Blog do Paraíso: Entrevista com Alberto Fraga

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Entrevista com Alberto Fraga

Alberto Fraga (DEM-DF) recebeu mais de meio milhão de votos, ficou em terceiro lugar na disputa para senador e não foi eleito.

Pela primeira vez após as eleições, o ex-secretário de Transportes do famigerado governo Arruda fala numa entrevista exclusiva para o Blog do Paraíso.

Coronel da reserva da Polícia Militar do DF, ele conta que usará o seu tempo livre nos próximos anos para cuidar de suas coisas e andar nas cidades, “vendo e anotando tudo de errado que encontrar e cobrar”.

Fraga diz ainda que fará oposição ao governo de Agnelo Queiroz (PT-DF) em nome dos eleitores que não votaram no PT. Confira:

José Roberto Paraíso – Na disputa para senador, o senhor foi o terceiro mais votado, obtendo 511 mil e 517 votos, mas não foi eleito. O senhor esperava essa derrota? Como o senhor se sentiu após sair o resultado? E como se sente agora, depois de quatro meses da realização das eleições?

Alberto Fraga – Claro que não! Fiquei decepcionado, porque tenho certeza absoluta que tinha as melhores propostas para a população. Não sou demagogo, não minto para as pessoas com propostas absurdas. Eu tenho certeza de que era o melhor candidato, mas infelizmente não teve debates e prevaleceu o recall do Cristovam e a carona do Rollemberg no segundo voto. Agora me sinto tranquilo, feliz, pois encontro muita, mais muita gente mesmo que me parabeniza pela campanha. E lamentam a minha derrota. O resto, só o tempo irá responder.

JRP – Quais são os seus planos para as próximas eleições? Pretende concorrer alguma vaga eletiva? Qual?

AF – O futuro a Deus pertence. Penso que quem decide o destino de um político é o povo, se ele desejar, estarei pronto para disputar o que for necessário.

JRP – Como o senhor usará o seu tempo livre nos próximos anos?

AF – Cuidando das minhas coisas, que ficaram largadas enquanto me dedicava à vida publica. E visitando os amigos e andando nas cidades e vendo e anotando tudo de errado que encontrar e cobrar.

JRP – Recentemente, assumindo papel de opositor, o senhor fez algumas denúncias de nepotismo no governo do Distrito Federal (GDF) via twitter. Por que o senhor fará oposição ao GDF?

AF – Farei oposição em nome dos mais de meio milhão de eleitores, que não votaram no PT. Você não acha isso suficiente, não? Denunciei o nepotismo porque no governo do Arruda, após a súmula do STF (Supremo Tribunal Federal), pedi que minha mulher pedisse demissão. O que foi feito imediatamente. E agora, após dois anos da súmula em vigor, o PT alega desconhecimento! Cara de pau!

JRP – O senhor acha legítimo fazer oposição ao GDF, mesmo depois de participar do governo que teve o maior, e mais bem documentado, escândalo de corrupção do Brasil?

AF – Minha legitimidade está nos meus votos, e pelo que sei, nunca vi meu nome sequer ser mencionado no escândalo do DF. Não tive e nunca terei nenhuma participação em escândalos na minha vida pública. E gostaria de esclarecer uma coisa: no mensalão do DEM, todas as providências foram tomadas. Expulsões, desfiliações, etc. E o PT? O que fez no seu mensalão que foi de proporções bem superiores a dos outros? Vou lhe dizer! Elegeu e os promoveu, e a justiça até hoje não fez nada!

JRP – Numa das mensagens postada em seu twitter, o senhor escreve: “logo, logo, todos vão saber de um secretario poderoso do GDF que fraudou o sistema de informática da CEB”. O senhor poderia explicar o que significa essa mensagem?

AF – Esse é um caso muito grave e eu prefiro esperar. Mas, logo, logo, a máscara vai cair!

JRP – Em 30 de março de 2009, numa entrevista ao vivo, o senhor admitiu que era complicado explicar a denúncia de que estava usando dinheiro público para pagar os serviços de uma doméstica em sua casa. E agora? O senhor já tem uma boa explicação?

AF – Primeiro, nunca houve caso de domestica. O que houve foi uma edição de uma fala minha fora do contexto da entrevista da seguinte forma: quando explicava para a jornalista que a funcionária não era doméstica e que, o mais próximo disso, era o serviço doméstico prestado no gabinete, servindo cafezinhos, fazendo mandados, e outros afazeres domésticos. Como eu estava usando muito a palavra domestico, eu pedi a jornalista para gravar de novo, aí o mau jornalismo entrou em cena e só colocaram no ar aquela frase, mesmo depois da confirmação por outro jornalista que a menina não era doméstica. Tanto é que o MP não apurou nada. Mas para quem não tem discurso, isso é um prato cheio.

JRP – O senhor tem mais alguma coisa a dizer ou alguma revelação a fazer?

AF – Tenho muitos inimigos na vida pública, porque não sou homem de acordos nem negociatas e sempre pautei a minha conduta com base na minha formação profissional e não por bom berço que tive.

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