Blog do Paraíso: Agnelo ou Magela?

quarta-feira, 17 de março de 2010

Agnelo ou Magela?

Afinal, quem venceu o debate? Leia abaixo o resumo da discussão entre Agnelo e Magela e tire sua própria conclusão

O debate entre os pré-candidatos petistas ao Governo do Distrito Federal (GDF), Geraldo Magela e Agnelo Queiroz, começou às 19 horas e 52 minutos e terminou às 23 horas e 25 minutos. Durante o evento, o moderador da mesa e presidente do PT-DF, Roberto Policarpo, informou que José Roberto Arruda (ex-DEM) foi cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral e não é mais o governador do Distrito Federal. Houve comemoração dos petistas.

Bem antes de dar a notícia, Policarpo informou sobre a regra do debate. Cada pré-candidato teve 20 minutos para se apresentar. Depois, vieram 10 intervenções de militantes sorteados, que puderam falar, cada um, durante três minutos. Dos 10 militantes, dois eram indecisos, quatro a favor de Agnelo e quatro, de Magela.

A seguir um breve resumo das falas.

Discurso Inicial de Agnelo:

O ex-ministro do Esporte Agnelo Queiroz foi sorteado para falar primeiro. Começou seu discurso saudando a militância. Falou em seguida sobre o grande desafio de eleger a primeira mulher presidente do Brasil, a ministra Dilma Rousseff. Discursou a respeito das conquistas do governo do presidente Lula e fez algumas previsões otimistas, como o fim do desemprego daqui a 10 anos.

Para Agnelo, as próximas eleições serão uma oportunidade para varrer de vez a corrupção. “Nós temos que derrotar essa turma do Roriz, do Arruda. Isso seguramente é o nosso grande desafio”.

Agnelo elogiou a militância petista, disse ter orgulho de ser do PT. “Sempre atuei junto com o PT”, lembrou. Destacou o aspecto positivo da eleição prévia: grandes reuniões e conversa com a militância. Falou da necessidade de vitória. “Nós temos um grande desafio. Construir um novo tempo. Derrotar essa direita do DF. Esse governo que cuida do tijolo e abandona a criança”, ressaltou. O governo do PT, segundo Agnelo, terá que resgatar a cidadania e a esperança.

Agnelo criticou a discriminação de petistas recém-filiados. “O PT não aceita essa categoria de filiado de primeira e filiado de segunda”, sentenciou. O ex-ministro do Esporte protestou contra a desmoralização de sua candidatura pelos ataques, segundo ele, da direita, que tem tentado desestabilizar a sua candidatura. “Quero pedir a vocês que até domingo mantenham o nível alto na campanha”, solicitou. Agnelo finalizou pedindo o apoio e o voto dos militantes.

Discurso Inicial de Magela:

O deputado federal Geraldo Magela também começou seu discurso saudando os presentes. Disse que a divergência será apenas até domingo. Depois, haverá somente um exercito para derrotar a direita. “Esta é a primeira prévia onde a gente realiza apenas um debate. Eu gostaria de fazer debates em todas as cidades”, criticou.

Magela concordou com Agnelo no que diz respeito ao desafio de eleger a primeira mulher presidente do Brasil e aos avanços do governo Lula, que devem continuar mudando o país.

Em seguida, Magela falou de seu sonho. “O meu sonho é ver de novo as portas do Palácio do Buriti se abrindo e nós petistas entrando com nossas bandeiras”, discursou. O deputado disse que esse sonho, para se realizar, deverá ser construído e vivido. Ele lembrou do sucesso da campanha de 2002, onde enfrentou Roriz, Arruda e Paulo Otávio. Magela disse que pode fazer o enfrentamento com Roriz porque nunca o procurou para fazer acordo para derrotar o PT.

