Blog do Paraíso: Brutalidade de baixo do nariz do poder

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Brutalidade de baixo do nariz do poder


Brutalidade é a melhor palavra para definir o protesto dos motoristas e cobradores da empresa de ônibus Viação Planeta, realizado em Santa Maria-DF, na manhã de segunda-feira, 17 de agosto. Além de fazer obstrução da circulação dos veículos, os rodoviários apedrejaram quatros ônibus da Cooperativa de Transporte do Distrito Federal (Cootarde) simplesmente porque a empresa Planeta perdeu para a Cootarde o monopólio sobre (apenas) uma linha de ônibus.

Preste bem atenção, amigo leitor. Eu vou até repetir. Rodoviários apedrejaram ônibus da Cootarde porque sua empresa, a Planeta, perdeu para a Cooperativa o monopólio de uma; apenas uma; não mais que uma linha de ônibus.

Quer dizer, para eles, somente a empresa que os empregam devem prestar o serviço. Para eles, se houver concorrência, o seu empreguinho está ameaçado. E os passageiros? Os passageiros que se danem; que continuem pagando um valor alto por um serviço de má qualidade.

Quanto egoísmo e quanta ignorância.

Todo mundo sabe que, para existir um mercado perfeito, é preciso ter concorrência. O monopólio só é bom para o dono da empresa. O usuário do transporte público, sem opção, é obrigado a pagar a passagem e usar o ônibus, velho e caindo os pedaços, que o dono da empresa impor.

Mais revoltante é saber que a brutalidade aconteceu em Santa Maria, uma das cidades do Distrito Federal, que fica menos de 40 quilômetros da Capital da República. Apesar de ser periférica e pobre, Santa Maria, pode-se dizer, está de baixo do nariz do poder.

Se uma brutalidade como essa acontece de baixo do nariz do poder, imagine como deve ser nos rincões deste país continental? Em vez de pedra, tudo, imagino, de ser resolvido à bala e à peixeira. Ai daquela empresa que deseja entrar num mercado lucrativo como o de transporte público.

Também pudera. A empresa Planeta já está acostumada. Ela e muitas outras só precisaram participar de uma licitação. Nunca mais o Governo do Distrito Federal (GDF) se atreveu a fazer uma nova concorrência, ainda que o prazo de validade da licitação já esteja, há anos, vencido.

A situação é favorecida pela peleguisse da imprensa local. Se os jornais e TV fizessem o seu papel, eu estaria publicando agora mais um capítulo da história que estou fazendo e postando neste blog.

Veja o caso da TV Globo. O DF TV, como é chamado o noticiário local, fez uma cobertura muito ruim, e superficial, do que chamo de brutalidade. Até o nome da empresa eles não conseguiram divulgar de maneira correta. Para eles, o protesto foi feito pela Viação Planalto. Sem contar que muitas questões abordadas por mim, aqui neste artigo, sequer foram tocadas. Eles não mostraram que a passagem é cara, o transporte ruim e que a empresa Planeta circula sem licitação.

Já o DF Record, cuja emissora é duramente criticada pelo noticiário nacional da Globo por ser financiada pelo dinheiro arrecadado pela Igreja Universal do Reino de Deus, fez uma cobertura muito melhor. Aliás, o DF Record tem mais audiência que o DF TV porque sempre fez, e faz, reportagens mais apuradas, inteligentes e menos pelegas. O dinheiro dos crentes, portanto, está sendo bem usado no Distrito Federal.

Ainda não acabou. A Cootarde, que assumiu a linha que era da empresa Planeta, não veio porque o GDF é bonzinho e quer fazer um mercado perfeito no transporte público, beneficiando, portanto, os passageiros. Fontes me revelaram que a Cooperativa tem ligação com a família do vice-governador Paulo Otávio (DEM). Logo, é compreensível a Cootarde assumir uma das linhas mais lucrativas sem mais, nem menos.

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