Blog do Paraíso: Noite de pregação

sábado, 17 de maio de 2008

Noite de pregação


Numa noite de lua cheia, acompanhada de cachaça, misturada com mel, dentro do bambu, o profeta aparece. “Quem revelará o mistério, que tem fé”. Tudo começou antes da aula de sexta-feira. Devido o atraso de quase uma hora do professor, pensei que sairia mais cedo da faculdade. Logo, fiz o convite a manoEl: vamos para o show do Zé Ramalho? Manoel disse que precisava esperar o professor chegar para poder conversar com ele. Tirei a conclusão precipitada de que não seria dessa vez que eu ouviria a palavra do profeta. Às 20h, o professor chegou. Falou o que tinha que falar. Depois, fui embora. No caminho, meu celular toca. “Alô!”. “Pô, Zé Roberto! Você não vai para o show do Zé Ramalho?”, questionou Manoel. “Pensei que você não iria”, falei. “Que é isso? Vou dar uma passada lá mais o Rodrigo”. Também conhecido como Rodrigueira, Rodrigo faz parte da minha turma de faculdade. No meio do caminho para o ponto de ônibus, portanto, esperei-os. Minutos depois, embarquei. Fomos achando que o show já tinha começado, afinal, o anúncio dizia que seria a partir das 18h. Iiiii! É mesmo! Temos que levar um quilo de alimento não perecível. Passamos no supermercado. Dois quilos de feijão e um de açúcar são suficientes. Compramos. Partimos. Chegamos. Entramos. Tratava-se do Festival do Nordeste. O show mais esperado ainda não tinha começado. Fizemos o reconhecimento do local. Uma arena para concurso de quadrilha. Uma tenda, que não freqüentei, parecia tocar rock do nordeste. Não sei. Mais para o lado, outra tenda. No interior dela, um sanfoneiro. Longe de lá, dois palcos principais. Nas laterais, camarotes (para vovós e vovôs) e barracas. Muitas barracas. Dentre elas, a que vendia, dentro do bambu, cachaça misturada com mel. Quanto que é? Tem de R$ 3 e de R$ 5. Quero três de R$ 3. Alguns goles, o frio passa, o corpo esquenta e os três ficam mais alegres. Foi o momento que Manoel sugeriu: amanhã você vai escrever no seu blog “cachaça, mel e bambu! Há! Há! Há!”. “Boa idéia, contarei nossa aventura”, prometi. Agora estou cumprindo... Em nossas andanças pelo local, encontramos Diogo Ribas. Sinceramente, pensei que seria um ótimo jornalista, mas, no quinto semestre, ele “pediu pra sair” (você sabe o que eu quero dizer quando uso essa expressão? Não sabe?). Depois de Diogo, encontramos a Jack, acompanhada de uma bela garota loira, o que despertou nosso interesse em “colar” nelas. Como você, amigo leitor, pode ver, a matemática não estava certa. Mas logo ficaria com a chegada a irmã da Jack. Há muito tempo não via Jack. Faz dois anos que ela trancou o curso. Mas promete voltar. Conversamos. Jack teve que se separar da gente para ir buscar a irmã. Antes, ela pegou o número do Diogo e disse que ia ligar para nos reencontrar. Foi o tempo de eu tomar a cachaça do bambu de R$ 3 e comprar outro, de R$ 5! Compramos também três cachorros-quentes. Diogo preferiu somente uma cervejinha. Antes de comer os cachorros-quentes, Manoel e Rodrigueira lutavam para terminar a bebida no bambu que eles compraram. Rodrigueira não gostou. Eu adorei. O gosto adocicado do mel, misturado com a cachaça e o cheiro e sabor do bambu, fez-me sentir bem. Acho que nem fiquei bêbado... “A Jack acabou de ligar, vamos lá nela!”, disse Diogo. Fomos. Chegando lá, a matemática agora estava certa, mas para eles e elas. Preferimos não se juntar ao grupo, com exceção de Diogo. Eu, Rodrigueira e Manoel formos para os palcos principais. Até chegar bem perto deles, arrastei duas “donas” (na gira quer dizer garotas) para dançar, ao som do forró nordestino. Não sou nenhum dançarino, mas, pelo menos, não deixo uma dama ficar parada... A bebida do bambu de R$ 5 (eu coloco o preço na tentativa de ilustrar que ele é bem maior que o outro) acabou. Manoel trouxe mais duas de R$ 3 (eu pedi uma de R$ 5, mas, prudente, Manoel trouxe a menor). Rodrigueira preferiu tomar um copo de leite... A não! Foi um refrigerante. Próximo aos palcos, arrastai mais três “domas”. Só foi rala bucho, nada de mais. Nem telefone peguei. Após o arrasta pé, finalmente o profeta aparece. Em uma entrevista gravada num DVD, já ouvi Zé Ramalho dizer que, quando passa a alça da guitarra pela cabeça, sente como se estivesse colocando uma capa mágica. Foi exatamente isso que imaginei quando ele fez isso, ao entrar no palco. Já na primeira música, exalou da multidão um forte fedor de maconha. Não é minha praia. Nem se quer cigarro fumo. Pelo fedor, parecia ser das boas. Manoel não agüentou. Ele disse que iria sair para respirar um ar puro e, logo depois, voltaria. Preferi acompanhá-lo. Saímos da multidão e não voltamos mais. Mesmo assim, curtimos bastante o show, cuja última música foi “Sinônimo de amor é amar” (lembra? “Quem revelará o mistério, que tenha fé”). Mais ou menos às 2h10, o show do Zé acabou. O festival, não. No entanto, fomos embora, benzidos pelo profeta do “terreiro da usina”.

Um comentário:

Anônimo disse...

O virtuosismo do violão de Zé Ramalho, cantor aplaudido em shows em várias partes do Brasil e do mundo fez muitos forrozeiros dançar de rostinho colado no festival do nordeste, realizado neste final de semana na capital federal. (INCLUSIVE O DONO DESSE BLOG ARRASTOU O PÉ)

Foi uma noite requintada, teve de tudo, local afrodisíaco, lindas moças desfilavam como se estivessem em passarelas. Enfim, o cenário foi propício a felicidade geral. Teve até lua Cheia.

Prêmios e mais prêmios integram a farta coleção de Zé Ramalho. Faz shows para multidões, vende milhares de discos. Com a participação do cantor, o festival foi um espetáculo que entrou para a história da cidade. E você que faz parte dessa massa, não podia ter ficado de fora. Só lamento.