início à tentativa de montar um bloco com partidos de esquerda e legendas aliadas do governo federal. Os petistas acreditam que só com uma ampla aliança será possível, nas eleições, derrotar o ex-governador Joaquim Roriz (PSC), favorito na corrida pelo Palácio do Buriti.

Desde novembro, o DF enfrenta uma crise que levou o governador José Roberto Arruda (ex-DEM) à prisão, fez o vice Paulo Octávio (também ex-DEM) renunciar ao cargo e obrigou a Câmara Legislativa a organizar uma eleição indireta. Arruda teve o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral por infidelidade partidária.

Há ainda a hipótese, em discussão no Supremo Tribunal Federal, de intervenção federal no governo, comandado interinamente por Wilson Lima (PR), presidente da Câmara.

Em julho de 2008, Agnelo trocou o PC do B pelo PT com a promessa de que seria o candidato ao governo. Como representante do partido comunista, Agnelo chefiou o Ministério do Esporte de 2003 a 2006, quando saiu para disputar o Senado. Perdeu para Roriz.

A prévia de ontem foi antecedida de uma séria de denúncias contra os dois candidatos. Para Agnelo, os ataques de "fogo amigo" contra ele o fizeram sair fortalecido da disputa.

"Todas [as acusações] foram esclarecidas e não serão mais repetidas nas eleições", disse o pré-candidato, acusado de nada ter feito após assistir (antes da polícia) ao vídeo em que Arruda aparece recebendo dinheiro. Pesa contra ele ainda a suspeita de ter invadido uma área pública para aumentar o terreno de sua casa em Brasília.

domingo, 21 de março de 2010

Agnelo é o pré-candidato do PT-DF a governador

No discurso proferido na Asefe, Agnelo em nenhum momento diz que derrotará Roriz

Venceu o pré-candidato da superestrutura do diretório regional do PT-DF, apoiada pelo governo federal. Venceu o pré-candidato da Central Única dos Trabalhadores no Distrito Federal (CUT-DF) e sindicatos filiados. Venceu o pré-candidato de quatro gabinetes de deputados distritais que podem nomear só Deus sabe quantos cargos comissionados na ostentosa Câmara Legislativa do DF.

Venceu o pré-candidato que tentou fazer acordo secreto com o ex-governador do DF Joaquim Roriz (PSC) para derrotar o PT, nas eleições de 2006. Venceu o pré-candidato que, antes da grande crise do mensalão do DEM, assistiu aos vídeos de políticos recebendo dinheiro sujo e, nesta mesma ocasião, foi gravado pelo pivô das denúncias, Durval Barbosa – e ninguém sabe qual será o destino desse vídeo com duração de 1h e 40 minutos.

Venceu a eleição prévia do Partido dos Trabalhadores do DF o ex-ministro do Esporte Agnelo Queiroz. Ele, portanto, é o pré-candidato do PT-DF a governador.

Seu adversário na eleição prévia? O deputado federal Geraldo Magela.

Agnelo teve 4 mil 687 votos. Magela, 3 mil 589.

No discurso proferido na Associação de Assistência aos Trabalhadores em Educação do DF (Asefe), Agnelo em nenhum momento disse que seu principal adversário é o ex-governador Joaquim Roriz. Em nenhum momento afirmou que ia derrotá-lo, mesmo sabendo que ele é o favorito, conforme aponta algumas pesquisas. Talvez porque sabe que não o derrotará.

sábado, 20 de março de 2010

Fraude em eleição prévia do PT-DF é possibilidade distante

A eleição prévia do Partido dos Trabalhadores do Distrito Federal (PT-DF), prevista para acontecer neste domingo (21), contará com urnas eletrônicas do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Toda a parte de operacionalização das urnas ficará sob responsabilidade do TRE. Uma eventual fraude, portanto, é uma possibilidade distante. Afinal, está em jogo a credibilidade do Tribunal e da votação eletrônica.

Ainda assim, a desconfiança entre os petista é grande. Os dois pré-candidatos a governador, Agnelo Queiroz e Geraldo Magela, colocarão fiscais nos 20 locais de votação. Uma das trapaças que eles querem evitar é uma das mais comuns em eleição com urna eletrônica. Responsável por liberar a urna com o número do título do eleitor (no caso, o número do Cadastro Nacional de Filiação no PT), o presidente da mesa pode votar mais de uma vez, se ninguém ficar de olho.

Por exemplo, o presidente da mesa pode liberar a urna e, fingindo uma checagem para ver se ela está funcionando bem, pode votar, além do que lhe é permitido. Ele pode repetir isso umas três vezes. Se cada presidente de mesa fizer isso em 20 urnas, um dos candidatos pode ser beneficiado com 60 votos, o suficiente para decidir a eleição. Agnelo e Magela estão numa disputa acirrada e cada voto a mais pode ser crucial.

