Blog do Paraíso: Ter ou não ter diploma? Eis a questão.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Ter ou não ter diploma? Eis a questão.


Expresso minha opinião neste blog e não tenho diploma de curso superior em jornalismo. Você, estimado leitor, que também não tem diploma de curso superior em jornalismo, pode expressar sua opinião, se criar um blog. Nós – eu e você, leitor – podemos ainda expressar nossa opinião nos veículos de comunicação, afinal, existe lá o espaço para cartas de leitores. Há também a seção de opinião, onde é publicado os artigos de especialistas. Logo, se você, prezado leitor, é um experto em alguma área, escreva um artigo e envie para um jornal. Quer dizer, sem diploma de curso superior em jornalismo, podemos, sim, expressar nossa opinião. Agora... ...reportar notícias já são outros quinhentos... No meu entender, não é qualquer um que deve sair reportando notícias em veículos de comunicação – e até mesmo na internet, mas aí é outra discussão. Quem é encarregado de fazer notícias é o PROFISSIONAL FORMADO EM JORNALISMO. No entanto, há quem defenda posição contrária: a de que qualquer sujeito pode reportar notícias. Isso mesmo. De acordo com essa posição, se você cursou até a quarta série do ensino fundamental, mas sabe escrever razoavelmente bem, pode reportar notícias em veículos de comunicação. É um absurdo. É uma desvalorização de tudo que um jornalista, formado, estudou na faculdade. Por que será que isso não acontece com outras profissões? Por exemplo, o advogado. Para que exigir diploma para exercer a advocacia? Qualquer pessoa pode ler a Constituição, o Código Penal, enfim, qualquer pessoa pode ter acesso às regas da lei e pronto, ser advogado. Pensar assim – os advogados de plantão hão de concordar – é depreciar o conteúdo ensinado nas faculdades de direito. Além das pessoas que são contra a exigência de diploma para exercer a profissão de jornalista, há também aquelas que defendem o seguinte: bom, para ser jornalista é preciso, sim, de um diploma de curso superior, mas não necessariamente de jornalismo. Quem defende esse pensamento, acredita que dessa forma as redações ficariam mais plurais, pois lá você encontraria pessoas formadas em direito, história, ciências políticas, etc. No entanto, eu me pergunto: se você escreve bem e tem vontade de reportar notícias, mas não tem curso superior em jornalismo, qual é o problema em freqüentar uma faculdade de jornalismo? Qual é o problema? Será que lá você não aprenderá nada de importante? Ou você não faz o curso por falta de tempo? Ou ainda, é falta de dinheiro? A obrigatoriedade de diploma para exercer a profissão de jornalista está novamente em discussão no Supremo Tribunal Federal (STF). Tomara que o bom senso prevaleça. Leia abaixo o manifesto da Federação Nacional dos Jornalistas sobre o assunto:


Manifesto à Nação

Em defesa do Jornalismo, da Sociedade e da Democracia no Brasil

A sociedade brasileira está ameaçada numa de suas mais expressivas conquistas: o direito à informação independente e plural, condição indispensável para a verdadeira democracia.

O Supremo Tribunal Federal (STF) está prestes a julgar o Recurso Extraordinário (RE) 511961 que, se aprovado, vai desregulamentar a profissão de jornalista, porque elimina um dos seus pilares: a obrigatoriedade do diploma em Curso Superior de Jornalismo para o seu exercício. Vai tornar possível que qualquer pessoa, mesmo a que não tenha concluído nem o ensino fundamental, exerça as atividades jornalísticas.

A exigência da formação superior é uma conquista histórica dos jornalistas e da sociedade, que modificou profundamente a qualidade do Jornalismo brasileiro.


Depois de 70 anos da regulamentação da profissão e mais de 40 anos de criação dos Cursos de Jornalismo, derrubar este requisito à prática profissional significará retrocesso a um tempo em que o acesso ao exercício do Jornalismo dependia de relações de apadrinhamentos e interesses outros que não o do real compromisso com a função social da mídia.

É direito da sociedade receber informação apurada por profissionais com formação teórica, técnica e ética, capacitados a exercer um jornalismo que efetivamente dê visibilidade pública aos fatos, debates, versões e opiniões contemporâneas. Os brasileiros merecem um jornalista que seja, de fato e de direito, profissional, que esteja em constante aperfeiçoamento e que assuma responsabilidades no cumprimento de seu papel social.

É falacioso o argumento de que a obrigatoriedade do diploma ameaça as liberdades de expressão e de imprensa, como apregoam os que tentam derrubá-la. A profissão regulamentada não é impedimento para que pessoas – especialistas, notáveis ou anônimos – se expressem por meio dos veículos de comunicação. O exercício profissional do Jornalismo é, na verdade, a garantia de que a diversidade de pensamento e opinião presentes na sociedade esteja também presente na mídia.

A manutenção da exigência de formação de nível superior específica para o exercício da profissão, portanto, representa um avanço no difícil equilíbrio entre interesses privados e o direito da sociedade à informação livre, plural e democrática.

Não apenas a categoria dos jornalistas, mas toda a Nação perderá se o poder de decidir quem pode ou não exercer a profissão no país ficar nas mãos destes interesses particulares. Os brasileiros e, neste momento específico, os Ministros do STF, não podem permitir que se volte a um período obscuro em que existiam donos absolutos e algozes das consciências dos jornalistas e, por conseqüência, de todos os cidadãos!

FENAJ – Federação Nacional dos Jornalistas
Sindicatos de Jornalistas de todo o Brasil

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