Hora de unir e agir
(texto publicado nesta quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010)
É bom sinal. A posse de Wilson Lima dá mostras da normalidade democrática que impera no Distrito Federal. O suprimento do vácuo de poder decorrente do impedimento do governador titular e da renúncia do interino ocorreu dentro do ciclo previsto na Lei Orgânica do DF e em obediência à Constituição. O cumprimento do ritual político é pressuposto indispensável à conquista da governabilidade. Cabe agora ao novo governante arregimentar os suportes institucionais para que a administração trabalhe sem solução de continuidade. A primeira providência é incorporar a noção de que o refluxo da crise dependerá do exercício da autoridade e da competência para cooptar forças solidárias.
Afirmar que a falta de sofisticação de Wilson Lima constitui obstáculo ao desempenho do cargo soa como discriminação inaceitável. Argumentos semelhantes se levantaram quando o metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva se candidatou à Presidência da República. Sem curso superior e sem experiência em cargo executivo, Lula não reuniria as condições de administrar um país com as complexidades de um mundo em transição. A realidade se encarregou de desmoralizar as cassandras de plantão. Em clara demonstração de que não aprenderam a lição, elas reprisam a tese. Esquecem-se de pormenor importante. Ao comparecer às urnas e votar livremente neste ou naquele candidato, o povo faz a escolha soberana. Apostar contra ela é golpe.
Sob o impacto dos acontecimentos, lideranças da Câmara Legislativa, acima das dissensões partidárias, mostraram o espírito público que delas se espera em momentos delicados como os que ora vive a capital da República. Representantes de diferentes legendas celebraram pacto de apoio ao governador. Apesar de compor as fileiras da oposição, defendem a linha sucessória em respeito à democracia. Wilson Lima tem o direito de assumir o cargo porque foi eleito e representa a vontade de parcela da população. A conduta é louvável porque tende a neutralizar os obstáculos que se possam levantar contra a eficiência administrativa do novo governador.
Ouvem-se, claro, vozes dissonantes. Diante da busca para superar os eventos políticos que abalaram a cidade, soa como oportunismo intolerável a posição dos que, em posição de influência política, defendem a intervenção federal no DF. Não o fazem por ignorância, mas por interesses particulares. Eles sabem que o ato interventivo traria graves prejuízos à capital da República. A pregação da violência contra a autonomia duramente conquistada não vai além do desejo de pescar vantagens em águas turvas. É indefensável. O Correio Braziliense reafirma, mais uma vez, estar ao lado da obediência à linha sucessória. O jornal que nasceu com Brasília tem esta certeza — os desacertos políticos passam. As instituições permanecem.
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