O próximo assunto de Magela foi o acordo firmado em 2009 entre ele e Agnelo Queiroz. “Este acordo precisa ser esclarecido para a militância. Eu trouxe o acordo escrito. Aqui está o acordo”, mostrou o documento. O pacto pregava, segundo o deputado, que Agnelo seria candidato a governador e ele, o principal candidato a senador. Quem conduziria as negociações para a chapa de governador seria o ex-ministro do Esporte. Na chapa para senador, Magela seria o responsável pelas articulações políticas. Segundo Magela, o acordo foi rompido quando Agnelo e Chico Vigilante começaram a fazer negociações para a chapa de senador sem a sua presença. “Nas minhas costas estavam dizendo que o PT não teria candidatura para Senador”, protestou.

Outro argumento usado por Magela foi o fato de o acordo ter sido firmado sem a informação de que Agnelo tinha conhecimento dos vídeos de políticos recebendo dinheiro sujo, gravados por Durval Barbosa, denunciante do Mensalão do DEM. Magela disse que, quando ficou sabendo pela imprensa que Agnelo tinha visto os vídeos, se sentiu traído.

Magela falou de sua história de lutas e conquistas em 30 anos de filiação no PT. Ressaltou que tem ficha limpa na justiça e que todas as acusações contra ele, feitas em 2002, não foram aceitas pela justiça.

Magela criticou Agnelo por dizer que ele foi o responsável por ter plantado a matéria publicada na última edição da revista Época. Disse que pediu ao jornalista de Época para revelar a fonte, caso tenha sido ele.

Primeira Intervenção dos Militantes:

Após o fim da fala de Magela, todos os militantes presentes que desejavam falar fizeram inscrições. Foram sorteadas 10. Os filiados a favor de Agnelo foram identificados como: Wilmar Lacerda, Márcio, Osvaldo Russo e Chico Floresta. Os petistas a favor de Magela eram: Jeová Rodrigues, Jacira Siva, Bruno Teixeira e Barreira. Os indecisos: Rafael e Eli.

A ordem do sorteio também valeu para os militantes. O apoiador de Agnelo, portanto, foi o primeiro a discursar. Wilmar Lacerda destacou três pontos. Ele disse que Agnelo é o candidato que une o PT. Segundo, Agnelo pode unir os partidos de esquerda em torno do PT. Por fim, ressaltou que, quando Arruda era imbatível, Agnelo se dispôs a ser o candidato do partido.

Jeová Rodrigues foi o segundo a discursar. Ele informou fazer parte da Articulação (tendência interna do PT), mas, mesmo assim, apoia a candidatura de Magela.

Indeciso, Rafael condenou a criminalização de movimentos habitacionais e cobrou o esclarecimento sobre a relação de Agnelo com o jornalista Hélio Doyle.

Apoiador de Agnelo, Márcio criticou Magala por ter abandonado a então candidata a governador Arlete Sampaio faltando três meses para as eleições de 2006.

Bruno Teixeira, apoiador de Magela, cobrou de Agnelo esclarecimento sobre sua ida ao “ninho” de Durval Barbosa para assistir aos vídeos de políticos recebendo propina.

Indeciso, Eli ressaltou que a disputa entre Agnelo e Magela só iria até domingo e que o PT chegaria a um nome vitorioso. “Que depois de eleito, vai ouvir a militância”, finalizou.

Osvaldo Russo falou depois a favor de Agnelo. Defendeu a mudança de partido feita pelo ex-ministro, que saiu do PCdoB e entrou no PT. Para Osvaldo, a esquerda é muito maior que o PT. Ele destacou que Agnelo é o melhor nome para conduzir as alianças.

Jacira Silva, a favor de Magela, fez um discurso em defesa de políticas que promovam a pluralidade cultural e racial.

Apoiador de Agnelo, o ex-deputado distrital Chico Floresta acusou Magela de também saber da existência das fitas de Durval Barbosa, antes do escândalo do Mensalão do DEM. Chico disse ainda que Magela não deveria falar do acordo e, sim, de política e de como ter aliado. Para encerrar, o ex-distrital condenou o levantamento da “questão Hélio Doyle”.

Para defender Magela, Barreira discursou em seguida. Criticou a realização de apenas um debate. Defendeu a troca de e-mail com informações sobre a vida pública dos candidatos.

