Blog do Paraíso: Qual é o preço das garrafinhas?

sábado, 23 de maio de 2009

Qual é o preço das garrafinhas?


A disputa por espaço dentro do Partido dos Trabalhadores (PT) é normal. Desde que o PT é o PT sempre teve disputa interna, inclusive, as eleições prévias foram criadas justamente por causa disso. No entanto, antes de ser realizadas, é conveniente buscar o consenso. Mas... até quando a disputa interna é saudável para o Partido?

Veja o caso do Distrito Federal (DF). Existe uma disputa entre o deputado federal Geraldo Magela e o ex-ministro do Esporte Agnelo Queiroz para a vaga de candidato ao Governo do DF (GDF) nas próximas eleições.

Enquanto Magela é um dos fundadores do Partido, Agnelo não tem nem um ano que está filiado ao PT. Ainda assim, a disputa não está nada fácil, pois Queiroz conta com o apoio do presidente do PT-DF, o ex-deputado distrital Chico Vigilante. Porém, qual é a força política de Vigilante?

A força política dele é grande, afinal, ele é presidente do PT-DF. Mas será que a força política dele é maior do que a de Geraldo Magela? Quando digo “força política” estou me referindo a votos. Não apenas da militância petista, mas de todas as pessoas.

Para responder a esta questão, vou traçar uma linha do tempo. Para não me estender muito, não vou considerar o que aconteceu antes de 1994. Nossa linha do tempo, portanto, começa com Vigilante eleito deputado federal e Magela, deputado distrital.

Em 1998, Chico Vigilante tenta se reeleger, mas não consegue. Geraldo Magela tem mais sorte e é eleito deputado federal.

Em 2002, oficialmente, Magela perde a disputa para o cargo de governador do DF e Vigilante vence a eleição para deputado distrital. Escrevo “oficialmente” por considerar que aquela eleição foi roubada. Primeiro porque, enquanto em todos os estados, que tiveram segundo turno, o índice de abstenção aumentou, o DF foi o único que teve mais gente nas urnas, prova que confirma a acusação de transporte ilegal de eleitores de outras regiões. Segundo porque a apuração do Distrito Federal foi a mais demorada, superando a contagem de votos de São Paulo, o estado mais populoso do Brasil. Logo, Magela venceu, mas não levou.

Em 2006, Magela dá a volta por cima e é eleito deputado federal. Já Chico Vigilante não consegue se reeleger deputado distrital.

Amigo (e)leitor, faça o seu julgamento e responda a questão. Agora, você quer saber o que eu penso? Sim? No meu entender, Geraldo Magela tem mais força política do que Chico Vigilante. Se considerarmos que a eleição de 2002 foi vitoriosa, de 1994 pra cá, Magela não perdeu nenhuma disputa, enquanto seu companheiro não obteve vitórias nas eleições de 1998 e de 2006. Mas, se formos considerar apenas o resultado injusto e oficial de 2002, ainda assim, o número de derrotas de Magela é menor, comparado aos números do presidente do PT-DF.

Apesar disso tudo, Chico Vigilante está dominando o debate político para as eleições de 2010. O pior de tudo é que esse debate está sendo feito através da imprensa. Nos últimos dias, os jornais, e alguns blogs, noticiaram que 90% das tendências do PT-DF apoiam a candidatura de Agnelo Queiroz para o GDF. Mas, será que a vontade das tendências é a mesma da militância do PT? Outra questão. Por que o debate não está sendo feito com as zonais do Partido? Não levar o debate para as zonais não seria um desrespeito com a vontade delas e da militância?

O que se pode perceber é que o debate com as zonais está sendo evitado, principalmente, quando a cúpula do PT-DF tentou antecipar as prévias, sabiamente proibidas pelo diretório nacional do PT. Pular o debate com as zonais e partir para as prévias faz emergir outras questões. Por que partir direto para as prévias? Será que é por causa das garrafinhas? Afinal, qual é o preço das garrafinhas?

Volto agora à questão inicial. Até quando a disputa interna é saudável para o Partido? A pergunta poderia ser muito bem respondia pelo presidente do PT-DF que está perdendo a oportunidade de unir o partido – muita gente sabe que o PT é mais forte unido. Chico Vigilante é um dos fundadores do PT. Quero dizer, ele tem uma importante história política. Só acho que ele deveria valorizá-la.

Um comentário:

Robson Camara disse...

Caro Roberto.
O PT é um partido importante para a política brasileira, pois e fosse os tucanos que tivessem na adminsitração do Brasil estaríamos ferrados. A questão central é que, ferentemente de um partido comunista, o PT é um partido frentista, isto é, várias frentes ou tendências, o que a meu ver complica muito um decisão unitária em seu interior.
Chico Vigilante! Sem comentários...