Blog do Paraíso: Distritais podem dar a Arruda uma pizza de presente de Natal

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Distritais podem dar a Arruda uma pizza de presente de Natal


O natal do governador do Distrito Federal (DF), José Roberto Arruda (ex-DEM), não será o melhor, porém, ele poderá ganhar um saboroso, e quentinho (já está quase saindo do forno), presente dos deputados distritais. Não é um panetone, mas, sim, uma enorme pizza.

Dos 24 parlamentares da Câmara Legislativa do DF, somente três podem votar a favor do impeachment de Arruda, conforme se pode observar no comportamento dos deputados.

A grande maioria não tem condição moral, ou ética, para julgar Arruda, o vice-governador Paulo Otávio (DEM), os empresários e os próprios colegas envolvidos no esquema de corrupção, revelado por investigação da Polícia Federal na operação Caixa de Pandora.

A seguir, faço uma relação de todos os deputados distritais e as notícias negativas, ou positivas (quando tem), que os acompanham:

Alírio Neto (PPS) – ocupou até pouco tempo a secretaria de Justiça do Distrito Federal. Deixou a pasta, assim que a Caixa de Pandora foi aberta. Embora seu nome não seja citado, até agora, nas investigações, Alírio, e outros deputados, podem ter algum envolvimento, se for confirmado o que disse o ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa. Autor das denúncias que deram origem a operação Caixa de Pandora da Polícia Federal, Durval afirmou em depoimento que todas as secretarias ocupadas por políticos eram beneficiadas pelo esquema de cobrança de propina. 

Batista das Cooperativas (PRP) – vice-líder do governo na Câmara Legislativa, Batista, sem nenhum pudor, foi recentemente à tribuna defender o governador José Roberto Arruda (ex-DEM). Até agora, o nome de Batista das Cooperativas não aparece nas notícias sobre o esquema de corrupção investigado pela Polícia Federal.

Benício Tavares (PMDB) – segundo as investigações, Benício Tavares recebia R$ 30 mil por mês. Em 2004, quando era presidente da Câmara Legislativa, Benício foi acusado de participar de uma orgia com crianças. Mesmo assim, seus colegas deputados distritais não viram motivos para abrir contra ele um processo por quebra de decoro parlamentar.

Benedito Domingos (PP) – ex-vice-governador de Joaquim Roriz (PSC), o deputado e presidente regional do Partido Progressista (PP), pode ter recebido do esquema de corrupção R$ 6 milhões para aderir a coligação de Arruda, conforme investigação do processo da operação Caixa de Pandora.

Bispo Renato Andrade (PR) – faz parte da base de apoio do governador Arruda. Não há muita informação sobre seu comportamento.

Brunelli (PSC) – é uma personagem muito conhecida na novela da operação Caixa de Pandora. Brunelli aparece em um vídeo orando pela vida de Durbal Barbosa. A prece ficou conhecida, dentre outros nomes, por “oração da propina”. Júnior Brunelli se afastou do cargo de Corregedor da Câmara, após a revelação de que teria recebido, por mês, R$ 30 mil para apoiar Arruda, segundo a investigação.

Cabo Patrício (PT) – presidente interino da Câmara Legislativa, Patrício, ao mesmo tempo que julgará os colegas, terá que provar inocência, pois um advogado entrou, semana passada, com uma representação contra o petista por quebra de decoro parlamentar. Ao incluir numa lei a prioridade na contratação de empresas de Brasília para recolhimento e tratamento de lixo hospitalar, Cabo Patrício, segundo o advogado, teria favorecido uma empresa ligada ao presidente licenciado da Casa, Leonardo Prudente (DEM) – aquele da meia (veja informações abaixo, quando chegar a vez de Prudente). Saberemos da inocência de Patrício no decorrer dos trabalhos de apuração e punição, afinal, quem não deve, não teme.

Chico Leite (PT) – é conhecido por ter uma assessoria que faz diversos levantamentos no sistema de compras do Governo do Distrito Federal (GDF), revelando irregularidades, como superfaturamento, contratos sem licitação e compras desnecessárias.

Cristiano Araújo (PTB) – seus pais são dono da empresa Fiança, que presta serviços gerais e de segurança. De acordo com planilha obtida pelo jornal O Estado de S. Paulo, a empresa da família de Cristiano pode ter doado R$ 650 mil ao caixa dois da campanha para governador de José Roberto Arruda. Desde 2007, a Fiança já recebeu R$ 240 milhões em contratos com o GDF.

Cristiano Araújo responde processo no Tribunal Regional Eleitoral (TER) por ser acusado de usar a estrutura da empresa de sua família, a Fiança, para lhe favorecer na campanha de deputado distrital. Cristiano, sem nunca antes ter concorrido a nenhum cargo eletivo, foi um dos mais bem votados, em 2006. Atualmente, é o relator-geral do orçamento do Distrito Federal. Há a suspeita de que o orçamento para 2010 pode estar comprometido, já que inclui gastos com obras, cujos contratos foram feitos mediante pagamento de propina para o esquema de corrupção revelado por Durval Barbosa. Cristiano Araújo não é citado no processo da operação Caixa de Pandora.

Dr. Charles (PTB) – também não é citado no mensalão do DEM, mas o deputado foi denunciado, em junho, pelo Ministério Público do DF (MPDFT) por improbidade administrativa. De acordo com o MPDFT, por ser o executor técnico do programa Família Saudável, Charles deve responder pelo superfaturamento de R$ 5 milhões em contratos do Família Saudável com a Ipanema Empresa de Serviços Gerais e Transportes Ltda.

