O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AL), pregou o fim de “partidos ocasionais”, no mesmo dia em que o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, anunciou a criação do Partido Social Democrático (PSD). O comportamento de Sarney não seria irônico, se ele, em 1985, não tivesse aproveitado a ocasião para criar um novo partido, chamado na época de Partido da Frente Liberal – o PFL que mudou o nome para Democratas, o mesmo que elegeu José Roberto Arruda governador do Distrito Federal e nega ter recebido dinheiro de propina do famigerado governo da tal Caixa de Pandora.
Sarney criou o PFL para poder ser candidato a vice-presidente na chapa do finado Tancredo Neves (PMDB). Antes de fundar o PFL, Sarney esteve em outros partidos, inclusive, o Partido Social Democrático (PSD) – Opa! Vejam só que coincidência. O nome do partido de Gilberto Kassab já existia.
Isso mesmo. O PSD já existiu uma vez. Criado em 1945 com a assistência do ex-presidente Getúlio Vargas, o PSD foi extinto 20 anos depois, logo após o início da ditadura militar de 1964.
Os integrantes do PSD se dividiram. Muitos, como Sarney, migraram para a União Democrática Nacional (UDN). Outros, também como Sarney, foram para a Aliança Renovada Nacional (Arena), declaradamente, apoiadora da ditadura militar.
Sarney ficou na UDN durante dois mandatos de deputado federal, mas, para crescer na política, mudou para o partido que estava no poder, a Arena. A Aliança Renovada Nacional se transformou em Partido Democrático Social (PDS) – não confundir com o PSD de Kassab. Foi do PDS que Sarney saiu para fundar o PFL e se candidatar a vice-presidente do Brasil. Hoje, o presidente do Senado se encontra no PMDB do atual vice-presidente da República, Michel Temer.
Fidelidade partidária, portanto, não é o forte de Sarney. Agora, de “partidos ocasionais”, ele entende muito.
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