Os loucos sempre existiram. Eles estão por toda parte. E são de diversos tipos, falam sobre inúmeros assuntos. Gostaria, contudo, de comentar neste artigo um tipo específico de louco: aqueles que pensam que toda, e qualquer, ação que, eventualmente, possa atingir a imagem do governo federal é fruto de uma conspiração da imprensa.
Esse tipo de louco adotou em seu vocabulário o termo PIG, Partido da Imprensa Golpista. Popularizado pelo jornalista Paulo Henrique Amorim, o PIG é usado para se referir a veículos de comunicação tendenciosos e manipuladores. A sigla “PIG” é inteligente e pertinente, quando aplicada corretamente por alguns jornalistas e estudiosos que realmente sabem quando estão diante de um factóide da imprensa.
O problema é quando a sigla cai na mão, quero dizer, na boca dos loucos. E isso acontece com uma frequência muito grande, pois eles adoram dizer “isso é coisa do PIG”, “o PIG está tramando um golpe”, “a culpa é do PIG”. Por essa razão, quem sofre dessa patologia deve ser diagnosticado como “louco do PIG”.
Os loucos do PIG são tão loucos que até mesmo notícias favoráveis ao governo são enquadradas por eles como uma conspiração. O exemplo mais recente está acontecendo nos primeiros meses do primeiro mandato da presidenta Dilma Rousseff. Depois da demissão de alguns ministros envolvidos em notícias de corrupção, a grande imprensa passou a noticiar que a presidenta estava fazendo uma “faxina” em seu governo.
Para os loucos do PIG, a intenção da imprensa é causar instabilidade na base aliada do governo no Congresso Nacional e mostrar que Dilma herdou uma herança maldita do governo anterior. A interpretação é feita mesmo não sendo um ano eleitoral, mesmo o ex-presidente Lula não sendo candidato a nada e mesmo Dilma possuindo uma base aliada de um tamanho nunca visto antes em nenhum governo, após a ditadura militar.
Mas é até compreensível a razão de tanta loucura. A imprensa brasileira realmente já protagonizou vergonhosos episódios que resultaram no golpe militar de 1964, no boicote a campanha das eleições diretas, na eleição e queda de Fernando Collor de Mello, dentre outros. Os loucos do PIG, portanto, são pessoas traumatizadas. Só que a doença não pode prevalecer. É preciso sobriedade para saber quando o PIG realmente está em ação.
O PIG não é tão poderoso assim. Se fosse, nas eleições de 2006, teria eleito Geraldo Alckimin presidente do Brasil. E não foi isso que aconteceu, mesmo depois de ficar 2005 e 2006 bombardeando o governo federal com notícias negativas referentes ao suposto “mensalão do PT”.
Portanto, loucos do PIG, não se preocupem com cobertura da “faxina” que a presidenta está fazendo em seu governo. As eleições presidenciais só acontecerão daqui a três anos. Dilma possui total apoio no Congresso. E os brasileiros querem menos corrupção. É tanto que alguns cidadãos estão organizando, pelo Facebook, uma grande manifestação. Chamada de “Marcha Contra a Corrupção”, o movimento já recebeu mais de 22 mil confirmações de presença.
Atenção, loucos do PIG: a manifestação é apartidária. Não é contra o PT ou contra o governo federal. E, sim, contra a corrupção, favorecida por alguns mecanismos arcaicos que perduram até os dias de hoje, como o famigerado voto secreto que salvou o mandato da deputada federal Jaqueline Roriz (PMN-DF).
Se os partidos da extrema direita, como o DEM e o PSDB, aparelharem a marcha, ótimo. É mais força política. Se o PIG der ampla cobertura, melhor ainda. Vai ser bom todos saberem que no governo democrático de Dilma Rousseff é livre a manifestação de opinião.
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