Blog do Paraíso: Entrevista com Marinor Brito

segunda-feira, 14 de março de 2011

Entrevista com Marinor Brito

Eleita senadora pelo PSOL do Pará, graças a lei da ficha limpa, que barrou dois notórios ficha suja daquele estado, Marinor Brito realizou a campanha mais barata entre todos os senadores – gastou somente 53 mil reais. Nesta entrevista exclusiva para o Blog do Paraíso, ela diz que sente orgulho em ser, hoje, a representante da luta socialista no Senado Federal, assim como fez a ex-senadora Heloísa Helena (PSOL-AL).

Marinor fala ainda sobre sua meta nos próximos anos de mandato, faz uma avaliação do governo da presidenta Dilma Rousseff e, quanto questionada sobre o que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), representa para ela e para o Brasil, responde apenas que “o PSOL surgiu para representar a nova política e fazer um contraponto às forças conservadoras e representantes das elites”. Confira:

José Roberto Paraíso – Qual é a sua meta nestes oito anos de mandato?

Marinor Brito – Atuarei fortemente nas questões relacionadas à educação, aos direitos humanos e às políticas sócio-ambientais. Quanto a esta última, especialmente no que diz respeito à construção da hidrelétrica de Belo Monte.
Continuarei dialogando com a comunidade e os movimentos sociais para tratar de políticas públicas voltadas principalmente para esses temas. Atuarei também na questão da Reforma Política e na defesa do financiamento público de campanha.

JRP – Como a senhora pretende alcançar esta meta?

MB – Realizando audiências públicas, atuando nas comunidades e ouvindo a população e os movimentos sociais. E já estou atuando fortemente nessas questões. Uma das primeiras conquistas é a CPI que solicitei recentemente e que investigará o tráfico nacional e internacional de pessoas, que faz milhares de vítimas por ano.

JRP – Como a senhora avalia os primeiros meses do governo da presidenta Dilma Rousseff (PT)?

MB – Lamento a manutenção da mesma política do governo Lula, que recentemente aprovou um salário mínimo muito aquém da necessidade do povo brasileiro. Além disso, o corte de R$ 50 bi no orçamento significará um recuo nas políticas sociais, em privilégio do pagamento da dívida pública.

JRP – Durante a votação do aumento do salário mínimo, a senhora fez várias intervenções e críticas. Alguns senadores disseram que a senhora é a nova Heloísa Helena. Eles estão certos? A senhora se considera a nova Heloísa Helena?

MB – A Heloísa Helena é uma cidadã brilhante, ímpar e insubstituível. Porém, a combatibilidade, a coragem e ousadia são características comuns das mulheres socialistas e me sinto orgulhosa de, hoje, representar a luta socialista no Senado Federal.

JRP – O que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), representa para a senhora e, no seu entender, para o Brasil?

MB – O PSOL surgiu para representar a nova política e fazer um contraponto às forças conservadoras e representantes das elites.

JRP – A senhora começou sua vida política no PT, assim como praticamente todos os políticos do PSOL. A senhora acha que, se algum dia seu partido eleger um presidente, ele vai ser diferente do PT? Como o PSOL, por exemplo, governaria o país sem o apoio de partidos como o PMDB, dono da maior bancada no Senado Federal?

MB – A América Latina está cheia de exemplos que demonstram o vigor de governar com o povo, para o povo. Acho um equívoco governar privilegiando os interesses das elites e ter como principal aliado o PMDB.

JRP – A senhora foi eleita senadora graças a lei da ficha limpa, que barrou os candidatos Paulo Rocha (PT-PA), que renunciou ao mandato de deputado federal em 2005, suspeito de participar do escândalo do mensalão, e Jader Barbalho (PMDB-PA), que renunciou em 2001 para não ser cassado por causa das suspeitas de participação no caso que apurava desvios no Banpará e na Sudam. O que a senhora tem a dizer sobre a lei da ficha limpa, principalmente, aplicada nestes dois casos?

MB – A Lei do Ficha Limpa é resultado de uma demanda sócio-histórica. O povo quer virar a página da corrupção, do abuso do poder econômico nas disputas eleitorais. Eu me sinto orgulhosa de estar protagonizando essa mudança de página na história política do país e do meu estado e de ter chegado ao Senado Federal por meio do voto de opinião, com o menor gasto de campanha entre todos os senadores (apenas R$ 53 mil). Acho que, quem deve à justiça, deve responder por seus atos.

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