Blog do Paraíso: A crise que os governistas fingem não ver no GDF

terça-feira, 8 de novembro de 2011

A crise que os governistas fingem não ver no GDF

Os deputados distritais, com exceção de dois, fingem que o Governo do Distrito Federal (GDF) não vive uma crise. Aliados do governo também. Mas a realidade é outra. Desde o dia 15 de outubro, o nome do governador Agnelo Queiroz (PT) é associado às notícias referentes ao suposto esquema de corrupção montado através do programa Segundo Tempo do Ministério do Esporte. Criado para atender crianças carentes com práticas esportivas, o programa Segundo Tempo teria sido usado para desviar dinheiro público.

Orlando Silva (PCdoB), que era o principal alvo, deixou o comando do Ministério do Esporte, mesmo assim, a crise causada pela suspeita de desvio de dinheiro do programa Segundo Tempo ainda perdura. Assim como previu este Blog, o principal alvo passou a ser o governador petista. Há dois finais de semanas consecutivos, três revistas – Veja, Época e IstoÉ – publicam matérias com denúncias que levam, a cada dia que passa, a reputação de Agnelo e do PT-DF para a lama.

Aliados do governo teimam em dizer que as denúncias são velhas e foram contestadas quando usadas pela primeira vez por adversários políticos na última campanha eleitoral.

De fato, a Coligação Esperança Renovada, que apoiou a candidatura de Weslian Roriz (PSC) ao GDF, usou as denúncias sobre as suspeitas de corrupção no programa Segundo Tempo para atacar o então candidato Agnelo Queiroz. Na ocasião, eles veicularam no seu programa de televisão, exibido no horário de propaganda eleitoral, noticias referentes à Operação Shaolin da Polícia Civil, além de exibir os depoimentos do auxiliar administrativo Michael Alexandre Vieira da Silva e do motorista Geraldo Nascimento de Andrade.

Acontece que, agora, há, sim, fatos novos nas denúncias. Pior, fatos gravíssimos. Um deles é o diálogo entre o governador Agnelo Queiroz e o policial militar João Dias, responsável pelas denúncias que derrubaram o ex-ministro do Esporte Orlando Silva. Chamado de bandido por Orlando, João Dias estaria, nas gravações, pedindo ajuda de Agnelo, também ex-ministro do Esporte, para se defender de uma ação civil elaborada pelo Ministério Público Federal, referente às suspeitas de desvio de dinheiro do programa Segundo Tempo - veja vídeo abaixo.

Outra novidade, tão grave quanto essa, é o surgimento de mais uma personagem no caso. A edição 2.191 da revista IstoÉ publicou matéria intitulada “Miguel, o fraudador”. De acordo com a revista, “um dos coordenadores do esquema Agnelo Queiroz no Esporte, Miguel Santos Souza é especialista em criar empresas fantasmas e ONGs fajutas para desviar dinheiro público. Ele atuou em cinco ministérios, na Câmara, no Exército e até no STF”.

Para agravar mais ainda a crise no GDF, que os governistas fingem não ver, partidos políticos da oposição começam a pressionar a Câmara Distrital (CLDF) para realizar investigação sobre as denúncias do programa Segundo Tempo. Nessa segunda-feira, os dirigentes do PSol, no DF, entregaram ao presidente da CLDF, o deputado Cabo Patrício (PT), um pedido para que fosse feito as investigações em alguma comissão da Casa - veja o vídeo abaixo.




O PSol-DF só não fez um pedido de impeachment porque não conseguiu eleger nenhum deputado distrital.

Nesta quarta-feira, o Democratas (DEM) promete apresentar na CLDF um pedido de impeachment do governador Agnelo Queiroz. O problema é que o único deputado distrital eleito pelo DEM, Raad Mansur, exerce o mandato por meio de liminar, pois teve os direitos políticos cassados pelo Tribunal Regional Eleitoral. Para piorar mais ainda, Raad Mansur, embora seja de um partido de oposição, parece ser mais governista do que qualquer petista.

A pressão contra Agnelo não vem apenas da CLDF. Parlamentares do PSDB e do DEM pelejam para convocar o governador do DF para prestar depoimento na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara Federal. Sem falar na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que eles tentam criar para investigar as irregularidades do programa Segundo Tempo do Ministério do Esporte.

Tudo indica, portanto, que o assunto não morrerá tão cedo. Se a crise perdurar, em 15 de novembro, Dia da Proclamação da República, vai completar um mês que notícias negativas mancham a imagem de Agnelo e do PT-DF, que não têm sequer um ano no GDF. Quando caiu, o ex-governador José Roberto Arruda (ex-DEM) tinha, pelo menos, mais de três anos de mandato.

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