A eleição prévia do PT acontece das 9h às 17h deste domingo (21). O número do pré-candidato Agnelo é 83. O de Magela, 81. Clique aqui e veja os locais de votação.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Cassação de Arruda pode ser manobra para evitar impeachment

Há grande desconfiança de que a cassação do mandato de José Roberto Arruda (ex-DEM) foi uma manobra para evitar o processo de impeachment e libertar da prisão o agora ex-governador.

A manobra ficará clara, se a defesa de Arruda não entrar com recurso para retomar o mandato de governador do ex-democrata. Para dar uma disfarçada, a defesa pode até apresentar um recurso. Só que aí não fará esforço para ele ser aceito, mas isso no caso de Arruda desistir mesmo de voltar ao Governo do Distrito Federal.

O impeachment da Câmara Distrital é pior do que a cassação de mandato pelo Tribunal Regional Eleitoral. O impedimento tira os direitos políticos de Arruda por oito anos. A cassação não.

Sem o mandato, a defesa de Arruda trabalha agora para libertá-lo da prisão, que já dura um mês e uma semana. O problema é que o ex-governador foi preso por atrapalhar as investigações e, não, por ter saído de seu partido ou por ser governador. Nesse ponto, portanto, a manobra pode não dar certo e Arruda ir para a papuda.

Análise do debate entre Agnelo e Magela

Fazendo uma análise fria e imparcial, o deputado federal Geraldo Magela (PT-DF) foi o grande vitorioso do debate entre ele e o ex-ministro do Esporte Agnelo Queiroz (PT-DF).

Ficou claro porque a cúpula petista blindou o pré-candidato Agnelo Queiroz, evitando a realização de mais de um debate semelhante ao que aconteceu na terça-feira, 16 de março. Outra estratégia foi realizar o encontro num lugar longe da base petista. Longe da militância.

Enquanto Agnelo Queiroz evitou dar explicações a questões polêmicas, como sua visita ao “cafofo de Durval”, como bem disse um militante, Magela respondeu todas as perguntas. Uma por uma.

Enquanto Agenlo Queiroz falava por alto, num discurso vazio e sem empolgação, Magela direcionava seu discurso para cada militante que fez o uso da palavra.

Magela provou no debate ser o melhor nome para disputar o Governo do Distrito Federal.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Agnelo ou Magela?

Afinal, quem venceu o debate? Leia abaixo o resumo da discussão entre Agnelo e Magela e tire sua própria conclusão

O debate entre os pré-candidatos petistas ao Governo do Distrito Federal (GDF), Geraldo Magela e Agnelo Queiroz, começou às 19 horas e 52 minutos e terminou às 23 horas e 25 minutos. Durante o evento, o moderador da mesa e presidente do PT-DF, Roberto Policarpo, informou que José Roberto Arruda (ex-DEM) foi cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral e não é mais o governador do Distrito Federal. Houve comemoração dos petistas.

Bem antes de dar a notícia, Policarpo informou sobre a regra do debate. Cada pré-candidato teve 20 minutos para se apresentar. Depois, vieram 10 intervenções de militantes sorteados, que puderam falar, cada um, durante três minutos. Dos 10 militantes, dois eram indecisos, quatro a favor de Agnelo e quatro, de Magela.

A seguir um breve resumo das falas.

Discurso Inicial de Agnelo:

O ex-ministro do Esporte Agnelo Queiroz foi sorteado para falar primeiro. Começou seu discurso saudando a militância. Falou em seguida sobre o grande desafio de eleger a primeira mulher presidente do Brasil, a ministra Dilma Rousseff. Discursou a respeito das conquistas do governo do presidente Lula e fez algumas previsões otimistas, como o fim do desemprego daqui a 10 anos.

Para Agnelo, as próximas eleições serão uma oportunidade para varrer de vez a corrupção. “Nós temos que derrotar essa turma do Roriz, do Arruda. Isso seguramente é o nosso grande desafio”.

Agnelo elogiou a militância petista, disse ter orgulho de ser do PT. “Sempre atuei junto com o PT”, lembrou. Destacou o aspecto positivo da eleição prévia: grandes reuniões e conversa com a militância. Falou da necessidade de vitória. “Nós temos um grande desafio. Construir um novo tempo. Derrotar essa direita do DF. Esse governo que cuida do tijolo e abandona a criança”, ressaltou. O governo do PT, segundo Agnelo, terá que resgatar a cidadania e a esperança.

Agnelo criticou a discriminação de petistas recém-filiados. “O PT não aceita essa categoria de filiado de primeira e filiado de segunda”, sentenciou. O ex-ministro do Esporte protestou contra a desmoralização de sua candidatura pelos ataques, segundo ele, da direita, que tem tentado desestabilizar a sua candidatura. “Quero pedir a vocês que até domingo mantenham o nível alto na campanha”, solicitou. Agnelo finalizou pedindo o apoio e o voto dos militantes.

Discurso Inicial de Magela:

O deputado federal Geraldo Magela também começou seu discurso saudando os presentes. Disse que a divergência será apenas até domingo. Depois, haverá somente um exercito para derrotar a direita. “Esta é a primeira prévia onde a gente realiza apenas um debate. Eu gostaria de fazer debates em todas as cidades”, criticou.

