Blog do Paraíso: “O primeiro passo é o início de uma grande caminhada”

domingo, 29 de junho de 2008

“O primeiro passo é o início de uma grande caminhada”


Uma das primeiras coisas que fiz, quando entrei na faculdade, foi um currículo. E numa bela manhã de um dia da semana, sai entregando-o nos ministérios da Esplanada. Não fui só. Um colega, que começara a cursar letras, foi junto. Na portaria dos ministérios eu dizia: “eu quero ir ao RH para deixar um currículo”. Algumas atendentes diziam que lá não recebia e eu seguia para o próximo prédio. Nessa brincadeira, acabei entregando uns quinze currículos, apesar de não ter levado esse número. Levei uns três. As cópias dos demais tirei em alguns RHs de boa vontade (nessas horas, só me faltou o óleo de peroba). E o resultado? Depois de alguns meses, no final do primeiro semestre de 2005, fui chamado para o meu primeiro estágio na área de Comunicação Social. Lembro que no dia da entrevista, cheguei atrasado. Foi a entrevista mais rápida da minha vida. A entrevistadora só me apresentou ao chefe da área e pronto. Eu estava contratado para ser estagiário da Assessoria de Comunicação do Ministério de Minas e Energia. Minha função era bem simples. Eu tinha que ficar monitorando o BroadCast, da Agência Estado. Se aparecesse uma notícia sobre a então ministra Dilma Roussef, hoje “Mãe do PAC”, eu tinha que imprimir e levar para os assessores. A jornalista Renata Lu trabalhava na mesma sala que eu. “Qual é o semestre que você está?”, perguntou. “Eu... Eu estou no terceiro... Não, não. Estou no quarto semestre...”, respondi. “Ah! Então você está no terceiro, só que vai para o quarto?”, Lu perguntou novamente. “Isso mesmo”, eu disse. Percebi que ela estava muito desconfiada. E tinha toda razão, pois eu estava mentindo. Mas não fiz por mal. Fui orientado pela entrevistadora a mentir o semestre que eu estava. Na verdade, eu estava no primeiro semestre, indo para o segundo. Renata tentou me convencer a desistir do curso. Ela disse que a área estava superlotada, “faltava emprego”, e que a profissão era muito difícil. “Em uma redação, você tem que escrever muito. E rápido! O texto também tem que estar bem escrito”, satanizava. “Eu se fosse você, aproveitava enquanto é tempo e mudava de curso”. As palavras dela não me desanimaram, pelo contrário, me motivaram. Se para ser jornalista era preciso escrever bem, muito e rápido, eu estava disposto a aprender. Todos os jornalistas que conheci diziam que a receita era só uma: ler muito e de tudo. Foi o que eu fiz, durante o tempo que fiquei lá. E não foi pouco tempo. Foi o estágio mais longo que fiz até agora: um ano e seis meses. Só no final desse período, a entrevistadora me revelou porque me chamou para a entrevista. Ela disse que quando viu meu currículo pensou: “que estudante cara-de-pau! No primeiro semestre já querendo estágio. Ah! Ele mora em Santa Maria, tadinho. Deve estar precisando. Vou chamá-lo”. Na verdade, ela queria era me conhecer – não é nada disso que você está pensando, leitor tarado.

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