O único excesso que a PF cometeu foi o de ter mexido com gente rica

A Polícia Federal (PF) não cometeu nenhum excesso na Operação Voucher. Haveria abuso de autoridade se as algemas fossem colocadas num cidadão que não fosse suspeito de nada. Não é o caso dos presos e já soltos da ação no Ministério do Turismo. De acordo com a PF, há documentos e gravações que poderiam comprovar prováveis desvios dos investigados.

Excesso é o que os policiais fazem nas periferias. Por muito menos, muitos jovens são espancados, algemados e humilhados. Levam tapa na cara por fumar maconha na esquina, o que não é proibido por lei. Tudo por quê? Porque são pobres. Não têm nenhum padrinho político no Congresso Nacional.

O vazamento de fotos da Operação Voucher é o de menos, se comparado com a exposição que muitos presos pobres são submetidos em programas telejornalísticos sensacionalistas. E ninguém diz nada. E se isso é considerado errado para uns, tem que ser para todos. É preciso, portanto, acabar com a exposição de todos os presos, independente de classe social, raça, gênero ou opção sexual.

Espanta a indignação de algumas autoridades com a maneira que a PF realizou o seu trabalho. Para eles, a Polícia não deveria ter usado algemas. Quer dizer, era para os policias se dirigirem aos suspeitos e falar: “olá, amiguinho. Estamos aqui para cumprir um mandado de busca e apreensão, mas não fique triste, porque não vamos colocar algemas em você. Vamos de mãozinhas dadas ou, se você preferir, vamos fazendo “piui-tic-tac”, com as mãozinhas em cima do ombro de cada coleguinha. Também não vamos filmar ou tirar foto para a opinião publica não ficar sabendo de nada e não pressionar sua punição, caso fique comprovado sua culpinha. Ah! Você não vai no camburão, não. Tem uma limousine te esperando lá fora”.

Já pensou se esse fosse o tratamento dado a todos os suspeitos de corrupção? Certamente, os criminosos agiriam com mais desenvoltura, sem se preocuparem em ser incomodados pela Polícia.

Como se pode ver, o único excesso que a PF cometeu foi o de ter mexido com gente rica, ligada a políticos do alto escalão.