Magela concordou com Agnelo no que diz respeito ao desafio de eleger a primeira mulher presidente do Brasil e aos avanços do governo Lula, que devem continuar mudando o país.

Em seguida, Magela falou de seu sonho. “O meu sonho é ver de novo as portas do Palácio do Buriti se abrindo e nós petistas entrando com nossas bandeiras”, discursou. O deputado disse que esse sonho, para se realizar, deverá ser construído e vivido. Ele lembrou do sucesso da campanha de 2002, onde enfrentou Roriz, Arruda e Paulo Otávio. Magela disse que pode fazer o enfrentamento com Roriz porque nunca o procurou para fazer acordo para derrotar o PT.

O próximo assunto de Magela foi o acordo firmado em 2009 entre ele e Agnelo Queiroz. “Este acordo precisa ser esclarecido para a militância. Eu trouxe o acordo escrito. Aqui está o acordo”, mostrou o documento. O pacto pregava, segundo o deputado, que Agnelo seria candidato a governador e ele, o principal candidato a senador. Quem conduziria as negociações para a chapa de governador seria o ex-ministro do Esporte. Na chapa para senador, Magela seria o responsável pelas articulações políticas. Segundo Magela, o acordo foi rompido quando Agnelo e Chico Vigilante começaram a fazer negociações para a chapa de senador sem a sua presença. “Nas minhas costas estavam dizendo que o PT não teria candidatura para Senador”, protestou.

Outro argumento usado por Magela foi o fato de o acordo ter sido firmado sem a informação de que Agnelo tinha conhecimento dos vídeos de políticos recebendo dinheiro sujo, gravados por Durval Barbosa, denunciante do Mensalão do DEM. Magela disse que, quando ficou sabendo pela imprensa que Agnelo tinha visto os vídeos, se sentiu traído.

Magela falou de sua história de lutas e conquistas em 30 anos de filiação no PT. Ressaltou que tem ficha limpa na justiça e que todas as acusações contra ele, feitas em 2002, não foram aceitas pela justiça.

Magela criticou Agnelo por dizer que ele foi o responsável por ter plantado a matéria publicada na última edição da revista Época. Disse que pediu ao jornalista de Época para revelar a fonte, caso tenha sido ele.

Primeira Intervenção dos Militantes:

Após o fim da fala de Magela, todos os militantes presentes que desejavam falar fizeram inscrições. Foram sorteadas 10. Os filiados a favor de Agnelo foram identificados como: Wilmar Lacerda, Márcio, Osvaldo Russo e Chico Floresta. Os petistas a favor de Magela eram: Jeová Rodrigues, Jacira Siva, Bruno Teixeira e Barreira. Os indecisos: Rafael e Eli.

A ordem do sorteio também valeu para os militantes. O apoiador de Agnelo, portanto, foi o primeiro a discursar. Wilmar Lacerda destacou três pontos. Ele disse que Agnelo é o candidato que une o PT. Segundo, Agnelo pode unir os partidos de esquerda em torno do PT. Por fim, ressaltou que, quando Arruda era imbatível, Agnelo se dispôs a ser o candidato do partido.

Jeová Rodrigues foi o segundo a discursar. Ele informou fazer parte da Articulação (tendência interna do PT), mas, mesmo assim, apoia a candidatura de Magela.

Indeciso, Rafael condenou a criminalização de movimentos habitacionais e cobrou o esclarecimento sobre a relação de Agnelo com o jornalista Hélio Doyle.

Apoiador de Agnelo, Márcio criticou Magala por ter abandonado a então candidata a governador Arlete Sampaio faltando três meses para as eleições de 2006.

Bruno Teixeira, apoiador de Magela, cobrou de Agnelo esclarecimento sobre sua ida ao “ninho” de Durval Barbosa para assistir aos vídeos de políticos recebendo propina.

Indeciso, Eli ressaltou que a disputa entre Agnelo e Magela só iria até domingo e que o PT chegaria a um nome vitorioso. “Que depois de eleito, vai ouvir a militância”, finalizou.

Osvaldo Russo falou depois a favor de Agnelo. Defendeu a mudança de partido feita pelo ex-ministro, que saiu do PCdoB e entrou no PT. Para Osvaldo, a esquerda é muito maior que o PT. Ele destacou que Agnelo é o melhor nome para conduzir as alianças.

Jacira Silva, a favor de Magela, fez um discurso em defesa de políticas que promovam a pluralidade cultural e racial.

Apoiador de Agnelo, o ex-deputado distrital Chico Floresta acusou Magela de também saber da existência das fitas de Durval Barbosa, antes do escândalo do Mensalão do DEM. Chico disse ainda que Magela não deveria falar do acordo e, sim, de política e de como ter aliado. Para encerrar, o ex-distrital condenou o levantamento da “questão Hélio Doyle”.

