Blog do Paraíso: Pobres pagam mais

terça-feira, 1 de junho de 2010

Pobres pagam mais

Com recolhimento concentrado em tributos indiretos e altas alíquotas sobre produtos in natura, o sistema de arrecadação pesa no bolso de famílias de baixa renda, que não entendem a forma de cobrança

Marcone Gonçalves
(texto publicado no Correio Braziliense)

No momento em que a reforma tributária começa a aparecer no discurso dos três principais pré-candidatos à Presidência da República, pesquisa divulgada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) revela que o assunto está distante do dia a dia dos eleitores. Embora eles tenham arcado com R$ 1,09 trilhão em tributos para manter o setor público no ano passado, a desinformação é geral. Poucos contribuintes sabem, por exemplo, que o Brasil é um dos países que mais taxam a alimentação (veja quadro), com alíquota média de 16,9%, muito acima dos europeus (5,1%) e dos norte-americanos (0,7%).

A Fiesp entrevistou mil pessoas em 70 cidades, entre 20 e 30 de março, e descobriu que 84% até sabem que parte do dinheiro de suas compras vai parar nos cofres do governo. No entanto, poucos conseguem adivinhar quanto do preço final dos produtos e serviços vem dos impostos. Não mais do que 30% dos entrevistados disseram conhecer o percentual em itens como açúcar, luz elétrica, telefone, leite longa vida, frango, arroz, máquina de lavar roupa, sabão em pó, carne bovina e pão. O detalhe é que, no caso desses itens, os consumidores apontaram valores mais baixos dos que os efetivamente pagos.

A carga tributária brasileira está em torno de 36% do Produto Interno Bruto (PIB), superior à de nações de igual nível de desenvolvimento. Nas mercadorias nacionais, o peso dos tributos varia de zero a 80% do preço pago pelo consumidor. As alíquotas aplicadas a cigarros (80%), bebidas (44%), gasolina (35%) e eletrodomésticos (33%) seguem o padrão internacional. Os alimentos in natura (frutas, legumes e carnes) têm tributação média de 12%. O encargo é de 11% em itens alimentícios que passaram por algum processo industrial. Para comer fora, a taxação é ainda maior, de 16%.

Comentário deste Blog: o pior de tudo é saber que o dinheiro dos impostos irá para meias, cuecas e bolsas como forma de pagamento de mensalão para políticos corruptos e sem vergonha na cara. É por isso que os eleitores precisam votar com consciência na eleição deste ano. Não vote em político com a ficha suja, suspeito de receber o mensalão do DEM ou que tenha renunciado ao mandato para não ser cassado por corrupção. O critério deve valer ainda para aqueles que são investigados pela Polícia Civil, Polícia Federal ou pelo Ministério Público. Não dê seu voto para quem é suspeito. Não é uma condenação prévia, mas uma precaução. Além disso, por quê votar em políticos sob suspeição, se você pode escolher um com a ficha limpa?

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