Primeira Resposta de Magela:

Magela começou a responder primeiro Wilmar Lacerda. “Eu propus que realizássemos a prévia junto com o PED. Teria sido antes da crise”, disse para justificar que não foi apenas Agnelo o único a colocar o nome na época que Arruda era líder nas pesquisas de intenção de voto. Magela argumentou que foram membros de outros partidos de esquerdas que pediram para ele recolocar seu nome como pré-candidato a governador. Por fim, sustentou que a militância unificará o PT.

Logo depois, Magela passou a responder o segundo interventor. Concordou com Rafael e condenou a criminalização do movimento habitacional. Magela aproveitou para fazer a promessa de construir 40 mil unidades habitacionais, se eleito governador.

Em resposta a intervenção de Eli, Magela disse que governará com a militância.

Antes de encerrar seus segundo discurso, Magela respondeu a acusação de Chico Floresta, afirmando que não tinha conhecimento dos vídeos de Durval Barbosa. “Se eu conhecesse as fitas, a primeira coisa que ia fazer era chamar a executiva do partido. A segunda coisa era fazer a denúncia no Ministério Público”, discursou. Magela destacou o fato de Agnelo só ter assumido que assistiu às fitas depois de a imprensa descobrir e noticiar. Por fim, Magela criticou a presença de Hélio Doyle na campanha de Agnelo. “Já temos muito Chico para mandar no governo do Agnelo”, sustentou.

Primeira Resposta de Agnelo:

Agnelo defendeu um nível elevado de debate. Declarou que o acordo foi democrático e criticou Magela por não lhe ter ligado para comunicar o rompimento do acordo.
Agnelo defendeu sua própria atitude de ver os vídeos de políticos recebendo dinheiro sujo e não fazer denúncia, porque, segundo ele, esse foi o melhor caminho. Se tivesse feito a denúncia antes de Durval, sustentou Agnelo, talvez Arruda não seria preso, pois acusariam o PT de inventar história para ascender ao poder. Para Agnelo, o caminho certo foi a denúncia dentro da quadrilha. “Ainda bem que foi eu que vi os vídeos”, comemorou.

Agnelo ressaltou que o que deveria ser discutido era o mérito do debate e a qualidade dos pré-candidatos.

“São os dirigentes do PT que dirigem minha campanha”, afirmou para rebater  a informação de que o jornalista Hélio Doyle toma conta de sua campanha. “Vai ser um orgulho meu se o Chico estiver em meu governo”, completou.

Segunda Intervenção dos Militantes:

Na segunda intervenção dos militantes, foram sorteados e identificados como apoiadores de Magela: Miranda, Benoni, Ademário e José Wilson. De Agnelo: Doriva, Tolentino, Luiz Alberto e Luiz Domingos. Os indecisos: Hugo Nascimento e Leão.

Miranda começou o segundo bloco de intervenção cobrando dos pré-candidatos propostas para o próximo ano, caso o PT vença as eleições para governador. Questionou o que seria feito com o Banco Regional de Brasília (BRB), frequentemente ameaçado de privatização.

Depois, foi a vez de Hugo Nascimento, que se cadastrou como indeciso. Condenou o acordo firmado entre Agnelo e Magela sem a participação da militância. Hugo questionou Agnelo se não seria oportunismo a troca de partido para disputar a eleição para governador.

Doriva falou em seguida e defendeu o pouco tempo de Agnelo no partido. Para Doriva, o tempo de filiação não tem muita importância. “Não me lembro quando virei petista”, disse.

O próximo a fazer intervenção foi Benoni. Integrante do Movimento PT, corrente interna do partido, Benoni disse que dentro da tendência houve divergência sobre o acordo entre Magela e Agnelo. “Eu defendi o acordo”, revelou. Mas, logo depois que a crise no GDF estourou, e todos ficaram sabendo por meio da imprensa que Agnelo teria assistido antes das denúncias aos vídeos de políticos recebendo propina, Benoni disse que se sentiu traído e foi o primeiro a pedir a Magela que recolocasse seu nome para disputar o cargo de governador.

