Blog do Paraíso: Eternizado nas letras de sua música

domingo, 2 de novembro de 2008

Eternizado nas letras de sua música


“O que eu mais queria era provar para todo mundo que eu não precisava provar nada para ninguém”. “Quero me encontrar, mas não sei onde estou”. “Eu sempre precisei de um pouco de atenção. Acho que não sei quem sou. Só sei do que não gosto”. “Parece cocaína, mas é só tristeza”.

“É preciso amar as pessoas como se não houvesse o amanhã”. “Mas hoje não dá”. “Afinal, amar ao próximo é tão démodé”. “E há tempos nem os santos têm ao certo a medida da maldade”. “Não quero lembrar que eu erro também”.

“Quem me dera, ao menos uma vez, acreditar que era só por brincadeira que se cortava sempre o pano de chão de linho nobre pura ceda”. “Esse é o nosso mundo. O que é demais nunca é o bastante.” “Que país é esse?”. “Vamos celebrar a estupidez humana”.

“Sexo verbal não faz meu estilo”. “Eu gosto de meninos e meninas. Deixa ver como viver é bom”. “Sei que ela terminou o que eu não comecei”. “Mas não. Não vá embora”. “Aquele gosto amargo do teu corpo ficou na minha boca por mais tempo”. “Eu quis o perigo e até sangrei sozinho, assim pude trazer você de volta pra min”.

As frases citadas acima são trechos das letras de música escritas por Renato Russo. Por coincidência ou não, ainda que descontextualizadas, elas nos levam a acreditar que seu autor deixou impressa sua vida. Conforme o primeiro parágrafo deste texto, o músico Renato Manfredini Júnior era uma pessoa bastante deprimida. Russo, inclusive, tentou se matar, pelo menos, três vezes.

A tentativa de suicídio mais conhecida foi quando sua família o encontrou, dentro da banheira, ensangüentado e chorando. Renato cortara os pulsos. Na época, sua banda, a Legião Urbana, tinha acabado de ter o primeiro contrato rescindido pela gravadora EMI, fato que coincidiu com o rompimento de um namoro que Renato mantinha com uma mulher casada.

Renato Russo se relacionava com “meninos e meninas”, porém, a homossexualidade do músico só foi assumida para o público em 1990, quando se apaixonou por Robert Scott, em San Francisco, nos Estados Unidos. Russo dizia que só mantinha relações com mulheres para satisfazer a família e a sociedade, inclusive, muito antes de assumir em público a homossexualidade, aos 18 anos, ele revelara a preferência sexual à mãe Maria do Carmo.

O único filho que Renato Russo teve foi para satisfazer o desejo de uma fã, que invadiu o hotel onde o músico estava hospedado, em São Paulo. Ainda assim, a mãe de Renato foi quem criou Giuliano Manfredini, pois a fã entregou o recém nascido ao músico, alegando não ter condições de criá-lo.

Apesar das histórias reais da vida do músico se encaixar na sua melodia, é importante ressaltar que, hoje, os fãs de Legião Urbana ouvem as músicas não para sentir tristeza, depressão ou vontade de se matar. Eles ouvem para sentir consolo, pois seus sentimentos são entendidos e compartilhados por todos que curtem o som da banda.

Hoje, se há algum pesar ao ouvir as letras de música escrita por Manfredini, é por causa da saudade que ele deixou ao partir de maneira dramática e com apenas 36 anos de vida. Os fãs querem ainda contemplar nos palcos os trejeitos do rapaz magro, de cabelo encaracolado e barbudo. Querem tanto que, para eles, qualquer sujeito de óculos quadrado possui semelhança com Renato Russo.

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