Para defender Magela, Barreira discursou em seguida. Criticou a realização de apenas um debate. Defendeu a troca de e-mail com informações sobre a vida pública dos candidatos.

Primeira Resposta de Magela:

Magela começou a responder primeiro Wilmar Lacerda. “Eu propus que realizássemos a prévia junto com o PED. Teria sido antes da crise”, disse para justificar que não foi apenas Agnelo o único a colocar o nome na época que Arruda era líder nas pesquisas de intenção de voto. Magela argumentou que foram membros de outros partidos de esquerdas que pediram para ele recolocar seu nome como pré-candidato a governador. Por fim, sustentou que a militância unificará o PT.

Logo depois, Magela passou a responder o segundo interventor. Concordou com Rafael e condenou a criminalização do movimento habitacional. Magela aproveitou para fazer a promessa de construir 40 mil unidades habitacionais, se eleito governador.

Em resposta a intervenção de Eli, Magela disse que governará com a militância.

Antes de encerrar seus segundo discurso, Magela respondeu a acusação de Chico Floresta, afirmando que não tinha conhecimento dos vídeos de Durval Barbosa. “Se eu conhecesse as fitas, a primeira coisa que ia fazer era chamar a executiva do partido. A segunda coisa era fazer a denúncia no Ministério Público”, discursou. Magela destacou o fato de Agnelo só ter assumido que assistiu às fitas depois de a imprensa descobrir e noticiar. Por fim, Magela criticou a presença de Hélio Doyle na campanha de Agnelo. “Já temos muito Chico para mandar no governo do Agnelo”, sustentou.

Primeira Resposta de Agnelo:

Agnelo defendeu um nível elevado de debate. Declarou que o acordo foi democrático e criticou Magela por não lhe ter ligado para comunicar o rompimento do acordo.
Agnelo defendeu sua própria atitude de ver os vídeos de políticos recebendo dinheiro sujo e não fazer denúncia, porque, segundo ele, esse foi o melhor caminho. Se tivesse feito a denúncia antes de Durval, sustentou Agnelo, talvez Arruda não seria preso, pois acusariam o PT de inventar história para ascender ao poder. Para Agnelo, o caminho certo foi a denúncia dentro da quadrilha. “Ainda bem que foi eu que vi os vídeos”, comemorou.

Agnelo ressaltou que o que deveria ser discutido era o mérito do debate e a qualidade dos pré-candidatos.

“São os dirigentes do PT que dirigem minha campanha”, afirmou para rebater  a informação de que o jornalista Hélio Doyle toma conta de sua campanha. “Vai ser um orgulho meu se o Chico estiver em meu governo”, completou.

Segunda Intervenção dos Militantes:

Na segunda intervenção dos militantes, foram sorteados e identificados como apoiadores de Magela: Miranda, Benoni, Ademário e José Wilson. De Agnelo: Doriva, Tolentino, Luiz Alberto e Luiz Domingos. Os indecisos: Hugo Nascimento e Leão.

Miranda começou o segundo bloco de intervenção cobrando dos pré-candidatos propostas para o próximo ano, caso o PT vença as eleições para governador. Questionou o que seria feito com o Banco Regional de Brasília (BRB), frequentemente ameaçado de privatização.

Depois, foi a vez de Hugo Nascimento, que se cadastrou como indeciso. Condenou o acordo firmado entre Agnelo e Magela sem a participação da militância. Hugo questionou Agnelo se não seria oportunismo a troca de partido para disputar a eleição para governador.

Doriva falou em seguida e defendeu o pouco tempo de Agnelo no partido. Para Doriva, o tempo de filiação não tem muita importância. “Não me lembro quando virei petista”, disse.

O próximo a fazer intervenção foi Benoni. Integrante do Movimento PT, corrente interna do partido, Benoni disse que dentro da tendência houve divergência sobre o acordo entre Magela e Agnelo. “Eu defendi o acordo”, revelou. Mas, logo depois que a crise no GDF estourou, e todos ficaram sabendo por meio da imprensa que Agnelo teria assistido antes das denúncias aos vídeos de políticos recebendo propina, Benoni disse que se sentiu traído e foi o primeiro a pedir a Magela que recolocasse seu nome para disputar o cargo de governador.

A favor de Agnelo, Tolentino destacou que nunca viu Agnelo do outro lado. “Não vi o companheiro Agnelo distante da nossa luta”, defendeu. Tolentino afirmou que se tivesse assistido aos vídeos, teria feito a mesa coisa que Agnelo. Também apontou que todos os políticos mantêm conversas com outros políticos, dentre eles, o ex-governador Joaquim Roriz e Tadeu Filippelli.

Discursando como indeciso, Leão disse que as prévias eram saudáveis, mas era preciso evitar o que aconteceu na campanha de 2006, quando aliados não quiseram fazer a campanha de Arlete Sampaio por causa da divergência.

