Blog do Paraíso: CLDF convoca sociedade para discutir criação da 901 Norte

terça-feira, 6 de setembro de 2011

CLDF convoca sociedade para discutir criação da 901 Norte

A polêmica que envolve a construção de um novo setor hoteleiro no início da Asa Norte promete render mais capítulos. Após questionamentos sobre a legalidade da proposta do governo local, a Câmara Legislativa decidiu convocar os vários segmentos da sociedade interessados no assunto para discutir o projeto. A Comissão Geral está marcada para ocorrer no dia 20 de outubro, no Plenário da CLDF.

“Percebemos que o governo está irredutível em trazer o debate para a população e saber se realmente isso é de interesse de nossa cidade. A função de um governo eleito democraticamente é justamente de democratizar a discussão e não impor a própria vontade”, criticou a autora do requerimento, deputada Liliane Roriz (PRTB). Segundo ela, várias entidades como o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), o Clube dos Pioneiros e representantes da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) levarão argumentos sobre o novo setor, previsto para ser erguido na 901 Norte.

No local, há a expectativa que sejam construídos 12 prédios de 20 andares cada. A justificativa para a obra é abrigar turistas durante a Copa do Mundo de 2014, já que, de acordo com o GDF, não há leitos suficientes no centro de Brasília para atender a demanda do mundial. “Não dá para governar para atender apenas a Copa, que dura poucos dias. E depois? O GDF precisa atender prioritariamente a população.”, reforça a parlamentar.

A informação dos leitos também é questionada pelo Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes do DF (Sindhobar-DF). “Não conheço nenhum empresário experiente que se interesse em construir hotel para um evento de 30 dias e, além disso, o turismo em Brasília sempre ficou à parte da programação do governo”, reclama o presidente Clayton Machado. De acordo com a entidade, a taxa média de ocupação da rede hoteleira do DF é de 50%, abaixo da média nacional, de 65%. De terças-feiras a quintas-feiras os hotéis ficam lotados. Nos demais dias, a ocupação varia de 15 a 30%. O superintendente do Iphan, Alfredo Gastal, também tem críticas à proposta.

Contrário ao posicionamento das entidades, o governador Agnelo Queiroz (PT) já sinalizou que vai enfrentar a resistência para que o projeto saia do papel. “Os donos de hotéis são contra porque querem uma reserva de mercado, mas isso é interesse de gente atrasada que não tem compromisso com Brasília”, criticou. “Não vamos deixar nossa cidade estagnada ao emperrar o desenvolvimento por conta de um grupo pequeno”, completou.

O terreno na zona central possui 85 mil metros quadrados e deverá ir à venda e para ganhar 400 mil m² de área construída, na forma de conjunto de prédios com até 65 metros de altura. Esse negócio, conforme estimativa de integrantes do próprio governo, renderia R$ 800 milhões, valor bem aquém dos preços de mercado.

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