Blog do Paraíso: Estudante responde 4 processos criminais por protestar contra corrupção

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Estudante responde 4 processos criminais por protestar contra corrupção

Protestar contra a corrupção não é nada fácil, principalmente, numa ditadura travestida pelos farrapos de um suposto estado de direito. Que o diga Diogo Ramalho, estudante da Universidade de Brasília (UNB) e membro do ex-movimento Fora Arruda e Toda Máfia. Atualmente, ele responde quatro processos criminais por causa de sua militância contra políticos citados no mais bem documentado, e vergonhoso, escândalo de corrupção do Brasil, senão do mundo.

Um dos processos teve início em 17 de abril de 2010, quando Diogo foi preso em frente a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) por protestar contra a eleição indireta que escolheu Rogério Rosso (PMDB-DF) governador biônico do DF.

De acordo com o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, a eleição indireta não teve nenhuma legitimidade, pois grande parte dos eleitores eram deputados distritais “notoriamente envolvidos” no escândalo de corrupção que levou o ex-governador José Roberto Arruda (ex-DEM) a ser preso – inclusive, um dos deputados, Geraldo Naves (ex-DEM), tinha acabado de sair da Papuda, um presídio do DF.

Até o PT-DF colaborou para a eleição indireta de Rogério Rosso. Em retribuição, nas eleições diretas para governador do DF, Rosso tentou derrotar o candidato petista (Agnelo Queiroz), apoiando sua adversária Weslian Roriz (PSC-DF).

O motivo da prisão de Diogo Ramalho foi o desacato a autoridade. “Eu mandei ele prender o deputado e ele me prendeu por desacato”, disse o estudante quando estava na viatura que o conduziu para 2º Delegacia de Polícia. De lá, Ramalho foi levado para a Delegacia de Repressão a Pequenas Infrações (DRPI), local em que surgiram mais dois processos criminais contra Diogo. “Respondo a ‘negar-me a prestar informações’ e ‘resistência a prisão’ pelo Agente Barcelar, meu torturador”, explica.

Em artigo publicado no blog “Fora Arruda e Toda a Máfia”, Diogo conta, em detalhes, como teria acontecido a tortura que sofreu na DRPI – clique aqui para ler.

O estudante entrou, em 19 de abril de 2010, com processo no Ministério Público contra a tortura moral e física que sofreu na DRPI, mas, em 6 de dezembro de 2010, dia de seu aniversário de 27 anos, recebeu a notícia de que o processo havia sido arquivado.

Para completar a dose, os dois processos gerados contra Diogo quando ele esteve na DRPI saiu do Tribunal de Pequenas Causas e foi para o Tribunal de Justiça, onde se julgam os crimes com mais de 2 anos de pena, com detenção.

O quarto processo criminal contra o estudante se refere a sua manifestação em frente a casa da deputada reeleita Eliana Pedrosa (DEM-DF) e da casa da deputada cassada Eurides Brito (PMDB-DF) – mais conhecida por “a mulher da bolsa”.

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