Blog do Paraíso: Sarney está enraizado no poder desde a ditadura militar

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Sarney está enraizado no poder desde a ditadura militar

José Ribamar Sarney de Araújo Costa (PMDB-AP), o parlamentar mais antigo em atividade, foi eleito nesta terça-feira, 1º de fevereiro de 2011, presidente do Senado Federal pela quarta vez. Com o apoio de 70, dos 81 senadores, Sarney prova, portanto, que está enraizado no poder.

A ditadura militar que teve início em 1º de abril de 1964 contribuiu para a carreira de sucesso de José Sarney na política, que perdura há 57 anos. Com o apoio do então ditador Castelo Branco, Sarney, na época deputado federal, foi eleito em 1965 governador do Maranhão, pela União Democrática Nacional (UDN), partido conservador da época.

O golpe de 64 aconteceu no Brasil com o apoio dos Estados Unidos. Os americanos temiam que se instalasse no território tupiniquim um regime socialista. Com o golpe, a UDN se transformou na Arena, partido que apoiou a ditadura militar e elegeu Sarney senador em 1970 e 1978.

Presidida por Sarney, a Arena se transformou em Partido Democrático Social (PDS). Mas, nas eleições de 1985, quando a o mundo capitalista já não temia o socialismo, e a tendência mundial era o fim das ditaduras direitistas, Sarney deixou a presidência do PDS para fundar o Partido da Frente Liberal (PFL) e se candidatar a vice-presidente na chapa de Tancredo Neves (PMDB).

Tancredo foi eleito, mas morreu antes de tomar posse. Depois de muitas manobras políticas, Sarney assumiu a presidência do Brasil, deixando o PFL e se filiando ao PMDB, partido que surgiu do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), legenda que se dizia opositora a ditadura de 64.

O clamor popular obrigou Sarney a fazer o país dar os primeiros passos em direção da democracia, com a promulgação da constituição de 1988 e com a realização, em 1989, da primeira eleição direta, após a ditadura de 1964.

Fernando Collor de Mello foi o vencedor da primeira eleição direta, mas queria governar sozinho e acabou sofrendo, em 1992, o primeiro, e único, impeachment da história do Brasil. O vice-presidente Itamar Franco assumiu o mandato no lugar de Collor e governou até 1994, quando houve a eleição de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), com o apoio do PFL, partido fundado por José Sarney, hoje chamado de Democratas.

Foi justamente no governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC), em 1995, que Sarney se elegeu pela primeira vez presidente do Senado Federal.

Em 2002, o principal adversário de Fernando Collor na eleição de 1989 e de FHC nas eleições de 1994 e 1998, Luiz Inácio Lula da Silva, foi eleito presidente do Brasil pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Mas Lula não tinha a maioria e não pôde evitar que Sarney conseguisse, em 2003, se eleger presidente do Senado pela segunda vez.

Os primeiros anos de governo do presidente Lula foram bastante conturbados. Houve até uma tentativa velada de golpe, em 2005, com o factóide do “mensalão petista”. Para governar o Brasil, Lula não teve escolha. Teve que se aliar com o PMDB de Sarney. A aliança aumentou após o petista garantir o segundo mandato e se consolidou para conquistar o terceiro mandato com a presidenta Dilma Rousseff.

Quando José Sarney foi eleito, em 2009, pela terceira vez presidente do Senado Federal, os partidos da direita conservadora, antevendo a consolidação da aliança PT/PMDB que consagraria Dilma presidenta do Brasil, começaram a plantar notícias de corrupção para derrubar Sarney da presidência do Senado. O movimento, que ficou conhecido por “Fora Sarney”, não deu certo.

Dilma Rousseff foi eleita presidenta em 2010 e, neste ano, 2011, Sarney é eleito presidente do Senado pela quarta vez, provando o seu poder que perdura desde a ditadura militar.

Infelizmente, esta é a realidade.

2 comentários:

Anônimo disse...

Foi tão "factóide" o "mensalão petista" que virou até processo no STF...

Marcel disse...

Saiu anônimo sem querer, agora vai:

Foi tão "factóide" o "mensalão petista" que virou até processo no STF...