A sanha de empresários e políticos pelo lucro com grandes empreendimentos imobiliários está acabando com o Distrito Federal, em vários aspectos: cultural, ambiental e social. Sem nenhum planejamento que vise a qualidade de vida, a ocupação é desordenada e a regra de ouro é o lucro a qualquer custo. Passando por cima da lei e da justiça, uma das empreitadas está prestes a destruir um grupo indígena.
“Hoje pela manhã houve confronto com os seguranças da empresa Snake, que faz a proteção da área invadida pela EMPLAVI”, relatou num e-mail, que este blog teve acesso, Edson Cosme, da Associação Cultural Povos Indígenas. “Alguns apoiadores se feriram, alguns seguranças também se feriram, mas a missão foi cumprida, conseguimos retirar as cercas, as torres de vigilância e os tapumes da EMPLAVI, da área reivindicada que continua sub judice por conta da liminar do MPU, decisão do STJ e TJDFT”.
Desde 2008, durante o famigerado governo de José Roberto Arruda (ex-DEM), a criação de um novo bairro no Plano Piloto ameaça a comunidade indígena Fulni-O Tapuya. Chamado de Noroeste, o bairro, para ser concretizado, prevê a remoção dos índios da área da antiga fazenda Bananal, também conhecida por Santuário dos Pajés. Acontece que a comunidade está no local há mais de 40 anos.
O atual governo, do PT, que se diz de “um novo caminho”, está dando prosseguimento a praticamente todos os projetos que começaram durante o mandato do ex-governador José Roberto Arruda, flagrado em vídeo recebendo dinheiro do operador e delator do “mensalão do DEM”, Durval Barbosa. A construção do bairro Noroeste é um dos projetos que estão tendo continuidade.
Os índios ainda não foram arrancados pela força, porque o Ministério Público Federal (MPF) conseguiu, em novembro de 2009, uma liminar que determina a Terracap “que se abstenha de realizar ou permitir que se realizem quaisquer obras tendentes a alterar, reduzir, impactar, transferir ou restringir o modo de ocupação e a área reivindicada pela Comunidade Indígena Bananal ou promover quaisquer atos que possam intimidar ou ameaçar os membros da mencionada comunidade indígena, até nova determinação desta justiça federal” - veja imagem abaixo:
Outra decisão favorável aos índios é a medida cautelar de número 18.392-DF (2011/0202656-9) do Supremo Tribunal de Justiça (STF).
Para tentar reverter as decisões da justiça, a Emplavi Incorporações Imobiliárias LTDA entrou no Tribunal de Justiça do DF com uma Ação de Imissão de Posse. Mas a ação foi negada - veja imagem abaixo:
“A PM-DF chegou no final do conflito, mas não houve truculência por parte deles. A polícia federal, que estava no local desde o começo, não fez nada, nem pela EMPLAVI e nem pelos índios e apoiadores”, informou Edson Cosme.
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