O próximo a discursar a favor de Magela foi Ademário. Para ele, quem foge do debate não tem proposta, é manipulado ou é pastel de vento. “Você não provou para que veio, Agnelo”, criticou. Ademárcio cobrou de Agnelo resposta para a intervenção de Bruno, que pediu explicação sobre a visita a Durval Barbosa para assistir aos vídeos de políticos recebendo dinheiro sujo. “O senhor entrou no cafofo de Durval”, desafiou.

Luiz Aberto tomou a palavra, logo depois, para declarar seu apoio a Agnelo.
José Wilson foi o próximo. A favor de Magela, ele ressaltou que tempo de partido não é decisivo, mas é importante. “Agnelo esteve sempre na esquerda, mas não tinha o petismo no sangue”, apontou.

Apoiador de Agnelo, Luiz Domingos provocou Magela. “Não entendo por quer um casal de médicos não pode ter uma casa no Lago e um bancário pode?”

Segunda Resposta de Agnelo:

Agnelo iniciou seu terceiro discurso no debate respondendo diretamente a Miranda. “O nosso compromisso é resgatar o serviço público”, informou. Agnelo disse que, em seu governo, resgatará o BRB.

Depois, elogiou a realização das prévias. “Pelo nível do debate, sempre acirrado, é um saldo positivo”, comentou. Mas criticou o questionamento a respeito de regularidade da compra de sua casa. “Tenho todas as condições de ter essa moradia. Para não ter dúvida nenhuma, fiz uma auditoria independente”, informou. Agnelo entregou o documento nas mãos do presidente do PT-DF Roberto Policarpo.

Segunda Resposta de Magela:

Magela agradeceu o apoio dos militantes e das correntes internas do PT que lhe apoia. Logo depois, rebateu a afirmação de Agnelo de que ele não teria ligado para comunicar o rompimento do acordo. “Não liguei porque eu disse pessoalmente para o Agnelo no meu gabinete”, surpreendeu.

Quanto às propostas para o ano que vem, Magela afirmou a Miranda que será preciso uma avaliação com o partido para saber os programas da gestão anterior do PT que devem ser aproveitados e os que devem ser criados.

Logo depois, Magela reconheceu que o acordo firmado entre ele e Agnelo excluiu a militância. “Sei que a prévia é o que tem de mais democrático no PT”, disse.

Magela respondeu, em seguida, ao comentário de Tolentino, que disse que os políticos conversam entre sim. Magela concordou e informou que conversou com Roriz, mas foi um encontro público, que toda imprensa noticiou. No encontro, Magela disse que não falou nada que não pudesse ser publicado.

Em seguida, Magela respondeu a provocação de Luiz Domingos, dizendo que não apenas um médico, mas um professor e pessoas de outras profissões podem ter uma casa no Lago.

Magela disse que o problema da matéria da revista Época não foi o questionamento da compra da casa de Agnelo, o que, segundo ele, poderia ser comprovado muito facilmente. Para Magela, o problema foi Agnelo ter lhe acusado de ser o responsável por plantar a notícia.

terça-feira, 16 de março de 2010

Vídeo de apoio a Roriz recebe comentário negativos


A campanha eleitoral na internet começou faz tempo. Neste vídeo, por exemplo, há uma vinheta para promover o ex-governador Joaquim Roriz, pré-candidato a governador pelo PSC. Postado em 5 de março de 2010, o vídeo já possui 495 exibições – e ainda tem gente que diz que a candidatura de Roriz não é para valer! –, porém, dá só uma olhada nos comentários deixados até agora:

Darkoringa: “Quero que o Roriz tenha câncer na boca. Obrigado.”

Vinileuris: “Hahahahah merece uma fabrica de óleo de peróbaa!!”.

Cavaleirodapromessa: “Eu tenho vergonha de morar em Brasília...”

Ioreyagamibr: “Fala sério, tira um ruim e coloca um pior! Isso só pode ser brincadeira!!”

Dalmirunb: “Caramba, não acredito que ainda tem gente babando o ovo desse panaca.”

Roxdf: “Também não entendo! Como tem panaca nesse DF!!! Esse aí é pior que o Maluf de SP, cara-de-pau!”

Agnelo não é candidato dele mesmo

O ex-ministro do Esporte Agnelo Queiroz, coitado, não é candidato dele mesmo na eleição prévia do Partido dos Trabalhadores do Distrito Federal (PT-DF).

Seu principal padrinho é o ex-presidente do PT-DF Chico Vigilante, que apoiou a eleição do novo presidente do partido Roberto Policarpo. Agnelo, portanto, é o candidato da cúpula petistas do DF.

Agora fica fácil entender porque a Central Única dos Trabalhadores do DF (CUT-DF) e a Juventude do PT divulgaram manifestos de apoio a candidatura do ex-ministro do Esporte.

Mas, se Agnelo Queiroz fosse candidato dele mesmo, talvez, já teria aceitado entrar num acordo com o seu concorrente, o deputado federal Geraldo Magela, principalmente, depois da denúncia da reportagem da revista Época.

