O noticiário internacional, atualmente, é pautado pela onda de protesto na Líbia, país que fica entre a Tunísia e o Egito, duas ditaduras recentemente derrubadas pela ação do povo nas ruas.
Os protestos também acontecem em outras ditaduras do norte da África e do Oriente Médio.
O mais interessante é que o povo só agora se despertou para se livrar do regime ditatorial. Só depois de 23 anos sob o governo de Zine El Abidine Ben Ali os tunisianos se libertaram. No Egito, a população demorou mais tempo para acordar. Foram 30 anos do regime ditatorial do presidente Hosni Moubarak.
O caso da Líbia é mais assustador. Há 43 anos Muammar Kadhafi governa o país. E esse período pode aumentar, se o povo não resistir à violência do ditador.
Durante 23, 30 ou 43 anos, por que o povo aceitou, como cordeirinhos, os regimes ditatoriais? Por que, só agora, ele resolve acordar? A crise econômica pode ter sido a principal razão do despertar do povo.
A inflação, o desemprego e a pobreza tiraram o conforto do povo que dormia “deitado eternamente em berço esplêndido”.
Olhemos agora para a realidade brasileira. Há muito tempo os brasileiros não sofrem, muito, com a inflação, o desemprego e a pobreza. Não é à toa que o último presidente, que governou durante oito anos, deixou o poder com mais de 80% de aprovação. Não foi por acaso que Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu colocar um sucessor na presidência da República, que prolongará por mais quatro anos a permanência de seu partido no controle da nação.
O conforto da situação econômica deixa o povo acomodado e passivo. Faz com que ele aceite, numa boa, um dos menores aumentos no valor do salário mínimo, enquanto os parlamentares recebem 60% a mais no valor de seus pagamentos.
Felizmente, o regime político do Brasil não é uma ditadura declarada. O regime político no Brasil é uma ditadura disfarçada de democracia que dá ao povo a prazerosa e inebriante sensação de liberdade. E o despertar, se houver, só acontecerá quando o pão faltar.
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