Blog do Paraíso: DEM, até agora, não apresentou nenhuma sanção a PO

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

DEM, até agora, não apresentou nenhuma sanção a PO


O Democratas (DEM) acha que é diferente do PT e do PSDB, no envolvimento com o mensalão, isso porque a cúpula demo pediu a expulsão, do partido, do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (ex-DEM), e do presidente licenciado da Câmara Distrital Leonardo Prudente (DEM), aquele que abarrotou as meias com maços de dinheiro. O DEM, contudo, está enganado. Não é diferente do PT e do PSDB, porque apenas escolheu dois bodes expiatórios. Afinal, a punição com a expulsão do partido deveria valer para todos os suspeitos de participarem do esquema de corrupção, o que inclui o vice-governador Paulo Otávio, o PO.

Para não passar pelo constrangimento de ser expulso do DEM, Arruda pediu a desfiliação do partido. Prudente ainda não foi expulso porque, assim como o governador, teve um prazo de oito dias para apresentar sua defesa. Enquanto isso, nenhuma sanção foi apresentada para Paulo Otávio, suspeito de receber 30% da propina arrecadada de empresas prestadoras de serviço para o Governo do Distrito Federal (GDF). Pelo contrário, o vice-governador tem a expectativa de assumir o GDF no lugar de Arruda e ainda se candidatar a governador, em 2010.

O trunfo de PO é não ter aparecido nos telejornais e nos vídeos da internet recebendo maços de dinheiro, como aconteceu com o governador Arruda e o deputado Leonardo Prudente. Mesmo assim, há indícios da participação de Otávio no esquema, como uma folha de papel onde aparece escrito, à mão, uma lista com a porcentagem da propina que receberiam Arruda, PO, Omézio Pontes, então assessor de imprensa do governador, e José Geraldo Maciel, ex-secretário-chefe da Casa Civil. A folha de papel está anexada no processo que deu origem a operação Caixa de Pandora da Polícia Federal.

De acordo com depoimento do ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa, em outubro deste ano, uma pessoa apelidada de “Mineirinho” foi ao seu gabinete com 298 mil reais, dinheiro desviado de um contrato da empresa Info Educacional com a Secretaria de Educação. Autor das denúncias que revelaram o esquema de corrupção, Durval disse à Polícia Federal que 60 mil reais foram entregues para o assessor do então secretário de Educação José Luiz Valente. Outros 60 mil reais ficaram com um homem chamado de Massai Kondo, restando 178 mil reais que, segundo Durval, seria dividido em 40% para Arruda, 30% para o vice-governador, 10% para Omézio, 10% para Maciel e 10% ficaria esperando o comando do governador.

Logo, se o DEM não pedir a expulsão de PO do partido, vai ficar parecendo que a punição do governador foi uma forma velada de fazer Arruda cumprir o acordo firmado com seu vice, antes de ser eleito. Para quem não se lembra, Paulo Otávio desistiu de disputar o GDF em 2006 com a condição de ser o candidato do DEM para governador na próxima eleição, em 2010. O acerto foi até documentado, porém, antes do escândalo do mensalão do DEM, Arruda dava claros sinais de que não cumpriria o combinado.

Quer dizer, se a palavra de Arruda não foi cumprida por bem, parece que foi por mal.

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