A propósito, Magela, se por um lado não conta com o apoio da cúpula petista do DF, por outro é apoiado pela militância, conforme pode se observar em cartas publicadas no Blog dos Magelistas. Uma delas é assinada por mais de 70 petistas.

A força dos pré-candidatos petistas ao Governo do Distrito Federal poderá ser medida nesta terça-feira, 16 de março, durante a realização do debate entre Agnelo e Magela, previsto para começar às 19h, no Hotel San Marco. Só poderão participar filiados e jornalistas.

Casa vale cinco vezes mais

Natasha Dal Molin (repórter do Jornal de Brasília)

Especialistas avaliam imóvel de Agnelo em cerca de R$ 2 milhões

Principal foco da argumentação utilizada nas denúncias que recaem sobre um dos pré-candidatos do PT ao GDF, Agnelo Queiroz, uma casa localizada no Setor de Mansões Dom Bosco, no Lago Sul, possui valor acima do que lhe foi atribuído na escritura.

A revista Época, autora das denúncias, afirma que o valor declarado do imóvel é de R$ 400 mil. No entanto, corretores ouvidos pelo Jornal de Brasília afirmaram que o imóvel em questão custa cerca de R$ 2 milhões. "Uma casa nesta região vale, no mínimo, R$ 1 milhão, mas gira geralmente em torno de R$ 2 a R$ 5 milhões", afirmou um especialista, que preferiu não ter o nome revelado.

A informação é confirmada por quem tem propriedade nas proximidades. "Uma casa aqui custa, no mínimo, R$ 2 milhões", assegurou um morador da região. Segundo a revista semanal, Agnelo, que concorre ao posto de candidato petista ao Governo do Distrito Federal, não teria rendimentos suficientes para a compra do imóvel.

As acusações foram rebatidas por ele. "Isso aí já é o desespero do desespero". Ele reitera o que informou em nota oficial divulgada no domingo, em que diz que as declarações de Imposto de Renda de 2006, ano da compra do imóvel, foram entregues e nelas não constavam nenhuma irregularidade. "Todos sabem da competência e eficiência da Receita ederal", argumenta. O ex-ministro disse ainda que,desde o surgimento de denúncias, no fim de semana, tem recebido amplo apoio de correligionários. Ele destaca que conversou com membros do Diretório Nacional, para expor a insatisfação diante do que chamou de "um golpe rasteiro programado para acontecer exatamente uma semana antes das prévias".

A matéria completa foi publicada em 16 de março no Jornal de Brasília

domingo, 14 de março de 2010

Fim de semana agitado no cenário político local

O final de semana foi bastante agitado, que o diga o pré-candidato petista Agnelo Queiroz. Enquanto o líder das pesquisas para governador, Joaquim Roriz (PSC), trabalha em articulações políticas para fortalecer sua chapa, Agnelo vê cada vez mais distante sua candidatura ao Governo do Distrito Federal.

Na sexta, Roriz convidou o deputado federal Jofran Frejat (PR) para ser candidato a vice-governador em sua chapa. No sábado, a revista Época publicou uma reportagem a respeito das contradições de Agnelo, da invasão de um terreno e, pior, sobre a compra de uma casa de 400 mil reais, valor que supera em quase 100% seus bens declarados em 2006 à Justiça Eleitoral.

A reportagem da revista foi motivo para a realização de duas reuniões entre Agnelo Queiroz, seu padrinho Chico Vigilante e demais aliados. Uma no sábado e outra neste domingo. O resultado dos encontros foi a divulgação de uma nota, onde Agnelo afirma que pode “comprovar a correção da compra da casa”. O pré-candidato petista assume o compromisso de divulgar nesta semana laudo de “auditores independentes”, contratados para fazer exame técnico das declarações de imposto de renda de Agnelo e de sua esposa.

Em nenhum momento a nota faz referências às contradições de Agnelo. Não explica porque o recém-filiado petista negou que esteve com Roriz em 2008 e, um dia depois, voltou atrás e assumiu o encontro político com o ex-governador.

O texto termina com empolgação. “Vou disputar as prévias e vencê-las para concorrer ao governo do Distrito Federal”, diz uma das frases do último parágrafo.

O primeiro, e único, debate oficial entre Agnelo e seu concorrente, o deputado federal Geraldo Magela (PT-DF), será nesta terça-feira (16), às 19h, no Hotel San Marco. A eleição prévia acontecerá em 21 de março, em 20 cidades do DF. Depois desse dia, o PT terá seu candidato e começará do zero as articulações. Roriz, pelo contrário, já escolheu seu vice e, até lá, pode confirmar os nomes que disputarão as duas vagas para o Senado.

A Reportagem da Revista Época:

Um candidato enrolado

Alternativa do PT em Brasília para a sucessão de Arruda, Agnelo Queiroz, ex-ministro de Lula, teve aumento de patrimônio acima da renda e invadiu área pública

Andrei Meireles e Marcelo Rocha

Ex-ministro dos Esportes no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Agnelo Queiroz é pré-candidato do PT ao governo de Brasília. Antes disso, ele poderá assumir o mandato de senador. Está previsto para abril o julgamento pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do pedido de cassação do senador Gim Argello (PTB-DF), acusado de usar a máquina pública na campanha eleitoral de 2006. Se o Tribunal decidir pela punição de Gim, Agnelo ganhará a vaga por ter sido o segundo colocado na disputa para o Senado.

