Blog do Paraíso: Caixa dois não é crime

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Caixa dois não é crime

Caixa dois de campanha eleitoral não é crime, independente da origem do dinheiro – pode ser de propina, vir do tráfico de drogas ou de roubo. O político que fizer caixa dois na sua campanha eleitoral, se eleito, não perderá o mandato. A regra foi votada e aprovada na terça-feira, 30 de agosto, na Câmara dos Deputados.

Mesmo depois da divulgação de uma prova incontestável – um vídeo com a deputado federal Jaqueline Roriz (PMN-DF) recebendo um maço de dinheiro de origem ilícita –, 265 parlamentares votaram contra o pedido de cassação do mandato, por quebra de decoro parlamentar, da filha do ex-governador Joaquim Roriz (PSC). A votação abre um precedente: caixa dois de campanha eleitoral não é crime.

O principal argumento de Jaqueline foi o de que o dinheiro recebido no vídeo foi para a campanha de 2006, quando ela ainda era uma cidadã “comum”, antes de ser deputada distrital, muito antes de ser deputada federal.

Caixa dois só é feito antes da eleição. Óbvio dos óbvios. O caixa dois é usado para custear os milionários gastos da campanha. Aquele maço de dinheiro que Jaqueline recebeu contribuiu para sua eleição de deputada distrital. O primeiro mandato de Jaqueline deu condições para ela lançar sua candidata a deputada federal. A filha de Roriz só teve força política para ser eleita, graças ao mandato na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Logo, aquele maço de dinheiro contribuiu, sim, para a obtenção do atual mandato na Câmara dos Deputados.

A votação que salvou o mandato de Jaqueline Roriz dá a entender que houve uma grande injustiça contra os ex-deputados distritais Eurides Brito (PMDB), Leonardo Prudente (ex-DEM), Júnior Brunelli (PSC) e Rogério Ulisses (ex-PSB), além do ex-governador José Roberto Arruda (ex-DEM) e do ex-vice-governador Paulo Octávio (ex-DEM). Todos foram prejudicados pelos vídeos gravados pelo operador e delator do “mensalão do DEM”, Durval Barbosa, o mesmo que gravou Jaqueline Roriz.

Na época, inclusive, Jaqueline Roriz chamou a então colega Eurides Brito de “cara de pau”. Com grande maioria de votos, Eurides teve o seu mandato cassado pelos deputados da Câmara Legislativa do DF, chamada pelo ex-embaixador dos Estados Unidos John Danilovich de “refúgio de canalhas”. Depois do episódio que salvou o mandato de Jaqueline, o que será a Câmara Federal para o senhor John? Sem dúvida nenhuma, algo muito pior do que “refúgio de canalhas”.

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