A favor de Agnelo, Tolentino destacou que nunca viu Agnelo do outro lado. “Não vi o companheiro Agnelo distante da nossa luta”, defendeu. Tolentino afirmou que se tivesse assistido aos vídeos, teria feito a mesa coisa que Agnelo. Também apontou que todos os políticos mantêm conversas com outros políticos, dentre eles, o ex-governador Joaquim Roriz e Tadeu Filippelli.

Discursando como indeciso, Leão disse que as prévias eram saudáveis, mas era preciso evitar o que aconteceu na campanha de 2006, quando aliados não quiseram fazer a campanha de Arlete Sampaio por causa da divergência.

O próximo a discursar a favor de Magela foi Ademário. Para ele, quem foge do debate não tem proposta, é manipulado ou é pastel de vento. “Você não provou para que veio, Agnelo”, criticou. Ademárcio cobrou de Agnelo resposta para a intervenção de Bruno, que pediu explicação sobre a visita a Durval Barbosa para assistir aos vídeos de políticos recebendo dinheiro sujo. “O senhor entrou no cafofo de Durval”, desafiou.

Luiz Aberto tomou a palavra, logo depois, para declarar seu apoio a Agnelo.
José Wilson foi o próximo. A favor de Magela, ele ressaltou que tempo de partido não é decisivo, mas é importante. “Agnelo esteve sempre na esquerda, mas não tinha o petismo no sangue”, apontou.

Apoiador de Agnelo, Luiz Domingos provocou Magela. “Não entendo por quer um casal de médicos não pode ter uma casa no Lago e um bancário pode?”

Segunda Resposta de Agnelo:

Agnelo iniciou seu terceiro discurso no debate respondendo diretamente a Miranda. “O nosso compromisso é resgatar o serviço público”, informou. Agnelo disse que, em seu governo, resgatará o BRB.

Depois, elogiou a realização das prévias. “Pelo nível do debate, sempre acirrado, é um saldo positivo”, comentou. Mas criticou o questionamento a respeito de regularidade da compra de sua casa. “Tenho todas as condições de ter essa moradia. Para não ter dúvida nenhuma, fiz uma auditoria independente”, informou. Agnelo entregou o documento nas mãos do presidente do PT-DF Roberto Policarpo.

Segunda Resposta de Magela:

Magela agradeceu o apoio dos militantes e das correntes internas do PT que lhe apoia. Logo depois, rebateu a afirmação de Agnelo de que ele não teria ligado para comunicar o rompimento do acordo. “Não liguei porque eu disse pessoalmente para o Agnelo no meu gabinete”, surpreendeu.

Quanto às propostas para o ano que vem, Magela afirmou a Miranda que será preciso uma avaliação com o partido para saber os programas da gestão anterior do PT que devem ser aproveitados e os que devem ser criados.

Logo depois, Magela reconheceu que o acordo firmado entre ele e Agnelo excluiu a militância. “Sei que a prévia é o que tem de mais democrático no PT”, disse.

Magela respondeu, em seguida, ao comentário de Tolentino, que disse que os políticos conversam entre sim. Magela concordou e informou que conversou com Roriz, mas foi um encontro público, que toda imprensa noticiou. No encontro, Magela disse que não falou nada que não pudesse ser publicado.

Em seguida, Magela respondeu a provocação de Luiz Domingos, dizendo que não apenas um médico, mas um professor e pessoas de outras profissões podem ter uma casa no Lago.

Magela disse que o problema da matéria da revista Época não foi o questionamento da compra da casa de Agnelo, o que, segundo ele, poderia ser comprovado muito facilmente. Para Magela, o problema foi Agnelo ter lhe acusado de ser o responsável por plantar a notícia.

Um comentário:

Carla Beckes disse...

Magela , além de se contradizer sobre o acordo firmado, foi indeciso e fez um discurso fraco. Tentou atingir Agnelo em pontos que nao interferem na sua possível, e quase certa, campanha e esqueceu de defender seus ideais.