Blog do Paraíso: Atenção, eleitores! Muita atenção!!

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Atenção, eleitores! Muita atenção!!


A Câmara dos Deputados vota hoje a reforma política. A reforma veio à tona após a Operação Navalha ser deflagrada pela Polícia Federal - PF. No início, a navalha parecia estar afiada. Mas, quando tocou na pele de alguns envolvidos, fez cosquinhas. Mal saiu o resultado, a imprensapoliciafederalesca noticiou outra operação. Denominada Xeque-Mate, a investigação circula em torno da família do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Eis a questão que me envolve agora. Será que os cidadãos brasileiros estão compreendendo o real significado desses fatos? Bom. A Operação Navalha, julgo, não. Afinal, antes de ser abafada pelas novas investigações da PF, foi misturada com a “pulada de cerca” do presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros, como noticiou o jornalista Leandro Fortes na revista Carta Capital.

Para complicar mais ainda a compreensão dos acontecimentos, colocou-se em discussão a legitimidade das investigações da PF. Pois, com a Operação Navalha, especulava-se que ela agia de acordo com interesses de um grupo de políticos desfavorecidos pelo atual governo. Já outros diziam que a PF atuava em favor do presidente Lula. Outros, ainda, afirmavam que se queria abafar a ação da PF, acusando os agentes de agirem com excessos nas prisões.

A discussão do real lado da PF também está presente na atual investigação. Agora, uns dizem que a Operação Xeque-Mate é uma estratégia do presidente para mostrar que a PF age por conta própria. Outros falam que o governo quer evitar a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito da Operação Navalha, por isso, traz a atenção da opinião pública para o novo inquérito da PF.

Em meio a tantas possibilidades desse jogo de interesses, e, para completar a dose, quero dizer, para complicar mais ainda o entendimento dos brasileiros acerca dos fatos, a Câmara dos deputados vota hoje, dia 13 de junho, uma medida polêmica da reforma política.

Sinceramente, estou confuso. Por que, sempre que esquemas de corrupção vêm à tona, nossos representantes tocam na questão da reforma política? Por que não concentrar esforços para punir os criminosos apontados pelas investigações e, somente depois, abrir uma ampla discussão com a participação de toda a sociedade sobre a reforma política, que é tão complicada?

Foram as questões levantadas acima que me motivaram a escrever este texto para pedir, encarecidamente, a atenção dos eleitores brasileiros. Muita atenção. Bastante atenção ao primeiro item da reforma política que será votada hoje pelos deputados. A Câmara discutirá o voto em lista fechada. Se aprovada, o eleitor não votará mais no candidato, mas, sim, no partido. Todo mudo sabe que no Brasil a maioria dos eleitores não tem afinidades com o partido. Boa parte das pessoas não está nem aí para as ideologias da legenda. O pior é que os brasileiros estão corretos. Afinal, recentemente, os partidos são farinhas do mesmo saco. Comunistas apóiam liberais, democratas e vice-versa. Sem contar os inúmeros vira-casacas.

A reportagem de Solano Nascimento, publicada hoje no Correio Braziliense, revela que a profissão político continuará valendo a pena, se o voto em lista fechada for aprovada. Pois, quem investiu na carreira e se elegeu, ficará no início da lista, caso resolva se candidatar novamente. Os votos dos eleitores irão para os primeiros da lista, garantindo assim a permanência dos deputados eleitos. Esse fato é uma prova de que nossos representantes farão a reforma, tão desejada por vários segmentos da sociedade, mas com medidas a favor deles. Quer dizer, o que seria feito para acabar ou diminuir a corrupção, pode, na realidade, piorar a roubalheira.

Após a aprovação do voto em lista fechada, o próximo passo será a implantação do financiamento das campanhas políticas com o dinheiro público. É isso aí. O dinheiro que falta para a educação e para a saúde será aplicado na campanha.

Quem escreve este artigo carrega a ignorância dos demais brasileiros. Portanto, por questões de clareza, os eleitores devem exigir dos deputados mais transparência e menos pressa. A sociedade tem que participar das discussões. De preferência, realizada depois que o mar de lama da corrupção for retirada da Esplanada dos Ministérios e da Praça dos Três Poderes.

Nenhum comentário: