De vez enquanto, sem querer, vejo um, dois ou três índios aculturados perambulando pelo setor comercial sul, em Brasília. Eles não andam pelados, mas usam adereços indígenas, como cocares e pinturas. No entanto, não é por isso que sei que eles são índios. Até mesmo porque já vi por lá indígenas sem esses enfeites e os reconheci. Reconheci pela pele vermelha. Pelos olhos puxados. Pelos cabelos escorridos. E pela aculturação. Os índios estão deixando de ser índios. Eles estão se tornando brasileiros. É uma pena. Qual é a nossa cultura? É a dominante. Nossa cultura é a que tenta se parecer com a cultura ocidental (leiam-se grandes centros de países desenvolvidos). Cultura popular que nada. O que vemos nos cinemas são superproduções holiudianas. Lemos best sellers. Enfim, nossos pés estão no Brasil, mas nossa cabeça... Sabe-se lá onde ela está. E os índios do setor comercial sul? Tadinhos. Pouco a pouco estão se transformando em brasileiros. Esse processo é acelerado cada vez que as poucas reservas indígenas perdem espaço e são tomadas por vastas plantações de grãos. A ignorância de outrora, do tempo do descobrimento, sim, a de que índio é preguiçoso, quer só ficar no mato vadiando, não quer estudar para conseguir um bom emprego, enfim, a idéia de que a cultura do outro não é a certa, infelizmente, ainda existe. É difícil para muitos aceitar que a cultura do ocidente não é melhor que a cultura dos índios da reserva Raposa Serra do Sol, por exemplo. Mas não. Muitos dizem: “o costume do ocidente é melhor porque é moderno, democrático, civilizado. O costume indígena, o que é aquilo? Não é costume, pois todos são bárbaros.” Se essa afirmação está correta, as duas grandes guerras mundiais devem ser lembradas com louvor, afinal, as nações que se envolveram nelas possuem costume “civilizado e moderno”. Afinal, a cultura ocidental não é bárbara, ainda que seus seguidores continuem enviando tropas para o Iraque.
sábado, 26 de abril de 2008
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