Hoje diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Agnelo se apresenta aos eleitores como uma “opção ética” entre os políticos de Brasília, envolvidos no mais bem documentado escândalo de corrupção da história do país. É com essa plataforma que ele planeja candidatar-se à sucessão do governador afastado José Roberto Arruda, há mais de um mês preso numa cela especial na Polícia Federal. Para manter esse discurso, no entanto, Agnelo terá de explicar uma repentina evolução patrimonial.

Na declaração de bens que apresentou à Justiça Eleitoral em 2006, Agnelo Queiroz informou que dispunha de R$ 45 mil em contas em quatro bancos e um apartamento no valor de R$ 78 mil. Todos os seus bens somavam R$ 224.300. Menos de quatro meses depois, ele deu uma entrada de R$ 150 mil para a compra de uma casa com mais de 500 metros quadrados de área construída numa das regiões mais valorizadas de Brasília – o Setor de Mansões Dom Bosco, vizinho ao Jardim Botânico. Ele diz que quitou o imóvel em cinco parcelas mensais. O valor registrado na escritura foi de R$ 400 mil. Agnelo afirma que não fez empréstimo nem se desfez de nenhuma propriedade para pagar o imóvel. “Usei o dinheiro de minhas economias e as de minha mulher”, disse. Agnelo apresentou as declarações de Imposto de Renda dele e da mulher referentes aos anos de 2006 e 2007 e extratos bancários. As informações mostram que o casal não tinha recursos para pagar nem a metade do valor declarado da casa. No mesmo período, Agnelo comprou mais dois apartamentos financiados e um carro.

Antes de se mudar para a casa, Agnelo contratou um arquiteto para fazer uma ampla reforma. “A casa estava muito depreciada”, diz. Fez mais. Numa área pública contígua à mansão, com cerca de 4.000 metros quadrados, ele mandou construir uma quadra de tênis, um campo de futebol e um pequeno lago. Foram instalados também refletores para a prática de esporte à noite.

A legislação proíbe qualquer construção nesses terrenos. Os órgãos de fiscalização do governo informaram que as obras feitas por Agnelo são ilegais. Ouvido por ÉPOCA, Agnelo primeiro tentou argumentar que era uma prática comum nas áreas nobres de Brasília cercar as áreas verdes públicas. Depois, acabou admitindo ter cometido uma irregularidade. “Reconheço que foi uma ilegalidade. Para que isso não servisse à exploração política na campanha eleitoral, mandei desmontar a quadra há mais ou menos um ano”, afirma. “Não posso pagar por um erro que já corrigi.” Na sexta-feira, por meio de sua assessoria, Agnelo retificou essa declaração e informou que a quadra foi desmontada apenas neste ano.

Ao ser entrevistado por ÉPOCA, Agnelo Queiroz se disse incomodado em falar sobre seus negócios particulares. Afirmou que gostaria de ser ouvido sobre seus planos de governo para Brasília. Indagado sobre como seu eventual governo agiria em relação às invasões urbanas, Agnelo desconversou. “Não tenho uma opinião formada sobre isso. Afinal, eu não tenho obrigação de ter opinião sobre todas as coisas”, disse. Especialistas afirmam que o Distrito Federal é a unidade da Federação que mais sofre com ocupações irregulares, tema obrigatório em todas as campanhas eleitorais na cidade.

Em disputa com o deputado federal Geraldo Magela pela candidatura do PT ao governo do Distrito Federal, Agnelo Queiroz está tendo de responder a outras questões embaraçosas. As prévias petistas estão marcadas para o dia 21 de março, e os adversários de Agnelo dentro do PT o questionam sobre um encontro no primeiro semestre do ano passado com o ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa, o delator do escândalo do panetone. Nessa reunião, Agnelo assistiu em primeira mão aos vídeos em que aparecem o governador Arruda e outros políticos de Brasília recebendo dinheiro. “Fiquei calado para não politizar o assunto nem prejudicar uma possível investigação sobre esse esquema de corrupção”, diz Agnelo. Ele saiu da conversa com Durval convencido de que, se os vídeos fossem divulgados, aumentariam consideravelmente suas chances eleitorais. Amigos de Durval dizem que Agnelo prometeu que recompensaria o ex-secretário por eventuais denúncias contra Arruda. Eleito governador, Agnelo daria cargos a Durval na administração de Brasília. O ex-ministro nega. “Isso é invencionice. Sei que minha conversa com o Durval foi filmada. Gostaria que ela fosse divulgada. Se eu tivesse qualquer temor, não seria candidato”, afirma.

Agnelo se diz vítima de adversários políticos do próprio PT. Mas nem tudo o que se fala de Agnelo pode ser atribuído a intrigas dos companheiros de partido. ÉPOCA ouviu de integrantes da coordenação da campanha de Arruda em 2006 que o governador preso, em público, apoiava a candidatura ao Senado do ex-governador Joaquim Roriz, mas nos bastidores trabalhava para eleger Agnelo. “Não recebi dinheiro, tive ajuda zero do Arruda. É verdade que muita gente próxima dele votou em mim. Mas fizeram isso porque não gostavam do Roriz”, diz Agnelo.

Outro relacionamento político que hoje incomoda Agnelo é sua aproximação com Joaquim Roriz em 2008. Assessores de Roriz afirmam que eles fizeram um pacto de não agressão e discutiram estratégias para enfrentar a candidatura à reeleição do governador Arruda. Segundo esses assessores, em outubro de 2008, Agnelo foi até a fazenda Palma, uma propriedade de Roriz no município goiano de Luziânia, para conversar com o ex-governador. Na quinta-feira à noite, Agnelo desmentiu a reunião. “Isso é delírio, nunca estive na fazenda de Roriz.” No dia seguinte, sua assessoria disse a ÉPOCA que ele resolveu corrigir a informação. Agnelo esteve, sim, na fazenda de Roriz para conversar sobre as eleições no DF.

As contradições de Agnelo e suas dificuldades em explicar o crescimento patrimonial e a invasão de uma área pública mostram que está difícil encontrar um candidato ao governo do Distrito Federal que se mostre infenso a práticas condenáveis para um homem público.

A Explicação de Agnelo:

Nota à Imprensa

A revista Época publicou reportagem em que sou acusado de ter comprado minha residência sem ter recursos financeiros para isso. Levanta dúvidas sobre a operação e ainda apresenta outros fatos que, segundo os autores da matéria, comprometem minha idoneidade. Entre esses, um erro que cometi, reconheci e já havia corrigido: construir uma quadra de tênis, já demolida, na área verde de minha casa.

Ao contrário do que afirma a reportagem, posso comprovar a correção da compra da casa. A operação de compra foi escriturada em cartório e está registrada nas declarações de imposto de renda de minha mulher, com quem sou casado em regime de comunhão de bens. As declarações dela e as minhas mostram que nós tínhamos, devidamente comprovados, os recursos financeiros para fazer a compra e efetuar os pagamentos das parcelas. As declarações são dos anos de 2007 e 2008 e não receberam contestação alguma da Receita Federal, órgão ao qual compete a palavra final sobre a legalidade e correção das informações prestadas. Para reforçar a certeza de que tudo foi feito segundo a lei, solicitei a auditores independentes um exame técnico das declarações de imposto de renda minhas e da minha esposa e comprometo-me a divulgar o resultado do laudo nesta semana.

Apesar do prazo exíguo, na sexta-feira entreguei voluntariamente à revista extratos bancários que consegui obter e cópias de declarações de imposto de renda apresentadas por mim e por minha mulher.

Ao longo de minha vida pública, como dirigente sindical, deputado distrital, deputado federal, candidato ao Senado e ministro do Esporte, construí uma reputação de honestidade e transparência que não se abala pela reportagem.

Além de falar da compra da casa e da construção em área verde, a matéria faz também ilações absurdas e tira conclusões sem nenhum sentido ou respaldo na verdade com base em fontes anônimas como ”amigos de Durval”, “assessores de Roriz” e “integrantes da coordenação da campanha de Arruda em 2006”.

O Distrito Federal passa por momentos conturbados, com o forte descrédito da política, dos políticos e das próprias instituições. Nesse quadro, acusações como as feitas pela reportagem, ainda que falsas e injustas, têm repercussão acima da que seria normal e são exploradas de maneira pouco ética por adversários.

Antes mesmo da reportagem, eu já vinha sendo vítima de insinuações e acusações levianas, algumas veiculadas pela imprensa. Chegam até mesmo a dar detalhes de suposta gravação que ninguém, na verdade, jamais viu. Já estava claro, para mim, que adversários políticos preparavam uma armação para inviabilizar minha candidatura e o projeto político e ideológico que ela representa.

O processo de eleições prévias pelo qual estamos passando vem sendo altamente negativo para o partido. Alguns militantes vêm recorrendo a acusações, insinuações, agressões verbais e golpes baixos que em nada contribuem para o crescimento do PT e para nossa vitória nas eleições.

Mas não serão fatos como esses que farão com que eu abandone o projeto político e ideológico que mobiliza e entusiasma tantos companheiros e companheiras não só do PT como de outros partidos de esquerda e que tem, paulatinamente, ganhado apoio de expressivas parcelas de nossa população. Vou disputar as prévias e vencê-las para concorrer ao governo do Distrito Federal. Continuarei empenhado na eleição da companheira Dilma Rousseff para presidente da República, na luta pela ética na política e ao lado das brasilienses e dos brasilienses que buscam um tempo melhor para nossa cidade.

Brasília, 14 de março 2010.

Agnelo Queiroz