Blog do Paraíso: A juventude brasileira escorre pelo ralo

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

A juventude brasileira escorre pelo ralo


História mal contada ou conversa fiada define lorota e pode até definir este comentário, pois não procurei saber o verdadeiro nome de... Lorota. Quem? Lorota é o apelido de um rapaz moreno e negro, que conheci faz muito tempo e que hoje já não existe mais. Ele viveu aqui na terra uns 22 ou 23 anos. (Não te falei, amigo leitor, este comentário vai ser uma história mal contada.) Eu bem que poderia usar toda minha habilidade jornalística para saber mais sobre a vida de Lorota. Mas... não posso. Poderei ser mal interpretado pelo assassino de... Ah, é! Esqueci de contar que Lorota foi assassinado ontem com seis tiros – ou seria sete. Pelo boato que rola na comunidade, Lorota morreu por causa de uma cachorra. Não. Não era pit bull não. Refiro-me a outro tipo de cachorra. Estou falando daquelas que adoram a dança do creu e companhia. Até aonde sei, Lorota namorava essa cachorra, que o traiu. Fato que levou a “história mal contada” e corna a tentar se matar. Ele não conseguiu. Decidiu, então, que deveria tirar a vida de outra pessoa. Sim. Ele resolveu tirar a vida do Ricardão. Mas, de novo, não conseguiu. E o Ricardão, por sua vez, não deixou barato. Pelo menos, é a suspeita, pois Ricardão, antes do homicídio, já tentara acabar com a “conversa fiada”. Mas... por que estou contando essa lorota? Talvez tenha sido os tiros que acabei de escutar. Talvez porque Lorota tenha sido o quarto a morrer, em menos de um mês, próximo a minha quadra. Dos outros três que morreram, só conheci um. E foi o “um” que morreu justamente na minha rua. Esse não tinha alcunha. Chamava-o pelo o diminutivo de Paulo. A primeira vez que vi Paulinho eu tinha uns 10 anos. Paulinho era bem mais novo. Não conseguia falar corretamente ainda. Joguei pelada e soltei pipa com ele somente durante a meninice. Depois, seguimos caminhos diferentes. Enquanto eu estou pelejando ser um jornalista, Paulinho virou “malandro”. Profissão que tem a expectativa de vida muito curta. Veja o caso de Paulinho que morreu com uns 16 anos. Alvejado com seis tiros – três na cabeça, um na canela e dois no tronco, Paulinho morreu por causa de uma dívida de drogas. Drogas que levaram à droga. Os crimes descritos acima são algumas gotas d’água no oceano das periferias brasileiras. Ô, céus! A quem devo gritar? A quem devo pedir socorro? Será que ninguém está vendo a juventude deste país ser tragada pela violência urbana?

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