Eliana Pedrosa (DEM) – cotada para ser a nova presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal, Eliana Pedrosa possui ligação com as empresas Dinâmica e Esparta, que aparecem na planilha de doadores do caixa dois da campanha de Arruda. Em documento obtido pelo jornal o Estado de S. Paulo, o nome Dinâmica é mencionado com o valor de R$ 100 mil ao lado. Uma irmã da deputada, dona de uma empresa com o mesmo nome – Dinâmica –, já recebeu, desde o primeiro ano do governo Arruda, R$ 67 milhões em contratos com o GDF. Já a Esparta teria contribuído com R$ 50 mil. Assim com a Dinâmica, a empresa atua no ramo de segurança e também é controlada por um Pedrosa, no caso o filho de Eliana, o André. Recentemente, a Esparta fechou um contrato emergencial, sem licitação, com o GDF, no valor de R$ 4,8 milhões.

Além disso tudo, Eliana Pedrosa foi salva, ano passado, na Comissão Parlamentar de Inquérito que investigou os serviços de óbitos em Brasília, a CPI dos Ossos. A investigação descobriu, entre outros crimes, a comercialização clandestina de órgãos humanos para cursos técnicos da área de tratamento de cadáveres e o desvio de caixões doados para entidades filantrópicas, com a finalidade de serem, em seguida, vendidos, isso sob a fiscalização da Secretaria de Desenvolvimento Social, na época chefiada por Eliana Pedrosa. A deputada teve que deixar a secretaria para depor na CPI. Em seu depoimento, não explicou porque o cemitério Campo da Esperança assinou um contrato, com a participação da empresa Dinâmica, sem obedecer o edital de licitação.

Erika Kokay (PT) – líder do Partido dos Trabalhadores na Câmara, Erika foi salva, em 2007, de um processo por quebra de decoro parlamentar. A petista era suspeita de criar uma conta laranja para movimentar dinheiro do caixa dois de sua campanha, mas o então corregedor da Casa, o deputado Rôney Nemer (PMDB), não viu nenhuma ligação entre a conta laranja e a parlamentar. Se Erika for retribuir a gentileza, o panetone vira pizza, principalmente porque Rôney é citado na investigação do esquema de corrupção do governo Arruda (veja abaixo, quando chegar a vez de Nemer).

Eurides Brito (PMDB) – líder do governo Arruda na Câmara Legislativa, Eurides aparece num dos vídeos com uma enorme bolsa, onde coloca alguns maços de dinheiro. De acordo com a investigação, a deputada é suspeita de receber uma mesada de R$ 30 mil para apoiar o governador.

Jaqueline Roriz (PMN) – é a filha do ex-governador Joaquim Roriz (PSC), que, em 2007, teve que renunciar ao cargo de senador para não ser cassado. Há a suspeita de que o esquema de corrupção liderado por Arruda teria começado quando Roriz era governador. Durval Barbosa é aliado de Joaquim e se limitou a denunciar somente Arruda. Pode ser que Jaqueline também se limite a atacar apenas o atual governo.

Leonardo Prudente (DEM) – é conhecido no país inteiro, depois de ter inventado uma nova maneira de guardar dinheiro que, segundo ele, é mais seguro – como se seus eleitores fossem bacabas a ponto de acreditar numa historia dessas, afinal, todos sabem, depósito em conta corrente é uma das formas seguras de receber grande quantidade de dinheiro, pelo menos, para pessoas de bem que pagam, direitinho, seus impostos. Prudente aparece em imagens gravados por Durval Barbosa, fazendo, literalmente, um “pé de meia”. Os maços de dinheiros, de acordo com Leonardo, foi usado no caixa dois de sua campanha, em 2006. O deputado, por enquanto, está licenciado da presidência da Câmara Legislativa, mas há rumores de que ele deve deixar o cargo para facilitar a transformação do panetone em pizza. Em seu lugar, assumiria Eliana Pedrosa.

Milton Barbosa (PSDB) – é irmão de Durval Barbosa, autor das denúncias que deram origem a investigação do esquema de corrupção do governo Arruda. Está numa situação muito complicada, pois sempre foi aliado do governador e terá que escolher apoiar o irmão ou defender Arruda.

Paulo Roriz (DEM) – é parente de Roriz (vide em Jaqueline Roriz mais informações sobre o ex-governador), mesmo assim, sempre esteve no governo Arruda, mais precisamente na secretaria de Habitação. Deixou a pasta para poder defender o governador na Câmara Legislativa.

Paulo Tadeu (PT) – foi o deputado distrital mais bem votado em 2006 e faz dura oposição ao governo Arruda.

Pedro do Ovo (PRP) – suplente do deputado Ayton Gomes (PMN), é citado na investigação como um dos beneficiados pela propina arrecadada pelo mensalão do DEM.

Raimundo Ribeiro (PSDB) – foi escolhido para ser o corregedor da Câmara no lugar de Brunelli, o problema é que ele faz parte da base de apoio do governador Arruda.

Reguffe (PDT) – um santo! Dede que foi eleito, não há nada que pese contra ele, pelo menos, que a gente sabe.

Rogério Ulysses (PSB) – deixou a presidência da Comissão de Constituição e Justiça porque é citado na investigação como um dos parlamentares que teria recebido dinheiro do esquema de corrupção.

Rôney Nemer (PMDB) – é citado na investigação como um dos beneficiados pela propina do esquema de corrupção denunciado por Durval Barbosa.

Wilson Lima (PR) – faz parte da base de apoio do governador Arruda na Câmara Legislativa.

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