Antes mesmo do cidadão de bem terminar de comemorar a aprovação do projeto de lei da “Ficha Limpa”, sugiram as notícias referentes à malandragem praticada pelas excelências.
Além de alterar a ideia inicial do projeto, eles mudaram o tempo verbal de algumas palavras. Agora, somente condenados por um colegiado após a vigência da nova lei terão a candidatura barrada.
A nova lei é tão ineficiente que, se entrar em vigor nesta eleição, não proibirá a candidatura dos supostos mensaleiros do escândalo de corrupção revelado pela Operação Caixa de Pandora da Polícia Federal.
O ex-governador Joaquim Roriz (PSC-DF), conhecido por muitos por ser o criador do governador cassado José Roberto Arruda (ex-DEM-DF), pode comemorar. Líder absoluto nas pesquisas de intenção de voto, Roriz, que renunciou em 2007 ao mandato de senador para não ser cassado, está livre para se candidatar e concorrer o governo do Distrito Federal.
Do jeito que foi aprovada, a lei da Ficha Limpa, em vigor, pode até ser usada a favor dos políticos criminosos. Com inúmeros processos nas costas, mas sem condenação por um colegiado, eles poderão dizer que são candidatos porque têm ficha limpa.
Desde o início, este blogueiro sempre foi cético sobre a aprovação do projeto de iniciativa popular que coletou mais de 1,6 milhão de assinaturas.
As previsões pessimistas se concretizaram. Embora a iniciativa é popular, o projeto de lei aprovado foi subscrito por um parlamentar.
Só é possível a aprovação de uma lei puramente de iniciativa popular se o Regimento Interno da Câmara dos Deputados for alterado. Ele contem inúmeros obstáculos para impedir a criação de leis do gênero.
Não quero aqui desmerecer a vitória – ainda que parcial – do Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral. Mas, sim, alertar sobra a trapaça das excelências.
A sociedade organizada ainda tem muitas batalhas pela frente para moralizar a política brasileira. A próxima será fazer com que o eleitor vote com consciência, já que a lei da Ficha Limpa foi estuprada pelos tarados do Congresso Nacional.
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