A infância é uma fase bela da vida. A inocência, a falta de malícia e a criatividade são marcas registradas. Veja o meu caso, por exemplo. Quando eu tinha oito anos de idade, dei meu primeiro beijo. Na realidade, não foi um beijo daqueles de novelas, onde há muita chupação de língua. Que nada! Foi apenas um selinho. Ele não aconteceu durante um romance, mas quando eu estava brincando de salada mista. Você já participou dessa brincadeira, estimado (a) leitor (a)? Não? Vou explicar como eu brincava. Um garoto, de olhos vendados, falava “caí no poço”. Um outro menino perguntava “quem te tira?”. “Meu amor”, respondia quem estava com olhos vendados. “É esse?”, perguntava o outro, apontando para as garotas. “Não”, respondia. “É esse?”. “Não”. “É esse?”. “É”, afirmava o menino de olhos vendados, que tinha que dizer em seguida o que ele queria: pêra, uva, maçã, ou salada mista. Pêra dava-se as mãos. Uva, um abraço. Maçã, beijo no rosto. E salada mista, um beijo na boca, assim como diz uma música de uma ex-atriz pornográfica e hoje apresentadora de programa infantil... ...a primeira vez que eu participei dessa brincadeira foi na escola, quando eu estava na segunda série. Havia na minha sala três meninos e três meninas que adoravam brincar de salada mista. Certa vez, um dos meninos faltou e os outros dois, por exigência das meninas, tiveram que encontrar um substituto, senão não teria, naquele dia, brincadeira. Como vocês podem ver, o que rolava era uma paquera, pois as garotas não aceitavam brincar com um número impar de participantes. Além disso, havia uma fraude durante a brincadeira, pois os meninos avisavam em qual menina eu não podia pedir salada mista. A brincadeira era uma paquera, portanto. E eu entrei de gaiato. Durante toda brincadeira, eu não pedi nenhuma salada mista, pois tinha vergonha. Mas uma garota, que eu achava bonitinha, pediu a opção, que dar direito a um beijo na boca, justamente depois de me escolher. Não teve jeito. Fechei os olhos. A menina veio em minha direção e... ...me deu um beijo. O que senti? Não senti tesão, é claro. Senti uns lábios molhados e gelados. A cretina da garota, depois de fazer a cena, cuspiu e disse “eco!”. Eu, para não ficar para trás, fiz o mesmo, mas, no fundo, no fundo, estava contente, afinal, pela primeira vez na vida tinha beijado uma garota que eu achava bonitinha. Ah! Quase me apaixonei...
domingo, 27 de julho de 2008
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