Blog do Paraíso: Novas palavras para o português

sábado, 2 de agosto de 2008

Novas palavras para o português


Se tem uma coisa em excesso nas periferias do Distrito Federal, não tenha dúvidas, é a mão de obra ociosa. Basta percorrer algumas esquinas para ver que estou com a razão. Dezenas de jovens, entre 15 e 25 anos, de braços cruzados e sem perspectiva nenhuma. Se perguntarem o que eles estão fazendo, provavelmente responderão “estou de boa”. E por que eles “estão de boa”? Primeiro. Não têm qualificação. Entre eles, quem estudou mais, terminou, fora da faixa etária, o ensino médio. Os jovens “de boa” são, portanto, mentes vazias. E o que acontece com uma mente vazia? Como já dizia o dito popular, “mente vazia é oficina do Diabo”. Está aí a explicação para os altos índices de criminalidade. Antes de encerrar, quero comentar outra coisa. Por não terem muito estudo, os jovens “de boa” não têm domínio da língua pátria e, portanto, criam seu próprio dialeto. Eis algumas novas palavras do vocabulário deles e os respectivos significados:
- Moscar (uma das mais interessantes): é uma comparação com a ação da mosca de padaria, que, geralmente, fica parada, sem fazer nada, de olho na rosquinha. Muitas vezes, a mosca pode ser dar mal, sendo esmagada pelo padeiro. Logo, uma pessoa que mosca ou está moscando se deu ou se dará mal. Uma pessoa que está parada num mesmo lugar, numa festa, por exemplo, sem fazer nada, também está moscando.
- Esparrar: é o mesmo que “tirar de tempo”, “queimar o filme” ou esparramar, para todos, alguma informação sigilosa, como um roubo. Quando diz que uma dona (mulher) esparrou um bicho (rapaz), quer dizer que ela não quis ficar ou namorar ele.
- Braite: é um dos nomes da cocaína.
- Vinte e dois: é uma pessoa doida.
- Só o ouro: geralmente, é uma mulher muito bonita, mas pode ser também alguma coisa muito boa.
Os jovens “de boa” também usam palavras, digamos, cultas. “E aí, consta?”. Entendeu, amigo leitor? Não? Então vou traduzir. “Olá! Tudo bem? Você está vendendo maconha ou cocaína?”. Fico imaginando, onde eles aprenderam usar essa palavra? Talvez na delegacia, diante o delegado que diz: “consta em sua ficha que você já foi preso por tráfico de drogas e por assalto a mão armada”. Escrevi acima que já estava encerrando este comentário. Não se preocupe, leitor. Vou falar só de mais uma palavra. Você sabe o que é uma pessoa “atribulada”? É uma pessoa abalada, chocada? Não. Um jovem “atribulado” acabou de consumir cocaína ou, então, acabou de praticar, ou praticará, um roubo.

Um comentário:

givas.demore@gmail.com disse...

Sera que é só na periferia?
é engraçado como surgem dia a dia novas palavras...
braite... essa eu não sabia.

muito bom esse texto...
abraço