Blog do Paraíso: A blindagem da mala preta

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A blindagem da mala preta

Mino Pedrosa
(texto publicado no site Quid Novi)

“IDENTIFICAÇÃO DE FATORES DE RISCO, CONTENÇÃO DE DINÂMICAS ADVERSAS E GERENCIAMENTO DE CRISE IMPACTANTES PARA A IMAGEM INSTITUCIONAL”. É com esta “competência” que as empresas se apresentam nos Editais muitas vezes montados em seus próprios escritórios de representação na Capital da Republica.

Em matéria de Comunicação, a Era PT mudou tudo o que vinha acontecendo até então. A partir de agora o termo é Comunicação Corporativa, onde só empresas com “notória competência” podem alçar vôos na Esplanada dos Ministérios.

Durante o governo militar as grandes empreiteiras apresentavam, nas faturas, serviço de divulgação dos projetos, através de suas agências de publicidade.

Na década de 80, as empresas de publicidade ganharam espaço e, incluíam no seu pacote, assessoria de comunicação e outros serviços nada transparentes (complemento de salários de funcionários públicos, moradia, participações para várias autoridades, financiamento de campanhas políticas, entre outras facilidades). As mega agências participavam de licitações, a maioria dirigida, e bancavam os veículos de comunicação através das grandes verbas de publicidade, embutindo aí uma blindagem velada das ações públicas que não deviam ser divulgadas.

Agora, na era PT, ganharam o mercado as empresas de comunicação que tem como objetivo garantir a publicação e a não publicação de matérias do interesse do cliente.

Nos editais são cobrados “notória competência” e um conjunto de palavras que se confundem com o trabalho e o pagamento direto pelo silêncio dos pontos negativos que possam macular o Governo.
As Empresas de Comunicação se associam a colaboradores de renome que atuam na grande mídia e levam esses currículos para abrirem portas junto ao Governo. Curioso é que alguns dos representantes atuam também nos porões onde são feitos negócios obscuros com a verba pública.

Por muito tempo, reinou neste campo o Grupo Informe de Comunicação Integrada, comandado por Rebeca Scatrut, que apresentava em seu cartão de visita o nome do marido o renomado jornalista Ricardo Noblat. A presença da Informe em concorrências do Governo deixava as comissões de licitação em alerta para não cometerem nenhum deslize. Assim, o Grupo Informe foi praticamente único durante anos na Esplanada dos Ministérios. Até surgir, no mercado, a empresa carioca FSB Comunicações, iniciais do nome do patriarca Francisco Soares Brandão, muito conhecido nas recepções dos hotéis do Rio de Janeiro, onde durante anos prestou assessoria quando a empresa surgiu no mercado como Promoshow Produções Ltda.

Francisco Soares Brandão, que ascendeu ao mundo dos eventos graças à sociedade com o empresário da noite carioca Ricardo Amaral, não tardou entender que para crescer no ramo das licitações públicas teria de levar para o quadro da FSB estrelas do jornalismo brasileiro para poder lutar de igual para melhor com a pioneira Informe.

No portfólio da FSB constam vários prêmios no Jornalismo Brasileiro conquistados individualmente por profissionais que atuavam na grande mídia e hoje fazem parte do quadro societário da empresa.

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